quinta-feira, 22 de agosto de 2019

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA - Parte 2

Foto: Racefans

Esta foi a parte um. Em breve, a segunda parte com a análise dos pilotos restantes. Até mais!
Fala, galera! Agora ta na hora da segunda e última parte da análise da temporada 2019 depois de 12 das 21 etapas disputadas. Vamos que vamos:

McLAREN

Foto: Reprodução/McLaren
Carlos Sainz Jr – 8,0: sem dúvidas é o melhor do resto. Pulando de galho em galho, parou na McLaren com o peso de ser o espanhol que substitui Alonso em um carro que colecionava fracassos desde o fim da parceria da Mercedes, a Honda e agora a Renault. Contudo, para a surpresa de todos, o carro é confiável, razoavelmente veloz e bem competitivo. Além disso, Sainz é incrivelmente regular e competente, pontuando quase sempre e aproveitando as oportunidades, tanto é que está relativamente próximo de Gasly mesmo com um equipamento bem inferior. De contrato renovado, corre tranquilo para manter o bom momento pessoal e da equipe para que, talvez ano que vem, seja possível sonhar com coisas maiores.


Lando Norris – 7,5: apesar de ter considerado prematura a subida para a equipe, é inegável afirmar que o inglês faz uma temporada melhor na F1 do que era na F2, talvez porque o hype de todos tenham diminuído ou algo assim. Veloz e razoavelmente consistente, vem conquistando os pontos que pode. Claro que precisa mais de experiência, mas até aqui é um início acima das expectativas diante de um carro que evoluiu para a surpresa de todos, tornando-se quase a quarta força da F1. Um ambiente assim é quase que o ideal para evoluir e amadurecer na categoria.

RACING POINT

Foto: Reprodução
Sérgio Pérez – 6,5: com o carro pior, Pérez não está transformando alguns treinos bons em corridas satisfatórias. Neste ano, parece improvável que consiga aquele pódio anual circunstancial, pois bateu logo no início na Alemanha. No caos, o feitiço virou contra o feiticeiro: está atrás de Stroll na tabela, embora a diferença técnica dos dois não esteja refletida. No limbo da F1, tem o segundo semestre para ao menos se impor internamente na equipe do canadense, mesmo com um carro deficitário.

Lance Stroll – 6,5: não tem nível para estar na F1 mas é aquilo, é o neo Pedro Paulo Diniz. Com dinheiro, é impossível não evoluir minimamente a ponto de ficar menos pior e capitalizar em momentos caóticos. Ao menos tem essa estrela, principalmente em corridas chuvosas. Com o orçamento do papai, não precisa fazer muito para continuar. Não bate, não ultrapassa e apenas sobrevive nas corridas esperando o acaso acontecer. Infelizmente, é o suficiente para ele.


ALFA ROMEO

Foto: Pirelli
Kimi Raikkonen – 7,5: sem a pressão e o glamour das equipes grandes, parece ficar mais a vontade neste novo momento da vida. A agora Alfa Romeo, com a ajuda da Ferrari, vai melhorando, e o experiente finlandês mostra que se não é o cara para brigar por vitórias, pode ser o líder que uma equipe média precisa. Regular e consistente durante quase todas as corridas até aqui. Sua experiência é fundamental para mostrar os caminhos de desenvolvimento da ex-Sauber para que fique de vez no pelotão intermediário.

Antonio Giovinazzi – 5,5: um ano sem guiar os monopostos pode ser cruel, ainda mais quando se tem Kimi Raikkonen no mesmo carro. A verdade é que o italiano não se encontrou ainda. Apenas um ponto. Ritmo ruim e erros recorrentes. A pressão para que saia é grande, ainda mais com o frenesi que envolve Mick Schumacher. Sorte do italiano que Mick parece não estar pronto o suficiente para subir, do contrário já estaria quase fora para o ano que vem. Ainda assim, precisa ser outro piloto nestas últimas nove etapas se quiser continuar na F1.

TORO ROSSO

Foto: Getty Images
Daniil Kvyat – 7,5: muita desconfiança no improvável retorno (mais um) a categoria. Poderia ser difícil ser pior do que estava, e realmente não é, pelo contrário. Maduro, entregando resultados o quanto pode, aproveitou o caos para retomar definitivamente a confiança. Tem um companheiro de equipe duro pela frente, ou então tinha. Agora, precisa ser o tutor de um jovem que vive o que ele já viveu. No segundo semestre, tudo vai depender de como Gasly vai reagir ao rebaixamento.


Alexander Albon – 7,0: o agora Red Bull faz uma temporada correta. Faz o que pode, pontua quando o possível, não comete muitos erros e foi bastante elogiado pelos chefes meses antes de ser promovido. Agora, o desafio é outro. Encarar Max sem a preparação adequada é quase suicídio, mas não há escolha. É o famoso “cavalo encilhado só passa uma vez” e o tailandês, assim como os laços da Red Bull, precisa aproveitar. É mais piloto que Gasly e dificilmente vai ser tão pior que o francês, então é a grande chance de alavancar definitivamente uma carreira que até 9 meses atrás parecia fadada a Fórmula E.

WILLIAMS

Foto: Getty Images
George Russell – 6,5: é difícil escrever sobre o campeão da F2. O carro é de outra categoria, não há margem para competição. Na única existente, contra Kubica, foi superior em quase todas, menos na mais importante. Está zerado na temporada e, no fim das contas, é isso que as pessoas lembram. Dificilmente terá a oportunidade de dar o troco. É continuar sendo mais veloz que o polonês e torcer para que Toto tenha um plano de carreira para ele que não seja semelhante a de Wehrlein.

Robert Kubica – 6,5: seu retorno é uma vitória pessoal, e isso basta. É muito bom ver um cara talentoso dar a volta por cima diante das dificuldades e retornar para o topo do esporte a motor. No entanto, as lesões no braço claramente mostram que o polonês não é mais competitivo a este ponto. Superado com larga vantagem, tem no pontinho da Alemanha o fator desequilibrante que fez valer a pena todo esse processo. Sem esse peso, a perspectiva é apenas se divertir dentro do possível diante de um carro tão fraco, sabendo que estar ali já é uma vitória maior do que qualquer ponto.
Esta foi a minha análise. Concordam? Discordam? Agora é só aguardar para a parte final da temporada daqui algumas semanas!
Até!

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA - Parte 1

Foto: Getty Images

Fala galera! Com 12 das 21 etapas disputadas, a Fórmula 1 faz uma pausa em agosto para que as equipes descansem no calor do verão europeu. Como já é tradicional neste blog, vou analisar o desempenho dos pilotos diante do que aconteceu nesta primeira metade da temporada. No post de hoje, falarei sobre os pilotos da Mercedes, Ferrari, Red Bull, Renault e Haas. Confira!

MERCEDES:

Foto: Getty Images
Lewis Hamilton – 9,5: temporada quase perfeita do futuro hexacampeão. Apesar de um início um pouco devagar, mais por mérito de Bottas, o inglês naturalmente se impôs e tem dois terços das vitórias na temporada. A tendência é que isso siga porque não há competição, méritos próprios e também deméritos daqueles que deveriam ser seus antagonistas. Caminha a passos largos para se tornar o maior nome da história da categoria.


Valtteri Bottas – 8,0: começou bem, mas depois voltou ao modo 2018 ou até pior, principalmente nas duas últimas corridas. Parece sentir a pressão de Esteban Ocon e Toto Wolff já dá sinais de impaciência. Brigar pelo título é impossível pela sua incapacidade. Não é demérito perder para Hamilton, mas o finlandês poderia ser mais competitivo. A parte final da temporada vai ter que ser de recuperação para tentar salvar a vaga na equipe ou se manter relevante para uma equipe mais emergente.

FERRARI:

Foto: Getty Images
Sebastian Vettel – 7,5: apesar de a frente de Leclerc, é mais uma temporada errática do alemão. Muitos erros, batidas e nervos à flor da pele. Vettel não se encontra com a Ferrari, e quando o fez foi roubado pela FIA. Está sendo batido sistematicamente nos treinos, embora a experiência o esteja ajudando nas corridas. Melhorou nas corridas finais. O grande objetivo da temporada é ao menos vencer umazinha porque a pressão é grande e, como o líder da Ferrari, não está entregando o que deveria. O tetracampeão está mais em cheque do que nunca.

Charles Leclerc – 8,0: começou prometendo ser o queridinho da F1. Pole na segunda corrida e vitória quase garantida, perdida nas voltas finais por um problema na Ferrari. Sendo apenas sua segunda temporada na categoria e logo a primeira na equipe mais importante do grid, é natural cometer alguns erros como na Alemanha e no treino de Baku. Ainda é muito passional e precisa de experiência, principalmente para administrar o desgaste dos pneus, além da malandragem, que parece ter aprendido após o chega pra lá que levou de Verstappen e que acarretou mais uma vez em uma perda de vitória no fim. O início é promissor, talvez sendo questão de tempo para o monegasco tornar-se oficialmente o líder que a Ferrari precisa, mas tudo no tempo certo.

RED BULL:

Foto: Getty Images
Max Verstappen – 9,5: outra temporada perfeita. Regular, veloz, selvagem e aproveitando todas as oportunidades que surgem nas circunstâncias, Max completa um ano de absoluta evolução na parte mental. Finalmente amadureceu. O estilo agressivo sempre vai continuar ali, mas isso não está sendo mais algo que o atrapalhe depois de três anos na equipe taurina. Enquanto a Red Bull não lhe dá um carro capaz de brigar por títulos, certamente o holandês vai aproveitar para brilhar na primeira oportunidade que aparecer.

Pierre Gasly – 5,0: o agora rebaixado a Toro Rosso é o pior piloto da temporada na relação do carro que tem e o que apresentou até agora. A única performance razoável foi o quarto lugar na Inglaterra, beneficiado pela batida entre Vettel e Verstappen. Não se mostrou pronto para o desafio de guiar em uma equipe grande, ainda mais com Max no auge. Como disse Christian Horner, deveria estar brigando com Ferrari e Mercedes e não com Racing Point e Haas. No segundo semestre, numa nova equipe, a missão é o psicológico não cair de vez. Nada melhor que umas conversas com quem entende do assunto, como o agora parceiro Daniil Kvyat.

RENAULT

Foto: Reprodução/Renault
Daniel Ricciardo – 6,5: uma temporada decepcionante dos franceses acaba acarretando em atuações discretas, isso quando não teve que abandonar por problemas. Tirando o Canadá e uma ou outra corrida, o australiano virou um coadjuvante. Ainda se adaptando a equipe mas pensando nas possibilidades de 2021, o talento vai depender da melhora dos franceses, que parece que regrediram em relação ao ano anterior. Até aqui, Ricciardo apostou atirando na água, mas quem se importa diante da bolada que está levando? O risco de ficar no limbo é enorme.

Nico Hulkenberg – 6,5: apesar da pontuação não mostrar isso, o alemão é mais lento que Ricciardo. Diante de um carro instável, a regularidade mascara isso. O problema é que Nico nunca se sobressai quando tem a oportunidade. Mais uma vez, um erro o fez jogar tudo fora na Alemanha, talvez a única. As especulações do meio de temporada apontam que talvez seus dias na Renault estejam contados. Sair de uma equipe de fábrica pode significar o fim de uma carreira que poderia ter sido mais do que foi. A missão do segundo semestre é evitar isso.

HAAS:

Foto: RaceFans

Kevin Magnussen – 5,5: impossível ser pior que Romain Grosjean. O dinamarquês entrega alguns pontos mas mesmo assim são muitos erros e desempenhos aquém do que os americanos precisam, principalmente agora que o carro regrediu em meio a uma crise bizarra com o patrocinador charlatão. Não sei se conseguirá fazer o suficiente para permanecer no time, visto que Gunther Steiner está de saco cheio dos dois, mas torço para que ele permaneça pois é um “personagem original”, que não se preocupa em ser carismático ou bonzinho, sendo assim “diferente” do que a categoria se tornou: um antro de pilotos da academia da equipe x ou filhos de bilionários entediados que brincam de ser piloto.

Romain Grosjean – 5,0: faz uns dois anos que escrevo que ele faz hora extra na F1. Erros de iniciante, trapalhadas, desempenhos pavorosos. Assim como o compatriota Gasly, não há mais o que defender em sua passagem na Fórmula 1. Não sei escrever se é impossível piorar, mas se tratando do suíço, é melhor não duvidar. “Acho que seu tempo na F1 acabou. Até que foi bastante” (essa foi do ano passado, lembram?).

Esta foi a parte um. Em breve, a segunda parte com a análise dos pilotos restantes. Até mais!



segunda-feira, 12 de agosto de 2019

VESTIBULAR (A PRÓXIMA VÍTIMA?)

Foto: Getty Images
O matadouro da Red Bull/Toro Rosso voltou a funcionar. Para a surpresa de ninguém, foi feito o esperado: Pierre Gasly foi rebaixado para a satélite Toro Rosso depois de apenas 63 pontos em 12 corridas, desempenhos pífios e constrangedores, chegando até a levar uma volta de Max Verstappen, no auge da carreira. Inadmissível, sendo que os dois possuem (teoricamente) o mesmo equipamento.

Para o seu lugar, o outro novato: Alexander Albon, o tailandês nascido e criado em Londres, estreando na temporada. É uma ascensão meteórica, como você pode ler no post que fiz em dezembro de 2018 clicando AQUI. No início do ano passado, ele não tinha dinheiro para competir na F2. No fim do ano, estava acertado para correr com a Nissan na Fórmula E, até que o efeito Ricciardo mudou tudo e o fez retornar para a Red Bull, onde já foi demitido do programa de pilotos no longínquo 2014, quando era um guri.

No comunicado da Red Bull, a ideia é comparar os desempenhos de Albon e o que Gasly fez neste ano para definir o parceiro. Claramente é uma equipe perdida e que busca alguém que possa ajudar Verstappen nos construtores, mas como ajudá-lo se é proibido andar próximo dele?

"O efeito Ricciardo" cria um novo problema nos taurinos desde quando Vettel deixou a equipe. Gasly tinha a credencial de ser campeão da GP2. Albon ano passado foi o vice. São pilotos com muito talento, mas ainda muito jovens e inexperientes, o que é normal. Ninguém vai ser um prodígio igual Verstappen e não há nada de errado nisso.

Incinerar Gasly, embora seu desempenho seja indefensável, para colocar outro jovem é uma faca de dois gumes. É a chance da vida do jovem inglês-tailandês, de indas e vindas na própria Red Bull. No entanto, e se ele não estiver pronto para este nível de competição? Não há pré-temporada e nem simulador para prepará-lo. A F1 está de férias. Se era para substituir o francês, por que colocar de volta Kvyat, que já viveu todas essas emoções? O russo está mais maduro, recuperado dos traumas e sem nada a perder. Ser rebaixado de novo, qual o problema?

A Red Bull cria um "vestibular" para saber quem será o parceiro de Max Verstappen. Gasly não serviu e Helmut Marko e Christian Horner estão praticamente dizendo que ele não serve para uma equipe grande, tal qual Kvyat. Qual vai ser a motivação do francês, desmoralizado técnica e emocionalmente? Grandes as chances de virar o russo 2.0. Aliás, os dois rebaixados agora serão parceiros de equipe, e o próprio Gasly o substituiu em 2017, no que parecia o fim dele na F1. Certamente Kvyat tem conselhos para dar.

Albon é um piloto com muita qualidade e potencial. Mostrou isso na F2 e estava mostrando na Toro Rosso. No entanto, o nível de competição que irá enfrentar e sem qualquer preparação pode transformar esse sonho em um pesadelo, e os exemplos estão na agora vizinha Toro Rosso, sem contar Buemi, Vergne, Alguersuari... Gasly não serviu. E se Albon não servir e for a próxima vítima, o que farão Christian Horner e Helmut Marko, que dão a luz e ceifam carreiras na mesma proporção e velocidade?

Até!

terça-feira, 6 de agosto de 2019

PELA BOLA OITO

Foto: Getty Images
No começo das férias da Fórmula 1, o GP da Hungria evidenciou algo que nas últimas semanas já estava claro mas que agora parece ser inquestionável: Mercedes e Red Bull estão com vagas sobrando.

Bottas até começou o ano bem, vencendo corridas e liderando. No entanto, ele não é o cara que pode rivalizar com Lewis Hamilton. Até aí tudo bem, são poucos os que conseguem, mas sua queda de rendimento é gritante. Erros e falta de ritmo o deixam apenas oito pontos a frente de Max, que com um carro inferior tem o mesmo número de vitórias na temporada. A confiança não é mais a mesma e Toto Wolff já parece estar bem impaciente, até mesmo o criticando depois da atuação de domingo.

A grande questão é seu provável substituto, Esteban Ocon, não fez nada na Force India que o credenciasse a chegar para a equipe alemã. Claro que é um piloto talentoso e deveria estar no grid, mas não na principal equipe da F1. A exemplo dos taurinos, o protecionismo de um programa de pilotos é mais importante do que contratar um Ricciardo da vida.

A Red Bull, que sempre fez isso, se viu em uma emboscada ao ver o australiano preferir rumar para a Renault e ganhar rios de dinheiro ao ser um Mark Webber de Max Verstappen. Sem opções, subiu Pierre Gasly porque Sainz não se dá bem com Max. O resultado é um desastre: 118 pontos atrás do holandês e atuações horrendas. Enquanto Verstappen vence e briga na frente, Gasly briga com Alfa Romeo e Haas, nas palavras de Christian Horner. Nem para escudeiro está servindo. Do jeito que as coisas funcionam por lá, pode ser que o francês seja chutado agora mesmo nas férias, a exemplo de tantos outros como o próprio Kvyat, agora por cima depois do pódio na Alemanha.

A solução de um problema pode ser a manutenção do mesmo. Fora um Kvyat mais amadurecido e provavelmente entregando resultados menos piores que o de Gasly, qual seria a solução da Red Bull, sempre lançando e queimando talentos na mesma velocidade? Recontratar Vettel? Apostar em Albon, que é mais talentoso mas ainda não está pronto, a exemplo do próprio Kvyat?

A resposta não existe, pelo menos até agora. O fato é que, em breve, provavelmente Bottas e Gasly serão encaçapados de suas equipes, com os substitutos já devidamente preparados.

Até!

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

DIMENSÕES

Foto: Getty Images
O último GP antes das férias da Fórmula 1 deixou um gostinho de quero mais e mostrou a reação da categoria ao adentrar no calendário tradicional europeu em substituição aos chatíssimos tilkódromos. Talvez aí possa estar uma solução para o futuro.

O travado GP da Hungria não permite muitas ultrapassagens, mas é bonito olhar as estratégias, o xeque-mate, a disputa por posições. Max Verstappen e Lewis Hamilton sumiram, travaram um duelo particular, anos-luz a frente do resto. Esta é, portanto, a primeira dimensão.

Max segurou Lewis o quanto pode. No primeiro stint, a vantagem nunca passou dos três segundos. Com os compostos duros, Hamilton tentou atacar, mas o holandês se defendeu bem. A parte da estratégia percebeu que, diante da distância dimensional que existia em relação ao resto, era possível colocar os pneus macios e tirar a vantagem contra o desgastado pneu duro dos taurinos no fim. E foi exatamente o que aconteceu.

Com o grande talento que tem, Hamilton foi fazendo volta mais rápida atrás de volta mais rápida, tirando rapidamente uma vantagem que parecia impossível de ser alcançada. Verstappen tentou responder para quebrar mentalmente o inglês, mas parece ter desgastado o que sobrou dos "neumaticos".

No início, a impressão era óbvia: a Red Bull poderia ter parado imediatamente depois e, com pneus novos, poderia segurar a vitória. No entanto, depois entendi que a vantagem seria pequena e, com um novo composto, talvez Hamilton já voltasse a frente ainda na parada dos boxes e não teria disputa. Max não vence mas mostra, mais uma vez, o aprimoramento enquanto piloto, cada vez menos salvagem, cada vez mais cerebral. A primeira pole era o que faltava, mas é claro que perder faltando três voltas depois de liderar quase toda a corrida não deixa de ser frustrante. Crueldade, agora com o holandês.

Foto: Getty Images
Na segunda dimensão estava a Ferrari, um minuto atrás mais precisamente. Impressionante o "downgrade" daquela que consideravam a favorita no início da temporada. Uma corrida tranquila e melancólica. A exemplo de Verstappen-Hamilton, a Ferrari pode fazer estratégias diferentes com seus pilotos. Vettel, superado o final de semana todo, apostou em um stint maior para terminar com os macios. Conseguiu ultrapassar Leclerc, desgastado com os pneus duros, também na reta final e conquista um pódio um tanto quanto recompensador mas sem brilho coletivo, talvez pessoal. Já Leclerc de novo "morre na praia", uma outra "crueldade". Ele mesmo disse em entrevista que talvez precise administrar melhor os pneus, sobretudo os traseiros. Só assim para evitar mais decepções nas retas finais das corridas.

Na terceira dimensão estava Carlos Sainz Jr, que mal aparece nas corridas mas é um piloto extremamente competente, veloz e tudo aquilo que uma equipe de meio de tabela precisa: um acumulador de pontos. Tá guiando o fino com a McLaren Renault e com ela o espanhol segurou Gasly quase a corrida inteira para chegar em quinto. Sainz teve uma certa badalação por ser filho de uma lenda do rally, mas nos monopostos está vivendo um momento muito bom depois de alguns anos turbulentos no fim da Toro Rosso e na Renault. Para Gasly, o mesmo de sempre: a cada corrida que passa, a moral fica pior e a confiança quase que inexiste. É cruel ser companheiro de Verstappen. O matadouro está sendo ligado...

A quarta dimensão teve, posso escrever, Kimi Raikkonen voltando a pontuar e carregando a Alfa Romeo e Valtteri Bottas. Largou mal, foi ultrapassado por Hamilton e danificou o bico com um "chega pra lá" desnecessário do Leclerc que não teve punição. Além do mais, demoraram a chamá-lo para os boxes e voltou no fim do grid. Com o carro esquentando ao ficar sempre colado nos carros mais lentos, a Mercedes não tem mais aquela dominância nas retas e o finlandês perdeu boa parte da estratégia colado em Ricciardo, no fim das contas o oitavo lugar foi o que dava. No entanto, fica claro que, a exemplo de Gasly, os dias do finlandês nas flechas de prata está com os dias contados.

A quinta dimensão finaliza com Lando Norris trazendo bons pontos para a McLaren, que se consolida como quarta força, e mais uma daquelas provas onde Albon aparece do nada nos pontos. O tailandês faz uma estreia segura na categoria e já é candidato para futuro companheiro de Max Verstappen. A Renault é uma decepção. Quanto mais dinheiro, menos resultados. É um crime Ricciardo ser um coadjuvante, mesmo que hoje tenha aparecido bastante, disputando e defendendo posições. Azar na pista, muita grana no bolso pelo menos.

Hamilton vai ser hexa. No entanto, parece que a Red Bull (ou melhor, Verstappen) virou a segunda força da F1 e pode nascer aí um embate interessante para o segundo semestre. Para o título não tem como, mas é admirável perceber que os taurinos estão podendo competir além das condições anormais de temperatura e pressão. A F1 encerra uma sequência de boas corridas, sempre com a expectativa de que algo acontecia na mãe das pistas sagradas Spa Francorchamps, mas isso é assunto para daqui um mês, infelizmente.

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

PRA FICAR MAL ACOSTUMADO

Foto: Getty Images
Depois de Paul Ricard, uma revolução aconteceu. Três belas corridas disputadas de diferentes formas mas com a mesma emoção ou mais. Não se tratou apenas da chuva ou da aleatoriedade de um Safety Car, mas sim disputas genuínas na pista, roda com roda, com batidas e tudo mais. Era o respiro que a F1 precisava em meio a uma insuportável dominância da Mercedes que não parece ter fim.

Com uma corridaça como a da Alemanha, ainda bem que no calendário já teremos outra prova logo agora. O bom é que se for uma corrida ruim na Hungria, como tradicionalmente é, teremos uma pausa de três semanas para esquecê-la e até compreender que sonhamos demais, que a Fórmula 1 é isso mesmo. O ruim é que, se uma boa corrida se repetir, ficaremos três semanas sonhando com mais corridaças na Bélgica e na Itália para no fim ser desapontado, mas vai lá, vai que a sina continua.

É com esta fé renovada e querendo aprender com o "karma do salto alto" que a Mercedes tem, pela 3242 vez, a faca e o queijo na mão para vencer sem problemas. Apesar do problema do desgaste em virtude do calor e da chuva nos treinos livres, a previsão é de sol para domingo. Em pista travada, os alemães corrigiram os problemas e mostram força. A Red Bull, que dominava este aspecto até 2014, deve ter mais facilidade que a Ferrari, de carro mais longo.

Os treinos de hoje não podem dizer muita coisa. Com a garoa que caiu nas duas sessões, tudo fica muito embaralhado, a exceção de Williams e Mercedes, ainda mais um treino onde Gasly foi o mais rápido... Alfa Romeo, querendo reverter a decisão da Alemanha, e Renault precisam reagir. A dupla Debi e Lóide da Haas sempre é garantia de entretenimento. Pérez precisa reagir contra o riquinho. Algumas das respostas no meio do pelotão. Lá em cima, o mesmo de sempre: Bottas será apático e irá sepultar suas chances de permanecer? Vettel vai renascer depois da corrida circunstancial? Leclerc vai ter sorte ou não ter um erro bobo capital? Gasly vai passar vergonha contra Max outra vez?

Só domingo para descobrirmos as respostas, seja na via do entretenimento ou na da procissão e marasmo total.

Confira os tempos dos treinos livres:




quinta-feira, 1 de agosto de 2019

GP DA HUNGRIA - Programação

O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.


Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:19.071 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:16.276 (Ferrari, 2017)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 6x (2007, 2009, 2012, 2013, 2016 e 2018)

SEM PACIÊNCIA

Foto: Haas
Apesar do melhor resultado da equipe no ano graças ao caótico GP da Alemanha, não é por isso que Gunther Steiner, chefão da Haas, está satisfeito. Depois dos dois pilotos se tocarem e abandonarem em Silverstone, novamente Magnussen e Grosjean se encontraram na pista de Hockenheim. Na volta 56, K-Mag passou pelo francês mas sem deixar de tocá-lo.

Com as punições para a Alfa Romeo, a dupla herdou a sétima e oitava posições, mas Steiner não se ilude. Sabe que o resultado da corrida foi circunstancial e não está satisfeito com o desempenho do carro e a conduta dos dois pilotos:

"Eu estou surpreso como todo mundo depois do que aconteceu em Silverstone. Eles fizeram de novo. Eu não falei com eles depois da corrida, não tem motivo. Vou falar antes de Budapeste e achar um caminho do que fazer e não fazer. Se eles não entenderem o que significa, terei que falar a cada volta o que fazer, e acho que isso vai acontecer.

Nosso ritmo não foi bom. Ficamos em nono e décimo sem méritos e velocidade. Não vou ficar aqui falando que está fantástico. Não fomos rápidos. Nunca vi isso. Como um carro pode ser tão rápido na classificação e cair desse jeito na corrida? A única coisa que podemos fazer é seguir trabalhando e entender o porquê. Não tem mágica, e hoje, fomos sortudos de nos manter na pista e chegar em nono e décimo, que são pontos duplos, mas foi o único bom momento do dia", afirmou.


Pelo jeito a batata vai assar para os dois muito em breve. Não sei se o carro da Haas é ruim de fato, mas chama a atenção a queda de desempenho entre a classificação e a corrida. Talvez com uma dupla melhor os resultados possam vir, mas o carro também é um problema. O que ficou claro é que Grosjean já deveria ter saído e Magnussen, mesmo que seja um pouquinho melhor (ou menos pior), também parece não servir para a conturbada equipe de Gene Haas.

GASLY "PRESTIGIADO"

Foto: Getty Images

Mais uma vitória e um show de Max Verstappen. Com o mesmo carro, Gasly já tinha ficado uma volta atrás na Áustria e, na Alemanha, ficou atrás das duas Toro Rosso até bater ao tentar passar Alexander Albon. Em metade da temporada, já são mais de 100 pontos atrás do holandês. Parece que guia uma Toro Rosso pintada de Red Bull. Mesmo assim, o francês parece estar prestigiado. Helmut Marko descartou, ao menos da boca para fora, trocá-lo nesta temporada. Christian Horner apenas lamentou a chance desperdiçada dos taurinos encostarem na Ferrari nos construtores:

"São altos e baixos. Ele teve uma classificação forte e um problema no primeiro pit-stop na roda traseira direita, e precisaram segurá-lo pela quantidade de carros no pit-lane. Ele estava se recuperando bem e passou o Vettel na última relargada, mas escapou três vezes na curva 1 e outros carros passaram ele.

"E teve o incidente com o Albon, o que foi frustrante porque era uma boa oportunidade para tirar pontos da Ferrari. Em vez de tirarmos 20 pontos, tiramos apenas 8. Acho que se conseguirmos pontuar com os dois carros, diminuir a distância é o nosso objetivo para a segunda metade da temporada", afirmou em entrevista ao 'Motorsportweek.com'.


Por muito menos Kvyat foi chutado da Red Bull. Gasly não está pronto e nem a Red Bull estava. Foi pega de surpresa com a saída de Daniel Ricciardo. Albon também não estaria e Kvyat, mais experiente e confiante, pode fazer algo melhor, mas este é o problema da academia de pilotos: ser refém esperando que surja toda hora um Vettel, Verstappen ou Ricciardo. É improvável. No entanto, com Verstappen ali, aparentemente não há muita preocupação quanto a isso.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 225 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 184 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 162 pontos
4 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 141 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 120 pontos
6 - Pierre Gasly (Red Bull) - 55 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 48 pontos
8 - Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 27 pontos
9 - Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 25 pontos
10- Lando Norris (McLaren) - 22 pontos
11- Daniel Ricciardo (Renault) - 22 pontos
12- Lance Stroll (Racing Point) - 18 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 18 pontos
14- Nico Hulkenberg (Renault) - 17 pontos
15- Alexander Albon (Toro Rosso) - 15 pontos
16- Sérgio Pérez (Racing Point) - 13 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 8 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto
19- Robert Kubica (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 409 pontos
2 - Ferrari - 261 pontos
3 - Red Bull Honda - 217 pontos
4 - McLaren Renault - 70 pontos
5 - Toro Rosso Honda - 42 pontos
6 - Renault - 39 pontos
7 - Racing Point Mercedes - 31 pontos
8 - Haas Ferrari - 26 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 26 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto

TRANSMISSÃO: