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terça-feira, 11 de setembro de 2018

LECLERC, RAIKKONEN E O MONOMITO

Foto: This Is F1
O que era tendência foi anunciado oficialmente hoje. A Ferrari contrariou sua lógica conservadora de não apostar em jovens talentos e acabou efetivando Charles Leclerc como companheiro de Vettel para a próxima temporada. Ela não fazia isso desde 2006, quando Felipe Massa substituiu Rubens Barrichello. A diferença é que Massa guiou na Sauber por três anos e ficou mais um como piloto de testes. Leclerc fica apenas essa temporada, impulsionada pelos grandes resultados pela Sauber em treinos e corridas.

Nos últimos anos, Vettel era quem bancava o amigão Kimi nas renovações. Entretanto, dessa vez a cúpula da Ferrari (capitaneada pelo falecido Sérgio Marchionne) pareceu dar um recado para o atrapalhado alemão: chega de erros e barbeiragens. Claro que Leclerc não vai correr ainda em igualdade de condições, mas será um indicativo para ver se um sangue-novo é capaz de ameaçá-lo com maior frequência ou irá sentir a pressão de estar na maior equipe da F1.

Leclerc vai ser o mais jovem piloto da Ferrari desde Pedro Rodríguez, em 1961. Na época, o mexicano tinha 19 anos e 211 dias. Na Austrália, na estreia, Charles vai ter 21 anos e 5 meses. É um feito e tanto, mas tudo isso foi fruto de muito talento e competência. O monegasco não esqueceu de Jules Bianchi, espécie de "mentor" do início da carreira e que poderia estar agora no seu lugar. Agora ele está, de certa forma. Ainda assim, acho a escolha precipitada. Meu medo é que os italianos queimem o jovem, que dificilmente pode fazer frente a Vettel, ao menos no início de sua caminhada. Um ano na Haas para evoluir e amadurecer ainda mais seria o ideal, mas pelo visto o grande objetivo era se livrar de Kimi Raikkonen.

Um jovem na Ferrari, dois na Red Bull e a Mercedes com Bottas... Leclerc pode ser finalmente a menina dos olhos da F1, se mantiver a maturidade e a regularidade em um carro que lhe dará condições de vencer. Resta saber como Verstappen vai reagir nesse contexto, se vai evoluir ou vai ver um cara menos experiente que ele em um carro de ponta com atuações melhores. Vai ser interessante.

Foto: ESPN
18 anos. A maioridade. Muita coisa mudou de lá pra cá na vida de Kimi Raikkonen e Sauber. Peter não está mais lá (Relembre a série que publiquei AQUI, em especial a passagem relâmpago do finlandês), nem a cor e tampouco a Red Bull. Parece um prêmio de consolação para o Iceman, rebaixado da Ferrari. Todo mundo imaginaria que iria se aposentar, mas o retorno para a Sauber (e por duas temporadas) é algo exótico e aleatório. Lembra bastante Alan Jones na Lola Haas.

Um prêmio caro, diga-se. As informações apontam que a Ferrari vai continuar pagando Kimi para correr na Alfa Romeo Sauber e fortalecer a marca. Aquele que no auge parecia nem estar aí para a F1 (tanto é que ficou dois anos fora) vai ser o último dos moicanos, no fim das contas. O remanescente da geração 2001, o meu primeiro contato com a F1. Meu medo é que Kimi se aposentasse, mas isso vai ser só em 2020 (!). Meu saudosismo agradece.

Resta saber como Raikkonen vai render em um carro médio, no meio do grid e com poucas chances de vitórias e pódios, apesar da gritante evolução nessa temporada. Será que o finlandês vai se sobressair ou os efeitos da idade avançada e um possível relaxamento irão falar mais alto?. Até escreveria desmotivação, mas assinar dois anos com a equipe "onde tudo começou" não parece ser o termo mais adequado. Também vai ser interessante como Raikkonen vai se portar em suas últimas corridas pela segunda passagem na Ferrari. Vai ajudar ou não Vettel, que chegou a declarar "estar correndo contra três carros"?

Incomum na história do automobilismo começar, sair e terminar onde começou. Raikkonen repete o que é comum no futebol: começar em um clube médio/pequeno, conquistar o mundo e depois encerrar a carreira no clube do início.

As trajetórias de Leclerc e Raikkonen, embora em direções contrárias, remetem a mesma coisa: o monomito. O conceito vem de 1948, quando depois de estudar as mitologias, o escritor Joseph Campbell publicou o livro "O Herói de Mil Faces" (Hero Of Thousand Faces; Pensamento, 2018). Ao analisar mitos de várias partes do mundo, Campbell concluiu que todos pareciam ter elementos de uma mesma fórmula universal, denominada de "monomito".

Funciona mais ou menos assim: a jornada do herói é dividida em três fases - separação, iniciação e retorno. O herói deixa o solo familiar, enfrenta uma série de obstáculos/aventuras e, mais maduro, volta pra casa. Segundo Wendell de Oliveira Albino, "é uma estrutura muito utilizada por cineastas, escritores de literatura e de histórias em quadrinhos de super-heróis", tendo como grande exemplo do cinema o filme Star Wars.

Raikkonen saiu do lar, enfrentou grandes desafios e obstáculos, atingiu o ápice e grandes dificuldades e finalmente volta pra casa para cumprir a parte final de sua jornada. Leclerc saiu do lar, enfrentou algumas aventuras e obstáculos e agora chega, com maturidade, para o ápice da carreira. Como será essa jornada e o seu retorno? Só poderemos descobrir nos próximos anos.

Até!

quinta-feira, 22 de junho de 2017

O ACERTO QUE DEMITE

Foto: Independent
Hoje a Sauber anunciou uma notícia que poderia ter sido veiculada há alguns anos. Monisha Kaltenborn foi demitida da equipe e, portanto, não é mais a chefe da escuderia suíça, cargo que ocupou durante cinco anos. A indiana entrou para a história como a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe na história da categoria. Hoje, resta Claire Williams, que assumiu o posto pouco depois de Monisha.

A indiana trabalha na Sauber desde 2000, quando advogava para o banco suíço Credit Swiss, que passou a patrocinar a equipe em 2001. Ela atuava na área legal das atividades do banco e do time. Aos poucos, foi subindo na empresa até assumir, de forma surpreendente, o comando da Sauber, substituindo o dono, Peter, que se aposentou. Ela ficou com 33,5% das ações da equipe até o ano passado, quando abriu mão após a venda da Sauber para os investidores suíços.

Sua gestão na F1 foi um desastre. Um erro atrás do erro. Equívocos de contratação e, pasmem, com sérios problemas financeiros e jurídicos, sua área de formação. O ano de 2015 foi emblemático. Ela contratou Nasr e Ericsson, assim como havia assinado com Giedo Van der Garde, Adrian Sutil e até Jules Bianchi, dizem as más línguas. Van der Garde entrou na justiça e causou embaraço para toda a organização quando ganhou o direito de correr pela equipe. Lá estava o holandês, de macacão, esperando seu carro. Monisha teve que pagar R$ 56 milhões ao piloto para resolver a situação, piorando ainda mais a caótica situação da financeira da equipe, que culminou com a venda para investidores suecos no ano passado.

Foto: Getty Images

A Sauber obviamente nega, mas o motivo da demissão de Monisha nem é sua incompetência na gestão da equipe nos últimos anos, mas sim uma desavença nos rumos que a equipe deveria tomar. Ano passado, Ericsson foi alçado a piloto número 1, uma exigência dos donos da equipe, suecos ligados a ele. O que aconteceu? Com a possibilidade financeira de apenas melhorar um carro, todas as atualizações iam para Ericsson, e Nasr ficava com a sobra. Óbvio que o mediano sueco passou a andar na frente do brasileiro, que mesmo assim, passando por cima de ordens da equipe, conseguiu pontuar e salvar os suíços da falência, mas que indiretamente decretou o fim da Manor.

Para esse ano, a estratégia é a mesma: foco para Ericsson, Wehrlein que se exploda. Acontece que, mesmo duas corridas ausente, o alemão conseguiu um heroico oitavo lugar, o que Ericsson jamais terá a capacidade de alcançar, por ser menos piloto. Monisha, dessa vez, recusou a "orientação", pois obviamente percebeu que isso seria uma burrada colossal, afinal, o futuro da equipe está em jogo.

Foto: Auto Sport

Resumo da ópera: Monisha é demitida talvez na sua única decisão acertada em cinco anos de Sauber, que seria no mínimo a igualdade de condições entre Wehrlein e Ericsson. A indiana entra na história como uma estatística interessante de quebra de barreiras e preconceitos, assim como também entra na história pelo trabalho que quase afundou a Sauber, equipe simpática do meio do grid que hoje luta para sobreviver, é o pior carro da F1 e ganha a antipatia dos fãs em virtude do protecionismo a Ericsson. E ano que vem terá a Honda como fornecedora de motores. Que dupla, hein?

Óbvio que o investimento só está sendo feito porque Ericsson está lá. Do contrário, a F1 teria hoje nove equipes. Colin Kolles, ex-Hispania, é o favorito a assumir o cargo. Para esse final de semana, o gerente do time, Beat Zehnder, e o diretor técnico Jorg Zander ficarão responsáveis pelas operações do time no GP do Azerbaijão, em Baku. Uma coisa é certa: Wehrlein vai sofrer. Será difícil fazer mais do que já fez, e não verei como um fato normal se ele passar a ser constantemente batido pelo companheiro e ter problemas no carro, bem como estratégias de boxes equivocadas.

Até!



sábado, 23 de julho de 2016

A DESPEDIDA DO MESTRE - FINAL

Foto: Motorsport
Era para ser "apenas" um post sobre a vida e carreira de Peter Sauber no comando da sua equipe, mas o cidadão aqui se empolgou e resolveu fazer uma retrospectiva da Sauber, desde os primórdios até os dias atuais. No primeiro post, falei da fase inicial da equipe até a chegada na F1 e os primeiros passos. No segundo post, continuei a trajetória da equipe, da ascensão, a venda para a BMW até o fim da parceria e o retorno de Peter Sauber como dono principal de sua própria equipe. Agora, vamos terminar essa saga.

Em 2010, os suíços anunciaram Kamui Kobayashi, que estava na Toyota e o interminável espanhol Pedro De La Rosa como pilotos da temporada. Apesar de uma boa pré-temporada, o carro apresentou muitos problemas mecânicos e demorou para marcar os primeiros pontos (o primeiro foi de Koba, no GP da Turquia). Após o GP da Itália, quase na parte final do ano, De La Rosa foi substituído por outro interminável e símbolo do time, Nick Heidfeld.

Em 2011, Heidfeld foi substituído pelo jovem Sérgio "Checo" Pérez, bancado pela grana de Carlos Slim. Kobayashi foi mantido, e mais uma vez uma dupla jovem pilotava a equipe suíça. O grande fato da temporada foi o mexicano ter batido no treino classificatório de Mônaco à la Wendlinger e ter se ausentado da corrida. Semanas depois, no Canadá, se sentiu mal depois de alguns treinos (ocasionados pelo acidente) e foi substituído por ele, o eterno De La Rosa. 


2012 foi uma ótima temporada para os suíços. Com a dupla de pilotos mantida, Pérez esteve perto de vencer o GP da Malásia, quando estranhamente errou, quase bateu e não atacou Alonso, chegando em segundo. O mexicano, aliás, fez mais dois pódios no ano: Canadá (3°) e Itália (2°), sempre com a estratégia de prolongar os stints e retornando para a pista com pneus mais novos que os demais. Kobayashi também foi uma vez ao pódio, justamente no Japão, igualando o feito do compatriota Aguri Suzuki. Nesta temporada, também, ficou marcada a saída de Peter como chefe de equipe, substituído pela indiana Monisha Kalterborn. Os 126 pontos conquistados foram a melhor marca da Sauber como equipe independente.

Pérez em Montreal/2012, quando ficou em terceiro lugar. Foto: Sauber/Divulgação
Para 2013, mudanças nos dois pilotos: Pérez foi para McLaren substituir Hamilton, que havia ido para a Mercedes. Kobayashi foi dispensado por falta de patrocínio. Com isso, a Sauber contratou Hulkenberg, que estava na Force India, e efetivou o piloto de testes e também mexicano Esteban Gutiérrez. O alemão guiou muito bem durante a temporada, com destaque para o GP da Coreia do Sul. Entretanto, o desempenho em relação ao ano anterior caiu, e a equipe marcou apenas 57 pontos. Os primeiros problemas financeiros começaram a aparecer. Com atraso no pagamento de salários, Hulkenberg saiu e voltou para a Force India. Gutiérrez permaneceu e foi contratado Sutil, recém saído da própria equipe indiana.

2014 foi um ano lamentável para a Sauber. A piora na crise financeira foi de menos. Os suíços conseguiram a proeza de terminar o ano zerados, atrás da Marussia. Os dois saíram, e a equipe ainda teve que pagar uma multa milionária para Van der Garde, por ter assinado com ele e não ter assumido o volante, além de outros quatro pilotos - Sutil, Bianchi, Nasr e Ericsson. Os dois últimos foram os que pilotaram a equipe nos últimos dois anos. Nasr chegou a conquistar bons resultados ano passado (dois 5° lugares - Austrália e Rússia), mas a falta de recursos impede que a Sauber consiga ir além, e acabou sendo ultrapassada pela concorrência.

Hulk a bordo do C32, em 2013. Foto: Wikipédia

Para finalizar a série, a venda: A Sauber foi adquirida pela empresa suíça Longbow Finance (braço direito da sueca Tetra Pak...), que atua "há 20 anos". Monisha, bastante criticada nos últimos anos, manteve-se como membra do Conselho de Diretores, Diretora-Executiva e Chefe da Equipe.

Com isso, Peter Sauber decidiu se aposentar. Ele já estava gradativamente se afastando da F1, comparecendo em poucas corridas. Será substituído por Pascal Picci. Peter irá, merecidamente, desfrutar da "aposentadoria", depois de tudo que fez pelo automobilismo e pelo grupo que idealizou e criou desde os anos 1970.

Não há como não gostar da Sauber. Mesmo sem ser uma equipe, ela serviu como porta de entrada para muitos jovens de talento na F1: Wendlinger, Raikkonen, Massa, Kubica, Pérez, Heidfeld, Nasr (por quê não?), além de tantos outros experientes como Alesi, Villeneuve, Frentzen, De La Rosa e Fisichella. A paixão de Peter Sauber pelo automobilismo é o seu grande legado. 

Isso me faz lembrar de Frank Williams... Vida longa ao SIR!!

Sobre a tal parceria: Me parece aos moldes da Hispania e Lotus, recentemente, que não duraram muito. Ou seja: Primeiramente, pode ter sido a "salvação da lavoura". Segundamente, creio, não aposto que essa empresa ficará mais de três anos com a Sauber na Fórmula 1. É torcer para que eu esteja enganado.

E essa foi a série sobre a Sauber. Quem sabe, no futuro, outra equipe não seja tema do "quadro"?

Até!



sexta-feira, 22 de julho de 2016

A DESPEDIDA DO MESTRE - PARTE 2

Foto: Pinterest
Era para ser "apenas" um post sobre a vida e carreira de Peter Sauber no comando da sua equipe, mas o cidadão aqui se empolgou e resolveu fazer uma retrospectiva da Sauber, desde os primórdios até os dias atuais. No primeiro post, falei da fase inicial da equipe até a chegada na F1 e os primeiros passos.

Bom, estamos em 2001. Depois de três anos horríveis, a parceria Sauber + Ferrari + Petronas estava muito pressionada e precisava de resultados. Eis que a escuderia suíça tratou de receber mais críticas em um movimento arriscado, por muitos irresponsável: A contratação de um jovem finlandês chamado Kimi Raikkonen, de apenas 21 anos, com poucas participações nos monopostos. Kimi recebeu uma superlicença da FIA e a promessa de Peter que o jovem finlandês iria se sair bem. Além dele, foi trazido outro jovem: O campeão da F2000 em 1999 e que estreou na Prost em 2000, Nick Heidfeld.

E como a temporada foi boa: Na corrida de estreia, o alemão largou em quarto e o finlandês em sexto. Os dois pontuaram. No GP Brasil, Heidfeld conquistou um espetacular terceiro lugar. No fim da temporada, a equipe alcançou a maior pontuação e maior colocação na história da Sauber: O 4° lugar, com 21 pontos, atrás de Ferrari, McLaren e Williams. No fim do ano, Raikkonen foi contratado para substituir o compatriota Mika Hakkinen na McLaren. Heidfeld foi mantido e para o lugar de Kimi foi contratado o jovem brasileiro Felipe Massa, piloto de testes da Ferrari.

Raikkonen e Heidfeld no C20. Foto: Auto123
Campeão da F3000 em 2001, o brasileiro não foi tão bem. Aliás, nem a Sauber foi. Apenas 11 pontos na tabela e o 5° lugar nos construtores, também superado pela estreante Renault. Discreto, Massa não agradou e Peter Sauber chamou Heinz-Herald Frentzen novamente para o time. O alemão estava recém saído da Arrows. Heidfeld continua por mais uma temporada.

Mesmo com a nova regra da F1 permitindo pontuação aos oito primeiros colocados, a Sauber manteve-se com desempenho irregular: 19 pontos e o sexto lugar na tabela de construtores. O grande ponto positivo daquele ano foi o GP dos Estados Unidos, onde Frentzen chegou em terceiro (marcando seu último pódio na carreira) e Heidfeld em quinto.

Felipe Massa na Sauber, em 2002. Foto: Getty Images
Para 2004, mudanças: Frentzen foi dispensado e Heidfeld contratado pela Jordan. Com isso, Felipe Massa retornou para a equipe e Peter trouxe Fisichella da própria Jordan, onde venceu o GP Brasil de 2003 e se destacou pela Benetton nos anos 90 e início da década de 2000. Foi uma temporada espetacular. Massa e Fisico marcaram o maior número de pontos da história da Sauber em um mesmo ano: 34, 22 de Fisichella contra 12 de Massa.

Em 2005, Massa permanece na Sauber, enquanto Fisichella é chamado para correr na Renault. Seu substituto é o campeão da temporada de 1997, Jacques Villeneuve. Com Massa e Villeneuve enfrentando problemas de convívio (Massa contou inclusive que chegou a urinar em uma garrafa do canadense). Na pista, 20 pontos para os suíços e o sétimo lugar nos construtores. Foi o último ano da parceria com a Petronas.

Villeneuve na Sauber, em 2005, o último com a parceria da Petronas. Foto: Wikipédia
A Petronas rompeu com a Ferrari e deixou de fornecer motores, mas manteve-se como patrocinadora da equipe. Com isso,  Peter Sauber aproveitou a brecha para vender a equipe para a BMW, que havia recém rompido sua parceria com a Williams. Com isso, iniciava-se uma nova era: A BMW Sauber F1 Team.

Peter Sauber manteve funções administrativas na equipe. Para a temporada, foram escolhidos Jacques Villeneuve e o retorno do velho conhecido Nick Heidfeld. Entretanto, o canadense não era unanimidade dentro da equipe e, após algumas corridas com desempenhos bem abaixo do companheiro, foi demitido e substituído pelo jovem polonês Robert Kubica. Heidfeld manteve-se constante na temporada, marcando bons pontos. No caótico GP da Hungria, o alemão conseguiu o primeiro pódio da temporada. Duas corridas depois foi a vez de Kubica, na Itália. No fim do ano, quinto lugar nos construtores, com 36 pontos.

Em 2007, os suíços se afirmaram como terceira força, atrás de McLaren e Ferrari, com os dois praticamente garantindo a quinta e sexta posição das corridas. Heidfeld conseguiu os únicos dois pódios da equipe, na Hungria e no Canadá, circuito este marcado pelo fortíssimo acidente de Kubica, que quebrou o tornozelo e ficou ausente de algumas provas. Seu substituto? Um jovem alemão chamado Sebastian Vettel. Em sua estreia, nos Estados Unidos, conseguiu pontuar, sendo até então o mais jovem da história da categoria a atingir tal feito, com 19 anos. Kubica retornou e a Sauber somou 101 pontos, sendo vice-campeã dos construtores após a McLaren ter sido excluída da classificação, em virtude do escândalo de espionagem.


Heidfeld. em 2007. Foto: Wikipédia
2008 foi o grande ano da escuderia. Ironicamente, as melhores temporadas da Sauber foi quando Peter não era o "chefão". Na Austrália, Kubica larga em segundo e Heidfeld completa a corrida nesta posição. Na Malásia, Kubica foi o segundo. No Bahrein, a primeira pole da equipe, também com o polonês. Até que surge o momento histórico: Exatamente na mesma pista onde havia sofrido um gravíssimo acidente no ano anterior, Robert Kubica venceu no Canadá pela primeira vez na carreira (e da Sauber, claro), com Heidfeld em segundo (e, portanto, uma dobradinha!). Naquele momento, o polonês era o líder do campeonato. Entretanto, a Sauber perdeu rendimento na segunda metade da temporada e ficou para trás.



Em 2009, a BMW Sauber surgia como favorita ao título. Após desenvolver bem o sistema do KERS e andar na pré-temporada, parecia tudo pronto para que os suíços e alemães finalmente pudessem ser protagonistas. Kubica brigava com Vettel pela segunda posição na Austrália, quando bateram. Depois, a equipe caiu muito de rendimento. Na metade da temporada, Kubica tinha apenas dois pontos e Heidfeld seis. Patético. Diante disso, a BMW Sauber anuncia que iria se retirar da F1 no final da temporada.

Curiosamente, o desempenho da equipe melhorou na metade final, com as atualizações dos componentes dos carros. Entretanto, a equipe somou apenas 36 pontos (19 de Heidfeld e 17 de Kubica). O grande drama era a manutenção da Sauber. Sem o apoio da BMW, que se retirava em definitivo da F1, Peter Sauber tinha uma grave dificuldade para recomprar sua equipe: O fato dos alemães não terem inscrito a BMW Sauber para a próxima temporada da F1. Com isso, perderam a vaga para a Lotus. A BMW, a princípio, tentou negociar com a empresa Qadbak. Diante do insucesso, restou aos alemães revenderem para Peter Sauber, que em novembro de 2009 reassumiu o controle absoluto de sua equipe. Entretanto, a Sauber só conseguiu a vaga para F1 em 2010 com a desistência da Toyota.

Mesmo com a parceria desfeita, em 2010 os suíços utilizaram o nome BMW Sauber F1 Team, para que não fossem perdidos os benefícios financeiros oriundos da última temporada, quando terminaram em sexto lugar nos construtores.

Na última parte da nossa saga, contaremos os últimos anos da equipe e o desfecho da grave crise financeira da equipe suíça! Até lá!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A DESPEDIDA DO MESTRE - PARTE 1

Foto: Divulgação
Mais relevante que a venda da Sauber para o tal grupo Longbow Finance (que não tem site, tampouco redes sociais - é apenas o braço direito da empresa sueca Tetra Pak), a notícia impactante do dia no mundo do automobilismo é o adeus em definitivo do mentor Peter Sauber da sua própria equipe. Não, ele não morreu. Apenas irá curtir a aposentadoria, aos 73 anos de idade.

A história de Peter com o automobilismo começa nos anos 1970, quando ele cria o C1, o primeiro carro. O ''C" desde sempre acompanhou o nome dos carros da equipe, uma homenagem de Peter a esposa, Christiane. Começou competindo nos campeonatos suíços. Depois, passou a partir das 24 horas de Le Mans, em 1977. 

Nos anos 1980, passou a construir os carros da BMW M1, vencendo os 1000 km de Nurburgring em 1981. Em 1985, começaram a parceria com a Mercedes. Em 1989, a consagração: Vitória em Le Mans, com o trio Jochen Mass, Manuel Reuter (alemães) e Stanley Dickens (sueco). Aliás, Michael Schumacher pilotou pela equipe na Sportscar Championship de 1990, além de Karl Wendlinger.

Sauber C9, 1989. Foto: Rodrigo Mattar
Em 1991, Peter tinha o desejo de ingressar na F1. A Mercedes foi contra. Com isso, Sauber entrou na categoria por conta própria, estreando em 1993, com motores Ilmor. A dupla de pilotos foram o finlandês J.J. Lehto e o "protegido" Wendlinger. A equipe ficou em sexto lugar, com 12 pontos - 7 de Wendlinger (11°) e 5 de Lehto (13°). O bom desempenho na temporada inaugural convenceu a Mercedes a bancar o projeto, comprando 25% que a Chevrolet detinha sobre a Ilmor, tomando a montadora e rebatizando o motor para "Mercedes-Ilmor".

Com o estreante Heinz-Herald Frentzen e Wendlinger, a equipe manteve os mesmos 12 pontos da temporada anterior, mas dessa vez ficando na 8a posição nos construtores. No GP de Mônaco, corrida seguinte ao fatídico GP em Ímola, outro susto: Wendlinger bate forte na saída do túnel. Ele ficou em coma por várias semanas e não correu mais naquela temporada. Peter deu ordem para Frentzen não participar da corrida de domingo. Foi substituído rapidamente por De Cesaris, que posteriormente deu lugar ao retorno de Lehto.



Schumacher testando o C16 em um teste secreto em Mugello, 1997. Foto: Pezzolo.TV
Naquele mesmo ano, a Mercedes fez um acordo de fornecimento de motores com a McLaren, o que obrigou a Sauber a fechar contrato com outra montadora para 1995, a Ford. Frentzen foi mantido e Wendlinger voltou recuperado do acidente. Entretanto, o austríaco não voltou a ter os mesmos desempenhos de anteriormente, abandonando 3 das 4 etapas inciais do campeonato. Foi substituído pelo francês campeão da F3000 em 1994, Jean-Christophe Boullion. Finalmente a equipe alcançou o primeiro pódio: o terceiro lugar de Frentzen no GP da Itália. Wendlinger retorna, mas desmotivado, não pontuou e abandonou a F1. A Sauber fez 18 pontos e ficou em sexto lugar nos construtores.

Em 1996, o experiente Johnny Herbert foi contratado e a equipe passou a utilizar a pintura que ficou tão conhecida. Entretanto, foi um ano péssimo: Muitos abandonos (a equipe pontuou em apenas 3 das 16 etapas). A única coisa boa foi o terceiro lugar de Herbert no histórico GP de Mônaco vencido pela Ligier de Olivier Panis.

Em 1997, Peter acerta uma parceria para utilizar os antigos motores da Ferrari, rebatizando de Petronas, a empresa estatal de gás e petróleo da Malásia. Herbert foi mantido e conseguiu outro pódio, o terceiro lugar no GP da Hungria, também marcado pela quase vitória de Damon Hill pela Arrows. O inglês fez 15 dos 16 pontos da escuderia suíça naquela temporada (7° lugar nos construtores), marcada pela presença de outros três pilotos: O começo com o italiano Nicola Larini, que brigou com Peter após o GP de Mônaco e foi demitido e também a presença do compatriota Gianni Morbidelli (afastado da F1 desde 1995) e do argentino Norberto Fontana, que não pontuaram.

Herbert e o C17, em Melbourne/1998. Foto: Pinterest
Os três anos seguintes foram horríveis para a Sauber. Em 1998, o experiente francês Jean Alesi foi contratado para fazer dupla com Herbert. Parecia que ia dar certo, porém foram conquistados apenas 10 pontos (4 do terceiro lugar de Alesi na Bélgica), enquanto Herbert pontuou apenas na Austrália, com um quinto lugar. A equipe ficou em sexto lugar nos construtores, muito em conta da ampla superioridade de McLaren e Ferrari que, juntas, somaram 289 pontos.

Alesi foi mantido e o brasileiro Pedro Paulo Diniz foi contratado para a temporada de 1999, a pior da equipe até então. A equipe teve apenas 5 sexto lugares, marcando apenas 5 pontos no ano. Os carros quebraram em cerca de 75% das corridas da temporada. Os suíços só ficaram a frente da Minardi e da Arrows, que marcaram 1 ponto cada uma. 

Em 2000, Mika Salo, vindo de passagens na Ferrari e BAR como tampão, se juntou a Diniz. O brasileiro passou zerado, enquanto Salo conquistou 6 pontos (dois quinto lugares e dois sextos), um a mais que no ano anterior. Se o desempenho não foi tão exuberante, ao menos o carro não quebrou tanto, o que indicava um caminho para evolução.

Jean Alesi e o C18 em Magny Cours/1999. Foto: Getty Images

Adoraria poder escrever mais. Todavia, está tarde e já deveria estar dormindo há algum tempo. Prometo que em breve continuarei o post, que era apenas para falar de Peter Sauber, mas que no fim virou a "saga da Sauber" hahaha

Até mais!

quarta-feira, 11 de março de 2015

TAPETOU?!

Foto: Fórmula 1

E Giedo van der Garde conseguiu na Corte Australiana o direito de disputar o GP da Austrália pela Sauber em virtude de um suposto contrato assinado em Junho do ano passado. Lambança da Sauber às vésperas do início da temporada. Ericsson ou Nasr ficarão de fora. Muitas consequências: Anímicas, já que ninguém quer o holandês na equipe; e o fato de que a possível exclusão tanto do Sueco quanto do Brasileiro possam render mais problemas jurídicos para Peter Sauber e seus bluecaps.

É evidente que o clima da Sauber com Van der Garde será péssimo. Aquela sensação indesejada de "não queremos você aqui". É chato e constrangedor. Obviamente, um dos excluídos para a entrada do Holandês também irá ficar muito insatisfeito. Entretanto, vale lembrar que a decisão foi da corte da Austrália. Para correr nos demais GPs, Van der Garde teria que recorrer a todos os outros tribunais dos países que irão sediar a F1 nesta temporada. Será que terá dinheiro para bancar todos esses processos e audiências?

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA: O Tribunal ouviu o apelo da Sauber, mas adiou uma decisão sobre o caso, conforme relatou o GRANDE PRÊMIO. Novas informações a qualquer momento. Aguardemos os próximos capítulos. A Fórmula 1 está voltando!!!