segunda-feira, 22 de agosto de 2022

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA 2022: Parte 2

 Olá, amigos e amigas! Vem aí a parte final da análise parcial da temporada 2022, agora com Alpha Tauri, Aston Martin, Williams, Alfa Romeo e Haas:

Foto: Autosport

Pierre Gasly = 6,5 – O carro derrubou Gasly. Também não há grande motivação. No limbo, o francês cumpre tabela. O desempenho não é o mesmo dos últimos anos. São poucos pontos e muitos problemas e falta de ritmo. Também não penso ser apenas coincidência esse marasmo diante da falta de perspectiva na carreira no médio prazo. Pierre é um grande ponto de interrogação.

Yuki Tsunoda = 6,5 – O japonês comete alguns erros, bate, roda, mas está mais competitivo e adaptado a categoria. O desempenho melhorou e chegou a superar Gasly. Só está atrás nos pontos por problemas no carro. Por isso é necessário ter calma com os jovens. Sem os inúmeros testes como antigamente, demora para haver uma evolução notável. Leva tempo. O japonês está em bom caminho, beneficiado pelo fato da Red Bull hoje não ter nenhum prodígio viável para acelerar o processo de uns e queimar outros. Sorte para Yuki, que assim pode se desenvolver no tempo possível diante da fogueira que é a Alpha Tauri/Toro Rosso.


Foto: Getty Images

Sebastian Vettel = 6,5 – A tour de despedida começou com um forte sinal. Batidas na Austrália e ausências nas primeiras etapas por Covid. Já parecia, desde o início, que Vettel se despedia, o que foi confirmado depois. Não tem muito o que escrever. Não é mais aquele mesmo piloto, mas, mesmo assim, faz o possível em um carro que não é bom. Que tenha um final de carreira compatível com as conquistas que teve.

Lance Stroll = 6,0 – Está lá pelo pai. É o que sempre escrevo. Com o carro ruim, fica até difícil falar algo. Sem muitas condições de brilhar, conquista poucos pontos e ainda assim é superado por um futuro aposentado, embora tetracampeão. Stroll cumpre um papel, um sacrifício para a continuidade de uma equipe e dos investimentos do pai, Tio Patinhas.


Foto: Motorsport

Nicholas Latifi = 5,0 – Outro que está de contagem regressiva na F1. Evoluiu ano passado, involuiu nesse ano, com o novo regulamento. Uma chicane ambulante e sem velocidade. Pela experiência que tem, não deveria ser batido tão facilmente por Albon, mas aí lembrei que é um pagante gente boa. Com a Williams mais estruturada, o dinheiro do canadense não faz tanta diferença, então é desfrutar das corridas que restam na categoria e não dar muito prejuízo para o time com batidas.

Alexander Albon = 7,0 – No retorno para a categoria, faz o que pode com a Williams. Aliás, pontuar com esse carro já é um grande feito. Albon tem consistência e briga com o que pode. A Red Bull tentou queimar a reputação do rapaz, mas o tailandês nascido e criado na Inglaterra é um bom valor. Nem oito e nem oitenta. Na Williams, vai ser o líder e, se tiver oportunidade, certamente vai conquistar alguns pontinhos épicos.


Foto: Getty Images

Valtteri Bottas = 7,5 – Começou muito bem na nova equipe, marcando pontos e levando o lastro e a experiência de tantos anos numa estrutura ambiciosa e vencedora. No entanto, está sendo vítima dos problemas da Alfa Romeo nas últimas etapas, marcando menos pontos e abandonando mais. No limbo, Bottas é líder de um projeto que precisa de tempo para dar certo. Ainda assim, a ex-Sauber está um nível acima do ano passado, o que é um sinal positivo para continuar avançando.

Guanyu Zhou = 6,5 – Estrear no ano que muda o regulamento é um desafio duplo. Com a má vontade de quem apenas vê em Zhou um chinês com dinheiro, o viável está fazendo um bom trabalho diante de todo o contexto. Se adaptando e enfrentando muitos problemas, teve poucas boas atuações, mas marcou pontos logo na estreia. Assim como Tsunoda, a tendência é que cresça com o passar do tempo na categoria. Os caminhos são favoráveis: dinheiro e talento existem. Assim, Zhou pode continuar a caminhada sem maiores percalços.


Foto: Getty Images

Mick Schumacher = 6,5 – Um início de ano que certamente destruiria reputações de quem não tem Schumacher no sobrenome. A benção e a maldição disfarçada. Mick bateu muito e foi facilmente vencido por Magnussen, que chegou no time às pressas. No primeiro desafio mais competitivo na F1, está sucumbindo. É preocupante. No entanto, com duas corridas nos pontos e a habitual ascensão demorada, Mick pode deslanchar de agora em diante, com menos pressão. Ainda assim, está devendo, por ser um Schumacher e alguém promissor, mas ainda dá tempo de terminar o ano com mais impressões positivas que negativas.

Kevin Magnussen = 7,5 – Retornando de paraquedas numa equipe à deriva, Kevin conseguiu ser um protagonista que nem antes havia conseguido. Quase todos os pontos foram feitos por ele enquanto as rivais patinavam e a Haas surpreendentemente ocupava as primeiras posições. Com a falta de dinheiro do time e os rivais crescendo com as atualizações, os pontos ficaram mais raros. Mick cresceu, mas Kevin ainda é mais regular. Um retorno para F1 acima das expectativas. De mero tapa buraco de luxo, Kevin pode voltar a ser o manda-chuva da Haas, o que seria uma reviravolta aleatória demais para a carreira.

Essa foi a análise parcial da temporada. Concorda? Discorda? Agora, toda a ansiedade e expectativa para o retorno das últimas etapas do ano!

Até mais!


quinta-feira, 18 de agosto de 2022

8 E 80

 

Foto: Getty Images

Como alguém que lidera um campeonato com 80 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado pode passar a impressão de que não estar sendo dominante e que talvez nem esteja ainda no auge, apesar de ser o atual campeão mundial?

Max Verstappen. Em 2002, por exemplo, Montoya fez mais poles. Schumacher, como sabem, foi avassalador. Pódio em todas as corridas. Eram outros tempos, outros acertos... 20 anos depois, a Ferrari e Leclerc são os carros mais velozes em volta rápida. Começaram o ano com pinta de quem finalmente voltaria ao estrelato. A Red Bull, última a desenvolver o carro desse ano, herança da batalha de 2021, sofreu no início. Dois abandonos em três corridas.

Adrian Newey sempre melhora o carro com o decorrer do tempo. A Red Bull tem um quê daquele tipo de lutador que começa lento e geralmente perde o primeiro round. No entanto, quando engrena nos assaltos seguintes, é uma força avassaladora que faz o adversário sucumbir. Com mais ritmo, outro fator faz a diferença: as estratégias e a consistência, além do talento, é claro.

Para dar certo, é preciso que o piloto extraia exatamente o necessário. Constância. Mesmo quando Pérez começou acima das expectativas e chegou a pressionar por um suposto protagonismo no time, Verstappen sempre se manteve na média. Aquela juventude agressiva e inconsequente que também foi vista no ano passado deu lugar a um Max mais comedido e entendendo os riscos, administrando as situações.

Claro, fazer isso quando o principal adversário é uma Ferrari errante no momento em que a Mercedes está fora de combate parece mais fácil e inteligente. A pergunta vai voltar a ser feita quando Hamilton e Russell, ou melhor, se eles estiverem no mesmo nível em termos de carro para 2023.

Max estreou na F1 antes de atingir a maioridade. Aprendeu na marra a amadurecer como piloto. Talvez nem tenha atingido a maturidade plena em termos de pilotagem. A inexistência da pressão por um título, de agora em diante, pode ser um fator para desabrochar outros aspectos do campeão.

Na Hungria, Max venceu a corrida saindo de décimo com muita naturalidade. Sem fazer força, drama ou algo do tipo, embora vencer saindo dessa posição signifique no mínimo um esforço diferente para conquistar, como por exemplo a vitória de Schumacher com quatro paradas em Magny Cours 2004. Não foi o que vimos. A junção máquina, piloto e equipe, em todos os âmbitos, forma essa sinergia que dificilmente será vencida em 2022.

O psicológico também é importante. Mesmo sem ter o melhor conjunto em alguns momentos, a Red Bull se sobressai, seja por ela ou também pelos erros da Ferrari. Se ver numa situação mais complicada não é um problema. Agora há gordura para queimar e a pressão está com os italianos. É como se isso não assustasse mais ninguém. A bola está com Leclerc e companhia. Eles que precisam de finais de semana no estado da arte para superar a Red Bull. Nesse ano, isso foi suficiente em quatro corridas, mas falta consistência para ganhar em longas 22 semanas.

Em 2022, Max é 8 e 80. Oito vitórias até aqui e 80 pontos de vantagem. Um equilíbrio inédito na carreira do campeão que se encaminha para o bi. Verstappen não parece estar perto do auge? Bom, aí depende do carro da Red Bull e da motivação do holandês para sabermos qual será a resposta no futuro e sabermos se estou correto na tese da vez.

Até!


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA 2022: Parte 1

 

Foto: Getty Images

Olá, pessoal! Apesar da F1 tirar algumas semanas de férias, as coisas continuam quentes, como vocês podem perceber! Enquanto as coisas se acertam para o retorno da parte final da temporada e as últimas nove etapas do ano, aqui está a primeira parte da análise parcial de 2022, com Red Bull, Mercedes, Ferrari, McLaren e Alpine. Bora!


Foto: Reprodução/Red Bull Content

Max Verstappen = 9,5 – É uma temporada quase perfeita. Teve muitas dificuldades no início quando o carro teve duas quebras, mas de resto Max sobra. Faz o que o carro permite e entrega os pontos necessários. É um piloto assustadoramente maduro após ser campeão. Claro que a concorrência está facilitando o trabalho, mas Max não tem culpa. Com calma até surpreendente pelo estilo, o holandês caminha para o bi sem maiores sustos, embora o que acontece na pista não indique isso, ou não deveria indicar.

Sérgio Pérez = 8,5 – Um começo muito bom. Pérez parecia estar mais adaptado a equipe e, com o novo projeto, diminuindo a distância para Verstappen, fazendo pole e vencendo em Mônaco. Estava cumprindo com o que a equipe queria: um acumulador de pontos. No entanto, seja pelas novas atualizações ou pelo suposto novo assoalho já pensando na parte final da temporada, o mexicano sumiu depois de vencer no Principado. Está distante, cometendo alguns erros e longe da regularidade do início. Em altos e baixos, mesmo com o futuro garantido, Pérez precisa voltar a forma antiga para ajudar Max a conquistar o campeonato com facilidade.


Foto: Getty Images

Lewis Hamilton = 8,5 – Um peixe fora d’água. Desde 2009 que Hamilton não tinha um carro tão distante das vitórias em mãos. O começo foi complicado, quase constrangedor. Sem ritmo e sem rumo, Lewis se viu sem forças enquanto Russell acumulava pontos. A grande virada veio na metade final da primeira parte: o carro melhorou, Lewis teve confiança e voltou a velha forma. Vários pódios consecutivos e cada vez mais próximo de vencer. A segunda metade do campeonato é uma grande pré-temporada para o Sir voltar a brigar pelo octa em 2023.

George Russell = 9,0 – Regularidade impressionante. Só a batida em Silverstone que impediu George de ter um começo praticamente perfeito e acima das expectativas na Mercedes. Não é qualquer um que supera Hamilton em pontos nesta altura do campeonato. O inglês confirma o talento que tem. A pole na Hungria é uma credencial que mostra o valor do time e, com a evolução vindo, George tem tudo para ser cada vez mais protagonista no time e na F1.

Foto: Getty Images

Carlos Sainz = 8,0 – Por ter batido Leclerc ano passado, a expectativa pela disputa, agora que a Ferrari tem um carro protagonista, era grande. No entanto, Sainz sucumbiu a pressão. Muitos erros e falta de velocidade. Venceu uma corrida onde teve a melhor estratégia mesmo não sendo o melhor piloto ou estando na melhor colocação no campeonato. Sainz não é um protagonista, é um escudeiro não reconhecido pela Ferrari. Não é o cara que elevar o time de patamar no momento de dificuldade e pressão por vitórias. Até aqui, foi o contrário. Sainz é um acumulador de pontos, mas não tem o necessário para ser um protagonista. Só falta a Ferrari entender isso.

Charles Leclerc = 8,5 – Nos treinos, é quase perfeito. Na corrida, longe disso. Alguns problemas foram culpa da Ferrari e outros o monegasco foi o próprio algoz, como em Ímola e Paul Ricard. É muito rápido, veloz e talentoso, mas falta cabeça e experiência numa disputa de título. Leclerc é sincero mas excessivamente passional. Sente muito os erros e problemas. É uma arma facilmente explorada pelos adversários. A velocidade e o talento estão lá. Falta a Ferrari não atrapalhar e o monegasco ser mais cerebral, administrar as situações e as emoções.

Foto: Race Fans

Lando Norris = 8,0 – Norris é o melhor do resto. A McLaren regrediu em relação ao ano passado e o inglês é vítima disso tudo. Ainda assim, consegue sobressair com uma regularidade impressionante. A maturação e evolução de Norris é notável, se pegar como base a F2 que disputou até hoje. O pódio em Ímola precisa ser celebrado. É o futuro da McLaren e precisa de uma evolução mais forte para também brigar pela glória junto com os contemporâneos. Está fazendo de tudo e mais um pouco para carregar nas costas o time de Woking.

Daniel Ricciardo = 5,5 – Escrever sobre Ricciardo é ser muito chato e repetitivo, mas não há o que fazer: o australiano não vale o alto salário que recebe e nem de longe lembra aquele piloto que foi apontado como um futuro campeão. Uma parte disso é o mérito que Norris tem, mas a desvantagem de desempenho e pontos é constrangedora. Ricciardo não consegue se entender com o carro e, como tempo é dinheiro, a grana e a paciência da McLaren acabaram. Ricciardo precisa salvar a própria carreira na F1 de agora em diante. É a única motivação que precisa ter nessas nove etapas finais.

Foto: Getty Images

Fernando Alonso = 7,5 – Aos 41 anos, ele não desacelera. Pelo contrário! Tem muito gás no tanque. A velocidade e o ritmo continuam ali, assim como o azar costumeiro e a falta de timing que permeou e também destruiu a carreira da Fênix. Com um novo desafio para 2023, o clima na Alpine está longe dos melhores. Sabemos como funciona esse ambiente. Uma queda brusca de desempenho, depois de tudo o que vimos, não seria surpreendente.

Esteban Ocon = 7,5 – Está lembrando Jenson Button. Mal aparece na pista e quando nos damos conta, está lá, marcando pontos. Muito regular. Outro que evolui, mesmo fora do radar da badalação. É um piloto pronto, mesmo que não tenha o estofo de um líder. É o que melhor pode aproveitar da situação caótica do time nessa reta final, pois é o único comprometido com o projeto. A tendência é manter o bom desempenho e a regularidade.

E essa foi a primeira parte da análise. Concorda? Discorda? Escreva nos comentários!

Até!



segunda-feira, 8 de agosto de 2022

TENTANDO ENTENDER PIASTRI

 

Foto: Divulgação

Não são muitos que estreiam na F1 direto na equipe principal. Assim como no futebol, por exemplo, é normal que os jovens talentos se desenvolvam e ganham experiência em outras equipes até maturar e chegar em outro estágio no time principal.

Na F1, lembro apenas de quatro casos onde os jovens pilotos já chegaram nas equipes principais sem nenhum tempero: um certo Lewis Hamilton, para competir contra um então bicampeão Fernando Alonso e ambos recém-chegados ao time, Kevin Magnussen, numa McLaren que já começava a decadência e Stoffel Vandoorne, quando a McLaren já era decadente e tentava se reerguer com a Honda e mais recentemente Lando Norris. Todos na McLaren, apadrinhados pelos chefes da época.

Os três casos em comum: a McLaren e seu programa de pilotos. Se pegarmos os outros talentos das grandes montadoras, a história é a mesma. Raikkonen fez uma temporada na Sauber e já foi contratado para substituir Hakkinen, na McLaren. Alonso começou na Minardi, virou piloto de testes e em 2003 virou piloto Renault. Massa teve algumas temporadas na Sauber até ser efetivado na Ferrari. Leclerc ficou um ano na mesma sauber até substituir Raikkonen na Scuderia. Mick Schumacher está na Haas. Max Verstappen teve um ano e algumas corridas na Toro Rosso, assim como Vettel e Ricciardo. Russell esperou três anos na Williams para chegar na Mercedes, e por aí vai.

É a disciplina do estágio obrigatório. Voltamos para 2022. O contexto é outro, especialmente na Alpine/Renault. Por não ter nenhuma cliente no grid, fica complicado o empréstimo para outras equipes, embora a Red Bull tenha conseguido desovar Albon na Williams, que ainda é parceira de motores da Mercedes.

Oscar Piastri, campeão da F2 ano passado, foi penalizado por isso. A Alpine renovou por alguns anos com Ocon e tinha Fernando Alonso no final da carreira por ali. Mesmo sem mostrar sinais da idade, os franceses tinham um “bom” problema: acomodar os dois ativos do time.

A Alpine desconfiava da idade de Alonso e por isso não queria um contrato longo com o espanhol. Ao mesmo tempo, desejava estrear Piastri de uma vez. No contrato de desenvolvimento, os franceses tinham até 31/07 para definir a situação do australiano.

O problema é que a Alpine não resolveu nada. Ficou enrolando Alonso e não se decidia sobre Piastri. O espanhol parecia refém da situação até surgir o anúncio da aposentadoria de Sebastian Vettel. Uma benção.

Vamos voltar para o dia 17 de julho. “Eu não estava na equipe quando contrataram Fernando." Palavras de Otmar Szafnauer, na semana do GP da França. A impressão que fica é que foi nesse momento que tudo azedou. Afirmar isso assim, publicamente? Não se desrespeita um bicampeão assim.

Alonso se uniu com Stroll para ferrar um inimigo em comum: Otmar. Se a Alpine não desocupou a moita, o espanhol esperou o momento certo para se vingar e colocar os franceses em saia justa.

Mas se a Alpine queria Piastri, por que Piastri não quer a Alpine?

Não podemos descartar alguma ligação entre Alonso e Mark Webber, o empresário de Oscar. Bons amigos do tempo de F1. Se os franceses tinham planos óbvios de subir o talento australiano, o que aconteceu para Piastri e o seu staff optarem pela McLaren?

Novas informações dos últimos dias tentam elucidar o caso. A informação é que Piastri teria assinado com a McLaren para ser reserva em 2023 e ser só titular em 2024, quando termina o contrato de Daniel Ricciardo.

A pergunta que só os australianos sabem a resposta? Por que não ir para a Alpine em 2023 e depois tentar uma transferência para a McLaren? Qual foi a falta de comunicação? Eles acharam que Alonso continuaria? Aliás, a Alpine só queria renovar por um ano. Diante dessa informação, é possível entender que o Piastri sentiu que teria que esperar mais do que um ano.

Na Alpine, talvez, seriam mais dois como reserva ao invés de um. E tem outra questão: Alpine e McLaren disputam hoje o posto de quarta força no campeonato. Como será que vão se desenvolver ao longo dos anos com esse regulamento?

Onde Piastri vai correr? O litígio foi a escolha certa? Qual equipe terá a decisão mais acertada? Piastri vai correr na F1?

Tentei entender o australiano, mas a verdade é que só encontrei mais dúvidas.

Até!


terça-feira, 2 de agosto de 2022

OS DOIS VOARAM

 

Foto: Getty Images

O que é a vida... depois de Alonso anunciar a ida para a Aston Martin, era uma questão de mera formalidade que a Alpine anunciasse Oscar Piastri para formar dupla com Esteban Ocon a partir de 2023. Era o que estava desenhado há meses e antecipado por uma série de acontecimentos, desde a aposentadoria de Vettel e a definição rapidíssima do futuro de Alonso.

E isso foi feito hoje. Sem alarde, com a naturalidade da notícia que todos esperam, a Alpine anunciou Oscar Piastri como piloto do time para o ano que vem de forma oficial. Tudo legal, tudo bacana, mistério resolvido. Hora da F1 curtir as férias de verão, certo?

Faltou combinar com o australiano. Horas depois, nas redes sociais, Piastri afirmou que o anúncio foi feito sem o consentimento do piloto e que ele não vai pilotar pela Alpine ano que vem. Exatamente essas palavras: "não vai pilotar pela Alpine no ano que vem".

Mas espera um pouco: como a Alpine em dois dias supostamente perde os dois pilotos que ela tanto tinha dúvida para fazer a dupla com Ocon e agora não tem mais nenhum dos dois? Como Piastri, cria da escuderia desde o sucesso meteórico na F3 e na F2, simplesmente se recusa a assinar com quem pavimentou seu caminho? O que há por trás disso tudo?

É tudo nebuloso, mas vou tentar pontuar as situações. Bem, se Piastri não quer assinar com a Alpine é porque há outro time na jogada, obviamente. As informações do final de semana aparentemente se confirmaram. A recusa de Piastri tem um motivo: o staff do piloto, que tem Mark Webber (estamos velhos!) como empresário, supostamente assinou um pré-contrato com a McLaren para 2023. A McLaren que tem Ricciardo sobre contrato até o final do próximo ano e já está numa polêmica contratual na Indy envolvendo Alex Palou e a Chip Ganassi.

Vale lembrar que Piastri assinou como piloto reserva da McLaren nas duas primeiras etapas do ano, quando Ricciardo pegou covid durante a pré-temporada. É um namoro antigo. Antes de Piastri, o que supostamente diz o contrato do australiano?

Piastri é o atual piloto reserva da Alpine. Segundo o texto da Julianne Cerasoli, o contrato do australiano afirma que ele tem direito a 5.000 km de testes com carros de F1 e a titularidade na F1 em 2023. Outras fontes, como o Rafael Lopes do Voando Baixo, dizem que a Alpine tinha até domingo, 31/07, para arranjar a Piastri uma equipe na F1. Por isso os boatos na McLaren e na Williams.

Aí Alonso entra na jogada. Um dia depois de expirar uma das cláusulas do contrato de Piastri, o espanhol anunciou imediatamente a ida para a Aston Martin. Ele entendeu que estava sendo usado como "esquenta-banco" do australiano e não queria mais ser enrolado. Desde ontem, Piastri é somente o piloto reserva da Alpine.

Bom, se o plano era colocar Piastri logo no time, por que a enrolação com quem foi bicampeão mundial na equipe? Se Piastri estava garantido na Alpine, por que ele resolveu assinar com a McLaren? As coisas não estão ligando.

A verdade é que a Alpine tinha o luxo de escolher entre uma grande promessa e um veterano excepcional. O veterano vai embora e a promessa pode ir também. Agora, tudo vai ser decidido nos tribunais. A última vez que isso aconteceu foi no imbróglio envolvendo Jenson Button, BAR e Williams. Escreverei sobre isso em breve. Portanto, não descartem a possibilidade de Piastri ser obrigado judicialmente a continuar na Alpine com o rabinho entre as pernas. Vai ser uma guerra de interpretações contratuais.

Outras perguntas que precisam ser respondidas? Por que Piastri escolhe a McLaren, uma equipe feita por Norris, apadrinhado por Zak Brown, ao invés da Alpine, que tem em Ocon um desafio em tese menos complicado? Será que eles imaginaram que Alonso permaneceria?

Otmar Szafnauer afirmou que soube da transferência de Alonso pela imprensa. Alonso, vendo que estava sendo enrolado, decidiu a carreira na data limite que poderia supostamente prejudicar a Alpine. Que lambança para os franceses e para o australiano, que nem correu ainda e já se vê no olho do furacão.

Imagina o clima bacana e amigável na equipe até o fim do ano, onde um dos pilotos vai embora e o reserva também quer ir. E a McLaren e Ricciardo, onde se encaixam nessa equação? Agora eles estão diretamente envolvidos no processo.

A Alpine deu uma aula do que não fazer e como não administrar uma situação tão cômoda: decidir entre dois bons pilotos para contratar. Agora que talvez não tenha mais nenhum, o que fazer? Ricciardo de volta, depois de sair do time rumo a McLaren? Hulkenberg, que também foi dispensado? Outra resposta para ser descoberta depois, quando o tribunal decidir.

Sem um cliente, a Alpine não tem barganha para emprestar novos talentos e se vê mercê dessas situações. No meio da tabela, não duvidaria que em breve eles saíssem da categoria outra vez, principalmente depois dessa pataquada.

Alguém avise os franceses que mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Os da Alpine voaram para bem longe.

Até!

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

VAI TU MESMO

 

Foto: Motorsport

O que mais surpreende no anúncio não é a notícia da contratação de Fernando Alonso pela Aston Martin para as próximas temporadas, mas sim a rapidez que isso aconteceu: quatro dias depois de Vettel anunciar a aposentadoria. A decisão do tetracampeão surpreendeu o time, que estava confiante numa renovação.

Num mato sem cachorro, mas com tempo para pensar, a Aston Martin não tinha muitas alternativas viáveis. O pré-requisito básico é: piloto experiente para liderar o processo e os investimentos que Lawrence Stroll tem feito, como a construção de um novo túnel de vento. No entanto, em dois anos de time, os resultados são tímidos, para dizer o mínimo. Lembra a Jaguar, e não é só pela cor do carro.

Quem vivia uma situação incômoda era Alonso. Há meses estava ventilada a "dúvida" entre permanecer com a Fênix e efetivar Oscar Piastri. Como a Alpine/Renault não tem equipes clientes, isso complica no caso de um empréstimo do australiano, que injustamente já esquenta banco na F1. A informação da Julianne Cerasoli é que Piastri também está negociando com a McLaren, tentando o lugar de Ricciardo.

Talvez a ameaça tenha feito os franceses tomarem uma decisão, corajosa até. Mesmo com mais de 40 anos, Alonso não demonstra sinais de desaceleração. Pelo contrário. Continua muito competitivo. É uma moral e uma pressão para Piastri, que deve ser anunciado oficialmente até o fim do ano.

Além da questão dos pilotos, outro fator que pesou: o tempo de contrato. Alonso, mesmo no fim da carreira, quer um projeto. A Alpine queria um contrato mais curto para apostar na juventude de Ocon e Piastri. Não é muito difícil renovar com a Fênix, que sempre deixou claro o desejo de permanecer.

O tempo passou, o chefão da Alpine se mostrou publicamente inclinado para Piastri e Alonso também se viu num mato sem cachorro. O anúncio de Vettel vem num timing positivo, até.

Aston Martin e Alonso só poderiam ter olhos um para o outro. Ambos eram a única opção e se complementam: a Aston Martin queria um líder experiente para liderar um projeto a longo prazo; Alonso queria um time com investimento para ser o centro das atenções em um acordo plurianual. Fechou todas.

O timing e o temperamento difícil de Alonso foram maiores que o imenso talento que ele tem. No entanto, agora, nem tem muito o que fazer. É tudo uma consequência desses erros todos ao longo da carreira. A Alpine era para ser o último passo da carreira, mas a vida tem dessas.

Mesmo com dinheiro e grife, é improvável que a Aston Martin faça o carro dos sonhos para Alonso. A McLaren e a Alpine/Renault não conseguiram e o tempo joga contra. 

E quem se importa? O importante é que a Fênix continua no grid e há espaço para um jovem talento na categoria. Quem pode estar sem opções diante disso tudo? Daniel Ricciardo, mas isso é assunto para outro texto.

Aston Martin e Alonso se olharam e gritaram, ao mesmo tempo:

- Não tem tu, vai tu mesmo!

Até!

domingo, 31 de julho de 2022

ADULTOS CONTRA CRIANÇAS

 

Foto: Dan Mullan/Getty Images

O que constantemente é pedido, quase como uma torcida por aqui, aconteceu. A Red Bull teve problemas no sábado com Max Verstappen e ele e Pérez largaram atrás. Chance perfeita para a Ferrari ensaiar uma reação cobrada por Mattia Binotto durante a semana.

As coisas já começaram a ficar estranhas, como sempre. Com a chuva e uma temperatura mais amena, a vantagem da Ferrari diminuiu, mas ainda assim era o carro a ser batido. Acontece que Leclerc e Sainz já começaram a dar para trás no sábado, quando George Russell conquistou a primeira pole da carreira de forma surpreendente. Ainda assim, imediatamente atrás e com a Red Bull distante, a chance era evidente.

A largada teve Russell na frente, com os macios, e a Ferrari com os médios. Sainz não teve competência para passar o inglês e estava empatando Leclerc. Os italianos, como sempre, não tomaram uma atitude em prol da equipe e perderam tempo. Enquanto isso, as Red Bull escalavam o grid, naturalmente.

Na primeira janela de pit stops, Sainz, Russell e as Red Bull pararam. Leclerc e Hamilton alongaram o stint. Seriam necessárias duas paradas. O espanhol não teve ritmo para passar Russell e, mesmo parando antes, conseguiu ficar atrás de Leclerc, que estava com um ritmo muito bom. Sem o companheiro "atrapalhando", era caminho livre para Charles, da forma mais difícil, ultrapassasse o #63 e disparasse para a vitória. Enquanto isso, Max ganhou a posição de Hamilton (que demorou para parar) nos boxes e já era o quarto.

Leclerc disparava e Sainz tentava passar a Russell. A dobradinha era provável, mas Verstappen estava por perto, minimizando os danos. Muito natural. Chega o momento da segunda parada. A Alpine, no meio do pelotão, optou pelos pneus duros e perdeu rendimento. Havia um padrão a seguir.

A questão é que, talvez por não ter mais pneus disponíveis, a Ferrari para Leclerc para colocar os duros. Quando Max se aproxima de Sainz e Russell, a Red Bull para imediatamente para colocar os médios (largou com os macios), antecipando tudo e fazendo os outros reagir. Resultado? Sainz e Hamilton alongaram o stint para terminar com os macios, que era a estratégia mais correta para o final da prova.

Mais uma vez, a Ferrari faz uma estratégia bisonha para o piloto número um e privilegia o número dois, que não tem ritmo para maximizar o carro. O resultado? Leclerc virou presa fácil. Max passou, rodou e reultrapassou (essa palavra existe?) o monegasco. Largando em décimo e sem forçar, na base do talento, da estratégia e da consistência, Max partiu para uma vitória improvável e épica, mas ao mesmo tempo tão tranquila que isso não parece significar o feito que aconteceu.

A pista para a Ferrari fazer a dobradinha de Binotto e remontar o campeonato estava longe da frustração intermediária. O pior estava por vir. Mesmo com o pneu macio, Sainz foi ultrapassado por Hamilton e Leclerc, se arrastando, superado por Russell. A cereja do bolo? A parada para os macios no final para terminar em sexto, atrás mesmo de Pérez, que desde Mônaco se arrasta na pista.

Max Verstappen e a Red Bull são adultos competindo contra crianças na F1. A Mercedes de 2022 está se emancipando. Agora já é um adolescente prestes a virar calouro (bixo) na faculdade, pronto para as primeiras experiências da vida. Mais um pódio de Hamilton e Russell juntos. Ritmo de corrida melhor, volta lançada boa... 

Hamilton poderia ter brigado mais pela vitória se não tivesse problemas na asa no sábado e um erro de estratégia da Mercedes no primeiro stint. Ele e Russell não desperdiçam uma oportunidade e deixam no ar o que já está evidente: a pole foi inesperada, mas a vitória parece ser questão de tempo. Além disso, a briga pelo vice-campeonato de construtores está muito aberta. Vai duvidar?

Russell já passou Sainz no campeonato. A Ferrari é a Peter Pan da F1. Se recusa a crescer e, corrida após corrida, afunda. Binotto queria uma dobradinha e termina com um incrível P4 e P6. A Red Bull, sem forçar, tem em Max Verstappen 80 pontos de vantagem nas férias da F1. É uma vantagem que cada vez mais fica irreversível por três motivos: a solidez da Red Bull, o crescimento da Mercedes e a Ferrari cada vez mais afundada nos próprios erros e pressões.

Norris é o melhor do resto, em setimo. Enquanto isso, Ricciardo afunda em 15°. Até teve um brilhareco numa ultrapassagem dupla nas Alpine, mas o tempo dele na McLaren já foi, é desperdício de dinheiro. Por falar em Alpine, a estratégia deu certo, mas Ocon segue "atrapalhando" e fechando Alonso: menos mal que o espanhol conseguiu o oitavo lugar. Dessa vez com a intervenção da equipe, Vettel fechou no top 10 e, agora, cada ponto pode ser o último na categoria.

Na hierarquia da F1, a Red Bull é adulta, a Mercedes é adolescente e a Ferrari é Peter Pan. Max Verstappen tem 80 pontos de vantagem para desfrutar nas férias. No retorno, a Ferrari vai precisar ser perfeita, a Red Bull errar mais que acertar e a Mercedes não crescer tanto. Todo esse cuidado para não afirmar que Max já é bicampeão mundial.

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!