quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

MAIS UM JAPONÊS VOADOR

 

Foto: Divulgação/Toro Rosso

O que já era óbvio há meses finalmente é oficial. Yuki Tsunoda será o parceiro de Pierre Gasly na Alpha Tauri em 2020. É o primeiro piloto nascido nos anos 2000 a guiar na F1 como titular e o primeiro japonês em sete temporadas, desde a saída de Kamui Kobayashi da Caterham em 2014.

O ficha um da academia de pilotos da Red Bull era o estoniano Juri Vips, que foi disputar a Super Fórmula. A pandemia estragou os planos e Vips não conseguiu correr lá, sem atingir os pontos necessários para a super licença da F1.

Tsunoda, além do apoio da Honda, que ainda será parceira de Red Bull/Alpha Tauri em 2021 antes de sair, foi campeão no Japão e disputou provas na F3. Na F2, foi o novato do ano, ficando em terceiro, com várias poles, vitórias e um ritmo consistente. 

É um piloto que, com essas credenciais e todo o entorno, talvez tenha mais paciência do sempre exigente Helmut Marko. No entanto, teoricamente, o japonês deve ser o próximo na linha sucessória da Red Bull, independente se Albon permanecer ou Pérez ser contratado. Não deixa de ser uma pressão, até porque Gasly sairá da Alpha Tauri/Red Bull para outra equipe. 

Isso significa, claro, que Daniil Kvyat foi chutado da Red Bull pela terceira vez e agora parece ser definitivo. Com apenas 26 anos, é necessário olhar além da F1, a não ser que faltem talentos para pegar a Alpha Tauri e não sei se ele aceitaria isso outra vez. O bonde da história passou.

Veremos as peripécias do novo japonês voador da F1. Ao contrário dos outros, esse tem mais talento que folclore ou protecionismo nipônico.

Até!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

DECISÕES

 

Foto: Getty Images

A Fórmula 1 2021 tem apenas uma vaga em aberto. Hamilton vai se acertar com a Mercedes e a Alpha Tauri em breve vai anunciar o japonês Yuki Tsunoda para o lugar de Daniil Kvyat. Sobra, portanto, a vaga da Red Bull, que aparentemente está sendo disputada entre Alexander Albon e Sérgio Pérez, agora ex-Racing Point.

A Red Bull disse que resolveria o futuro do tailandês ainda na parte europeia da temporada, mas acabou postergando. Agora, a expectativa é que tudo seja resolvido até o Natal, até porque em janeiro serão lançados os carros da temporada 2021.

É uma decisão difícil para a Red Bull, apesar do óbvio apontar que o mexicano é mais piloto e pode contribuir mais do que o tailandês, mas é uma questão complexa. Tirar Albon e contratar Pérez é mandar um claro sinal de que a academia de pilotos da Red Bull está com problemas. O último piloto contratado foi Mark Webber lá nos primórdios do projeto, em 2007. Pierre Gasly não foi reconduzido, deixando claro que é carta fora do baralho e deve procurar novos ares na carreira.

Depois da corrida de ontem, começaram a surgir novas informações. Depois de Helmut Marko ter parabenizado a vitória do mexicano em Sakhir, a imprensa europeia noticia que há um suposto acerto de Pérez com a Red Bull e que Albon será piloto reserva e de testes. 

Se Albon sair da Red Bull ele não volta mais para a F1. Isso que ele já estava assinado com a Fórmula E no fim de 2018 quando houve o chamado surpresa. Contratar um forasteiro para ser companheiro de Max pode significar um baque para o orgulho da Red Bull e coloca em xeque o programa de pilotos: do que adianta colocar jovens talentos se eles não têm pé de igualdade com Max e são queimados instantaneamente?

A chegada de Pérez seria um grande prêmio para coroar a carreira do mexicano, finalmente agora em um grande carro. Se for competitivo contra Max, já será um grande papel.

Agora é a Red Bull que precisa tomar uma decisão, ou decisões, no caso.

Até!


domingo, 13 de dezembro de 2020

ZZZ...

 


Abu Dhabi é irritante, insuportável. Essa pista não dá mais. Não dá uma corrida boa ou com alguma lembrança marcante tirando 2010, 2012, 2014 e 2016. É sempre aquele clima de fim de festa, de pelada de fim de ano, despedidas e as pessoas pensando já no Natal e ano novo. Parece que só está lá para aquele foguetório e pirotecnia na chegada e mostrar o hotel. O traçado não tem atrativo algum.

Além do mais, hoje ainda tiveram azar. O Safety Car causado pelo abandono de Pérez fez todo mundo parar e ir com os pneus duros até o final. Uma verdadeira procissão. Vitória de Max Verstappen, seguido de Bottas que chegou a correr riscos contra o debilitado Lewis Hamilton em terceiro. Alexander Albon, distante de Max, ficou em quarto e não se sabe se fez o suficiente para a Red Bull para permanecer em 2021. Para o resto de nós, a resposta é óbvia.

Na sequência veio a dupla da McLaren, Lando Norris e Carlos Sainz Jr, que garantiram o terceiro lugar da equipe nos construtores, a melhor posição dos ingleses desde 2012. O renascimento é em passos lentos. Vejamos agora como será com o retorno da Mercedes na unidade de potência. Valeu a importância de ter dois pilotos semelhantes na equipe para garantir consistência e bons pontos. 

Ricciardo, Gasly, Ocon e Stroll completaram a pontuação. O canadense filho do dono conseguiu a proeza de ficar em 11° no campeonato com o terceiro melhor e 50 pontos atrás do mexicano mesmo com as peças novas sendo colocadas antes no carro dele e ter disputado uma corrida a mais. Patético.

Na parte final, Pietro Fittipaldi vinha atrás das Williams e inexplicavelmente fez uma parada a mais para não terminar a frente de Kevin Magnussen, que se despediu da categoria. Segundo a equipe, houve um superaquecimento do motor e o brasileiro poderia tentar a melhor volta com pneus novos. Tá bem... o brasileiro evoluiu mas mostrou que Schumaquinho e o psicopata Mazepin terão trabalho. Pode-se afirmar que a Haas virou a pior equipe do grid e não há um George Russell para extrair algo a mais.

Uma corrida medonha dessas poupou o meu trabalho de escrever bastante. Abu Dhabi não pode estar na F1, tampouco no calendário. E assim termina o louco ano de 2020 na categoria que, apesar do marasmo na frente, proporcionou grandes histórias de superação e reviravoltas. Um período histórico e memorável, sem dúvidas. Depois de sete meses sem corridas, os três meses que separam até a Austrália (será?) nem parecem muita coisa (será?). 

Confira a classificação final do GP de Abu Dhabi:


Até!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

RETORNOS E DESPEDIDAS

 

Foto: Getty Images

Como o GP de Abu Dhabi tradicionalmente é uma corrida que não vale nada, o final de semana é marcado pelas despedidas, como as corridas finais de alguns pilotos, seja na carreira ou na equipe, além de equipes com o nome ou falindo, etc.

Como o grid de 2021 será bastante modificado, teremos várias despedidas neste final de semana e alguns mistérios. Esta será a última corrida de Sebastian Vettel na Ferrari, de Daniel Ricciardo na Renault e Carlos Sainz na McLaren. Além disso, teremos a última corrida de Kevin Magnussen na F1 e também de Sérgio Pérez (ao menos por enquanto). Pietro Fittipaldi encerra a participação como piloto da Haas e o restante é mistério ou ainda precisa de uma confirmação oficial: Kvyat está deixando a F1 outra vez e o futuro de Alexander Albon apenas Helmut Marko sabe.

Além disso, são as corridas derradeiras de Racing Point e Renault, ao menos com esse nome, transformadas em Aston Martin e Alpine para 2021. Mas nem só de adeus vive a F1. Também há os retornos.

Lewis Hamilton, recuperado da covid, tenta a 12a vitória no ano, mesmo sem estar 100%. Talvez nem precise, afinal é Bottas que está do outro lado. É bom ver o campeão de volta mas quem perde com isso é a própria corrida. Abu Dhabi já é chatíssima, imagina com o retorno de um extraclasse em um carro muito superior aos demais...

Também tivemos o retorno de Robert Kubica, realizando mais um treino livre com a Alfa Romeo e, claro, todos os holofotes na nostalgia: no intervalo entre um treino e outro, Fernando Alonso guiou com sua Renault de 2005, que lhe deu o primeiro título mundial. Só faltou o capacete da época para o exercício de nostalgia estar completo. Como é gostoso o barulho dos carros antigos!

Foto: XPB/James Moy Photography



Também tivemos a estreia de Mick Schumacher em um final de semana de F1, agora pela Haas, sua futura equipe. Não deixa de ser uma nostalgia também, o filho do homem honrando os passos do pai. Como sempre escrevo, faria mais sentido se fosse na Alfa Romeo.

Já ia esquecendo: pode ser a última corrida da F1 na Rede Globo também, o que não deixa de ser emblemático. 

Já ia esquecendo 2: com a volta de Lewis Hamilton para a Mercedes, George Russell volta para casa na Williams depois do conto de fadas com as flechas de prata.

Abu Dhabi, o palco das despedidas, retornos e estreias. Um ar melancólico, nostálgico e ao mesmo tempo de esperança para um futuro melhor que nem sempre chega.

Confira a classificação dos treinos livres do GP de Abu Dhabi:




Até!


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

GP DE ABU DHABI: Programação

 O Grande Prêmio de Abu Dhabi acontece sobre o crepúsculo. Inicia-se de dia e encerra-se à noite. Mistura um traçado de rua com retas longas e curvas "em cotovelo", típicas do arquiteto da F1, Hermann Tilke. Foi disputado pela primeira vez em 2009 e vencido por Sebastian Vettel.


Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:39.283 (Mercedes, 2019)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:34.779 (Mercedes, 2019)

Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2011, 2014, 2016, 2018 e 2019) - 5x


EM PAZ

Foto: Getty Images


A vitória apoteótica de Sérgio Pérez provavelmente vai ser o encerramento de um ciclo do mexicano na F1, ao menos neste primeiro momento. Depois de nove anos, Checo não deve ter vaga para 2021, mas já mira 2022. Pérez acredita que, em virtude do novo regulamento, o tempo inativo não será ruim e garante: já existem movimentos para voltar em dois anos.

“Sempre disse que havia uma corrida para 2022, tirando um ano neste estágio em que estou da minha carreira”, disse Pérez. “Nunca sei o que vai acontecer, se terei a vontade de voltar para fazer isso. Em um ano ruim, decidiria parar, mas depois de hoje, das últimas corridas, estou meio que determinado a estar aqui, seja no próximo ano ou no seguinte.

“Já tenho algumas boas opções para 2022, então minha melhor alternativa obviamente é seguir em frente no próximo ano, mas se tiver de para, não será um desastre, posso voltar em 22. O regulamento vai mudar tanto, que não acho que vá prejudicar muito do lado da minha pilotagem, para atingir velocidade. Estou em paz comigo mesmo, sabe?, disse.

Ele também lembrou da conversa que teve com Esteban Ocon no pódio. Os dois foram rivais nos últimos momentos da Force India e o francês viveu situação semelhante: ficou sem vaga para 2019 e retornou nessa temporada para pilotar com a Renault.

“Acho que Esteban [Ocon] mencionou que pilotos como ele ficaram sem vaga, então é assim que a Fórmula 1 é. Ela pode ser muito dura e, infelizmente, não são os melhores pilotos do mundo que estão na Fórmula 1. Estão vamos seguir forçando, seguir entregando. Acho que este é o melhor caminho”, encerrou.

Pérez está por cima e em paz. Entregou tudo o que podia nesses anos todos: pódios, desempenhos e agora a vitória. É óbvio que ele mereceria uma equipe realmente de ponta por tudo o que já fez, mas isso é problema da F1. Checo Pérez agora é uma lenda do México, e não há nada melhor do que isso. Se bem que a Red Bull também não seria ruim...


"PRESTIGIADO"

Foto: Motorsport Images

Apesar de no primeiro momento a Mercedes ter negado que as atuações de George Russell e Valtteri Bottas no oval de Sakhir fizessem diferença para 2021, parece que não é bem assim.

O chefão Toto Wolff segue maravilhado com o desempenho do inglês, sempre frisando que o resultado não foi melhor graças aos erros da equipe. Além disso, Toto pode-se escrever que fez críticas ao finlandês, afirmando que Bottas não mantém um ritmo forte durante a temporada e por isso sucumbe facilmente para Lewis no decorrer do ano.

Em uma volta, ele [Bottas] fica muito próximo de Lewis. Em dias bons, sabemos o que temos nele”, declarou Wolff. “Mas também é fato que ele começa a temporada forte como um urso, mas aí vai caindo conforme o campeonato vai acabando. Você só pode sobreviver contra Lewis e vencer um campeonato se está no pico ao longo de toda a temporada. Agora temos de discutir isso com ele”, disse.

Apesar de ambos já terem contratos assinados com suas equipes para 2021, Toto Wolff não descartou uma mudança imediata. Nos perfis do Instagram, tanto Russell quanto Bottas retiraram que eram pilotos de Williams e Mercedes, deixando apenas que eram pilotos, o que aumenta todo esse burburinho.

“Nós temos um plano de pilotos definido para o próximo ano. George tem contrato com a Williams. Nós temos contrato com Valtteri. A Mercedes honra seus contratos”, apontou. “Mas nunca se sabe. Só podemos trabalhar com a informação que temos no momento e o cisne negro sempre passa nadando quando você menos espera. George estará no nosso carro cedo ou tarde”, encerrou.

Essa última frase é emblemática. Russell será piloto da Mercedes, a questão é quando. Já ficou claro que ele merece imediatamente, assim como ficou evidente que Bottas não está a altura das flechas de prata.

CLASSIFICAÇÃO:

1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 332 pontos

2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 205 pontos

3 - Max Verstappen (Red Bull) - 189 pontos

4 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 125 pontos

5 - Daniel Ricciardo (Renault) - 112 pontos

6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 98 pontos

7 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 97 pontos

8 - Alexander Albon (Red Bull) - 93 pontos

9 - Lando Norris (McLaren) - 87 pontos

10- Lance Stroll (Racing Point) - 74 pontos

11- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 71 pontos

12- Esteban Ocon (Renault) - 60 pontos

13- Sebastian Vettel (Ferrari) - 33 pontos

14- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 32 pontos

15- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 10 pontos

16- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 4 pontos

17- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 4 pontos

18- George Russell (Williams/Mercedes) - 3 pontos

19- Romain Grosjean (Haas) - 2 pontos

20- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 540 pontos

2 - Red Bull Honda - 282 pontos

3 - Racing Point Mercedes - 194 pontos

4 - McLaren Renault - 184 pontos

5 - Renault - 172 pontos

6 - Ferrari - 131 pontos

7 - Alpha Tauri Honda - 103 pontos

8 - Alfa Romeo Ferrari - 8 pontos

9 - Haas Ferrari - 3 pontos


TRANSMISSÃO:






















terça-feira, 8 de dezembro de 2020

OS PERIGOS DA SEGURANÇA

 

Foto: Getty Images

Ao mesmo tempo em que os carros de Fórmula 1 e os autódromos ficaram cada vez mais seguros e à prova de acidentes fatais, o automobilismo também passou a ser cada vez mais um esporte para jovens, que adentram nesse principal universo quando mal estão na vida adulta, apesar de já existir um grande lastro competitivo. 

Ao meu ver, essas duas coisas abriram caminho para algo muito perigoso: o surgimento de pilotos que, sem as consequências da morte e as sequelas de alguma lesão grave, não se preocupam minimamente com a própria segurança e, consequentemente, com a integridade dos outros pilotos.

Até os anos 1970 e 1980, o esporte a motor era coisa para gente experiente na vida, que estava ciente dos riscos que se colocava a cada corrida. Existia a noção que toda corrida poderia ser a última e que qualquer incidente, por menor que fosse, colocaria a todos em perigo. A morte estava a espreita, e a coragem e perícia desses homens é que faziam a diferença.

Com o advento de carros e autódromos mais seguros, as mortes ficaram mais raras, assim como os acidentes de grande consequência para a saúde dos pilotos. Consequentemente e inconscientemente, o esporte a motor deixou de ser algo tão perigoso e até fascinante para as massas. As pessoas chegavam a ficar uma geração inteira sem presenciar uma tragédia, algo impensável até então. O automobilismo não era mais algo perigoso.

E aí as coisas mudaram. Se antes existia um respeito e uma cautela maior justamente pelo medo da morte, a crença na segurança mudou a postura dos pilotos e fez surgir uma série de pessoas claramente incapazes de guiar um carro de corrida, seja por mau caratismo ou por problemas psicológicos (medo, ansiedade, etc). Se a chance de morrer é quase nula, então não precisamos de grandes cuidados, certo? Em 1990, Ayrton Senna jogou um carro diante de Alain Prost porque saberia que as chances disso ter uma grande consequência eram nulas.

As áreas de escape asfaltadas, grandes espaços e cada vez menos britas também contribuem para essa falta de cuidado. O piloto pode abusar do limite que o máximo que vai acontecer é perder um pouco de tempo na pista escapando, pois é cada vez mais raro atolar na brita ou perder tempo na grama. 

A morte de Anthoine Hubert, no ano passado, é uma junção dessas duas coisas: a imperícia dos pilotos inconsequentes e a área de escape asfaltada na Raidillon, onde antes era brita, na subida da Eau Rouge. Se no primeiro incidente ali houvesse brita, os carros iam frear instantaneamente ao invés de continuar acelerando e resultar no acidente em T que matou o francês.

Com o automobilismo mais seguro, surgiu esse monte de pilotos inconsequentes que antigamente jamais seriam aceitos em uma corrida ou então teriam se matado rapidamente. Apenas a experiência confere a um piloto a maturidade, a calma, a segurança e a prudência necessárias para o esporte. 

Nas últimas duas semanas, tivemos incidentes claros desses inconsequentes inaptos e mau caráteres que quase resultaram em tragédia: Romain Grosjean cometeu mais uma cagada e quase se matou. Hoje, qualquer filho de rico pode acelerar um carro à 300 km/h porque justamente não há mais temor ao perigo que é e sempre será o automobilismo.

Agora, na semana passada, a Haas substituiu um oligofrênico por um psicopata que simplesmente faz o que faz na maldade e só chegou onde chegou porque é riquinho. Nikita Mazepin. Brincando de zigue-zague como se estivesse no iRacing, simplesmente espremeu no muro Tsunoda e Drugovich para não ser ultrapassado e teve uma pena de "só" cinco segundos. Como punir quem está salvando uma equipe de F1 da falência? Agora vale tudo?

Esse é outro que antigamente já estaria morto ou jamais teria a chance de guiar por ser um completo inapto mau caráter. Essa foi a grande consequência da modernidade: pistas e carros seguros atraem jovens inconsequentes e sem qualquer condição mental ou de coordenação para guiar uma máquina que anda a 300 km/h.

Quando acontecem esses grandes acidentes, é muito fácil culpar o autódromo, a FIA, acabar com áreas de escape, mutilar traçados ou excluir circuitos do calendário. Difícil mesmo é bater de frente com as inúmeras consequências que a elitização do automobilismo causa, dentre elas estar acima do bem e do mal independentemente do que se faça na pista. 

É evidente que não se pode retroceder pelo nome do purismo ou da nostalgia, mas certamente se o automobilismo continuasse menos seguro, tenho convicção de que teríamos pilotos melhores e cientes da função que fazem, além de barrar os inconsequentes. Acidentes, erros e o risco sempre irão existir no automobilismo, isso só precisa ser lembrado e hoje, infelizmente, raramente isso é levado em consideração.

Até!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

NOVA SAFRA

 

Foto: Getty Images

Depois de um 2019 deplorável na F2, de nível técnico horroroso, pilotos que não deveriam estar lá e a morte da promessa Anthoine Hubert, em 2020 a categoria se reinventou em meio a pandemia e trouxe grandes corridas e talentos para o curto/médio-prazo.

Começando pelo campeão, Mick Schumacher, o filho do homem. Como não se emocionar com o Schumaquinho no topo? É claro que Mick não é Michael, um virtuoso, mas a consistência fez a diferença. Sempre pontuando nas duas corridas, arrancou na parte final e, mesmo puxando ao pai ao terminar lá atrás a corrida final e bater no treino classificatório, o alemão consegue o título que é para poucos, mesmo com toda a desconfiança pelo sobrenome que tem.

Como recompensa, foi parar na Haas. Como escrevi antes, talvez pelo marketing seria melhor ter ido para a Alfa Romeo, uma grife, para ser companheiro de equipe de Kimi Raikkonen, um dos rivais que o pai teve. Seria sensacional. Além do mais, os americanos hoje parecem apenas melhores que a Williams, então será difícil Mick mostrar alguma coisa. O importante é que chegou lá.

Foto: Reprodução/Red Bull

Outro que vai estar na F1 mas ainda não foi anunciado oficialmente é Yuki Tsunoda. O japonês foi o melhor novato do ano ao terminar o campeonato em terceiro, conquistando os pontos que precisava para chegar a F1, na Alpha Tauri, substituindo Daniil Kvyat. Com muitas poles e boas vitórias, Tsunoda mostrou que não é apenas um japonês apadrinhado pela Honda que chegou lá, apesar da saída da montadora no meio do caminho. Se conseguiu atrair a atenção do exigente Helmut Marko, também pode facilmente ser queimado como qualquer outro talento taurino. Com Gasly como forte competidor, o japonês já chega enfrentando um alto nível interno. Teste de fogo.

Outros destaques foram Callum Ilott, o vice-campeão, e Robert Shwartzman, outro novato, ambos da academia da Ferrari. Ilott é o que tem menos chances de ascender a categoria mas é o mais preparado hoje, além de experiente. Na hora H, também cometeu uns erros e perdeu o título. Shwartzman foi o que mais venceu no ano e liderou até a metade da temporada, caindo de produção no final. Por ser jovem e novato, faz parte do aprendizado. Com certeza o russo será favorito ao título do ano que vem junto ao australiano Oscar Piastri, australiano campeão da F3 e que será seu companheiro de equipe na Prema.

Além do mais, há a manutenção dos também promissores Christian Lundgaard e Guanyou Zhou, os dois da Renault. A Uni-Virtuosi conseguiu o vice-campeonato de construtores, o que mostra consistência mas ainda falta mais vitórias e protagonismo.


Por falar na Uni Virtuosi, esse será o destino do brasileiro Felipe Drugovich na F2 em 2021. Com três vitórias e algumas poles, Drugo foi a grande surpresa da temporada, mesmo no fraquíssimo carro da MP Motorsport, andando na frente na maior parte do tempo. Por também ser um estreante, mostrou ter velocidade, mas precisa ajustar o ritmo de corrida e andar no tráfego, seja para ultrapassar ou para se defender, além de saber o momento certo. Questão de experiência. Ambientando e numa equipe melhor, é a grande chance do brasileiro atrair a academia de alguma montadora para se aproximar do sonho da F1.

Pedro Piquet é que deixou a categoria. Em um post enigmático, entendeu que não tem os recursos para chegar a F1 e não há grana para continuar insistindo, fazendo até uma ironia com o psicopata Mazepin. O futuro é uma incógnita mas verdade seja dita: Pedrinho não fez nada na temporada, mesmo sendo também a de estreia (e agora a última) na categoria.


O jovem Gianluca Petecof, de 18 anos, foi campeão da Fórmula Regional Europeia nesse final de semana. Ele bateu Arthur Leclerc, o irmão do Charles. Membro da academia Ferrari, Petecof teve a temporada ameaçada ao perder patrocinadores durante a pandemia, mas conseguiu outros dois e tocou ficha. Foi o único a pontuar em todas as 23 corridas da temporada. Agora, o próximo passo do brasileiro deve ser a F3, talvez com a Prema, o que sempre aumenta a expectativa e a responsabilidade. Aos poucos, Gianluca vai se tornando realidade.

Por último, mas não menos importante: o texto de amanhã será sobre os perigos do excesso de segurança e como isso atraiu gente inconsequente e psicopata como o Nikita Mazepin, que acha que pode fazer o que quiser porque o pai é bilionário. Depois, acontece alguma tragédia e colocam culpa na segurança, mas isso é para amanhã.

Esse foi apenas um panorama das grandes promessas do automobilismo mundial que em breve pode estar brilhando cada vez mais na sua telinha.

Até!