segunda-feira, 31 de julho de 2023

(NÃO) VALE A PENA VER DE NOVO

 

Foto: Divulgação/Alpine

Na sexta, a Alpine anunciou mudanças significativas no staff da equipe para a sequência da temporada, a partir da Holanda, quando a F1 retorna das férias de verão.

Conforme escrevi no post de sexta, feira:

“Otmar Szafnauer, Alan Permane e Pat Fry estão de saída. Os dois primeiros demitidos, incluindo Permane que tem mais de 30 anos na empresa. Fry está indo para a Williams ser o diretor técnico.

Interinamente, assumem Bruno Famin, vice-presidente da Alpine Motorsports, Julian Rouse o diretor esportivo interino e Matt Herman lidera a parte técnica. A passagem de Szafnauer foi um desastre. Depois de anos de serviço bem prestados na Force India/Racing Point, a estadia nos franceses foi um fracasso.”

Bom, não pretendo me alongar muito, apenas vou expandir um pouco da narrativa que embarquei nos últimos meses.

A venda de uma parte do time para os americanos pode ser um sinal muito grande de que mudanças profundas surjam no curto prazo.

Desde 2016, a Renault conseguiu resultados tímidos. Em nenhum momento, a equipe de fábrica foi sequer protagonista no retorno à categoria. Uma vitória e pódios esporádicos. Claro que, hoje em dia, é mais difícil começar do zero, mesmo tendo a estrutura e o dinheiro que os franceses têm.

Acontece que a Aston Martin, em contexto semelhante, já entregou uma consistência muito maior nesse semestre de pódios do Alonso do que a Renault. Muita coisa está errada. Os investimentos estão insuficientes. Até quando uma empresa vai aguentar o negativo e sem a conquista esportiva?

As coisas se ligam de maneira muito significativa. Primeiro, a cobrança pública do presidente da Alpine no agora ex chefe. Depois, a venda de parte do time. Agora, as mudanças como consequência de um 2023 terrível. Me parece ser a última cartada.

A paciência e o dinheiro da Renault tem limite. Considerando o histórico da companhia e os últimos movimentos, algo pode estar sendo preparado, planejado ou antecipado. Tudo ou nada.

Ou, simplesmente, tentar conter os danos.

Até!

domingo, 30 de julho de 2023

PULVERIZADOR

 

Foto: ANP

Não há competição. Não importa o contexto, a Red Bull e Max Verstappen vão estar lá. Seja na chuva durante a ridícula e sem sentido sprint race, seja na corrida de fato. Desta vez, Pérez até que fez o papel de escudeiro e segundo piloto por 17 voltas.

O que impressiona é como Max some após a ultrapassagem, que por si só já é muito fácil. Parece que são carros diferentes e que são apenas pintados iguais. É para esmagar e desmoralizar todo mundo, mesmo.

Na verdade, o único momento de tensão e conflito foi de Max com o próprio engenheiro de corrida, Gianpiero Lambiase. Os dois trabalham juntos na Red Bull desde que o holandês chegou na equipe mãe. Max não gostou da estratégia do Q2 de sexta e reclamou, Lambiase retrucou; na corrida, Max reclamou da estratégia durante a corrida; Lambiase respondeu sobre gastar demais os pneus macios; Max queria outra parada para fazer a volta mais rápida, o que foi retrucado.

Hamilton também reclamava do carro vencedor que não tinha competição. Parece que a natureza competitiva desses caras é sempre buscar briga e conflito com algo para se sobressair. É o que resta, porque na pista isso não existe no momento para Max.

Tivemos uma demonstração de força de Leclerc, que herdou a pole após a punição de Verstappen. Foi uma questão pontual e de talento do monegasco, porque os italianos seguem deficitários. Sainz espremeu Piastri na largada e os dois se prejudicaram. Norris teve que fazer corrida de recuperação, assim como Russell. Hamilton não teve ritmo para brigar pelo pódio, mas a Mercedes segue constante como segunda força.

Diante das circunstâncias, a Aston Martin aproveitou os vacilos alheios para somar bons pontos. Hoje, a Fênix e sua trupe sabem qual o lugar do time na hierarquia da F1. Ocon recoloca a Alpine nos pontos e Tsunoda leva a melhor sobre Ricciardo, ainda assim é pouco para a Alpha Tauri.

Do miolo para trás, há disputa e caos, pena que não vale nada. As forças ficam cada vez mais evidentes e estabelecidas. O que não muda, vocês já sabem: Max Verstappen é um pulverizador. Vai bater o recorde de nove vitórias seguidas do Vettel e estabelecer a maior dominância de uma temporada na história.

É torcer para que no novo regulamento a Red Bull erre ou alguém tire um coelho da cartola. Se não, vai ficar cada vez mais sufocante para os rivais e desinteressante para nós, fãs. As férias de verão na Europa chegam em ótima hora.

Confira a classificação final do GP da Bélgica:


Até!

sexta-feira, 28 de julho de 2023

ONDE HÁ ÁGUA...

 

Foto: Getty Images

Spa Francorchamps e chuva. Nem mesmo antecipando a corrida, que geralmente é a primeira do retorno das férias de verão europeu, é possível escapar das condições climáticas adversas. O circuito já é perseguido por hereges, que o culpam por acidentes, mortes, negligências e barbeiragens dos pilotos. Caça às bruxas contra tudo o que não for corrida de rua e asfalto para todos os lados.

Ainda teremos a porcaria da Sprint Race. Ou seja, o primeiro treino, que deveria dar um indício, não serviu para nada porque choveu e poucos foram para a pista. Basicamente todo mundo foi para o qualify no escuro.

A grande notícia do dia vem da Alpine e a série de mudanças que os franceses vão realizar a partir de agosto, no retorno das férias. Otmar Szafnauer, Alan Permane e Pat Fry estão de saída. Os dois primeiros demitidos, incluindo Permane que tem mais de 30 anos na empresa. Fry está indo para a Williams ser o diretor técnico.

Interinamente, assumem Bruno Famin, vice-presidente da Alpine Motorsports, Julian Rouse o diretor esportivo interino e Matt Herman lidera a parte técnica. A passagem de Szafnauer foi um desastre. Depois de anos de serviço bem prestados na Force India/Racing Point, a estadia nos franceses foi um fracasso.

O desempenho nunca esteve lá e o chefão vai ficar mais marcado por ter perdido Alonso e Piastri do que qualquer outra coisa. O presidente da Alpine já estava insatisfeito há alguns meses, chamando até o então chefe de amador. Acabou a paciência. É muito dinheiro investido para resultados tão tímidos. O 2023 da Alpine tem sido muito ruim. As mudanças, mais a venda de uma parte do time para os americanos são indícios que eu também já escrevi sobre. Onde há água...

Bom, voltando para o treino, um circuito longo deixa evidente a diferença da Red Bull para as demais. Teremos briga do segundo lugar em diante, mesmo que Max Verstappen tenha sido punido por trocar o câmbio e largue em sexto. Com isso, Leclerc consegue a segunda pole do ano. Nem assim Pérez se sobressai...

Vai ser aquela briga bonita pelo pódio entre Ferrari, Mercedes e McLaren. A Aston Martin definitivamente ficou para trás. Ricciardo teve azar no Q1 ao passar os limites da pista e ter a volta excluída, eliminando-o da sessão. 

O final de semana promete mais chuvas e incertezas. Vão continuar culpando Spa ou vão atacar o verdadeiro culpado, que é Max Verstappen a FIA e a Liberty?

Confira o grid de largada do GP da Bélgica:


Até!

quinta-feira, 27 de julho de 2023

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:41.252 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 281 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 171 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 139 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 133 pontos
5 - George Russell (Mercedes) - 90 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 87 pontos
7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 80 pontos
8 - Lando Norris (McLaren) - 60 pontos
9 - Lance Stroll (Aston Martin) - 45 pontos
10- Esteban Ocon (Alpine) - 31 pontos
11- Oscar Piastri (McLaren) - 27 pontos
12- Pierre Gasly (Alpine) - 16 pontos
13- Alexander Albon (Williams) - 11 pontos
14- Nico Hulkenberg (Haas) - 9 pontos
15- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 5 pontos
16- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 4 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos
18- Kevin Magnussen (Haas) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 452 pontos
2 - Mercedes - 223 pontos
3 - Aston Martin Mercedes - 184 pontos
4 - Ferrari - 167 pontos
5 - McLaren Mercedes - 87 pontos
6 - Alpine Renault - 47 pontos
7 - Williams Mercedes - 11 pontos
8 - Haas Ferrari - 11 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos
10- Alpha Tauri RBPT - 2 pontos

"LONGE DO AUGE"
Foto: Divulgação/Mercedes

Mesmo voltando a largar na pole depois de quase dois anos, a largada no domingo desanimou tanto Lewis Hamilton a ponto do Sir declarar que, hoje, ele não está mais no auge da carreira, e que isso começou ano passado, coincidentemente quando a Mercedes também deixou de ter a hegemonia na categoria.

“Acho que ontem depois da classificação parecia que eu estava de volta ao meu melhor. Mas na verdade não estou no auge há mais de um ano", disse, em entrevista, após a corrida da Hungria.

É uma declaração forte, mas que faz sentido por outros motivos. A idade, por exemplo. É evidente que Hamilton não está mais no auge, mas isso não significa que ele virou um piloto desprezível. A questão é que difícil alguém que sempre venceu desde que começou a carreira repentinamente ficar fora do topo e ver as chances de pole e vitória, outrora sempre palpável, agora ser cada vez mais difícil. 

Por isso a emoção na pole 104, porque a ausência de protagonismo afeta o psicológico, a confiança desses grandes competidores, e Hamilton é um deles. Nem tanto ao céu, nem tanto ao céu. "Longe" do auge, Hamilton só precisa de um carro melhor e mais competitivo para mostrar porque detém os recordes que possui.

DESFECHO PRÓXIMO

Foto: Getty Images

Em um mês e maio, talvez em agosto, a FIA vai dar uma resposta sobre a questão da entrada de uma nova equipe na Fórmula 1 a partir de 2026. Foi o que garantiu Mohammed Ben Sulayem, presidente da Federação, durante entrevistas na Hungria, semana passada.

"Espero que consigamos fazer o anúncio no mês que vem. Estamos conversando com gente séria e não queremos excluir ninguém sem uma avaliação detalhada dos pedidos que recebemos.

Estamos falando de grandes nomes e muito dinheiro. A declaração de intenção foi a coisa certa a fazer e, além disso, o contrato diz que o grid da F1 pode ter até 12 equipes", disse para um portal húngaro.

Mais do que somente uma equipe, o desejo da FIA e de Ben Sulayem é de uma fábrica, alguém com estofo e estrutura para somar na categoria. De acordo com essa descrição, a candidatura que mais se aproxima é a da Andretti, que chegaria em parceria com a General Motors, no caso a Cadillac.

"Claro que não queremos qualquer equipe, mas equipes ‘classe A’ e precisamos de novas fábricas. Prefiro fábricas porque seria bom para o esporte. Já tomamos o tempo que precisávamos, a equipe da FIA trabalhou muito duro nisso, já nos encontramos com as equipes para revisar as propostas e aho que chegaremos a uma decisão final dentre de quatro a seis semanas", continuou.

Apesar da Liberty e das equipes serem contra a adesão de outra equipe por questões financeiras, a FIA pretende ir com a questão até o fim.

“É obviamente uma questão política e financeira, mas está claro para mim que a FIA tem de respeitar os tratados que existem. Somos regulamentados pela União Europeia. Não podemos manipular nada. Se uma equipe está interessada e as regras dizeram que podemos ter uma quantidade definida de times, como podemos dizer não?

Entendo as preocupações das outras equipes, especialmente na parte financeira, da distribuição, mas não estou aqui para chatear ninguém. Estou aqui para fazer a coisa certa para o esporte. Ficarei feliz de me reunir com alguém e dar conselhos, mas como podemos negar uma grande equipe que queira entrar na F1 dizendo para comprar uma equipe ou não vir? Acho isso errado”, finalizou.

Uma decisão tão rápida e declarações que aparentemente vão contra o outro lado da questão são indicativos interessantes, se não for meramente um despiste. É uma queda de braço política e financeira e, para o bem da categoria, é melhor que a FIA mostre quem manda: ela, não as montadoras.

TRANSMISSÃO:
28/07 - Treino Livre: 8h30 (Band Sports)
28/07 - Classificação: 12h (Band e Band Sports)
29/07 - Classificação Sprint: 7h30 (Band Sports)
29/07 - Corrida Sprint: 11h30 (Band e Band Sports)
30/07 - Corrida: 10h (Band)


terça-feira, 25 de julho de 2023

PROCURA-SE UM DESAFIANTE

 

Foto: LAT Images

Para algo ter graça, é necessária a possibilidade de alguém perder ou ser desafiado. Por que a F1 voltou a ter uma razoável relevância fora da bolha? Porque surgiu alguém capaz de desafiar Lewis Hamilton e a Mercedes.

E agora, por que tudo voltou ao marasmo? O motivo é simples: não existe, no momento, algo ou alguém em condições de ameaçar Red Bull ou Max Verstappen.

O resultado é óbvio: desinteresse do público e queda de audiência, engajamento, etc. São intermináveis 22 ou 23 corridas por ano e a chance de Red Bull/Verstappen ganharem elas são de quase 100%. Portanto, de novo: vale a pena alguém fora da bolha se dispor a assistir algo que todos sabem o final?

Mas Verstappen não está sozinho nessa por falta de qualidade, mas sim de incompetência das equipes, ou o excesso de competência da Red Bull que no momento dizima a concorrência. Desde Hamilton, no final da carreira, passando por Alonso tentando o último protagonismo e agora passamos para os contemporâneos de Max.

Lando Norris, distante da grande mesa de jantar, se aproxima um pouco mais dessa posição de futuro antagonista. Claro, a culpa era da McLaren e a inferioridade em relação a Mercedes e Ferrari, então era natural que os holofotes ficassem em cima de George Russell e Charles Leclerc.

Em 2023, ambos estão abaixo do padrão, por diferentes motivos. Erros, problemas, azares, tudo isso junto. Norris, outrora resignado a brigar de coice no escuro, ressurge entre os ponteiros para relembrar que ele praticamente fez Ricciardo ser demitido, tamanha a diferença de rendimento. Tanto que nem a vitória do australiano em Monza mascarou esse desequilíbrio.

Relembre o que esse querido blog escreveu sobre Lando: sempre foi uma promessa e um fenômeno na base, tanto que na F2 os holofotes estavam nele, não no depois campeão Russell ou no vice Albon.

A diferença é que Norris pegou o caminho mais difícil para se destacar tão imediatamente. Mesmo assim, consegui resultados importantes e, se não fosse pela teimosia da juventude, teria uma vitória na carreira, aquela desperdiçada na Rússia.

Tudo depende do timing e do carro, é claro. Hoje, a McLaren briga com a Mercedes pelo segundo posto. O que não significa muita coisa, em termos práticos. E amanhã? E o futuro das equipes? E quando Hamilton aposentar? E a vaga na Red Bull? E se nem Ricciardo nem Pérez convencerem os taurinos? E se a Ferrari trocar Sainz e Leclerc se cansar de lá? E a Aston Martin, vira protagonista?

E a McLaren, volta para os anos dourados? Muitas perguntas que os fãs e Verstappen estão, de certa forma, muito ansiosos em ter alguma resposta no médio prazo.

Procura-se desafiante para um piloto holandês e o carro dos energéticos. Tratar com a FIA e a Liberty.

Até!

segunda-feira, 24 de julho de 2023

OLHANDO PARA O FUTURO

 

Foto: Getty Images

A temporada 2023 já acabou. Fruto da competência da Red Bull e menos competência das demais no novo regulamento. E ainda teremos mais dois anos assim até a “nova F1” que vai entrar em vigor a partir de 2026, ainda que a renovação do Pacto de Concórdia não tenha sido assinada.

Uma das disputas relevantes na queda de braço entre FIA e Liberty/equipes é a entrada de uma 11ª equipe. Andretti, Hitech e outros projetos estão interessados. A Liberty e os times não querem porque isso significa menos dinheiro para eles. A FIA, rompida com o showbiz da F1 a partir do novo presidente pós-Jean Todt, pensa com carinho.

O que falta para que isso se materialize? Quais os interesses? Recentemente, tivemos os retornos da Renault e a entrada da Haas. Antes disso, Caterham, Marussia e HRT naufragaram. Lembram quando tinha 24 carros no grid de 2010 e 2011? Era fantástico, mas os times novatos ficaram muito para trás em termos de competitividade.

Isso pode ser um risco, aquilo que o Galvão chamava de “carro de F2 na F1”, mas considerando o tempo que falta para o novo regulamento e a competência de nomes experientes no automobilismo como a Andretti (a compatriota Haas não deixa mentir), a má vontade financeira poderia ficar para trás em prol do bom senso.

Mais carros, mais pilotos, mais funcionários. Claro, a F1 assinou um compromisso de ser mais sustentável, em diversas práticas. Ter mais pessoas e, consequentemente, mais gastos não é algo que ajude, mas pensem: a Red Bull tem 20% do grid, a Alpine/Renault sempre está de vai e vem da categoria (e já vendeu uma parte das ações para os americanos), a Audi está chegando e o restante tem déficit, incluindo as equipes grandes.

A conta não fecha para eles, certo, imagina para os novatos. Claro, é preciso que o projeto escolhido seja sério e coeso, mas a partir daí é impossível prever qualquer coisa. Esse corporativismo dos times e a burocracia da Liberty é um contrassenso na história da categoria: garagistas que tinham o sonho de colocar os próprios carros na pista e fazer a coisa acontecer.

O amor e romantismo não existem mais, o importante são os likes e o engajamento na série da Netflix. A preocupação é não correr na chuva ou enfiar um monte de sprint race como se alguém gostasse disso ou achasse o suprassumo do entretenimento. Pra quê mais carros, afinal?

Nesse lado da situação, torço para que a FIA encontre o bom senso e faça o que Max Mosley transformou a categoria antigamente: as montadoras comendo na mão da F1, e não contrário como estamos vendo hoje.

Até!

domingo, 23 de julho de 2023

INQUEBRÁVEL

 

Foto: Getty Images

Não dá para ser feliz na F1. E a culpa é de Max Verstappen e da Red Bull. O sábado foi até fantástico. O novo formato de classificação (duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3), aliado a chuva de sexta, trouxe uma imprevisibilidade muito bacana, que culminou com a 104a pole de Sir Lewis Hamilton. Ele comemorou como se fosse a prova e todos nós também, afinal a fera poderia ser combatida no domingo, ou ao menos era essa a expectativa.

Ledo engano. Durou menos de uma curva. Três milésimos mais lento, Max já partiu para a ponta ao largar melhor. A McLaren mostra que não é apenas Silverstone e agora disputa com a Mercedes o posto de segundo carro da vez. Belas manobras de Piastri e Norris e um Hamilton que desperdiçou o sábado em poucos metros no domingo. Acontece até com os heptacampeões, mas muito mais méritos para Woking.

Ao marcar o pit de Hamilton, a McLaren "beneficiou" Norris, que no undercut ultrapassou Piastri para ser o segundo colocado. O australiano teve danos no assoalho, o que explica ter batido na trave novamente e ainda não ter subido no pódio. O mais importante é que a evolução da McLaren é sólida. Dois pódios consecutivos assim são raros de acompanhar na história recente da histórica equipe vencedora.

Ao menos no pódio, Pérez segue devendo nas classificações. Difícil escrever que ele fez a parte dele porque sequer chegou em segundo. Nunca a discrepância ficou tão evidente em uma organização vencedora. Ainda errático, uma sombra sorridente e australiana surgiu para tirar ainda mais a paz do mexicano inseguro. Checo em apuros.

A Ferrari segue estagnada, hoje uma quarta força, tímida. Não consegue transformar as voltas rápidas em stints consistentes. Quem perdeu o protagonismo de vez foi a Aston Martin. Ainda faz parte do processo de se tornar uma equipe grande, mas Alonso quase tomou uma volta de Verstappen. O importante foram os pódios do início da temporada, mas aparentemente o limite do time de Stroll foi atingido.

Ricciardo teve a reestreia na F1 prejudicada pela largada ruim de Zhou, que o atropelou e ainda tirou as Alpine da corrida. Alfa Romeo é outra surpresa do sábado, assim como Hulkenberg é o rei das classificações, mas sofre nos domingos. Mesmo com todos esses problemas, o australiano ainda assim terminou a frente de Tsunoda. Será que a Alpha Tauri é tão ruim assim ou estava faltando braço?

Diferentemente do troféu, culpa de Lando Norris, a Red Bull e Verstappen são inquebráveis. 11 vitórias no ano e 12 consecutivas. O livro dos recordes são os únicos adversários à altura. O quão longa será a dominância dos taurinos?

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!