segunda-feira, 10 de julho de 2023

PICOS E ARMADILHAS

 

Foto: Getty Images

Escrevo isso sentado numa cadeira no meu quarto. No momento, não tenho como estar num avião como Oscar Piastri ou Lando Norris. A conta bancária deles vai muito além de 30 reais e algum sonho.

Uma dupla extremamente talentosa na McLaren. De Norris já sabemos o que esperar, e ele continua mostrando cada vez mais resultado. Não a toa ele fez Daniel Ricciardo ser pago para não trabalhar mais em Woking.

Do outro lado, Oscar Piastri. Uma das estreias com maior pressão na categoria nos últimos tempos. Não pela desconfiança do talento, afinal ninguém vence F3 e F2 de forma consecutiva sem ter o algo a mais, mas sim por chegar na McLaren após uma briga judicial com a Alpine e enfrentar Norris, o dono do time e pupilo de Zak Brown, com um ano inativo, só em simuladores franceses.

Uma nova rota para obter novas coisas. Embora a situação na Alpine fosse terrível e as consequências pudessem ser bem ruins, Piastri recusou a oferta. Manteve a postura e foi para a McLaren para prosperar.

O carro da McLaren não começou bem, igual ano passado. Inexperiente na categoria, é natural que Piastri levasse desvantagem nos treinos, no ritmo de corrida e nas atualizações atrasadas do carro. Ficou evidente que a verdadeira diferença de ambos não estava reproduzida nos pontos, qualyfings ou corridas. Norris ainda não atingiu o auge, é verdade, mas Piastri tem uma margem de crescimento muito maior. Silverstone mostrou isso para ambos.

O final de semana quase propiciou um pódio duplo, o que seria o primeiro do australiano. Um Safety Car e talvez uma estratégia equivocada de pneus não permitiram isso. A questão é: qual é o potencial da McLaren? É possível continuar melhorando o carro a partir das atualizações para mostrar que esse ritmo não foi apenas abençoado pela corrida da casa?

É possível ter essa consistência de se defender de Mercedes com pneus macios e ainda assim dar um certo incômodo no intocável Max Verstappen? Se a McLaren fizer o trabalho dela, os pilotos também vão.

Milhares de segundos e milésimos. Os problemas, perdas e erros são lições aprendidas, como Norris ter perdido a vitória inédita na Rússia por não colocar pneu de chuva. Ele também lida com a própria saúde mental até hoje e está prosperando.

Piastri está no caminho do crescimento. Vai maturando e melhorando o desempenho. No futuro, talvez, possa estar no mesmo nível ou além de Norris, afinal tem credenciais para isso. Vai depender do contexto e do time moldado (ou não) para Lando e os projetos futuros que envolvem a equipe de Zak Brown e outros movimentos de mercado, principalmente para 2026.

Há picos e armadilhas. Desistir não é o caminho, pessoal, diria o autor do ep STILL (Five and a F*** You) em um passado não muito distante.

Até!

FÓRMULA VERSTAPPEN

 

Foto: Getty Images

Tirando Max, até que a F1 está bem interessante, com grandes disputas e alternâncias, menos pelo primeiro lugar. Um universo paralelo.

Começando que, novamente, aquele que deveria fazer alguma frente sequer finge. Outra vez Checo Pérez ficou pelo caminho e conseguiu ser eliminado no Q1 no sábado. Nem mesmo a corrida de recuperação tímida, com o Safety Car, o defende. Só o patrocínio de Carlos Slim e o sucesso estrondoso de Max que colocam essas questões para segundo plano.

A grande novidade do final de semana. Será que o desempenho da McLaren é fruto do acaso do finde ou podemos ver o time de Woking consistente nas próximas semanas? Piastri recebeu as atualizações e também brilhou. O azar do Safety Car tirou o que seria o primeiro pódio do jovem australiano.

Norris é realidade. Só precisa de um carro para fazer o que faz. Assumiu a ponta largando melhor e depois fez o que era possível. No fim, o que poderia ser um erro de conservadorismo da McLaren ao escolher os pneus duros para a parte final se mostrou um acerto graças a garra e qualidade dos pilotos, que resistiram com maestria aos ataques da dupla da Mercedes.

Norris e Piastri, cada vez mais ambientado com a categoria, com o equipamento certo, podem fazer muitas coisas na F1. Depende da McLaren agora transformar isso em algo raro ou recorrente. Como é bom ver o talento prosperando.

A Mercedes segue no mesmo ritmo, mas em corrida ainda está bem. Hoje, teve sorte e competência para ganhar posições no Safety Car e conseguir mais um pódio para Hamilton - o 195° da carreira - azar de Russell, uma tônica no ano. Ainda falta algo a mais para as ex-flechas de prata. O caminho é longo e surgem muitos adversários. Uma hora é Aston, outra McLaren, depois Ferrari... só falta a Alpine chegar.

A Ferrari foi a de sempre: azar e incompetência na estratégia. Tiraram Leclerc e Sainz de bons pontos para ficarem em nono e décimo. Só três. É impressionante a falta de leitura, timing e consequentemente sorte para esses caras. Não tem como não enlouquecer sendo torcedor ou algum membro do cavalinho rampante.

A Aston Martin parou e as adversárias cresceram. Sozinha com Alonso, alguns bons pontos também graças a estratégia e a sorte do Safety Car e só. Talvez uma nova atualização para depois das férias seja necessária para voltar a sonhar com pódios. Muitos já falam em projeto 2024...

Albon é uma realidade. A veloz Williams foi consistente o final de semana inteiro, então não foi surpresa mais pontos para o tailandês nascido e criado na Inglaterra. Quase que ele passa Alonso e ainda deixou as Ferrari para trás. No mínimo, está cavando um retorno para alguma equipe melhor estruturada.

Alpine longe do potencial e a bagunça de sempre, Haas com problemas e as Alf(ph)as jogadas às traças: Tauri e Romeo. 

A Fórmula 1 sem Verstappen seria algo muito bacana. As forças mudam conforme as corridas e as atualizações fazem com que todos consigam brigar, ou ao menos sonhar e surpreender. Menos para vencer, é claro. Aí, Max continua na viagem solitária rumo ao tri campeonato.

Confira a classificação do GP da Inglaterra:


Até!

sexta-feira, 7 de julho de 2023

NINGUÉM

 

Foto: Andrej Isakovic/AFP

E segue a jornada solitária de Max Verstappen rumo ao tricampeonato. Sem adversários, o máximo que o holandês é ameaçado são nos treinos. Aparentemente, a Ferrari vem forte como a segunda força, mas sabemos que na corrida a história é outra.

A Aston Martin parece estar um pouco mais atrás, enquanto a Mercedes é uma incógnita. O velho truque de esconder o jogo na sexta para brilhar no domingo. Ou será que as novas atualizações não estão rendendo o esperado? Mistério...

Quem surpreende, ao menos nos tempos, é a Williams. Claro, sexta-feira e tudo mais, mas o time de Alexander Albon está em ascensão desde o Canadá. Quem sabe o efeito GP 800 da equipe de Grove não seja um impulso importante?

Ademais, até aqui o grande fato do final de semana é que Silverstone está sendo palco também da gravação de cenas de um filme de Fórmula 1 que será estrelado por Brad Pitt e tem a supervisão de Lewis Hamilton.

O personagem de Pitt é um piloto aposentado que volta para a categoria para ser tutor de um jovem talento. Um carro desenvolvido pela Mercedes e Carlin e com dublês está correndo pela pista no final de semana e em outras localidades para desenvolver o filme, sem título e tampouco com data de lançamento definida.

E assim a F1 segue. Quem sabe, com o perdão do clichê, não possamos ter uma corrida de cinema? Ou ao menos uma equipe diferente vencendo?

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!


quinta-feira, 6 de julho de 2023

GP DA INGLATERRA: Programação

 O Grande Prêmio da Inglaterra foi disputado pela primeira vez em 1948. Atualmente é disputado em Silverstone, perto da cidade de mesmo nome, em Northamptonshire. Juntamente com o GP Italiano, são as duas únicas corridas que figuram no calendário de todas as temporadas da Fórmula 1, desde 1950.

Já foi disputado em Aintree (1955, 1957, 1959, 1961 e 1962), Brands Hatch (1964, 1966, 1968, 1970, 1972, 1974, 1976, 1978, 1980, 1982, 1984 e 1986) e Silverstone (1950 até 1954, 1956, 1958, 1960, 1963, 1965, 1967, 1969, 1971 1973, 1975, 1977, 1979, 1981, 1983, 1985, 1987 - presente), que teve seu traçado reformado em 2010.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:27.097 (Red Bull, 2020)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:24.303 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Carlos Sainz Jr (Ferrari)
Maior vencedor: Lewis Hamilton (2008, 2014, 2015, 2016, 2017, 2019, 2020 e 2021) - 8x

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 229 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 148 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 131 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 106 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 82 pontos
6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 72 pontos
7 - George Russell (Mercedes) - 72 pontos
8 - Lance Stroll (Aston Martin) - 44 pontos
9 - Esteban Ocon (Alpine) - 31 pontos
10- Lando Norris (McLaren) - 24 pontos
11- Pierre Gasly (Alpine) - 16 pontos
12- Nico Hulkenberg (Haas) - 9 pontos
13- Alexander Albon (Williams) - 7 pontos
14- Oscar Piastri (McLaren) - 5 pontos
15- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 5 pontos
16- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 4 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos
18- Kevin Magnussen (Haas) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 377 pontos
2 - Mercedes - 178 pontos
3 - Aston Martin Mercedes - 175 pontos
4 - Ferrari - 154 pontos
5 - Alpine Renault - 47 pontos
6 - McLaren Mercedes - 29 pontos
7 - Haas Ferrari - 11 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos
9 - Williams Mercedes - 7 pontos
10- Alpha Tauri RBPT - 2 pontos

JÁ PREOCUPADOS PARA 2026

Foto: Getty Images

Embora a Red Bull esteja no topo da cadeia alimentar da F1 e provavelmente vá manter esse status ao menos até 2025, os taurinos já estão preocupados com 2026, quando o novo regulamento de motores e o novo Pacto de Concórdia (ainda não assinado pelas equipes) entrarão em vigor.

A avaliação é feita a partir dos dados do simulador. De acordo com trecho da reportagem do Grande Prêmio, "de 2026 em diante, as unidades de potência terão a parte elétrica ampliada, na mesma proporção que o motor a combustão interna (ICE). Além disso, serão PUs preparadas para funcionarem com combustível 100% sustentável — uma evolução natural no setor automobilístico frente às questões ambientais". 

O que preocupa Max Verstappen e Christian Horner, no entanto, é o excesso de potência nos novos motores em detrimento da aerodinâmica.

“Talvez seja preciso prestar atenção com urgência antes que seja tarde demais. Analisar a relação entre poder de combustão e energia elétrica para ter certeza de que não estamos criando um Frankenstein técnico que vai exigir que o chassi compense com aerodinâmica móvel para reduzir o arrasto em tal nível que afete a corrida”, disse Horner.

Max Verstappen foi além:

“Também tenho conversado sobre isso com a equipe e vi dados no simulador. Para mim, parece bem terrível. Se você estiver de pé embaixo na reta em Monza, não sei, uns 400, 500m antes do final da reta, terá de reduzir a velocidade porque é mais rápido. Eu não acho que esse é o caminho a seguir. Mas, claro, essa é provavelmente uma das piores pistas.

Para mim, o problema é que parece que vai ser uma competição de motores a combustão, então quem tiver o motor mais forte terá grandes benefícios. Essa não deveria ser a intenção da Fórmula 1, pois aí vai começar uma guerra massiva de desenvolvimento de novo e será muito caro encontrar alguns cavalos de potência aqui e ali.

Além disso, os carros provavelmente terão muito menos arrasto, então será ainda mais difícil ultrapassar na reta. Você tem a aerodinâmica ativa, que não pode controlar, e o sistema vai controlar isso para você — o que acho que vai atrapalhar muito a pilotagem, pois prefiro controlar sozinho.

Além disso, o peso do carro está aumentando novamente. Então, sim, temos de olhar seriamente para isso, porque 2026 não está tão longe. No momento, para mim, parece bem ruim com os números que já noto pelos dados. Portanto, não é algo que me deixe muito animado no momento”, afirmou.

Bom, pode ser algum elemento de pressão diante de algumas tentativas, ainda embrionárias, que supostamente não deram certo para o lado da Red Bull, mas aí é muita especulação e ainda falta muito tempo para isso. O que eu gostaria de destacar, no entanto, é os caras já estarem tão focados no médio longo-prazo. Tudo para não perder uma hegemonia que foi reconquistada depois de muitos anos de erros e acertos. Interessante.

LONGE DOS 100%

Foto: Getty Images

A fase não é boa para Sérgio Pérez, dentro e fora das pistas. As eliminações recorrentes no Q2 nas últimas corridas deixam o piloto e a equipe em alerta para o futuro. Embora tenha contrato até 2024, há a sombra de Daniel Ricciardo caso Checo não se recupere imediatamente.

Na Áustria, no caso, parece que uma coisa levou a outra. O mexicano declarou não estar se sentindo bem clinicamente e está preocupado com isso, pois acredita que não vai se recuperar a tempo para o GP da Inglaterra.

Checo foi liberado das atividades de imprensa da quinta-feira passada (29), com mal-estar. Os problemas físicos, clínicos e a pressão deixam Pérez numa situação de muito sacrifício e desgaste.

“Tem sido um fim de semana muito difícil para mim pessoalmente, fisicamente. Tenho estado muito, muito fraco. Eu estava doente na quinta-feira. Portanto, não foi um fim de semana fácil. Não dormia direito durante o fim de semana.

É um esporte muito exigente, dentro e fora do carro. Tenho estado muito doente e, por isso, espero poder recuperar dentro de alguns dias, porque Silverstone é outra corrida muito dura, muito exigente. Realmente preciso de tempo. Estou muito longe de 100% no momento", afirmou.

Se 100% e no ápice físico, técnico e clínico já é difícil suportar as responsabilidades da Red Bull, imagina debilitado e pressionado. Ao que parece, o calvário de Checo não vai terminar tão cedo, a não ser que surja um ato de heroísmo em Silverstone. Ou que os remédios e repouso façam feito. Melhoras, Checo.

TRANSMISSÃO:
07/07 - Treino Livre 1: 8h30 (Band Sports)
07/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
08/07 - Treino Livre 3: 7h30 (Band Sports)
08/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
09/07 - Corrida: 11h (Band)




terça-feira, 4 de julho de 2023

TUDO DEPENDE DA REFERÊNCIA

 

Foto: Getty Images

A discussão mais quente do momento envolve a queda repentina de desempenho de Sérgio Pérez. Outrora a menos de quatro pontos atrás de Max Verstappen no campeonato, alguns inocentes acreditaram que o mexicano brigaria pelo título de igual para igual com o futuro tricampeão.

Vocês sabem, aqui está o maior fã do Checo que se tem notícia, desde quando vi aquele capacete em homenagem a Roberto Gomes Bolaños em Mônaco, mais de uma década atrás (como voa o tempo!). Não sei Checo também acreditou nisso, mas não pode ser coincidência simplesmente não conseguir mais fazer o mínimo.

Claro, os ajustes da equipe durante o ano vão naturalmente beneficiar o melhor piloto e o dono do projeto. Só aí uma diferença de performance seria natural. A outra é a confiança. Depois de tantos insucessos e desempenhos aquém, principalmente sendo eliminado no Q2 com o melhor carro, é natural que o piloto comece a duvidar de si mesmo.

Com um adversário implacável, vindo de uma rixa pública e que praticamente não erra mais, tudo fica mais complicado. Porque, como escrevi ontem, não basta apenas perder. Nos últimos tempos, Pérez tem sido trucidado, tal qual era Gasly e Albon, que foram moídos e torrados da Red Bull pelo mesmo motivo.

O implacável Helmut Marko e até mesmo Christian Horner não ficam confortáveis com isso. Agora, há uma sombra de peso, grife e história dentro da organização: o hoje reserva Daniel Ricciardo. Em breve, vai testar os pneus Pirelli pela equipe, na semana que vem, após o GP da Inglaterra. Se o panorama do mexicano não melhorar e o australiano provar que é um cara diferente dos anos da McLaren, pode acontecer de tudo, mesmo que Pérez tenha mais um ano de contrato.

As discussões sobre os segundões prosseguem. Muitos afirmam, provavelmente com razão (até porque não me expandi muito a respeito), que Pérez é inferior a outros escudeiros históricos, talvez apenas superior a Fisichella e Irvine. Talvez. A discussão, na verdade, depende da referência.

Eu enxergo o caminho inverso. Pérez sempre foi um piloto de muito potencial e irregular, vítima da própria personalidade forte e dos carros que guiou. Mesmo assim, conseguiu o que outros caras mais badalados do grid e seus colegas não fizeram. Venceu com uma equipe indo para a falência, embora tenha evitado o fim na primeira vez. Assim, só de chegar na Red Bull e vencer mais algumas vezes por um carro dominante já é uma carreira extraordinária.

Para outros, mais haters ou até mesmo inocentes, repetindo o termo do primeiro parágrafo, frustrados por alguma disputa, emoção ou alguém que possa peitar Verstappen nesse momento, não ser vice campeão com esse foguete é um fracasso. Não deixa de ser verdade, afinal Webber não conseguiu isso em nenhum momento na outra Red Bull dominante. Até Bottas, veja, conseguiu isso na mesma circunstância, onde só corria contra Hamilton.

Bem, nesse caso, então não há como defender Pérez, mas esses estão querendo demais de alguém que em nenhum momento teve condições de entregar o esperado. O máximo que aconteceu foi sonhar, e isso não tem problema e nem custa nada.

Tudo depende da referência.

Até!

segunda-feira, 3 de julho de 2023

NOVOS TEMPOS, NOVOS PARÂMETROS

 

Foto: Getty Images

É praticamente impossível comparar esporte tão longevo sob o mesmo critério. Os tempos mudam, as circunstâncias e contextos também, assim como a tecnologia.

Na F1, não dá para comparar os anos 1980 com os anos 1950 e 1960, assim como não são comparáveis os anos 1990 com os atuais. Tudo é subjetivo, a tecnologia muda, os regulamentos também, então depende muito do critério, de puxar a sardinha para cada brasa e também a dose de saudosismo. O meu tempo é sempre melhor que os dos outros, e por aí vai.

Os números absolutos também são relativos. Por exemplo, antigamente eram poucas corridas (quando o calendário teve 16, passou a ser muito!). Com um equilíbrio maior entre os carros e mais quebras em virtude do menor desenvolvimento tecnológico, era muito raro empilhar tantas vitórias no ano ou em campeonatos consecutivos.

As coisas começaram a mudar justamente no final dos anos 1980, quando as hegemonias começaram a ganhar força. Você sabe: McLaren Honda, depois a Williams, Ferrari de Schumacher, Red Bull de Vettel, Mercedes de Hamilton e agora a Red Bull de Verstappen.

Todo esse contexto explica porque, tão jovem, Verstappen já está entre os cinco maiores vencedores da história da categoria e provavelmente será top 3 em menos de um ano. Com 26 anos. Uma loucura. Os motivos, além do talento excepcional, são: precocidade (pilotos estreiam cada vez mais jovens; o próprio Max entrou na categoria sendo um menor de idade), maior tempo de hegemonia e mais corridas para ganhar numa mesma temporada quando tiver um carro dominante ou muito bom.

Os grandes da história se valeram de todos esses aspectos. Só ver a lista, os números e as hegemonias. A diferença é que uns tiveram mais tempo no topo do que outros.

Listas são relativas. Números são números. Eles não falam tudo. É por isso que existem as discussões sobre quem é o melhor piloto da história, se é Senna, Schumacher, Fangio, Clark, Hill ou Jackie Stewart. Como comparar eras diferentes? É possível?

A discussão não é essa, e sim que as pessoas não devem se impressionar ou achar um absurdo quando pilotos alcançam marcas tão impressionantes ainda tão jovens. É a F1. Os novos e atuais tempos. Um esporte cada vez mais precoce e para jovens. No entanto, engana-se que é qualquer um que pode acrescentar tais estatísticas. A lista mostra por si só. A história também.

Até!

domingo, 2 de julho de 2023

NÃO BASTA VENCER

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Não tem muito o que falar sobre o final de semana da Áustria. Um domínio absoluto de Max Verstappen, na casa da Red Bull. Perfeito. Dos sonhos. Se Pérez fosse mais consistente, o 1-2 tornaria tudo basicamente 100%. Como Pérez é irregular, apesar de largar em 15°, o carro é tão superior aos demais que ainda assim conseguiu o pódio.

A Ferrari teve o melhor desempenho no ano. Não se atrapalharam, embora Sainz estivesse mais rápido que Leclerc no início. Os papéis até se inverteram. Sainz merecia sorte melhor, foi prejudicado, perdeu ritmo e ficou para trás. Leclerc, mais comedido e até burocrático, voltou ao pódio. Precisa ser menos errático e cumpriu o papel que lhe cabe.

De resto, vimos um colossal Lando Norris tirando muito mais que a McLaren pode extrair. Quer dizer, aí pode existir um caminho, pois o inglês guiou o carro atualizado, enquanto Piastri ainda estava com o antigo. Ainda assim, ser o quarto com essa McLaren mostra o talento e a qualidade do inglês.

Mercedes abaixo do ritmo, assim como Aston Martin. Corridas burocráticas. Um raro Toto Wolff precisando falar de forma mais brusca com Hamilton. O heptacampeão não aguenta mais não conseguir lutar como sempre fez em toda a carreira. Ninguém se acostuma a apenas somar pontos. A Áustria foi um choque de realidade até para o novo W14, embalado pelos pódios anteriores.

Alonso foi o quinto, em corrida correta e nada mais. Para quem ainda sonha em vencer, existem alguns circuitos que a característica do carro não encaixa, como por exemplo esses mais velozes.

Brigas encarniçadas do pelotão pra trás, mas alguns pontos óbvios: Albon está pronto para voltar para a Alpha Tauri e De Vries está de aviso prévio na equipe. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, necessariamente, mas é a realidade que grita nos ouvidos.

Como escrevi sexta-feira, essa palhaçada de limites de pista precisa acabar. É ridículo. Coloca brita e deu. Os comissários analisaram 1.200 voltas "sob investigação". A cada quatro voltas "irregulares", o piloto foi punido com mais 5 segundos no tempo final. O resultado: horas depois da corrida, o resultado final não existia e algumas posições da zona de pontuação foram alteradas. Ocon, por exemplo, levou 30 segundos. 

A F1 passa vergonha a cada corrida por critérios (e a falta deles) descabíveis, como por exemplo colocar Safety Car na pista porque um piloto deu uma escapada na primeira volta. Eu nunca tinha visto isso. Daqui a pouco vai ter bandeira vermelha quando um pássaro cagar na pista.

Para Max Verstappen, não basta vencer. É preciso humilhar e trucidar a concorrência. 81 pontos de vantagem no campeonato, domínio absoluto, vantagem gigante. Tudo perfeito? Não, para Max não basta. Ele queria fazer a volta mais rápida, podia fazer o pit stop e tentar (outra regra ridícula essa de ponto para volta mais rápida; confesso que torci por algum problema para o taurino). E tirou o que seria a melhor volta de Pérez.

Por isso Max Verstappen já é top 5 vencedores da história com apenas 25 anos. E vai chegar em Hamilton e Schumacher rapidinho, num piscar de olhos. O motivo é simples: não está nem no auge e a Red Bull, mantendo essa competência, vai fazer um carro capaz de Max vencer no mínimo em média umas 6 ou 7 corridas por temporada, mesmo se os taurinos não forem o melhor carro ou tiverem ampla concorrência.

Não basta vencer. Max esmaga e humilha os adversários, como se jogasse no fácil no modo carreira.

Confira a classificação final do GP da Áustria: