quarta-feira, 30 de outubro de 2019

NO TOPO

Foto: Sutton Images

No domingo, Hamilton irá ser coroado como hexacampeão, o quinto título pela Mercedes, sendo o outro com o motor alemão na McLaren. O texto desta semana relembra outra conquista dos alemães, dessa vez como motor da equipe inglesa, há vinte anos.

A história já foi contada brevemente por aqui, agora em todos os detalhes:

1999. Grande Prêmio do Japão. Mais uma vez, o circuito de Suzuka decidiria um título mundial. De um lado estava o atual campeão, Mika Hakkinen. Do outro, o irlandês e segundão da Ferrari, Eddie Irvine, que vinha de vitória na Malásia e era o líder do campeonato: 70 a 66. No entanto, bastava para Hakkinen a vitória para ser campeão sem depender de ninguém. No meio deles, um possível fiel da balança que já ajudou Eddie na etapa anterior: Michael Schumacher, recuperado da fratura na perna que o tirou de praticamente todo o ano de 1999 em Silverstone.

A polêmica tinha sido a desclassificação da Ferrari na etapa de Kuala Lumpur, o que daria o título antecipado para Hakkinen. No entanto, uma apelação bem-sucedida dos italianos manteve a disputa para a terra nipônica. Schumacher, prometendo ajudar Irvine, fez logo a pole, com Hakkinen logo atrás e Coulthard e Frentzen (Sauber) na segunda fila, com Irvine somente em quinto. Aí as coisas começavam a complicar...

Hakkinen fez uma largada fulminante e não tomou conhecimento de Schumacher para assumir a liderança. Olivier Panis, com a Prost, pulou para a terceira posição, seguido de Irvine, Coulthard e Frentzen. Mika foi abrindo loucamente para Schumacher e principalmente para Eddie, preso atrás da Prost. O finlandês chegava a ser dois segundos mais rápido por volta. Não se sabia se a Ferrari tinha preparado uma ou duas paradas. Enquanto isso, Hakkinen fazia a corrida de campeão, depois de tantos erros e atuações apagadas durante o ano.

Com a primeira parada dos pilotos, Coulthard superou Irvine e deixava o irlandês cada vez mais longe do título, com a estratégia de duas paradas. No entanto, o britânico rodou e bateu de frente, danificando o bico, e abrindo o caminho para Irvine.

Lá na frente, seguiu sentando a bota e conseguiu uma vantagem confortável de seis segundos. Coulthard, com o bico danificado, parou e voltou a frente de Schumacher, limitando sua corrida a apenas atrapalhar o alemão, matar qualquer chance de reação e sacramentar o bi de Mika.  E assim o fez. Mika Hakkinen venceu de ponta a ponta e garantiu o bicampeonato mundial, com Schumacher e Irvine completando o pódio. O jejum da Ferrari seguia, mas convenhamos, ninguém parecia triste com a derrota do irlandês, já acertado com a Jaguar para 2000.

Foto: Getty Images

Não chegou a ser uma hegemonia tal qual hoje, mas dois títulos seguidos, os primeiros da parceria McLaren Mercedes, mostravam a força do conjunto, que ainda era superior a Ferrari de Schumi que acertava e que, nos anos seguintes, fez história.

A Mercedes, enquanto equipe e motores, está desde os anos 1990 como protagonista da Fórmula 1. Domingo, veremos a história ser feita com Lewis Hamilton. Somos privilegiados. Até quando as flechas de prata vão seguir dando as cartas na F1?


Até!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

MAX PRECISA MUDAR - PARTE 2

Foto: Getty Images

Parece que ter elogiado Max Verstappen durante as férias foi um grave erro. Será que sequei demais? Até então, era um dos principais (se não o melhor) pilotos da temporada. Perfeito e guiando o que era possível, ainda conseguiu duas belas vitórias, graças ao arrojo e habilidade que tem. No entanto, este mesmo arrojo é responsável por o trair diversas vezes.

Depois que voltou das férias, só fez bobagens. Recaídas. Começando pela Bélgica, teve outros incidentes lamentáveis no Japão, Itália e agora no México, onde a malandragem e a burrice andaram de mãos dadas e Max perdeu grande chance de vencer. Provavelmente não terá mais carro para isso até o final do ano. Lembrou a sequência de burradas do início do ano passado, que culminaram no "texto original".

A questão é entender: por que essa regressão, esse retorno “as raízes”? O que mudou em uma pausa? O fato de Leclerc, o jovem rival, ganhar mais atenção por ter mais vitórias, poles e também por ter mais possibilidades de brigar por estar na Ferrari, hoje superior a Red Bull?

Já foi escrito várias vezes que, num campeonato tão longo, não é possível ser gênio e basta. É preciso pensar no equilíbrio. Uma corrida não se decide em uma curva, um campeonato sim. Max, por correr sem a pretensão de ser campeão (ainda), parece que pode jogar o carro nos outros que ninguém irá recolher, que todos irão ficar de joelhos e deixá-lo passar. Leclerc não é mais assim, entendeu a jogada. Hamilton,no domingo, foi duro e mostrou quem manda. E quando realmente Max brigar por algo a não ser umas duas ou três vitórias, o que será?

A desculpa de ser jovem não pega. É a quinta temporada na F1, a quarta na Red Bull. Tempo suficiente para se desenvolver e não cometer erros infantis de iniciante.

Max  é um grande personagem da F1. Não se importa em ser o vilão, fala o que pensa e é o famoso “ame ou odeie”. A questão é a pilotagem. Para ser campeão, vai ter que dar uma segurada nisso, saber dosar, pensar no campeonato e não ser somente o Mad Max, ganhando ou batendo, win or wall.

Max precisa mudar. De novo. Não voltou das férias, e sim o “clone” que só faz atrapalhadas.Não é o que ele e a Red Bull querem, e talvez não seja esse o caminho para tentar seduzir Ferrari e Mercedes no futuro.

Até!

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

CONSEQUÊNCIAS

Foto: Getty Images
A FIA estragou mais uma corrida com decisões imbecis. Era só anular a volta de Verstappen e estava tudo certo. No entanto, me parece que não foi apenas uma questão técnica, mas sim disciplinar, de mostrar quem manda. Ao debochar do fato na coletiva, Max foi condenado e punido mais pela justiça de ter um ato burro e imbecil do que qualquer outra coisa. Da pole ao quarto lugar, já era uma corrida comprometida.

Alguém que já é inconsequente sente-se vítima de injustiça e vai para a largada com tudo. Vettel esbarra Hamilton, que divide e esbarra Max, que dá uma batida leve no inglês e perde posições. Ao fazer uma bela ultrapassagem diante de Bottas, o finlandês atinge o pneu traseiro esquerdo e um furo de pneu abrevia as chances de Max, obrigado a se contentar com um sexto lugar. Tudo isso em virtude das consequências de ações equivocadas. Não dá para falar mais em imaturidade. Tentou ser malandro e foi apenas burro. O holandês desperdiçou uma chance de vitória que dificilmente irá aparecer outra vez para a Red Bull neste ano.

Voltando para a corrida. Ninguém esperava que os pneus durassem tanto. Por isso a estratégia eram duas paradas. Leclerc, o líder, e Albon, o terceiro, fizeram isso. Vettel, buscando uma nova alternativa, seguiu na pista, assim como Bottas, que o marcou. Hamilton parou logo depois do monegasco e, diferentemente dele e do tailandês, colocou os pneus duros. O diferencial.

Com o passar do tempo, ficou nítido que os pneus não se degradaram tanto. Ricciardo andou quase 50 voltas com os duros até fazer a única parada. Vettel e Bottas botaram os duros até o final, enquanto Albon e Leclerc foram obrigados a parar por terem repetido o pneu da largada. Mais um grande erro da Ferrari com o jovem, além de terem perdido tempo nos pits.

Hamilton, mesmo desgastado, controlou a vantagem e Vettel, mais preocupado em segurar Bottas, se contentou com o segundo lugar. Vitória da estratégia da Mercedes. Xeque mate. Se em velocidade não eram os melhores, o ritmo de pneu e o melhor trato nos compostos mais uma vez os diferenciam da Ferrari, mais rápida e que come os pneus de forma mais veloz também.

Foto: Getty Images
Albon tem 4 a 2 diante de Verstappen desde que chegou a Red Bull. É mais lento? É, mas diferentemente de Gasly, aproveita as oportunidades e está sempre lá. Pérez foi o melhor do resto na corrida da casa. É um grande piloto e merece o reconhecimento de ídolo local. Ricciardo com uma boa corrida de recuperação mostra que falta carro. Na última curva, Kvyat fez uma trapalhada com Hulk e perdeu pontos importantes para a Toro Rosso. Uma pena perder o final de semana assim, mas é a vida.

A McLaren com os médios não funcionou e, além do mais, os mecânicos abreviaram a corrida de Norris com a trapalhada nos boxes. Haas segue no drama e Raikkonen não voltou das férias. Um endiabrado Kubica até passou Russell, mas no fim terminou atrás dele de novo.

A Liberty conseguiu o que queria: o título de Hamilton será "em casa", nos Estados Unidos, com toda a badalação e o marketing que os americanos sabem fazer, lá no Texas. É por isso que inverteram a corrida com o México. Bastam quatro pontos. É hexa, é hexa. E faltam, agora, oito vitórias para igualar Michael Schumacher. Sempre que vejo isso, parece ser inacreditável. Fruto das consequências ao sair das asas da McLaren e apostar numa Mercedes que só comia pneus...

Confira a classificação completa do GP do México:


Até!

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

EQUILÍBRIO

Foto: Reuters
A altitude e o asfalto traiçoeiro são, por si só, fatores que transformam o GP do México em algo diferente do que vimos durante a temporada. Neste ano, porém, pode ter um fator a mais: a ameaça de chuva. Durante a madrugada de quinta, choveu. A expectativa é que chova no sábado ou no domingo, embora alguns digam que isso seria apenas de noite e não durante as atividades de corrida.

Como nunca houve corrida na chuva nos Hermanos Rodríguez, e considerando todos os fatores citados acima, tudo se transforma em uma grande incógnita. Nos últimos anos, a Mercedes sofreu e a Red Bull sobrou. Neste ano tem a Ferrari que tem um motor imbatível. O que vai prevalecer em condições normais? E o que acontecer se chover?

No primeiro treino, com a pista ainda molhada da chuva da noite anterior, quase todo mundo escorregou. A curva 1, depois de rasgar o retão a 340 km/h, foi onde todo mundo travou e passou reto. Imagina com o pneu desgastado disputando uma posição? Stroll bateu e Hamilton liderou, o que não quer dizer muita coisa, a não ser que pode ser hexacampeão nesse finde (e pela terceira vez seguida em solo mexicano).

No segundo treino livre, com a pista seca, a Ferrari mostrou superioridade nas retas, mas na parte mista a Red Bull outra vez mostrou que está viva. A Mercedes é um mistério, mas parece ser a terceira força. Pior para Bottas, que ainda disputa (?) o campeonato. Albon bateu no início do treino e, como sempre, houveram muitas escapadas. No miolo, a McLaren, junto com a desclassificada Renault e a Toro Rosso com o bom (?) motor Honda parecem despontar como forças para pontuar, assim como o piloto da casa, Checo Pérez.

E assim as incertezas e as incógnitas podem tornar o GP do México um belo entretenimento no domingo à tarde que pode coroar Hamilton como hexa, isso sim uma questão que já é certa.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

GP DO MÉXICO - PROGRAMAÇÃO

O Grande Prêmio do México foi disputado entre 1962 e 1992, com exceção de 1971 à 1985, participou do campeonato da Fórmula 1. Em 2015, o circuito voltou a fazer parte do calendário do mundial da categoria.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Nigel Mansell - 1:16.788 (Williams, 1992)
Pole Position: Daniel Ricciardo - 1:14.759 (Red Bull, 2018)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Nigel Mansell (1987 e 1992), Alain Prost (1988 e 1990), Jim Clark (1963 e 1967) e Max Verstappen (2017 e 2018) - 2x

O SUBSTITUTO?

Foto: Getty Images
Com a saída já confirmada de Robert Kubica, a Williams já dá indícios de que escolheu seu substituto. O canadense Nicholas Latifi, vice-líder da F2, vai substituir o polonês nos primeiros treinos livres do México, Estados Unidos e Brasil.

O canadense já tem bastante experiência na F2 e se beneficiou de um grid com menos qualidade para se sobressair. No entanto, outro trunfo é que é mais um daqueles de família endinheirada, que pode comprar uma vaga (ou até uma equipe) quando quiser. Diante do paradigma, junta a fome com a vontade de comer. A Williams vai precisar da grana que não vai mais ter com Kubica, e a entrada de Latifi ao menos garante um valor que lhe dê sobrevivência a curto prazo. 

A Williams não vive, apenas sobrevive até o próximo dia. É triste, mas é a realidade.


SENNA E PROST DE NOVO?

Foto: Getty Images
É o que diz Eric Silbermann, assessor da Honda, ao falar sobre a relação entre Vettel e Leclerc na Ferrari. O assessor fez um paralelo entre a relação dos pilotos e a forma como eles se comunicavam hoje e 30 anos atrás:

“Acredito que teria sido muito pior se acontecesse nos dias de hoje, com as redes sociais. Já sabíamos que não se davam bem. Prost havia dito que Senna recebia os melhores motores. Acredito que é justo dizer que Senna era o favorito da Honda e Prost era quem estava atrás, o piloto já estabelecido que teria de lidar com o novo talento”, seguiu.
 
“Não é diferente do que Prost fez com Niki Lauda ou o que vemos Charles Leclerc fazer com Sebastian Vettel. É apenas um fato da vida de um piloto, um dia é o maioral e, no outro, um jovem piloto chega mais rápido, veloz, mais entusiasmado. Para a mentalidade japonesa, foi um incidente vergonhoso”, continuou.

Silbermann também afirmou que o episódio serviu como um aprendizado para Ron Dennis, o então chefão da equipe:
“Para a McLaren, estou certo de que Ron Dennis aprendeu muito sobre gerir pilotos ali. Os pilotos influenciavam muito mais do que agora. Agora, os pilotos são ditos o que dizer, mas Ayrton e Prost diziam o que pensavam. Alguns anos depois, despediram Prost da Ferrari por dizer que pilotar seu carro era como dirigir um caminhão. Era como ter um rotweiller na coleira. Poderia estar preso, mas ainda poderia se virar e te morder”, concluiu.

Recentemente tivemos os casos de Alonso e Hamilton na própria McLaren e o inglês contra Rosberg na Mercedes. Vettel e Leclerc ainda não é algo tão pessoal quanto foi os casos citados, mas é aquela clara situação onde o novato está pedindo passagem e se impondo sem querer esperar ordens da Ferrari. Alguns afirmam que o monegasco mostra personalidade para ser campeão, outros dizem que precisa esperar. Bem, se é mais rápido, e Charles está sendo até aqui, não há sentido podá-lo para agradar Seb, afinal, quem perde com isso é a Ferrari, o que ficou claro durante a temporada.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 338 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 274 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 221 pontos
4 - Max Verstappen (Red Bull) - 212 pontos
5 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 212 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 76 pontos
7 - Pierre Gasly (Toro Rosso) - 75 pontos
8 - Alexander Albon (Red Bull) - 64 pontos
9 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 37 pontos
10- Lando Norris (McLaren) - 35 pontos
11- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 34 pontos
12- Daniel Ricciardo (Renault) - 34 pontos
13- Nico HUlkenberg (Renault) - 34 pontos
14- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 31 pontos
15- Lance Stroll (Racing Point) - 21 pontos
16- Kevin Magnussen (Haas) - 20 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 8 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 4 pontos
19- Robert Kubica (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 612 pontos
2 - Ferrari - 433 pontos
3 - Red Bull Honda - 323 pontos
4 - McLaren Renault - 111 pontos
5 - Renault - 77 pontos
6 - Toro Rosso Honda - 59 pontos
7 - Racing Point Mercedes - 54 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 35 pontos
9 - Haas Ferrari - 28 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto



quarta-feira, 23 de outubro de 2019

NOVAS E VELHAS RIXAS

Foto: Getty Images
Hoje faz 30 anos do histórico incidente entre Senna e Prost que culminou com o polêmico tricampeonato do francês após a desclassificação do brasileiro pela FIA, na figura do então presidente Jean Marie Balestre.

Longe de querer relembrar tudo isso porque todos já sabem a história, ou quase toda ela. Apenas um adendo: Senna precisava vencer as duas corridas para ser campeão. Ou seja, mesmo que vencesse no Japão, dependeria do triunfo em Adelaide para buscar o tri. O título não foi roubado, embora seja uma punição discutível e até equivocada dos comissários/bancada da FIA.

O texto é para basicamente relembrar outras rivalidades que vieram depois entre pilotos da mesma equipe. Antes, tivemos Prost e Lauda na própria McLaren, Piquet e Mansell na Williams e a efêmera Pironi-Villeneuve na Ferrari que vitimou a ambos.

Foto: Getty Images
A rivalidade visceral do bicampeão contra o novato que o chutou da equipe com o apoio do chefe é histórica. No entanto, todos saíram perdendo: Alonso perdeu moral, Hamilton e McLaren perderam um título ganho e uma multa altíssima. Acredito que em breve teremos no mínimo um filme ou um documentário sobre todos os podres que rondaram Woking em 2007.

Foto: Getty Images
Aqui, Rosberg percebeu que ser o bom menino não bastaria para enfrentar um competidor igual Lewis Hamilton. Passou a "jogar sujo" e foi premiado depois de muita dedicação, que resultou em tamanho desgaste mental que acabou saindo da Fórmula 1 logo depois. Além disso, deu a impressão que Hamilton menosprezou o alemão e quando reagiu foi tarde demais. Com péssimas largadas e o motor estourado na Malásia, já era para ser hexa. Mérito do alemão que, mesmo menos piloto, conseguiu capitalizar em uma oportunidade e entrou para a história.

Foto: Getty Images
Não vou citar Verstappen e Ricciardo porque quando a coisa começou a esquentar o australiano picou mula para a Renault, vendo que ali toda a prioridade seria dada ao prodígio holandês. Sendo assim, o novo foco de grande rivaliadde é na Ferrari, onde tradicionalmente não existe isso. Há hierarquias claras que, desde o início, Charles contestou. É verdade que ele só está lá pela imposição do falecido presidente Marchionne, mas os resultados de pista também comprovam: hoje, ele está melhor que o errante tetracampeão. No entanto, é difícil mudar esse status quo tão cedo e sem o principal apoio daquele que o apostou. Pelo fato de a Ferrari ainda não ser o principal carro, talvez isso fique em segundo plano, mas a equipe já desperdiçou bons pontos em erros de estratégia para poder brigar com a Mercedes e ter mais vitórias.

Para o ano que vem e os próximos, como será equalizada a situação? Leclerc é a nova estrela e será oficialmente o número um mais cedo ou mais tarde. Como será Vettel? Irá permanecer na F1? Vai aceitar ser um segundão igual Raikkonen ou vai se retirar da categoria antes disso?

Como é bom uma rivalidade interna entre dois pilotos, por mais destrutivo que isso possa ser. Como não estamos lá dentro, nós como fãs só queremos fogo no parquinho. Porque lembramos de Alonso e Hamilton, e não de Hamilton/Kovalainen.

Até!

terça-feira, 15 de outubro de 2019

MESTRES E APRENDIZES

Foto: Grand Prix
Aproveitando o gancho do dia do professor aqui no Brasil (rá!), o tema do post de hoje é a incerta Renault, comandada por Cyril Abiteboul.

Desde o retorno como equipe, em 2016, a proposta era clara: crescimento ao longo dos anos para, em 2019 ou 2020, brigar por vitórias ou campeonatos.

Como sabemos, nada disso aconteceu. A Renault patina. É claro que houve evolução, mas o motor continua com problemas de durabilidade e potência, o que causa incerteza para parcerias. Red Bull caiu fora e a McLaren vai voltar para a Mercedes em 2021. Sem parceiros para desenvolvimento e quilometragem, a situação fica cada vez mais incerta.

Não só isso. O chassi é deficitário. Por incrível que pareça, os melhores resultados da temporada vieram em circuitos rápidos (Canadá, Itália e Japão). Mesmo investindo um caminhão de dinheiro.

Cyril Abiteboul é o grande comandante. Alain Prost, que já teve uma equipe não muito bem-sucedida, de simples consultor virou dirigente dos franceses. Já tomou algumas providências: a saída de Hulkenberg e a chegada de Ocon, francês e mais jovem, para o ano que vem. Será que realmente Hulk era o maior dos problemas? Bom, o alemão parece não ter o "timing" e hoje é meio complicado de defendê-lo, mas...

E Daniel Ricciardo? Saído da Red Bull para tentar brilhar em uma equipe de fábrica, provavelmente vai usar a Renault para ganhar muito dinheiro. O que será do australiano em 2021? Vai ter vaga na Ferrari? Difícil. Mercedes? Impossível. Mais um que pode ter perdido o "timing" por não haver tantas vagas competitivas na Neo F1.

Com o professor Prost e o "aprendiz" Abiteboul, a Renault dá três passos e cai dois. Patina. Pelo investimento que faz, deveria estar mais próxima da Red Bull. Nesse ano, está sendo surrada pela então deficitária McLaren com os mesmos motores. Com o alto custo, as poucas melhoras e um regulamento incerto, os franceses impacientes irão permanecer na F1 ou irão pular fora igual no passado?

Uma equipe de fábrica dar certo não é fácil, ainda mais agora que não existem mais recursos ilimitados para testes e tudo mais. A Renault da década de 2010 se encaminha para repetir outras grandes montadoras que habitaram a F1 e fugiram para nunca mais voltar após a crise de 2009 e o fim dos patrocínios tabagistas: Jaguar, Toyota, Honda... não dá para dizer que foi um fracasso, mas poderiam ter feito mais.

O que a Renault precisa para voltar a ser de ponta? Mais dinheiro ou uma abordagem competente? Há investimento, equipe qualificada, infraestrutura, bons pilotos mas falta gestão, seja ela do Abiteboul, o cabeça da F1, seja de quem está por trás disso na grande fábrica. O brasileiro Carlos Ghosn, contrário a isso, até autorizou, mas hoje vive outros problemas bem mais graves com a justiça japonesa. Será Prost, de novo como "mestre dos magos", o professor que irá ensinar o aluno Cyril a fazer os franceses grandes de novo?

O tempo (e o dinheiro?) está acabando.

Até!