terça-feira, 22 de novembro de 2022

A ESPADA

 

Foto: Getty Images

O sobrenome, a influência, o dinheiro. Por incrível que pareça, existem malefícios e grandes responsabilidades quando alguém com essas características se aventura em qualquer área.

Não é uma romantização de nada, até porque chegar lá já é extremamente difícil. Muitos certamente não mereciam uma chance se não tivessem essa série de vantagens, mas que culpa eles têm? São raros os casos onde a competência caminha lado a lado.

Um exemplo na F1 são os Hill e os Rosberg. É evidente que os filhos tiveram um pouco mais de facilidade para chegar na categoria, mesmo Damon, que estreou na F1 com mais de trinta. A partir de uma série de obstáculos que são pulados, o resto depende do dito talento de quem foi alçado a aquela posição.

Tem aqueles que são melhores que o sobrenome. Ele ajuda? Claro, mas o tempo mostra que o talento é muito maior. Max Verstappen é o grande expoente disso. Não precisa escrever mais nada.

Do outro lado, temos Mick Betsch. Sobrenome da mãe para não atrair burburinho. Só depois Schumacher. Títulos na F4 e na F2, com arrancada sensacional, e Mick parou na F1 e na Ferrari. Conquistou com mérito? Sim. Teve vantagens financeiras e de influência pelo sobrenome? Também.

A Haas. O primeiro ano não era para mostrar muito. O combo era cruel: novato e carro péssimo. Mick fez o básico: atropelou o fraco Mazepin. A expectativa para o segundo ano seria um salto de qualidade, uma progressão.

Vem a guerra e Mazepin sai de cena. Volta o experiente Magnussen. Evolução na dificuldade. O dinamarquês, mesmo um ano enferrujado, é páreo duro. Mick precisa dar uma resposta melhor. E ela não veio. Magnussen o bateu com facilidade, seja em pontos, regularidade e menos prejuízos a um time frágil financeiramente.

Mick bateu muito. Pressionado pelo companheiro e por nunca pontuar? Talvez. Pressionado pelo sobrenome? Sim. Usufruiu de tudo na carreira também graças ao sobrenome? Também.

Gunther teria mais paciência com Mick se ele não fosse Schumacher? Não sei. Mick chegaria na Haas se não fosse pela Ferrari e pelo sobrenome? Não sei, talvez não.

O que quero escrever é Mick deveu nessa segunda temporada. O desempenho de Magnussen o deixou exposto, isso é inegável. No entanto, duas temporadas não são o suficientes para fazer um julgamento definitivo do piloto. Tsunoda, outro novato, também enfrenta dificuldades. Zhou, estreante, idem. É normal.

As questões são urgentes. A Haas precisa de dinheiro e segurança. Mick não oferece, hoje, essas situações. Mesmo com o sobrenome ou apesar dele, o caminho foi o rompimento. Honestamente falando, acredito que o alemão mereceria uma terceira temporada na equipe americana. A definitiva. Sem desculpas.

Vandoorne merecia ficar na F1. Wehrlein merecia ficar na F1. Nasr não merecia sair da categoria daquele jeito. Entendem? Citei outros tantos talentosos e que não têm o peso de Schumacher e a vida continuou. A do alemão também vai. Ele é jovem e não me surpreenderia se retornasse ao grid. Vai que tenha mais equipes ou alguma oportunidade de ocasião...

O que quero escrever é o seguinte: o sobrenome também é uma forma de viver e morrer pela espada na F1. Em um dia você se aproveita, no outro é “vítima” do próprio entorno que você não escolheu ter, mas certamente não quis abrir mão para continuar crescendo na carreira.

Até!

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O BONDE PASSOU, MAS...

Foto: Getty Images

A vida é mesmo imprevisível, então porque a F1 não seria? Em 2022, tivemos o surpreendente retorno de Kevin Magnussen para a categoria, agora marcado por uma pole de uma corrida classificatória em Interlagos. O dinamarquês já está na história.

Para 2023, teremos novas e inéditas histórias. Algumas serão continuações que não pedimos, mas a vida é assim. Uma delas é o retorno de Nico Hulkenberg para o grid, confirmado na quinta-feira.

Escrevi, em 2019, quando Hulk saiu da Renault e da categoria, que o bonde havia passado. O alemão era um piloto promissor e que sempre andou mais que o equipamento. As circunstâncias não o ajudaram e ficou no alemão esse estigma, esse sentimento. A passagem dele pela equipe francesa, derrotado por Ricciardo, diminuiu um pouco aquela impressão.

O que é a vida, né? Quatro anos depois, Hulk volta para a categoria e as cortinas podem estar definitivamente fechadas para o sorridente australiano. Hulk sempre quis um lugar competitivo e só conseguiu um time de fábrica no final. Os franceses ainda não estavam prontos (e ainda não estão).

O que mudou? Basicamente, é isso ou nada para o alemão, que não se arriscou em outras categorias e sempre permaneceu no radar da F1. Pela experiência e regularidade, Hulk foi o ficha um diante das enfermidades de covid. Substituiu Pérez em 2020 e Vettel nesse ano ainda, na Racing Point e hoje Aston Martin.

O nome dele sempre foi ventilado e, no papel, Hulk aceita voltar para a categoria na pior equipe que ele pode trabalhar em toda a carreira. Ele conseguiu quase fazer chover naquela Sauber de 2013 e a pole em Interlagos 2010, a Haas só podia dar ao alemão algumas chances de pontos.

E é isso que Gunther busca. Magnussen aproveitou as oportunidades. Mick não. É preciso regularidade e não gastar os poucos recursos do time para consertar o carro em batidas, tal qual o compatriota teve nesse ano.

Magnussen e Hulkenberg vai ser uma dupla curiosa. Eles se odeiam. Quero ver como vai ser a condução disso tudo pelo Gunther Steiner.

Muita gente argumenta que a Haas deveria ter apostado em algum jovem (aka o campeão da F2), mas Steiner vai para o extremo oposto: se antes ele queria o dinheiro de Mazepin e podia desenvolver Mick, a ausência do dinheiro russo apressou os processos. Magnussen traz essa segurança financeira e de rendimento, assim como Hulkenberg também pode oferecer.

Sei lá, acho que ninguém está errado. A questão é que não há ninguém no grid pronto para tal tarefa, principalmente num time tão limitado financeiramente. Com o desenvolvimento do novo regulamento, pode ser que a dupla experiente seja um capítulo mais seguro para o time de Gene Haas. Só saberemos na pista.

Igual aquele filme ou série que teve a continuação que não pediu, vamos ter um novo capítulo de Hulk na F1, o injustiçado, o melhor piloto que nunca pegou um pódio na história. Quem sabe o destino não está guardando algo para ele, tal qual fez com Baltazar e surpreendeu K-Mag em São Paulo?

O bonde passou, mas voltou. Hulk está a bordo.

Até.

 

domingo, 20 de novembro de 2022

1, 2, 3

 

Foto: Karim Sahib/AFP

O chatíssimo GP de Abu Dhabi só proporciona alguma relevância quando acontece uma disputa de título. Em mais de dez anos de corrida, isso só aconteceu quatro vezes. Quando não tem, vira uma corrida amistosa, marcada por incidentes e significados externos.

Hoje começo pelo principal. Quer dizer, a corrida em Abu Dhabi, num circuito horrível mesmo com algumas alterações, é uma chatice deprimente, onde todos nós só suportamos porque é a última do ano e tinha a abertura da Copa mais tarde.

Verstappen venceu de ponta a ponta. 15 vitórias no ano, um recorde absoluto que, no mínimo, vai demorar a ser batido. Na disputa do vice-campeonato, uma raridade: a Ferrari acertou na estratégia e a Red Bull não. Os taurinos fizeram Pérez parar duas vezes e esse foi o motivo do mexicano chegar em terceiro. Leclerc, contra a Ferrari e contra todos, foi o segundo na corrida e também no campeonato. Assim como no ano passado, o pódio da última corrida reflete o que foi a temporada.

Não tem muito o que escrever dentro da pista. Não houve grandes emoções. Sainz deu um chega pra lá em Hamilton na primeira volta, onde entendi ser um incidente de corrida. Não havia espaço para o Sir fazer muita coisa, mas a FIA entendeu que ele tirou vantagem da situação e deveria dar a posição para o espanhol, rapidamente recuperada voltas depois.

Hamilton e Abu Dhabi ultimamente não tem sido amigáveis. Com perda de potência, o inglês encerrou a temporada com um raro abandono. Não foi raro, mas Alonso abandonou também. Os dois poderiam ter feito zerinhos depois da corrida junto com Vettel, o protagonista do domingo. Graças ao abandono de Hamilton, Sainz foi o quinto colocado no campeonato e Lewis, pela primeira vez desde 2007, sai zerado em poles e vitórias no ano. Estranho, considerando que ele está na Mercedes. Acontece nas melhores equipes e com os melhores pilotos também.

Graças a isso que Sainz terminou em quinto no campeonato e em quarto na corrida. Antes dele no campeonato e depoi em Abu Dhabi, o sempre consistente Russell, que bate um heptacampeão no ano de estreia. Inapelável. Norris e Ocon foram o melhor do resto, assim como Stroll conseguiu bons pontos.

A corrida teve outras despedidas, menores é claro, além de Vettel. Ricciardo não sabe se volta e foi o nono. Mick Schumacher e Latifi fizeram o que pode se resumir de ambos: barbeiragem e punição ao alemão, que pode ser reserva da Mercedes. O canadense vai seguir caminho em outra categoria.

Sebastian Vettel. 122 pódios, 53 vitórias e quatro títulos. Os números são impressionantes e, claro, discutíveis, mas não é sobre isso. Escreverei mais sobre durante a semana. O fato de rivais como Hamilton organizar um jantar e o eterno adversário Alonso correr com um capacete em homenagem ao alemão mostra a importância de Seb para grid, não só como piloto mas principalmente pelo que passou a representar fora dele nos últimos anos, encorajando pelas iniciativas de Hamilton.

Seb merecia terminar bem a carreira. Dentro do possível, o bem era pontuar, e isso foi bem sucedido, mesmo com uma estratégia equivocada. A última disputa com Ricciardo finalizou uma carreira de excelência. Ainda não temos noção da importância e do furacão Sebastian Vettel na F1. Talvez nem ele tenha se dado conta também.

Os deuses ainda nos proporcionaram uma última disputa entre ele e Alonso na pista e o alemão, como quase sempre, se deu melhor e foi a grande pedra no sapato da Fênix, responsável por três vices do espanhol. Vettel é um gigante, muito pelo valor e as qualidades humanas que tem, assim como as qualidades técnicas que apresentou em quinze anos no grid. Não é sempre que um tetracampeão se despede do grid e, por ser conterrâneo, talvez tenha sido o motivo de Hamilton e Alonso se sensibilizarem.

Tal qual Djokovic e Nadal chorando pela aposentadoria de Federer, Alonso e Hamilton carregam o fardo de serem os mais experientes e sem mais contemporâneos além deles mesmo. O tempo está acabando e passa para todos nós, o que é muito triste.

Não vou encerrar isso com essa sensação ruim. Pelo contrário. É um alívio terminar a temporada. Ano que vem será pior. A mais longa e cansativa da história. Vou precisar descansar bastante, ainda que precise produzir alguns materiais por aqui antes de só querer saber sobre corridas lá em fevereiro do ano que vem. Missão cumprida.

1,2,3 chega ao fim a temporada 2022, com a ordem estabelecida no pódio. Campeonato inapelável que mostra, na ordem, quem mais venceu no ano. Tomara que as coisas sejam mais emocionantes, de forma natural, em 2023.

Confira a classificação final do GP de Abu Dhabi:


Até!

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

É ASSIM

 

Foto: Getty Images

O bebê que nasce ao mesmo que um homem morre. O início e o fim. Enquanto a vida avança e precisamos tentar explicar o que tentamos entender e definir o que nos marca.

A F1 em Abu Dhabi não é muito diferente do início de "Nas Is Like", do Nas, um dos melhores raps da história.

A corrida final tem os primeiros encontros e as despedidas, traduzidas nos capacetes e cerimônias. O caso mais marcante é obviamente o de Sebastian Vettel. 

De forma rara e surpreendente, todos os 20 pilotos se reuniram num jantar na quinta feira para celebrar a carreira do tetracampeão, que faz a corrida derradeira nesse final de semana. Claro que há outras despedidas, como de Latifi, Ricciardo e também de Mick Schumacher. Sobre o filho de Schummi, escreverei na semana que vem, assim sobre o super trunfo Hulkenberg.

A coisa é tão inacreditável que talvez eu pudesse abrir outro post para falar sobre a surpreendente, bonita e sensível homenagem de Alonso para o grande rival, algo inimaginável há dez anos, quando os dois, no limite, disputaram o tricampeonato aqui no Brasil. A Fênix, que substitui o alemão na Aston Martin, vai correr com um capacete semelhante ao de Seb.

Só vou escrever o seguinte: para Alonso, os contemporâneos já foram. Só sobrou ele e Hamilton. Então, quando um rival se aposenta, é uma parte dele que vai embora junto. Tipo quando Federer saiu de cena e levou Djokovic e Nadal as lágrimas. Eles sabem que o momento deles também está próximo, assim como Don Alonso, que já foi e voltou. 

Mick, o protegido, também faz parte das homenagens. E assim a vida segue. 

Como o pessoal do Sexto Round gosta de falar, a F1, embora não tão rápida, também tem o processo de renovação, talvez com uma despedida mais humanizada. Os velhos são escadas para os novatos.

Abu Dhabi, que também recebe o teste dos novatos pós-temporada, teve diversos novos rostos no primeiro treino livre. Vamos lá: desde os brasileiros Felipe Drugovich e Pietro Fittipaldi (pela primeira vez desde 2016 que temos dois brasileiros numa mesma sessão), passando por Liam Lawson, Logan Sargeant (futuro titular da Williams), Robert Shwartzman, Pato O'Ward, Jack Doohan e não jovem Robert Kubica. 

A Mercedes foi a mais rápida com uma dobradinha. Hamilton na frente. Isso significa e não significa muita coisa ao mesmo tempo. É um indicativo da força dos alemães, mas Verstappen entrou no carro no TL2 e já reestabeleceu a ordem. Para a corrida é isso mesmo. Aos poucos, o retorno de 2021: Verstappen, sozinho, contra as Mercedes, embora a Red Bull tenha colocado panos quentes para que Max ajude no que for possível o vice-campeonato de Checo Pérez.

Abu Dhabi, tirando o ano passado, é isso aí: despedidas, encontros e desencontros. Uma corrida que tem mais cara de pelada de fim de ano do que algo tão competitivo assim, principalmente porque, nesse ano, está todo mundo pensando na Copa que vai começar ali perto, um pouco mais tarde.

A F1 é assim.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

GP DE ABU DHABI: Programação

 O Grande Prêmio de Abu Dhabi acontece sobre o crepúsculo. Inicia-se de dia e encerra-se à noite. Mistura um traçado de rua com retas longas e curvas "em cotovelo", típicas do arquiteto da F1, Hermann Tilke. Foi disputado pela primeira vez em 2009 e vencido por Sebastian Vettel.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:26.103 (Red Bull, 2021)

Pole Position: Max Verstappen - 1:22.109 (Red Bull, 2021)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2011, 2014, 2016, 2018 e 2019) - 5x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 429 pontos (CAMPEÃO)

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 290 pontos 

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 290 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 265 pontos

5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 240 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 234 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 86 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 81 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 49 pontos

11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos

12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos

13- Kevin Magnussen (Haas) - 25 pontos

14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos

15- Lance Stroll (Aston Martin) - 14 pontos

16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos

19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos

21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 719 pontos (CAMPEÃ)

2 - Ferrari - 524 pontos

3 - Mercedes - 505 pontos

4 - Alpine Renault - 167 pontos

5 - McLaren Mercedes - 148 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 55 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 50 pontos

8 - Haas Ferrari - 37 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos

10- Williams Mercedes - 8 pontos


AVISO PRÉVIO

Foto: Getty Images

É assim que entende o jornal francês AutoHebdo sobre a ausência do chefão Mattia Binotto nas últimas etapas. Segundo a publicação, a Ferrari e Binotto estão costurando um acordo de demissão do profissional após um 2022 turbulento e muito abaixo do que se imaginava.

As decisões equivocadas nas pistas e a série de erros nas estratégias dos pilotos, além da relação um tanto quanto tensa com eles, sobretudo Leclerc, são alguns motivos para o desligamento de Binotto, chefão desde 2019 e na equipe desde 1995.

Alguns nomes circulam internamente, mas o desejo é por um profissional experiente. Frederic Vasseur, da Alfa Romeo, que teve parceria com a Ferrari, é um dos favoritos. Andreas Seidl, da McLaren, é outro, assim como não está descartado subir Laurent Mekies, atual diretor esportivo. Vale lembrar que Binotto era chefe de motores e foi alçado a líder pelo então presidente Sérgio Marchionne para substituir Maurizio Arrivabene.

Binotto como chefe de equipe foi um desastre, seja nos erros, nas estratégias e na incapacidade de definir prioridades e no controle dos pilotos. Leclerc já teve problemas com Vettel e algumas rusgas com Sainz, embora o problema maior seja o relacionamento com chefão, que inexplicavelmente preteriu o talentoso monegasco em prol do esforçado espanhol, mas sabidamente inferior a Charles. A Ferrari entrega menos do que pode e precisa de uma repaginada para voltar ao topo.

A história mostra que isso só será possível se a equipe se organizar em nomes que não sejam italianos. Nos últimos 30 anos, as coisas só funcionaram quando tudo foi centralizado por Jean Todt, Ross Brawn, Rory Bryne, entre outros.

NOVO RUMO

Foto: Reprodução/Instagaram

Depois da oficialização de Nico Hulkenberg na Haas no lugar de Mick Schumacher, o alemão precisa procurar outros caminhos para 2023, onde não será titular na F1.

Um dos caminhos pode ser numa certa equipe alemã. A Mercedes perdeu Nyck De Vries (Williams) e Stoffel Vandoorne (agora reserva da Aston Martin) como pilotos reservas e precisa de reposição.

Mick Schumacher pode ser justamente esse candidato, até porque, como o chefão Toto Wolff diz, "Schumacher sempre vai fazer parte da família Mercedes", uma óbvia referência ao passado de Michael com os alemães, desde os anos 1990.

“Não é segredo para ninguém: não escondo o fato de que a família Schumacher pertence a Mercedes. Gostamos muito de Mick”, disse.

Parece lógico. Um prêmio de consolação, mas que não diz muita coisa. Certamente Mick não teria grandes aspirações ou possibilidades de ascender para o time alemão, no máximo ser repassado para algum cliente dos alemães.

Confesso que fico triste com o iminente fim da jornada do filho do homem na categoria. O peso do sobrenome ajudou a criar a má vontade que alguns erros e inconsistências do alemão foram evidenciados no processo. Uma pena. Faz parte da vida.

TRANSMISSÃO:
18/11 - Treino Livre 1: 7h (Band Sports)
18/11 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)
19/11 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
19/11 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
20/11 - Corrida: 10h (Band)





quarta-feira, 16 de novembro de 2022

FUTURO ANIMADOR

 

Foto: Reprodução/Instagram

Diante de tantos acontecimentos e holofotes que sempre são diferentes na semana da corrida em Interlagos, talvez uma delas, muito importante, tenha ficado fora do radar.

Logo no sábado, Enzo Fittipaldi anunciou que agora é um piloto da academia da Red Bull. Uma notícia excelente para quem tinha saído da Ferrari há algum tempo.

O timing é o melhor possível por vários motivos. O primeiro é que a Red Bull sempre utiliza mais os pilotos que formam. O segundo é que a concorrência ajuda. Dennis Hauger, os japoneses e Daruvala não convenceram na F2 e não tem os pontos necessários para a superlicença. Juri Vips está fora.

Sim, por mais que tenham vários “candidatos”, ninguém ali seduziu Helmut Marko a ser promovido, tanto que os taurinos optaram por contratar Nyck De Vries para substituir Pierre Gasly. E reforçar a academia com Fittipaldi é muito interessante pelos outros aspectos óbvios.

O sobrenome do bicampeão mundial, o sempre mercado brasileiro aquecido e ávido por um novo piloto na categoria e os patrocínios que chegam justamente desse pacote.

Enzo não é somente um sobrenome. Claro que isso o ajudou a atalhar em muitas situações, mas o timing da contratação também é excelente porque o brasileiro foi o melhor novato da temporada, na modesta Charouz. Isso chama a atenção.

Agora, com uma academia por trás e mais ambientado a F2, Enzo provavelmente vai dar um pequeno salto. Dizem que o brasileiro vai correr pela Carlin em 2023, outro time tradicional nas categorias de base do automobilismo. Felipe Nasr esteve por lá antes de ser o último brasileiro a subir para a F1.

Portanto, as expectativas são muito positivas. Enzo mostrou muita qualidade e potencial no primeiro ano na F2. Ano que vem tem tudo para ser melhor, ainda mais se considerarmos que a Alpha Tauri tem Tsunoda, que ainda não impressionou, e De Vries, que não é de lá.

Isso, somado aos concorrentes que aparentemente não são tão talentosos assim, nos permitem sonhar que, nesse instante, Enzo Fittipaldi é a grande esperança brasileira para termos novamente um piloto no grid titular da F1, quem sabe em dois ou três anos.

Agora, só depende de Enzo.

Até!


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

MULTI 21 2022

 

Foto: Getty Images

Quem poderia imaginar que uma equipe bicampeã de pilotos, campeã de construtores e com recordes quebrados na temporada poderia terminar o ano em crise e cheia de dúvidas para o ano que vem?

A Red Bull consegue essa proeza. Desde a punição por violar o teto orçamentário e utilizar menos o túnel de vento até o fato novo, ao menos público, do que aconteceu em Interlagos.

Max Verstappen não quis fazer jogo de equipe para ajudar Sérgio Pérez a ser vice-campeão mundial. Até aí tudo “normal”, se tratando de Max. A questão foi o pós-corrida.

O holandês deixou claro que não ia fazer isso e não ia mais tocar no assunto. Foi bem assertivo. Pérez foi mais surpreendente: disse que agora sabe quem ele é e basicamente o chamou de ingrato porque, segundo o mexicano, Max só é bi “graças a ele”.

Declarações muito fortes. O vestiário rachou e só sabemos disso agora. Segundo a imprensa e informações que vazaram depois, o noivado acabou de vez quando Pérez teria falado para Horner e Marko que bateu de propósito no Q3 de Mônaco, o que o beneficiaria para largar na frente de Max. O holandês se sentiu traído e basicamente deu o troco em Interlagos.

Bom, Max basicamente foi egoísta e passou por cima das ordens da equipe, o que é um absurdo. O negócio foi tão constrangedor que até Christian Horner e Helmut Marko pediram desculpas para o mexicano. A questão é: e agora?

Não existe certo e errado na narrativa ou alguma punição além disso. A Red Bull foi feita para servir Max Verstappen. Esse era o projeto desde quando o holandês nem adulto era. Todo mundo que poderia fazer frente saiu do caminho, como Carlos Sainz e Daniel Ricciardo, por exemplo.

Max sempre teve as vontades atendidas por ser simplesmente um dos melhores pilotos da história. Apenas isso compensa os desvios de comportamento e outras crises herdadas do pai, Jos, tão difícil quanto, mas obviamente nem próximo do talento do filho.

O resultado é basicamente esse: a Red Bull é refém de um piloto e a culpa é da própria organização. Não interessa se Max vai passar por cima dos superiores e da hierarquia. Ele pode fazer o que quiser. Do contrário, uma Mercedes pós-Hamilton ou a Ferrari estão de braços abertos esperando.

O holandês não tem nenhum pudor em ser o “vilão” ou o “anti-herói” da F1, tal qual foi Alonso antigamente. A diferença é que o espanhol é mais carismático e o holandês não vai cometer os erros de julgamento de Fernando. Portanto, alguém mais odiável, porque Max vai seguir protagonista da F1 por muito tempo, a não ser que a Red Bull erre a mão. Aí, como já escrevi, equipes interessadas não faltariam.

E Pérez? Vai ser desrespeitado assim passivamente? Sim e não. Sim porque não há o que fazer. Quando assinou o contrato para continuar na categoria, todo mundo sabia que seria assim. Não tem o que fazer. O contrato foi renovado até 2024, mas certamente os taurinos não teriam nenhum constrangimento em retirá-lo antes disso.

Até por isso, talvez, Daniel Ricciardo volte para casa como piloto reserva. A carreira do australiano acabou, mas imagina ser segundão de Verstappen a essa altura do campeonato? Seria a repetição do próprio Checo quando o mexicano se viu sem vaga após Vettel ir para a Aston Martin.

E o quê Checo pode fazer? Desobediência? Pode, até porque o mexicano atingiu um teto que jamais poderia imaginar em 2020: está numa equipe de ponta, venceu algumas vezes, teve pódios e pole. É uma carreira de sucesso para alguém que estava fadado ao esquecimento por outros fatores.

O mexicano sairia por cima, considerando que seria muito difícil, pela idade e pela falta de vagas, continuar na categoria. Ele não tem a força e tampouco o apoio interno para dividir uma equipe igual Rosberg fez contra Hamilton, por exemplo. Checo sempre soube o lugar dele na hierarquia e sabia que era um risco passar por esse tipo de situação.

E o futuro? Quando e se Mercedes e Ferrari crescerem e o trabalho em conjunto for necessário? A história não premia desavenças internas tão abruptas e supostamente irreversíveis igual vimos hoje, a não ser que a Red Bull seja uma McLaren de 1988 ou a Mercedes entre 2014 e 2016.

Quase dez anos depois, a Red Bull tem outro Multi 21, justamente quando voltaram ao topo da categoria. Pode ser muito prematuro, mas as consequências para todos os envolvidos não tendem a ser agradáveis no médio prazo se não houver uma composição harmônica unânime (mais conhecido como paz entre os envolvidos), se analisarmos a história da F1, em linhas gerais.

Até!