quinta-feira, 17 de novembro de 2022

GP DE ABU DHABI: Programação

 O Grande Prêmio de Abu Dhabi acontece sobre o crepúsculo. Inicia-se de dia e encerra-se à noite. Mistura um traçado de rua com retas longas e curvas "em cotovelo", típicas do arquiteto da F1, Hermann Tilke. Foi disputado pela primeira vez em 2009 e vencido por Sebastian Vettel.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:26.103 (Red Bull, 2021)

Pole Position: Max Verstappen - 1:22.109 (Red Bull, 2021)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2011, 2014, 2016, 2018 e 2019) - 5x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 429 pontos (CAMPEÃO)

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 290 pontos 

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 290 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 265 pontos

5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 240 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 234 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 86 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 81 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 49 pontos

11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos

12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos

13- Kevin Magnussen (Haas) - 25 pontos

14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos

15- Lance Stroll (Aston Martin) - 14 pontos

16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos

19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos

21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 719 pontos (CAMPEÃ)

2 - Ferrari - 524 pontos

3 - Mercedes - 505 pontos

4 - Alpine Renault - 167 pontos

5 - McLaren Mercedes - 148 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 55 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 50 pontos

8 - Haas Ferrari - 37 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos

10- Williams Mercedes - 8 pontos


AVISO PRÉVIO

Foto: Getty Images

É assim que entende o jornal francês AutoHebdo sobre a ausência do chefão Mattia Binotto nas últimas etapas. Segundo a publicação, a Ferrari e Binotto estão costurando um acordo de demissão do profissional após um 2022 turbulento e muito abaixo do que se imaginava.

As decisões equivocadas nas pistas e a série de erros nas estratégias dos pilotos, além da relação um tanto quanto tensa com eles, sobretudo Leclerc, são alguns motivos para o desligamento de Binotto, chefão desde 2019 e na equipe desde 1995.

Alguns nomes circulam internamente, mas o desejo é por um profissional experiente. Frederic Vasseur, da Alfa Romeo, que teve parceria com a Ferrari, é um dos favoritos. Andreas Seidl, da McLaren, é outro, assim como não está descartado subir Laurent Mekies, atual diretor esportivo. Vale lembrar que Binotto era chefe de motores e foi alçado a líder pelo então presidente Sérgio Marchionne para substituir Maurizio Arrivabene.

Binotto como chefe de equipe foi um desastre, seja nos erros, nas estratégias e na incapacidade de definir prioridades e no controle dos pilotos. Leclerc já teve problemas com Vettel e algumas rusgas com Sainz, embora o problema maior seja o relacionamento com chefão, que inexplicavelmente preteriu o talentoso monegasco em prol do esforçado espanhol, mas sabidamente inferior a Charles. A Ferrari entrega menos do que pode e precisa de uma repaginada para voltar ao topo.

A história mostra que isso só será possível se a equipe se organizar em nomes que não sejam italianos. Nos últimos 30 anos, as coisas só funcionaram quando tudo foi centralizado por Jean Todt, Ross Brawn, Rory Bryne, entre outros.

NOVO RUMO

Foto: Reprodução/Instagaram

Depois da oficialização de Nico Hulkenberg na Haas no lugar de Mick Schumacher, o alemão precisa procurar outros caminhos para 2023, onde não será titular na F1.

Um dos caminhos pode ser numa certa equipe alemã. A Mercedes perdeu Nyck De Vries (Williams) e Stoffel Vandoorne (agora reserva da Aston Martin) como pilotos reservas e precisa de reposição.

Mick Schumacher pode ser justamente esse candidato, até porque, como o chefão Toto Wolff diz, "Schumacher sempre vai fazer parte da família Mercedes", uma óbvia referência ao passado de Michael com os alemães, desde os anos 1990.

“Não é segredo para ninguém: não escondo o fato de que a família Schumacher pertence a Mercedes. Gostamos muito de Mick”, disse.

Parece lógico. Um prêmio de consolação, mas que não diz muita coisa. Certamente Mick não teria grandes aspirações ou possibilidades de ascender para o time alemão, no máximo ser repassado para algum cliente dos alemães.

Confesso que fico triste com o iminente fim da jornada do filho do homem na categoria. O peso do sobrenome ajudou a criar a má vontade que alguns erros e inconsistências do alemão foram evidenciados no processo. Uma pena. Faz parte da vida.

TRANSMISSÃO:
18/11 - Treino Livre 1: 7h (Band Sports)
18/11 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)
19/11 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
19/11 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
20/11 - Corrida: 10h (Band)





quarta-feira, 16 de novembro de 2022

FUTURO ANIMADOR

 

Foto: Reprodução/Instagram

Diante de tantos acontecimentos e holofotes que sempre são diferentes na semana da corrida em Interlagos, talvez uma delas, muito importante, tenha ficado fora do radar.

Logo no sábado, Enzo Fittipaldi anunciou que agora é um piloto da academia da Red Bull. Uma notícia excelente para quem tinha saído da Ferrari há algum tempo.

O timing é o melhor possível por vários motivos. O primeiro é que a Red Bull sempre utiliza mais os pilotos que formam. O segundo é que a concorrência ajuda. Dennis Hauger, os japoneses e Daruvala não convenceram na F2 e não tem os pontos necessários para a superlicença. Juri Vips está fora.

Sim, por mais que tenham vários “candidatos”, ninguém ali seduziu Helmut Marko a ser promovido, tanto que os taurinos optaram por contratar Nyck De Vries para substituir Pierre Gasly. E reforçar a academia com Fittipaldi é muito interessante pelos outros aspectos óbvios.

O sobrenome do bicampeão mundial, o sempre mercado brasileiro aquecido e ávido por um novo piloto na categoria e os patrocínios que chegam justamente desse pacote.

Enzo não é somente um sobrenome. Claro que isso o ajudou a atalhar em muitas situações, mas o timing da contratação também é excelente porque o brasileiro foi o melhor novato da temporada, na modesta Charouz. Isso chama a atenção.

Agora, com uma academia por trás e mais ambientado a F2, Enzo provavelmente vai dar um pequeno salto. Dizem que o brasileiro vai correr pela Carlin em 2023, outro time tradicional nas categorias de base do automobilismo. Felipe Nasr esteve por lá antes de ser o último brasileiro a subir para a F1.

Portanto, as expectativas são muito positivas. Enzo mostrou muita qualidade e potencial no primeiro ano na F2. Ano que vem tem tudo para ser melhor, ainda mais se considerarmos que a Alpha Tauri tem Tsunoda, que ainda não impressionou, e De Vries, que não é de lá.

Isso, somado aos concorrentes que aparentemente não são tão talentosos assim, nos permitem sonhar que, nesse instante, Enzo Fittipaldi é a grande esperança brasileira para termos novamente um piloto no grid titular da F1, quem sabe em dois ou três anos.

Agora, só depende de Enzo.

Até!


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

MULTI 21 2022

 

Foto: Getty Images

Quem poderia imaginar que uma equipe bicampeã de pilotos, campeã de construtores e com recordes quebrados na temporada poderia terminar o ano em crise e cheia de dúvidas para o ano que vem?

A Red Bull consegue essa proeza. Desde a punição por violar o teto orçamentário e utilizar menos o túnel de vento até o fato novo, ao menos público, do que aconteceu em Interlagos.

Max Verstappen não quis fazer jogo de equipe para ajudar Sérgio Pérez a ser vice-campeão mundial. Até aí tudo “normal”, se tratando de Max. A questão foi o pós-corrida.

O holandês deixou claro que não ia fazer isso e não ia mais tocar no assunto. Foi bem assertivo. Pérez foi mais surpreendente: disse que agora sabe quem ele é e basicamente o chamou de ingrato porque, segundo o mexicano, Max só é bi “graças a ele”.

Declarações muito fortes. O vestiário rachou e só sabemos disso agora. Segundo a imprensa e informações que vazaram depois, o noivado acabou de vez quando Pérez teria falado para Horner e Marko que bateu de propósito no Q3 de Mônaco, o que o beneficiaria para largar na frente de Max. O holandês se sentiu traído e basicamente deu o troco em Interlagos.

Bom, Max basicamente foi egoísta e passou por cima das ordens da equipe, o que é um absurdo. O negócio foi tão constrangedor que até Christian Horner e Helmut Marko pediram desculpas para o mexicano. A questão é: e agora?

Não existe certo e errado na narrativa ou alguma punição além disso. A Red Bull foi feita para servir Max Verstappen. Esse era o projeto desde quando o holandês nem adulto era. Todo mundo que poderia fazer frente saiu do caminho, como Carlos Sainz e Daniel Ricciardo, por exemplo.

Max sempre teve as vontades atendidas por ser simplesmente um dos melhores pilotos da história. Apenas isso compensa os desvios de comportamento e outras crises herdadas do pai, Jos, tão difícil quanto, mas obviamente nem próximo do talento do filho.

O resultado é basicamente esse: a Red Bull é refém de um piloto e a culpa é da própria organização. Não interessa se Max vai passar por cima dos superiores e da hierarquia. Ele pode fazer o que quiser. Do contrário, uma Mercedes pós-Hamilton ou a Ferrari estão de braços abertos esperando.

O holandês não tem nenhum pudor em ser o “vilão” ou o “anti-herói” da F1, tal qual foi Alonso antigamente. A diferença é que o espanhol é mais carismático e o holandês não vai cometer os erros de julgamento de Fernando. Portanto, alguém mais odiável, porque Max vai seguir protagonista da F1 por muito tempo, a não ser que a Red Bull erre a mão. Aí, como já escrevi, equipes interessadas não faltariam.

E Pérez? Vai ser desrespeitado assim passivamente? Sim e não. Sim porque não há o que fazer. Quando assinou o contrato para continuar na categoria, todo mundo sabia que seria assim. Não tem o que fazer. O contrato foi renovado até 2024, mas certamente os taurinos não teriam nenhum constrangimento em retirá-lo antes disso.

Até por isso, talvez, Daniel Ricciardo volte para casa como piloto reserva. A carreira do australiano acabou, mas imagina ser segundão de Verstappen a essa altura do campeonato? Seria a repetição do próprio Checo quando o mexicano se viu sem vaga após Vettel ir para a Aston Martin.

E o quê Checo pode fazer? Desobediência? Pode, até porque o mexicano atingiu um teto que jamais poderia imaginar em 2020: está numa equipe de ponta, venceu algumas vezes, teve pódios e pole. É uma carreira de sucesso para alguém que estava fadado ao esquecimento por outros fatores.

O mexicano sairia por cima, considerando que seria muito difícil, pela idade e pela falta de vagas, continuar na categoria. Ele não tem a força e tampouco o apoio interno para dividir uma equipe igual Rosberg fez contra Hamilton, por exemplo. Checo sempre soube o lugar dele na hierarquia e sabia que era um risco passar por esse tipo de situação.

E o futuro? Quando e se Mercedes e Ferrari crescerem e o trabalho em conjunto for necessário? A história não premia desavenças internas tão abruptas e supostamente irreversíveis igual vimos hoje, a não ser que a Red Bull seja uma McLaren de 1988 ou a Mercedes entre 2014 e 2016.

Quase dez anos depois, a Red Bull tem outro Multi 21, justamente quando voltaram ao topo da categoria. Pode ser muito prematuro, mas as consequências para todos os envolvidos não tendem a ser agradáveis no médio prazo se não houver uma composição harmônica unânime (mais conhecido como paz entre os envolvidos), se analisarmos a história da F1, em linhas gerais.

Até!


domingo, 13 de novembro de 2022

CONSISTÊNCIA DO INÍCIO AO FIM

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Interlagos é tão abençoada que não precisa somente da chuva para proporcionar uma corrida ótima, divertida e emocionante, com elementos quase naturais de competição.

A Mercedes apostava as fichas no desenvolvimento do fim do ano para vencer a primeira. O W13 é um carro problemático, mas é inegável que a evolução vem a passos largos nas últimas corridas. Tanto que Russell venceu a corrida classificatória e largou na pole pela segunda vez na carreira. Teve a questão dos problemas e erros de estratégia da Red Bull com Max, mas a sensação é que, depois de muito tempo, os alemães poderiam caminhar para a vitória de forma natural.

Com Hamilton na primeira fila, a corrida começou turbulenta. Ricciardo atropelou Magnussen e os dois ficaram fora da prova logo no miolo. Fim do conto de fadas do dinamarquês. A sexta feira jamais será esquecida, mas uma pena que o ex-piloto australiano tenha se precipitado de novo. Ricciardo pode até cair pra cima, pois as chances de ser o piloto reserva da Red Bull no ano que vem são grandes.

Na relargada, a velha rivalidade visceral. Hamilton cansou de ceder para Verstappen. Quase uma trocação franca. Sendo sincero, achei muito mais um incidente de corrida do que qualquer outra coisa. Não havia espaços para dois carros, o que poderia ser resolvido com bom senso, que não existe quando se trata dos dois. Pior para Verstappen, que teve o desempenho comprometido e o fim da série de vitórias consecutivas.

Hamilton teve que fazer uma rápida corrida de recuperação, o que serviu para ser ainda mais amado e festejado pelos agora compatriotas. No campo do "se", a batalha com Russell poderia ser mais franca, o que poderia ter só acontecido de fato no último Safety Car, duvidoso. O carro de Norris já estava quase fora da pista quando optaram por mais uma solução artificial, uma emoção forçada, o que não acho legal.

Nesse momento, o sentimento era muito de "tragam as crianças para casa, pelo amor de Deus" do que qualquer disputa. Hamilton parecia ter um ritmo superior, mas estava escrito: o consistente George Russell venceu pela primeira vez na carreira e em Interlagos, de ponta a ponta. Logo no primeiro ano de Mercedes, o britânico simplesmente supera na pontuação o heptacampeão. Coisa para poucos. A consistência foi premiada em um ano tão difícil e desafiador para a Mercedes.

Os alemães estão de volta. Com a melhor dupla do grid e cada vez mais afinados com o novo regulamento, resta torcer para que o W14 repita o padrão flecha de prata dos últimos anos. Com a punição para a Red Bull, tudo vira uma grande incerteza para o ano que vem.

Depois vieram as Ferrari. Sempre com azares e erros na estratégia, os italianos começaram o ano com favoritismo e já voltaram a ser a terceira força, embora as chances do vice-campeonato de construtores sejam altas. Leclerc prejudicado e Sainz insuficiente. A Ferrari não tem rumo enquanto Mattia Binotto continuar, mas hoje deu tudo "certo", diante das circunstâncias.

Pérez teve todo o combo de segundo piloto ativado. Parecia sortudo ao ter Max fora da disputa, mas a Red Bull foi dominada nos stints e na durabilidade dos pneus. A vitória nunca foi uma possibilidade real. O terceiro lugar sim. Com o Safety Car, Pérez continuou com os pneus médios, mais lentos, e virou passageiro da agonia para as Ferraris, Alonso e o próprio Max, com o carro danificado.

A ideia era Verstappen devolver a posição caso não passasse o espanhol, afinal Checo briga pelo vice. Nada feito e um clima constrangedor dentro da equipe. Segundo informações, seria um ato de vingança por Pérez ter supostamente batido de propósito no classificatório de Mônaco e ter levado vantagem, pois venceu no domingo.

Christian Horner teve que pedir desculpas para Checo. A questão é o seguinte: não existe narrativa onde o certo e o errado possa prevalecer na F1. Quando Pérez assinou o contrato, sabia que passaria por isso, do contrário não estaria mais na categoria.

Verstappen mostrou no final de semana o pacote do piloto ultracompetitivo e "vilão". Os campeões são feitos assim, e por isso também se sobressaem. No entanto, também foi mesquinho. Se até Schumacher já fez jogo de equipe em prol de Irvine e Barrichello, o holandês não deveria ser egoísta para ajudar quem tanto o fez nesses dois anos.

A coisa desandou e o clima está pesado. Evidentemente que a corda vai estourar para o lado mais fraco, o do mexicano. Max é maior que a Red Bull porque, se entender que precisa sair, sempre vai ter um assento competitivo pronto para o melhor piloto da atualidade, mas que ficou devendo enquanto líder e no coletivo. Max sai pequeno do Brasil diante de um ano tão dominante e até então maduro e consciente.

O clima do time e as punições ameaçam a hegemonia dos taurinos. Pérez não tem nada a perder, Disputas internas não costumam terminar bem num tudo. Exemplos não faltam, mas vou escrever mais sobre a questão nesta semana.

Don Alonso largou em 17°, se enroscou com Ocon, foi atrapalhado pelo francês e mesmo assim foi o quinto, dando um passão numa Red Bull. Mais de quarenta anos, senhoras e senhores. Ah, se o temperamento do espanhol fosse menos explosivo... que deleite acompanhar a saga desse cara. Ocon, Bottas e Stroll completaram o top 10.

Uma pena que Seb não conseguiu terminar os pontos. Foi combativo e ousado durante todo o final de semana, mostrando um pouco daquele espírito do tetracampeão avassalador da Red Bull e principalmente dos tempos de Toro Rosso, quando era um prodígio.

Consistência é a chave, seja para George Russell, seja para Interlagos, que sempre entrega corridas e momentos épicos, emocionantes. Mais um final de semana repleto de histórias maravilhosas, com protagonistas diferentes. Aqui é diferente e único. Um patrimônio histórico da velocidade.

Confira a classificação final do GP de São Paulo:


Até!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

INTERLAGOS É DEMAIS

 

Foto: Getty Images

Não leve a mal. Confesso que não estou (ou estava) tão empolgado para a corrida desse final de semana, mesmo no Brasil, mesmo em Interlagos.

Estou com outras prioridades e trabalhos, a temporada está em ritmo de férias... não sentia a mesma vibração de sempre.

Bem, isso se dissipou quando comecei a assistir o treino livre. Muito equilíbrio e alguns testes para o treino classificatório de sexta.

Cara, estou de saco cheio dessas corridas classificatórias. É antinatural. Ninguém se arrisca pensando no domingo. O pior é que inventaram de dobrar o número para o ano que vem. Quem realmente acha legal isso?

E o Brasil foi escolhido pelo segundo ano consecutivo. A questão é que Interlagos tem uma aura que transforma tudo em coisa legal, que dá certo, dando um toque épico a qualquer situação.

Por exemplo, esse fim de temporada chato e sem graça. Interlagos simplesmente se recusa a ser chata e sem graça. Deve ser a energia caótica desse país, que dá brankito todos os dias e impede o marasmo e a normalidade que uma sociedade dita evoluída supostamente tem.

Eis que a chuva chega no autódromo logo depois do treino livre, que teve Pérez como o mais rápido. A partir daí, só reproduzo o que vi e ouvi depois. Diante de outros trabalhos, não consegui acompanhar o treino classificatório. O que mais aconteceria nesse fim de temporada tão sem graça?

É Interlagos, Leonardo. Pelo que li, a chuva e o tempo instável tornaram a sessão totalmente instável e aberta. A pista foi secando e os pilotos batalhando a cada segundo pela melhor situação da pista, que mudava a cada momento. No Q1, saíram Latifi, Zhou, Bottas, Tsunoda e Mick Schumacher. Atenção.

No Q2, ficaram de fora Albon, Gasly, Vettel, Riccardo e Stroll. Com a pista secando, ainda havia dúvida entre o pneu seco e o intermediário. O céu de São Paulo, aquela altura, já estava escuro.

Leclerc foi o único a ir de intermediários, o que foi um engano. Com o pneu macio, Magnussen aproveitou a pista e surpreendentemente fez a volta mais rápida. Vale frisar que o time americano foi competitivo no TL1.

Muita calma. Faltava muito tempo e a tendência natural era os tempos caírem, porque não existia mais chuva. Bom, Russell acabou errando e causou uma bandeira vermelha. A tensão estava no ar. Aquele cheiro de surpresa paulistana, da chuva vindo da represa e do caos ressignificando tudo deu o ar da graça.

Quando tudo parecia que seria resolvido da forma padrão, a chuva forte volta e nada mais poderia ser feito. Tudo bem, é um treino para a corrida classificatória, mas precisamos considerar que Kevin Magnussen e a Haas conquistaram a primeira pole position de suas carreiras.

Uma festa ensandecida nos boxes de Kevin e o carismático Gunther Steiner, o chefão. Diante de tanto caos desde a criação do time de Gene, finalmente uma recompensa. A Haas tem um quê de simpática pelo Drive To Survive, mas vejam como a vida é maluca. Até meados de fevereiro, Magnussen estava na Nascar, continuando a carreira nos EUA depois do fim da F1.

Até que Vladimir Putin resolve mudar a história, não só do Inter, mas também da própria. A guerra e as sanções permitiram ao time falido se livrar do psicopata Mazepin. Quem seria o ficha 1? Pietro Fittipaldi? Não, Kevin Magnussen, que conhece todos os atalhos do time que havia ficado só uma temporada ausente. Um retorno triunfal à la Felipe Massa.

E a pole do consistente Kevin chegou. Não é qualquer um que é alçado pela McLaren até a F1, fazendo o único pódio da carreira justamente na corrida de estreia e sem estar no pódio (Kevin herdou o terceiro lugar após a desclassificação de Ricciardo). Passou pela Renault e fez um trabalho honesto na primeira passagem. Nem todo mundo precisa ser um prodígio para merecer um lugar ao sol.

Escrevi, há anos, que Magnussen tinha virado um journeyman, à cata de aventuras, solitário e um tanto quanto diferente do novo padrão da categoria. Ele precisava de uma grande história para contar aos netos e ser lembrado pelos fãs mais hardcores. O momento chegou e justamente em Interlagos, a terra prometida que transformou Nico Hulkenberg (futuro companheiro de equipe) em prodígio, José Carlos Pace em nome de autódromo, Fisichella e a última alegria de Eddie Jordan e onde Lewis Hamilton virou, de fato, brasileiro.

Provavelmente Magnussen será esquecido no final de semana porque a tendência é perder as posições. Max é o favorito a vitória, larga em segundo. Podemos ter uma dobradinha brasileira, mas Hamilton larga um pouco mais atrás. Russell parece mais credenciado, assim como Leclerc. Bom, isso não é o mais importante.

Magnussen tem a própria história e o momento brilhante. Tem que aproveitá-lo porque, como Eminem bem sabe, eles valem ouro. Precisariam ser congelados, mas isso ainda não é possível.

Por falar em oportunidade, a contrastante situação de Mick Schumacher, que larga em último. Constrangedor para o filho do Michael, que vê a aventura da F1 terminando logo na segunda temporada. Uma pena, mas vocês sabem que sou suspeito para escrever sobre o Schumaquinho.

É lá que eu estou paz. Magnussen entra para o hall dos momentos marcantes, inesperados e contagiantes da F1. O sábado e o domingo nem precisariam existir, mas quem sabe Interlagos, a terra prometida, não presenteia outro felizardo improvável nesse final de semana? Não me leve a mal.

Confira o grid de largada da corrida classificatória do GP de São Paulo:


Até!

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

GP DE SÃO PAULO: Programação

 O Grande Prêmio do Brasil é disputado desde 1972 (1973 na F1), sendo realizado em Interlagos (1972-1977, 1979, 1980, 1990-atualmente) e já foi sediado em Jacarepaguá (1978, 1981-1989).

Após o cancelamento do Grande Prêmio do Brasil de 2020 em decorrência da Pandemia de COVID-19 e uma série de incertezas sobre a permanência do evento em Interlagos, o então governador do estado de São Paulo confirmou, em novembro de 2020, a renovação do contrato com a Fórmula 1 até 2025.

Entretanto, a corrida realizada em Interlagos passou a ser oficialmente designada de Grande Prêmio de São Paulo, em virtude do acordo mal-sucedido entre a Rio Motorsports e a F1 para a construção do Autódromo de Deodoro, que não vai mais acontecer, mas que a empresa adquiriu o direito do nome "Grande Prêmio do Brasil" pelos próximos anos.


ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Valtteri Bottas - 1:10.540 (Mercedes, 2018)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:07.281 (Mercedes, 2018)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Alain Prost - 6x ( 1982, 1984, 1985, 1987, 1988 e 1990)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 416 pontos (CAMPEÃO)
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 280 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 275 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 231 pontos
5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 216 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 212 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 111 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 82 pontos
9 - Fernando Alonso (Alpine) - 71 pontos
10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 47 pontos
11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 24 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos
15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos
16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos
20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos
21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 696 pontos (CAMPEÃ)
2 - Ferrari - 487 pontos
3 - Mercedes - 447 pontos
4 - Alpine Renault - 153 pontos
5 - McLaren Mercedes - 146 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 53 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 49 pontos
8 - Haas Ferrari - 36 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos
10- Williams Mercedes - 8 pontos

LÁ VEM O ALEMÃO (DE NOVO)...

Foto: Divulgação/Aston Martin

Alguns indícios apontam para que Nico Hulkenberg ocupe a última vaga disponível para 2023, na Haas. Podem ser meras coincidências, mas são questões interessantes de se analisar.

Primeiro: a Aston Martin contratou outro piloto reserva para o time. Além de Felipe Drugovich, a equipe de Lawrence Stroll vai ter Stoffel Vandoorne, ex-Mercedes, campeão da Fórmula E. O cargo de piloto reserva era ocupado pelo alemão, que inclusive substituiu Vettel nas duas primeiras corridas do ano.

A outra é a Haas não garantir a permanência de Mick Schumacher. O tempo passa e, a essa altura, parece ser inimiga do filho de Michael. A percepção é sentida também pelo paddock. O consultor Helmut Marko aposta que a Haas vai trazer alguém experiente para ser o companheiro de Kevin Magnussen, e esse alguém disponível e compatível com a realidade financeira do time é justamente Nico.

O interessante é que ele e Magnussen são rivais, com direito a xingamentos e gestos obscenos. Bem, o alemão confirma que há conversas e está otimista.

“No final das contas, a decisão não é minha. Não sou eu quem vai decidir. Ainda há conversas. Estou relativamente otimista, mas teremos de ser um pouco mais pacientes”, disse para a Servus TV.

Gunther Steiner, o chefão, afirmou que a decisão será baseada em alguém que pode guiar no projeto a "médio e longo prazo".

“Para mim, não se trata de uma corrida, uma volta. Trata-se do que será melhor para a Haas a médio e longo prazo. Não é como se, marcando pontos agora, Mick tivesse o lugar ou não”, disse para a TV RTL.

Dois pilotos experientes, sem gastos e sem o apadrinhamento da Ferrari. A Haas vai ganhar uma boa grana com a colocação no Mundial, se comparar com os anos anteriores. Hulk é um cara barato e louco para voltar. A questão é o encaixe com Magnussen. 

Seria uma dupla curiosa, material garantido para quem gosta de assistir a série da Netflix. E muita experiência para uma equipe que precisa do mínimo de erros possíveis, o que não é o caso de Mick.

COPO MEIO CHEIO

Foto: Divulgação/McLaren

Sem vaga para 2023 e lutando para voltar ao grid em 2024, já veterano, a situação não parece boa para Daniel Ricciardo. No entanto, o australiano não perde o sorriso mesmo diante de tantas dificuldades nos últimos.

Ric acredita que a pausa vai ser boa para respirar um pouco, se recuperar dos abalos e continuar motivado para a sequência da carreira.

"Sem dúvidas, os últimos dois anos foram bem complicados. Especialmente quando você se esforça muito e não recebe nada de volta, isso pode abalar você", disse.

O australiano aposta no distanciamento da categoria para voltar a enxergar as coisas positivas que construiu em mais de dez anos de carreira.

Eu sei o valor até mesmo de uma pausa de verão. Eu sei que se afastar pode te dar uma perspectiva diferente. Do jeito que as temporadas são, tem sido implacável — você não tem realmente a oportunidade de se reconstruir. Todos são diferentes, mas eu realmente acredito que será uma bênção disfarçada", continuou. 

Ricciardo já pensa em 2024: as conversas com as equipes iniciaram. Não está descartado que o australiano seja piloto reserva em 2023, sendo apostado como possível destino a Red Bull ou a Mercedes.

"Eu estou conversando com as equipes, mas ainda quero manter um pé na porta para 2024. Tenho certeza que só de ver as luzes apagarem na primeira corrida [de 2023], já terei aquela coceira. Então, quero estar de volta em 2024”, finalizou, falando para a Sky Sports.

É preciso da positividade para sair um pouco do caos que nossa cabeça cria. No entanto, não me parece que o tempo vai ajudar Ricciardo. Pelo contrário. Novos talentos mais baratos surgem, protegidos pelas academias de pilotos ou grandes investimentos. "Você é a sua última corrida ou temporada". Ricciardo foi um desastre na McLaren. Vai receber para não correr. Não é um cartaz positivo. Estou falando em termos competitivos, claro. 

Uma equipe menor sempre vai ter o australiano como opções, até porque ninguém desaprende, ainda mais um cara que desbancou Vettel na Red Bull e deu trabalho para Verstappen. A questão é: não há vaga ou contexto para Ricciardo nos grandes times. O tempo, infelizmente, passou.

TRANSMISSÃO
11/11 - Treino Livre 1: 12h30 (Band Sports)
11/11 - Classificação: 16h (Band e Band Sports)
12/11 - Treino Livre 2: 12h30 (Band Sports)
12/11 - Corrida Classificatória: 16h30 (Band e Band Sports)
13/11 - Corrida: 15h (Band)

terça-feira, 8 de novembro de 2022

UM DE NÓS

 

Foto: Reprodução/Instagram

Lewis Hamilton é definitivamente um cidadão brasileiro. Nesta semana, o heptacampeão recebeu o título honorário e uma medalha, em sessão realizada na Câmara de Deputados, em Brasília.

O mote para esse reconhecimento oficial foi a vitória apoteótica em Interlagos no ano passado, quando largou em último na corrida sprint e chegou em quinto e, na corrida, largou em décimo para vencer Max Verstappen e brigar pelo título até o final.

Como todos sabem, a ligação de Hamilton com o país vem desde o início da carreira, através do ídolo Ayrton Senna e as cores do primeiro capacete que usou na F1. Apesar da ligação afetiva, Hamilton sempre teve dificuldades em Interlagos, até guiar a super Mercedes.

Sim, mesmo o título mundial conquistado em 2008 foi com muito drama, na última curva. Só depois que o inglês deslanchou e conquistou três vitórias por aqui, mais que o ídolo, inclusive.

Mas a identificação com o nosso Senna é só uma pequena parte hoje em dia. Hamilton virou um cidadão do mundo, um modelo diante de um mundo carente de pessoas que tenham posições humanistas e razoáveis perante as injustiças da vida.

Com o passar do tempo, Lewis ganhou a consciência de quem ele é e o que ele representa no ambiente onde trabalha. Agora, Hamilton é um Sir, heptacampeão, dono de diversos recordes e o rosto mais conhecido da categoria, mesmo por pessoas que nunca tenham assistido a uma corrida. Ele se tornou maior que a F1.

Esse tamanho não foi só pelas vitórias e títulos, e sim pelas posições que toma. Antirracistas, humanistas, tentando tornar o ambiente da F1 menos tóxico, machista e racista. Não são ações somente da boca para fora ou em posts em redes sociais. Hamilton está disposto a enfrentar o sistema e todos sabemos que ele só poderia fazer isso com o peso que tem porque é justamente Lewis Hamilton.

A F1 depende da popularidade e carisma de Lewis. Hamilton não precisa mais da F1. Ele continua porque é um esportista, um competidor visceral e apaixonado pelo que faz, mesmo diante de decisões controversas que tiraram o octacampeonato no ano passado, por exemplo.

O brasileiro se identifica com essas lutas, com as vitórias, com a representatividade, assim como Lewis se enxerga mais humano por aqui. Pela cor da pele, pela humildade das pessoas, pelo carinho dos fãs, aqui é onde Hamilton mais se sente em casa depois de Silverstone.

A questão do pertencimento vai muito além de um país, língua ou cultura. São os valores humanistas, é se reconhecer no outro, é ter personalidade e sensibilidade, fazendo com que as pessoas se identifiquem e levem isso como motivação para prosperar, ter alegria, superar as adversidades.

Hamilton sempre foi um de nós, a diferença é que agora é oficial. Que bom que essas homenagens e respeito seja feito no auge do heptacampeão, ainda jovem e ávido por mais conquistas.

É claro que isso não pode ficar da boca para fora. Em contraste com esse momento bacana de reconhecimento, vivemos em um país dividido, onde mimados não aceitam o resultado da maioria das urnas e partem para o revanchismo, a violência, a intimidação, o racismo e até referências nazistas. Um país racista, embora formado majoritariamente por negros.

Que a Câmara dos Deputados não seja apenas aproveitadora da imagem de Hamilton para aparecer nas fotografias ao lado do Sir e apliquem esse reconhecimento a tantos outros negros e pobres que precisam de um incentivo para prosperar e contribuir com o nosso país, ao invés de serem terceirizados e relegados a marginalidade, num país que sempre foi governado por poucos e para poucos, a oligarquia de sempre, que agora está escalonada em um conservadorismo ultrarradical que nos ameaça diariamente nas ruas e nas redes sociais.

Lewis Hamilton é um de nós, mas que isso não seja apenas uma frase vazia, e sim parte de um processo de retomada do Brasil, mais justo, igualitário e, sobretudo, sensível.

Até!