domingo, 6 de setembro de 2020

NOTA 10

 

Foto: Getty Images

Parecia tudo pronto para que Lewis Hamilton vencesse pela 90a vez na Fórmula e ficasse apenas a uma vitória de igualar Michael Schumacher. Antes disso, Bottas se mostra inqualificável ao cair quatro posições no grid e ser incapaz de oferecer algum perigo para Renault ou McLaren. Na frente, Sainz e Norris pularam para as posições de pódio e isso oferecia uma ótima perspectiva para os ingleses. Em circuitos de alta, quando está atrás, parece que isso é uma espécie de calcanhar de aquiles da Mercedes.

Verstappen também largou mal e completou um final de semana apagado. La atrás, o calvário de Vettel acabou cedo com um problema nos freios. Aposto que ele deve ter até agradecido por isso. O momento que mudou a corrida foi a Haas de Kevin Magnussen abandonar e parar numa posição que não era possível sair guinchado, o jeito era empurrá-lo até os boxes. Safety Car, é claro, que mudaria a dinâmica da prova.

Como seria óbvio, naturalmente os carros iriam antecipar a parada. Hamilton entrou nos boxes e foi o único. Giovinazzi na sequência. Antes, Raikkonen, Leclerc e Kvyat e Gasly. Seria estranho: ninguém antecipou a parada e Hamilton retornou para a pista com uma parada e pneus novos. Um massacre. Acontece que o pit lane não estava aberto, uma raridade, em virtude dele estar sendo utilizado para a entrada do carro de Magnussen aos boxes da Haas.

Na relargada, uma nova perspectiva: com Kvyat, as Alfa Romeo e Leclerc, a corrida ganhava em emoção, até que os pneus ficassem desgastados, é claro. O outro turning point: o monegasco bateu forte, tentando tirar mais do que o carro, na parabólica. Barreira de pneus danificada e bandeira vermelha. A Ferrari, pode-se escrever, até que saiu por cima diante de todo esse cenário depressivo que se encontra.

Na bandeira vermelha, outra mudança: Stroll, que não tinha parado, trocou os pneus. Que regra ridícula essa de trocar pneus com a corrida parada, beneficia o infrator. Hamilton e Giovinazzi teriam que pagar com um stop and go e ficariam de fora do caminho: Kvyat, Stroll, Sainz e Norris eram os postulantes a primeira vitória da carreira!

Stroll relargou bizarramente e jogou fora a chance. Kvyat, com pneus mais desgastados, ainda assim conseguiu uma vantagem confortável. Se nas retas a Renault levava vantagem, na parte mais lenta a Alpha Tauri aguentava o tranco. Lá atrás, Verstappen abandonava e Albon empacava atrás da Williams. De igual nesses carros apenas a cor, está comprovado. Hamilton, que caiu para o fim do grid, foi escalando facilmente todo mundo e ainda foi o sétimo, duas posições atrás de Bottas. Se tivesse mais algumas voltas, passaria o finlandês que não fez absolutamente nada na corrida. Claramente é um desperdício de corra que chega a ser constrangedor.

Em um ano e poucos meses, o inferno astral: de dispensado e ridicularizado (inclusive por este que vos escreve) e com a morte do amigo Anthoine Hubert, desde então Gasly se recuperou com bons treinos e atuações consistentes que culminaram no segundo lugar, no Brasil, e a vitória histórica hoje. Quebrando um jejum de 24 anos sem vitória de um piloto francês na categoria, ainda foi a primeira da agora Alpha Tauri, 12 anos depois de Vettel, também em Monza. A imagem de Gasly, contemplativo no pódio, sem acreditar nas voltas que a vida dá é emblemática e emocionante. Um dos momentos mais lindos da F1. Com uma vitória, um segundo lugar e um quarto lugar, Pierre Gasly é o maior nome da história da Toro Rosso/ Alpha Tauri.

Foto: Getty Images

Sainz seria naturalmente o segundo. Com a punição de Hamilton, fica a sensação de frustração mesmo com o melhor resultado na carreira mas que pode voltar a acontecer, em virtude da escolha em defender a Ferrari nos próximos anos. No entanto, se sobreviver a tempestade, certamente o pódio será naturalmente um lugar familiar. Stroll em terceiro é o preço que pagamos, sempre sortudo nessas corridas malucos. Já dizia Nelson Rodrigues: sem sorte, não se atravessa a rua.

Kvyat, dominado com o mesmo equipamento e Albon, vivendo o que Gasly viveu mas ainda pior, pois o rival venceu com um carro pior uma corrida épica, estão sobre cheque, obviamente. Irei me estender melhor sobre o assunto amanhã. 

Com o imponderável, o que seria uma corrida sem vida transforma-se em uma prova histórica: a vitória de Gasly e da Alpha Tauri e o hino da Itália, emocionante em relação ao contexto do início e a tudo que os italianos, assim como o resto do mundo, passam e estão passando nesse momento. 10, nota 10!

Confira o resultado final do GP da Itália:


Até!


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

MODO FESTA?

 

Foto: Getty Images

Este final de semana marca o fim do "modo festa", potência extra usada pelas equipes na classificação, principalmente a Mercedes. A ideia é tentar dar maior competitividade, é claro. No entanto, o tiro pode sair pela culatra: sem gastar tanta potência no sábado, os motores ficam mais inteiros no domingo e, portanto, com maiores chances de concluir a prova.

O que estamos vendo em Monza é uma repetição de Spa: Mercedes humilhando a concorrência, Verstappen, Renault e Alpha Tauri muito bem com McLaren e Racing Point um pouco abaixo. As Ferraris, é claro, vão passar vergonha, pelo menos sem público. Os tifosi certamente não iriam gostar e os protestos iam rolar. Equipe Jim Carrey.

A grande notícia desse fim de semana é o fim definitivo da Williams como nós conhecemos: Claire Williams vai deixar a chefia da equipe que será administrada por "especialistas" do tal conglomerado americano que passa a comandar a escuderia. Como já escrito antes: a Williams que nós conhecíamos acabou em 2005, tudo o que veio depois foi uma caricatura de uma equipe gigante.

E assim a F1 chega a primeira de três corridas na Itália, quem diria. Em fevereiro, todos sentíamos pena, agora eles vão ter três corridas (e uma com público), enquanto nós por aqui perdemos o autódromo, a corrida e até a transmissão num futuro próximo.

Como diz o meme: "modo festa? Essa corrida virou um enterro", de novo. Tomara que me provem o contrário.

Confira a classificação dos treinos livres do GP da Itália:






quinta-feira, 3 de setembro de 2020

GP DA ITÁLIA: Programação

 O Grande Prêmio da Itália foi disputado pela primeira vez em 1921, em Montichiari, na província de Bréscia, num circuito feito de vias públicas. Está desde sempre no calendário da Fórmula 1, e sempre é realizado em Monza, à exceção de 1980, quando o GP foi disputado em Ímola para atender a demanda dos fãs da Romagna.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Rubens Barrichello - 1:21.046 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Kimi Raikkonen - 1:19.119 (Ferrari, 2018)
Último vencedor: Charles Leclerc (Ferrari)
Maior vencedor: Michael Schumacher (1996, 1998, 2000, 2003 e 2006) e Lewis Hamilton (2012, 2014, 2015, 2017 e 2018) - 5x

EMPOLGADOS

Foto: Getty Images

P4 e P5, com direito a melhor volta no giro final. A empolgação na Renault não é para tanto. Sem dúvida é o melhor resultado da equipe na temporada, algo que não acontecia desde o GP da Itália do ano passado.

Para a semana que vem, em um circuito com características semelhantes, os dois pilotos estão confiantes em um grande resultado, principalmente Ricciardo, que apostou com o chefe Cyril Abiteboul que, se chegasse no pódio nesse ano, vai escolher uma tatuagem para o francês fazer.

“Acho que ele está muito nervoso. Acabei de vê-lo. Disse a ele para ficar esperto durante os próximos sete dias. Pelo menos no ano passado, Monza foi um circuito ainda mais forte para nós. E se formos mais fortes, só temos um pódio pela frente. Não estou me precipitando, mas acho que podemos ir para Monza com confiança e mirar alto”, disse Ricciardo.

“Foi um ótimo final de semana, muito forte. O carro foi muito rápido. Transformamos Barcelona, que foi bem difícil, em um ótimo final de semana aqui. E o próximo (Monza) deve ser bom para nós também, dá para ser bem melhor”, falou o francês.

Talvez possa ser apenas um encaixe de características (um bom motor em um circuito de retas), mas talvez possa ser um indicativo de enfim uma evolução mais consistente para os franceses. Considerando que 2022 pode ser o pulo do gato, 2021 seria uma boa continuação. Quem pode ganhar com isso é Alonso e Ricciardo, mudado para a McLaren, pode ter se precipitado. A ver.


FILIAL NA SATÉLITE

Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio

Como em todos os anos, a dupla de pilotos da Haas para o futuro é um mistério que sempre é respondido com a mesma afirmação: Magnussen e Grosjean.

Em 2020, não é diferente: com o carro muito fraco, os pilotos pouco fazem. Apenas o dinamarquês conseguiu um pontinho na Hungria graças a uma estratégia acertada no início da prova.
Em entrevista para um jornal dinamarquês, o Ekstra Bladet, o chefão da Haas Gunther Steiner sinalizou que pode buscar pilotos na Academia da Ferrari, com quem possuem uma parceria técnica.

“Se quisermos trazer alguém novo, então o grupo de jovens da Academia da Ferrari, neste momento, é bastante bom. Há outros por aí, mas estão vinculados a outras marcas, então nosso interesse é menor. As equipes de fábrica mantêm os pilotos realmente bons, porque investiram neles. Se quisermos um novato, a melhor opção é assinar com um jovem da Academia da Ferrari”, comentou.
“Podemos manter nossos titulares, ter dois novatos, quem tiver interesse na vaga pode se candidatar", completou.

Bom, Grosjean faz hora extra faz tempo. Magnussen, apesar de não estar bem, não é absurdo pensar numa continuidade, ainda mais se a Haas optar por um piloto jovem. Na academia da Ferrari, certamente só existem duas opções: Robert Shwartzman e ele, Mick Schumacher, que provavelmente pode fechar com a Alfa Romeo. Se Vettel ir para a Aston Martin, Pérez e Hulkenberg poderia ser uma dupla bem interessante. Experiente e veloz.

Opções não faltam para os americanos. Faltam para eles acertar nos nomes, e faz tempo que não fazem isso.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 157 pontos
2 - Max Verstappen (Red Bull) - 110 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 107 pontos
4 - Alexander Albon (Red Bull) - 48 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 45 pontos
6 - Lando Norris (McLaren) - 45 pontos
7 - Lance Stroll (Racing Point) - 42 pontos
8 - Daniel Ricciardo (Renault) - 33 pontos
9 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 33 pontos
10- Esteban Ocon (Renault) - 26 pontos
11- Carlos Sainz Jr (McLaren) - 23 pontos
12- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 18 pontos
13- Sebastian Vettel (Ferrari) - 16 pontos
14- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 6 pontos
15- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
16- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 2 pontos
17- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 264 pontos
2 - Red Bull Honda - 158 pontos
3 - McLaren Renault - 68 pontos
4 - Racing Point Mercedes - 66 pontos
5 - Ferrari - 61 pontos
6 - Renault - 59 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 20 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO










terça-feira, 1 de setembro de 2020

A ESPERANÇA DRUGO E OS TALENTOS DA F2

 

Foto: Getty Images

Geralmente a F2 é mais emocionante e melhor disputada que a F1. Com pilotos jovens inexperientes e arrojados, isso é uma boa mistura para o entretenimento. No entanto, depois de um 2019 trágico e repleto de poucos talentos (sendo um desses morto no acidente de Spa - Anthoine Hubert), em 2020 a F2 tem grandes nomes na disputa ou que prometem estar na Fórmula 1 a curto/médio-prazo.

Uma das esperanças virou o surpreendente Felipe Drugovich. Aos 20 anos, o paranaense de Maringá tem como grandes resultados a terceira posição na F4 alemã em 2017 e os títulos na Euroformula, F3 Espanhola e MRF Challenge entre 2017 e 2018. No ano passado, correu na F3 e terminou a frente de Logan Sargeant, atual líder.

Neste ano, sem grandes expectativas, assinou com a MP Motorsport, equipe que tinha no ano passado o mito Mahaaver Raghunathan. Nesta temporada ele é companheiro do experiente japonês Nobuharu Matsushita, que já foi piloto da Honda. Mesmo estreando na nova categoria, vem extraindo muito de um carro fraco. Duas poles normais e uma na sprint race, além de duas vitórias na sprint race. Drugo ainda precisa evoluir no ritmo de corrida é claro, mas as credenciais iniciais são animadoras.

Para o ano que vem, precisa desesperadamente de um carro melhor e tentar assinar com uma academia de pilotos. Hoje, infelizmente, só assim para chegar na F1 ou ter sobrenome e dinheiro, que não é o caso de Felipe. No entanto, o brasileiro mostra ter muito potencial para quem sabe, no médio prazo, sonhar com a F1.

Agora, trarei rapidamente as credenciais de outros postulantes a título da categoria e que, consequentemente, podem chegar na Fórmula 1 em um futuro próximo:

Robert Shwartzman: o russo, prestes a completar 21 anos, é o atual campeão da F3. Antes, conquistou a Toyota Racing Series em 2018. A parceria vitoriosa com a Prema até agora vem se repetindo na F2. Mesmo no ano de estreia, é o atual líder, superando o experiente e também parceiro de Academia, o badalado Mick Schumacher. Com 3 vitórias e 5 pódios em 14 corridas, naturalmente é um dos candidatos a ir para a Fórmula 1 em 2021, seja na Haas ou na Alfa Romeo, ambas parcerias da Ferrari.

Callum Ilott: também da Academia de Pilotos da Ferrari, o inglês de 21 anos foi terceiro colocado na F3 em 2018, atrás somente dos companheiros Anthoine Hubert e Nikita Mazepin. No ano passado, foi apenas o 12°, mas agora está brigando pelo campeonato. Com 2 vitórias e 4 poles, é o vice-líder, tendo perdido a liderança no final de semana para Shwartzman. No entanto, suas chances de ascensão na F1 são mínimas, pois os fichas 1 e 2 da Ferrari são Shwartzman e Schumacher. Está numa posição complicada.

Yuki Tsunoda: o japonês de 20 anos é o pacote completo: apoiado pela Red Bull + Honda, naturalmente é questão de tempo para que chegue na Alpha Tauri. Se terminar a F2 entre os três primeiros, vai subir para a equipe satélite. Com duas vitórias e quatro pódios na Carlin, é o sopro de renovação que a academia de pilotos dos taurinos precisa. Elogiado publicamente por Franz Tost, chefão da Alpha Tauri, só depende dele para que o Japão volte a ter um piloto na Fórmula 1.

Mick Schumacher: o mais badalado dos pilotos da F2 por questões óbvias, Mick vem se mostrando um piloto nada mais nada menos do que regular. Mesmo sem vencer, vem acumulando pódios e é o quarto colocado no campeonato. Publicamente, já ficou claro que a única dúvida é sobre qual equipe ele estreará na F1: Haas ou Alfa Romeo. Certamente Mick não está pronto ou não é um piloto espetacular, mas nesse caso o sobrenome e a nostalgia bastam. Como todos sabemos, a base é uma coisa e a F1 é outra. Vai que o alemão desabroche por lá? Não é o mais lógico, mas não seria a primeira e nem será a última...

Guanyou Zhou: o chinês viável. Bom piloto e já na academia da Renault, certamente seria uma escolha interessante para ativar um mercado de bilhões de pessoas. Com 21 anos, seu melhor resultado foi um vice-campeonato na F4 italiana em 2015. Ano passado foi o sexto na F2, agora é o sétimo. O problema para o chinês é que ele está travado nos próximos anos devido a contratação de Alonso e a manutenção de Ocon, que nem da Renault é. Paciência e consistência são as palavras chave para o chinês.

Christian Lundgaard: O dinamarquês se encontra na mesma, a diferença é que não é chinês e é mais jovem, apenas 19 anos, pode se desenvolver na categoria. Campeão da F4 espanhola em 2017, foi o sexto colocado na F3 ano passado. Apesar de estreante, está dando trabalho lá na frente. Como ainda tem bastante tempo para se desenvolver, é um nome que pode ter uma atenção maior no futuro. Tudo vai depender dele próprio e também do que a Renault pretende com seus pilotos a médio-prazo.

Menções (nem tão) honrosas:

Nikita Mazepin e Sean Gelael: o russo e o indonésio são de família rica, então basicamente o que precisam é de um resultado mínimo que os gabaritem para a Fórmula 1, igual Stroll. O russo é o quinto colocado e certamente é capaz até de comprar ou inventar uma equipe para correr, mesmo sendo um psicopata de uma família de negócios escusos. Gelael não fica muito para trás, mas uma lesão na vértebra vai deixá-lo fora de combate até o final da temporada. Vai ter que tentar tudo de novo em 2021, mas seria bom se ambos passassem longe da F1.

E pra vocês, quem mais se aproxima da F1 no futuro próximo?

Até!



segunda-feira, 31 de agosto de 2020

DIVÓRCIO ESPERADO

 

Foto: Reprodução/Rede Globo

Se confirmou o que era bem possível de acontecer, apesar das esperanças ainda continuarem. A Rede Globo confirma que não vai renovar o contrato de transmissão da Fórmula 1 e encerra uma parceria de mais de 40 anos na bandeirada do GP de Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro.

Esse post do mês passado ajuda a entender o que estava (e está) por trás dessas decisões e, agora, os nós começam a ser desfeitos. Em readequação financeira, a Globo está liberando profissionais e também abrindo mão de outras competições esportivas importantes. Ela também encerrou o contrato com a Conmebol e não vai mais transmitir a Copa Libertadores. Assim como a Liberty, a confederação sul-americana de futebol não aceitou renegociar o acordo assinado no passado. O motivo da Globo retroceder nos contratos é simples: com a alta do dólar, torna-se insustentável manter esses vencimentos.

Se a Libertadores, que é algo muito mais "importante" e foi sumariamente descartada, a Fórmula 1 não ficaria para trás, isso que não mencionei a briga na justiça para a Globo pagar menos para a Fifa as transmissões da Copa do Mundo do Catar, em 2022. Até isso está ameaçado. Essa crise do dólar com a televisão não é inédita e aconteceu no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando a crise econômica brasileira causou o fechamento de diversas empresas de comunicação, principalmente da então emergente televisão à cabo.

Analisando sob a perspectiva técnica, também não seria uma decisão surpreendente. Sem brasileiros desde 2018 e o domínio chato da Mercedes, é difícil cativar um fã médio com as corridas de atualmente. O produto não compensa. A audiência é boa, claro, existem muitos fãs da velocidade, mas o Brasil é forjado em heróis locais que lutam contra o mundo cruel e vencem e, convenhamos, vai demorar para surgir outro candidato a herói no esporte.

A exemplo do que fez com a Moto GP, a tal Rio Motorsports deseja comprar os direitos de transmissão da Fórmula 1 e repassar para o Grupo Disney, que em breve terá apenas a ESPN. A mesma Rio Motorsports que é dona do autódromo de Deodoro e negocia com a Liberty a inclusão do inexistente circuito no calendário da F1 nos próximos anos.

A saída da Fórmula 1 da Globo pode significar o fim do automobilismo como um esporte mainstream e a definitiva entrada como algo de nicho, tal qual a Moto GP, por exemplo, que também saiu da TV aberta e fincou raízes no SporTV e agora na Fox Sports. Tudo isso, é claro, é péssimo, e não estamos discutindo sobre o narrador a, b ou c ou o repórter ou o comentarista.

Sem a principal emissora do país por trás do esporte, a tendência é que toda a cadeia sofra e desmorone. Como co-organizadora do GP do Brasil em Interlagos, muito provavelmente o histórico autódromo perca força no embate e futuramente seja transformado em grandes condomínios e palco eventual para o Lollapalooza porque, afinal, sem a F1, a Stock Car e outros eventos nacionais não sustentam a conta.

Uma última esperança é que tudo isso seja um jogo, um blefe, para que no final tudo dê certo. A Band também não renovaria com a Indy e, na semana da abertura da temporada, tudo voltou ao normal.

Do contrário, caso isso se confirme, não só os telespectadores irão perder, mas sim o automobilismo nacional e todo seu ecossistema estarão gravemente feridos e diante de uma perspectiva nada animadora para o futuro.

Até!

domingo, 30 de agosto de 2020

SPA

 

Foto: Getty Images

Difícil ter uma corrida boa em 2020. A distância é muito grande. Spa, apesar de um circuito grandioso, padece do mesmo mal de Interlagos: corrida no seco é muito ruim. Hoje, foi mais uma corrida sem emoção, ou quase isso.

Bottas tentou atacar mas deve ter entendido que ele é apenas um segundão, que segura Verstappen e fica em segundo, menos no campeonato, onde está atrás do holandês. Max não tem carro e faz o que pode. Falta a Red Bull dar mais condições para Albon brigar, mas este não se ajuda.

A grande notícia do final de semana foi o bom desempenho da Renault. A tendência é de repetição no final de semana seguinte, em outra etapa com circuito rápida e uso constante do motor no giro máximo. Ricciardo ainda fez a melhor volta no final, mostrando um bom trato dos franceses nos pneus. Será que finalmente a Renault começa a acertar a mão? O australiano fica pensativo e o espanhol se anima...

Por falar em espanhol, Sainz sequer largou. Norris ficou atrás da Racing Point. Apesar do início fulminante, a McLaren parece menor do que em relação ao ano passado. E o pior: a cara do espanhol ao ver a situação da futura equipe, a Ferrari, diz tudo...

Pierre Gasly confirma a tese de que os pilotos da Red Bull pilotam melhor na Alpha Tauri do que o contrário. Ganhando posições, sendo agressivo, arrojado... junto com Ricciardo, o grande destaque do final de semana. 

A Ferrari... nunca tínhamos visto uma equipe tão perdida e ruim em todos os aspectos. Não há carro, reta, motor, chassi... Existiram momentos ruins nos anos 1990, mas desde 1980 não se via, em resultados, algo tão desanimador. E o pior: para o ano que vem vai ser a mesma coisa, graças a pandemia e o adiamento das novas regras. 13° e 14°. Isso é um escândalo. Um belo presente para os tifosi as próximas duas corridas em casa. Sorte que não tem público, ou apenas uma parte dele em Mugello.

O único momento de emoção foi o acidente de Giovinazzi, que ricocheteou para o meio da pista e o pneu, solto, atingiu Russell. Um susto. Mick Schumacher sorri por dentro, a estreia na F1 está cada vez mais próxima. O italiano, mesmo com um carro ruim, desperdiça as oportunidades a cada semana.

Apesar do calor na Europa e do macacão preto, que esquenta mais, na Bélgica Lewis Hamilton viveu um final de semana de Spa, de relaxamento. Tem sido assim nos últimos anos. Agora, só faltam duas vitórias para igualar Schumacher. Wakanda Forever.

Até!

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

VELOZES

 

Foto: Getty Images

Na clássica Spa Francorchamps, um circuito de alta, os motores vão fazer a diferença. É importante lembrar que a partir desta corrida não teremos mais o "modo festa" no Q3, o que em tese prejudica a Mercedes. Só em tese. Nos treinos de hoje, um equilíbrio muito grande entre Mercedes, Verstappen e até Ricciardo se atrevendo a andar entre os ponteiros.

No segundo pelotão, Racing Point e McLaren. A melhor equipe de motor Ferrari é a Alfa Romeo. A Ferrari está preparada para mais um fiasco na temporada. O fundo do poço é cada vez maior.Talvez isso possa provocar rupturas fortes para a sequência, com duas corridas na Itália.

Por falar em pistas, a FIA anunciou que a segunda corrida no Bahrein, o GP do Sakhir, será com o traçado utilizando o anel externo. Ou seja, uma pista de 3.700 metros, com média de 260 km/h e tempo de volta inferior a um minuto. 87 voltas. Ou seja, uma mini Indy. Pior para a Ferrari, que vai sofrer. Sorte dos italianos é que essa será a penúltima etapa da temporada e não vai valer nada praticamente, mas é muito legal esses circuitos/traçados diferentes em um ano tão atípico. Diria eu que esse é o grande atrativo da temporada.

Impossível não falar sobre a iminente fim da parceria entre Fórmula 1 e Globo no Brasil. Escrevi isso anteriormente no blog no mês passado e pretendo fazer um post mais elaborado na semana que vem. Um resumo: se isso realmente se confirmar (lembrem-se da Band e da Indy se acertando aos 45 do segundo tempo neste ano), é o fim do automobilismo como algo mainstream no país. Ele vai continuar com essa trajetória de esporte de nicho, onde só os malucos apaixonados é que vão acordar cedo para procurar links obscuros na internet para assistir. 

Em Spa, em uma pista veloz, a promessa é de algo talvez equilibrado, um ano após a morte de Anthoine Hubert na F2 no acidente envolvendo Juan Manuel Correa. Será emocionante, sem dúvidas. Que sejam velozes e não furiosos.

Confira os tempos dos treinos livres para o GP da Bélgica: