quarta-feira, 8 de setembro de 2021

DEFINIÇÕES

 

Foto: Reprodução/Williams

Impressionante o efeito dominó da F1 na última semana, assim como exatamente precisa a informação da Race Fans até aqui. Em sete dias, Raikkonen confirmou aposentadoria, Bottas foi anunciado na Alfa Romeo e George Russell finalmente vai para a Mercedes. 

Ontem, talvez sem o mesmo alarde, a Alpha Tauri confirmou as permanências de Pierre Gasly e Yuki Tsunoda para 2022. Não é uma decisão surpreendente. O francês está numa sinuca de bico. Não vai subir outra vez para a Red Bull e ainda não tem espaço nas outras equipes. O jeito é se contentar em andar bem na equipe satélite e esperar uma vaga apetitosa, como a da Alpine, por exemplo. 2022 pode ser o último ano de Alonso. Nunca se sabe... até lá, Gasly na Alpha Tauri é um desperdício para o francês e um ótimo negócio para os italianos.

Tsunoda começou bem mas está oscilando muito, com mais baixos do que altos. Nunca é demais ressaltar que o japonês é muito jovem e foi rapidamente ascendido para a F1, fruto do talento, é claro. Alguns dizem que a ligação com a Honda faz a diferença, mas não vejo por esse lado. Mesmo que Tsunoda ainda não convença, a Red Bull não tem alguém na base pronto, seja com conquistas relevantes ou pontuação suficiente na superlicença. Por ora, Tsunoda está salvo, mas precisa evoluir, até porque ele não briga apenas para tentar subir para a Red Bull, mas sim se manter viável na Alpha Tauri.

O anúncio de hoje foi mais chamativo. A Williams rapidamente escolheu o substituto de Russell e também manteve Latifi por mais uma temporada. Trata-se do retorno de Alexander Albon, o tailandês nascido e criado na Inglaterra. Havia uma guerra política entre a Red Bull e a Mercedes. Os alemães não queriam que alguém da concorrência ocupasse uma vaga da parceira. Alguns dizem que o tailandês deixa a Red Bull mas pode ser chamado de volta a qualquer momento, igual fizeram com Kvyat.

É a chance da redenção para Albon. Mais uma vítima do moedor de talentos, é a chance de ganhar experiência em um lugar compatível com as ambições. A Williams está crescendo em todos os setores e, com o novo regulamento, pode dar mais um grande salto. O adversário de equipe é acessível. Latifi é um paydriver simpático, mas aparentemente permaneceu por méritos próprios. Pontuou em duas corridas com esse carro, mostrando que os feitos de Russell não são tão estridentes, embora grandiosos. Me parece também que é uma gratidão, uma recompensa, algo como: "você nos salvou da falência e roeu o osso, agora toma essa alcatra". 

Com isso, resta praticamente uma vaga para 2022, que é a da Alfa Romeo. Schumacher e Mazepin devem continuar na Haas. Se a Race Fans estiver correta, a vaga suíça já tem dono: Nyck De Vries, outro piloto Mercedes, mostrando definitivamente que a parceria com a Ferrari estaria terminando.

Mudanças importantes e interessantes no grid, assim como manutenções. 2022 é a grande aposta de todos e, certamente, o mercado vai estar mais aquecido ainda no ano que vem, quando as cartas estiverem definitivamente na mesa.

Até!

terça-feira, 7 de setembro de 2021

PASSO A PASSO, ELE MORREU PRA ISSO!?

 

Foto: Reprodução/Twitter

Quando George Russell estreou na F1, em 2019, não havia tanto hype em cima dele, o que era um grande erro. A explicação era simples: naquela oportunidade, o grid também teria outros jovens em lugares mais chamativos: Charles Leclerc estreando na Ferrari, Lando Norris na McLaren e Alexander Albon na ainda Toro Rosso.

O pessoal esqueceu ou não sabe que Russell venceu os dois últimos na F2, em 2018, mas por ser piloto Mercedes, coube a única vaga disponível naquele momento, justamente a pior equipe do grid. Se não foi bom porque não havia muito holofote, Russell de certa forma não teve tanta pressão porque todos sabiam que ele não poderia fazer nada com a Williams, apenas terminar a frente do companheiro de equipe.

E George fez em quase todas as oportunidades, tirando uma: com desclassificações, coube a Robert Kubica, mesmo com uma mão só, fazer o único ponto do time naquele ano. Os números são cruéis. Russell foi mais veloz, terminou mais corridas e classificações a frente mas, no que importava, foi derrotado, nos pontos.

Nada que abalasse a jornada do inglês, que todos viam grande potencial, prejudicado por não ter equipamento para competir. Ao mesmo tempo, rapidamente a Williams começou a evoluir, deixando de ser uma equipe familiar para uma estrutura mais tradicional e sem nepotismo. Em 2020, agora com Latifi, que ajudou a salvar o time com contribuições financeiras, a missão era a mesma: impressionar e liderar.

Russell fez isso e até além. Constantemente colocou a equipe no Q2. Estava tirando mais que o carro e a possibilidade de um domingo de glória sempre se aproximava. No entanto, isso nunca vinha, seja por azar ou um erro do piloto na Hora H, que se martirizava, como se nunca mais tivesse tal possibilidade na vida.

A primeira grande chance surgiu quando Hamilton teve covid e Russell, já devidamente no debate sobre ir pra Mercedes substituir Bottas, foi para o lugar do heptacampeão. A essa altura, já estava certo que o inglês ficaria mais um ano na Williams, mas era a possibilidade de provar um ponto.

Sem mal ter contato com o carro, Russell dominou Bottas e se encaminhava para uma vitória consagradora e até constrangedora na estreia pela Mercedes. Com que clima ele voltaria para a Williams? Aí, mais um azar: problemas no carro, erros da Mercedes e uma corrida atribulada o fizeram somar míseros dois pontos. Sensação de derrota, é claro, e também a sensação de que faltava algo a mais para Russell: sorte. Afinal, sem ela, não se atravessa a rua.

Voltando para a realidade da Williams com o gostinho de ter sentido por dias a sensação de estar no topo do jogo, Russell precisava manter o ritmo. A Williams segue melhorando e Russell continuou impressionando,mas o que também não mudou foi o azar e a chance de pontuar, sempre com requintes de crueldade. Até escrevi que faltava sorte para o britânico.

Tudo isso mudou na Hungria. Mais ou menos. Os pontos pela Williams finalmente vieram, mas outra vez ele chegou atrás do companheiro que ele domina e é muito superior. Na letra fria da classificação, lá estava Russell atrás de Latifi. Como promover alguém para a Mercedes com essas credenciais?

Na Bélgica, outra parte fundamental para a mudança de chave. A chuva nivelou tudo e, com um acerto certeiro, Russell quase foi pole em Spa com uma Williams. Nem no videogame é possível fazer isso, a não ser que esteja no fácil. O que parecia uma sorte queimada no sábado, porque no domingo seria presa fácil em condições normais, também virou outro golpe de sorte.

A não-corrida permitiu Russell manter o que fez no sábado e, portanto, ir para o pódio com uma Williams. Foi o fantasma sendo exorcizado. Além do desempenho, ali estava o resultado concreto: com uma Williams, Russell pontuou, quase fez pole e fez pódio. Não há mais o que fazer diante desse ponto.

E assim foi feito. Com muitos altos e baixos, passo a passo, George Russell está definitivamente na Mercedes. Há uma sensação engraçada: ao mesmo tempo em que o britânico corre sem pressão por simplesmente não ser obrigado a vencer Lewis Hamilton, agora ele vai ter que encarar a pressão de estar sempre entre os primeiros, onde muitas vezes um segundo ou terceiro lugar, agora, não será celebrado como se fosse um título mundial igual em Spa.

É a velha história: subir e chegar no topo é muito complicado, permanecer nele é mais difícil ainda. Agora, Russell vai conhecer um lado que ele certamente não conhece, mesmo que ache que esteja preparado: a pressão pelo topo e pela glória. Talento e tempo ele tem. Afinal, é o futuro da Mercedes na categoria, nada menos que isso.

No inglês, a expressão “i died” é usada para reagir ao final de uma história e quando alguém fica extremamente ansioso para fazer algo.

Para George Russell, a história com a Williams termina. Ele “morreu”, ou no português, se matou para isso, para chegar nessa condição. Agora, certamente há a ânsia para “morrer” ou se matar em uma nova aventura, com certeza a mais saborosa da carreira.

Até!


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

PASSOS ATRÁS

 

Foto: Getty Images

Na dança das cadeiras inaugurada na semana passada, já estamos no segundo ato, outra vez finlandês. Raikkonen anunciou a aposentadoria no fim do ano e, o que seria surpreendente ou sem sentido algum meses atrás, foi confirmado: A Alfa Romeo anunciou Valtteri Bottas como um dos pilotos do time a partir de 2022, com contrato de vários anos.

Isso vai de encontro com notícias das últimas semanas, quando Frederic Vasseur falou sobre a capacidade de investimento da equipe para o futuro e a necessidade de usar o novo regulamento para tentar construir uma equipe em prol de um nome. Bottas também disse nos últimos tempos que gostaria de um contrato maior, sem o estresse de renovar anualmente na pressão da Mercedes. É o reencontro desses dois, vencedores da GP3 em 2011 pela ART.

A consequência dessa mudança é óbvia: Bottas deixa a equipe heptacampeã do mundo e junta-se para uma que hoje é a penúltima nos construtores. É evidente que a grande aposta é o novo regulamento, onde a experiência e a qualidade do finlandês será fundamental para guiar o time suíço no caminho certo.

Bottas fez o que era esperado quando foi contratado até de forma surpreendente após a aposentadoria de Nico Rosberg, visto que Ocon e Pascal Wehrlein eram alternativas muito mais aceitáveis. Longe de ser um Kovalainen, ficou no meio do caminho. 9 vitórias e 17 poles, algumas vitórias maiúsculas e, desde o ano passado, o finlandês foi murchando e sendo incapaz até de competir com Max. É claro que a ascensão de George Russell acelerou o processo, mas nem mesmo o papel de escudeiro fazia sentido para Bottas.

O finlandês, tratado como um segundão na Mercedes, agora vai ser pela primeira vez na carreira um protagonista, talvez a única, pois já não é mais um garoto. Será a prioridade e tem sim qualidade pra isso. Não devemos nos esquecer do que ele fez na Williams, embora seja verdade que a Alfa Romeo seja o maior desafio da carreira. 

Esse movimento lembra muito quando outros segundões do passado, como Coulthard, Barrichello e Fisichella foram para equipes menores serem o centro de um projeto de longo-prazo. É exatamente a situação de Bottas, com uma "vantagem": o companheiro de equipe será jovem e inferior tecnicamente. Não deverá ter perigos em ser surpreendido por performances fora do comum.

Bottas dá vários passos atrás na carreira, mas talvez não houvesse outra opção para continuar nessa F1 onde não há vagas. A Mercedes espremeu o que podia, agora está na vez da Alfa Romeo usar o que sobrou. Bottas aposta no longo-prazo, onde o novo regulamento e o desenvolvimento da Alfa Romeo possa lhe permitir alguns pódios ou vitórias em corridas malucas. É o que tem para o futuro.

Até!

domingo, 5 de setembro de 2021

OVAÇÃO LARANJA

 

Foto: Getty Images

Basicamente choveu no lugar errado. Tirando o caráter de estreia e todo o clima de festa preparada para celebrar Max Verstappen, vencedor incontestável do GP da Holanda e com direito a hino acapella no pódio, Zandvoort não encaixa com a F1 atual. Circuito curto e estreito, onde nem mesmo a largada ou erros que causassem acidentes salvou, até porque não houve.

As únicas ultrapassagens eram de carros muito desiguais ou com diferenças de pneus gritante. É o caso de Pérez, que largou lá no fim do grid e conseguiu o nono lugar. A tour de despedida de Kimi Raikkonen ganha desfalques importantes. O finlandês está com covid e também vai ficar ausente de Monza, outro palco histórico que, assim como Spa, o Iceman não teve direito a uma última dança. Em seu lugar, Robert Kubica. Ao menos se mantém o caráter nostálgico da situação.

Dentro da pista, além do inconteste Max, tivemos dois destaques formidáveis: Pierre Gasly, num estrondoso quarto lugar com a Alpha Tauri e Don Alonso, a Fênix Fernando. Numa pista onde não há possibilidade de ultrapassar, ele levou uma Alpine que largou em nono para chegar em sexto. Rolou até um "Esteban is faster than you" reclamado pelo francês mas ele precisa respeitar o Don das Astúrias. Uma pena que Gasly não tenha alternativas. A esta altura, ficar na Alpha Tauri é um desperdício de tempo.

A Mercedes bateu cabeça na hora de tentar pegar Max. Antecipou parada e forçou a reação da Red Bull. Na segunda vez, Hamilton parou mais cedo e voltou no meio do tráfego. Max colocou os pneus duros e disparou para a vitória. Bottas teve o stint sacrificado para tentar segurar o holandês e depois, bizarramente, parou para fazer a volta mais rápida, tirando o ponto de Hamilton, que precisou fazer a mesma tática para minimizar os danos. Agora, Max tem apenas três pontos de vantagem no campeonato, o que define um empate técnico.

A Ferrari se comportou como uma boa terceira força, enquanto as McLaren ficaram para trás e Ricciardo segue tendo dificuldades. Também está cada vez mais difícil para Tsunoda, mas é normal, apenas 20 anos e ainda um estreante. Na Haas, é questão de tempo para que Mazepin e Schumacher se espalhem pela pista. Gunther Steiner, amarrado pelo dinheiro de um e a hierarquia do outro, segue sem saber o que fazer.

Podia ter chovido hoje. Zandvoort tem apenas a força comercial de Max para se sustentar no grid. Com os carros atuais, vai ser uma Mônaco versão circuito. Uma pena. Os fãs mereciam mais, mas aparentemente eles não ligam, desde que Max siga vencendo no local. E assim, agora, a Red Bull tem oito vitórias na temporada contra apenas quatro da Mercedes. Hamilton venceu uma das últimas nove, quando mandou Max para o hospital. A Mercedes segue em dificuldades, mas o que valeu nesse domingo foi o ovação do mar laranja.

Confira a classificação final do GP da Holanda:


Até!

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

TUDO INCERTO

 

Foto: Getty Images

36 anos depois, a F1 está de volta a Zandvoort. Muita coisa mudou desde então e a pista, embora esteja obviamente modernizada para os padrões atuais, ainda remete aquele tempo.

É uma pista bem estreita, curta e veloz. Lembra Mugello. Com as áreas de escape com brita, qualquer erro será fatal. No entanto, é um circuito travado, o que reforça a importância da classificação. Fazer uma boa sessão é meio caminho andado. 

Um dos problemas ficaram expostos hoje. Como é tudo bem reduzido, é uma dificuldade enorme para retirar um carro da pista. Pode ser um problema na classificação e na corrida. Além disso, o caráter excepcional de estreia deixa tudo incerto: como ninguém conhece o traçado, todos precisam de muita quilometragem para adaptação.

No entanto, as duas sessões foram bem atribuladas. Na primeira parte, Vettel teve pane e demoraram 25 minutos para tirar a Aston Martin do traçado. Na segunda sessão, Hamilton teve pane no início e Mazepin rodou, parando na brita. Não houve tanto prejuízo em relação a primeira parte mas ainda assim é considerável.

É evidente que o favoritismo e a briga serão entre Mercedes e Red Bull. A corrida de Max vai ter um efeito catártico. 70 mil pessoas na cidade que fica de frente para o mar. Hamilton, antes de ter problemas, foi o mais rápido. Todavia, na segunda sessão ficou tudo mais incerto, equilibrado e surpreendente: dobradinha da Ferrari com Leclerc na frente e a Alpine muito bem, sobretudo Esteban Ocon.

A beleza de um circuito inédito ou muito afastado é que existe o benefício da dúvida e muita expectativa, o que aumenta a ansiedade. Zandvoort promete ser um circuito bem travado mas cheio de incidentes, pois ainda é da moda antiga. O resultado disso? Apenas no domingo, mas se não cair uma gota d´água na pista, é claro.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!


quinta-feira, 2 de setembro de 2021

GP DA HOLANDA: Programação

 O Grande Prêmio da Holanda aconteceu entre 1952 e 1985, com três pausas: 1954, 1956-1957 e 1972. 

Em 2020, estava marcado o retorno do país no calendário da F1, no circuito de Zandvoort. No entanto, em virtude da pandemia do coronavírus, a volta foi confirmada para 2021, marcando o reencontro dos fãs holandeses com a velocidade depois de 36 anos.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Pole Position: Nelson Piquet - 1:11.074 (Brabham, 1985)
Volta mais rápida: Alain Prost - 1:16.538 (McLaren, 1985)
Último vencedor: Niki Lauda (McLaren)
Maior vencedor: Jim Clark - 4x (1963, 1964, 1965 e 1967)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 202,5 pontos
2 - Max Verstappen (Red Bull) - 199,5 pontos
3 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos
4 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 108 pontos
5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 104 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 83,5 pontos
7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 82 pontos
8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 56 pontos
9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 54 pontos
10- Esteban Ocon (Alpine) - 42 pontos
11- Fernando Alonso (Alpine) - 38 pontos
12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 35 pontos
13- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 18 pontos
14- Lance Stroll (Aston Martin) - 18 pontos
15- George Russell (Williams) - 13 pontos
16- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos
17- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 2 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 310,5 pontos
2 - Red Bull Honda - 303,5 pontos
3 - McLaren Mercedes - 169 pontos
4 - Ferrari - 165,5 pontos
5 - Alpine Renault - 80 pontos
6 - Alpha Tauri Honda - 72 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 53 pontos
8 - Williams Mercedes - 20 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 3 pontos

SEGUE O SONHO

Foto: Reprodução/Alpine

De forma surpreendente, Fernando Alonso anunciou a permanência na Alpine em 2022. Surpreendente porque, quando da notícia do retorno do espanhol à F1, os termos eram um contrato de dois anos, por isso a estranheza. Enfim, apesar de estar mais confirmado do que nunca na categoria, Don Alonso ainda olha para o sonho de vencer a Indy 500 e ser o segundo piloto da história a conquistar a Tríplice Coroa do Automobilismo.

“Não [desisti]. Acho que agora meu foco principal é o projeto na F1, principalmente com as novas regras e todo o trabalho que teremos que fazer no ano que vem. No futuro, verei as possibilidades. 

No momento, estou me divertindo nesse retorno. Acho que estou tendo um desempenho favorável. Baku, Silverstone e Hungria foram bons. Espero mostrar um pouco mais agora na segunda parte da temporada e no próximo ano. Mas, com certeza, de todos os desafios que tenho fora da Fórmula 1, ainda não completei a Indy 500. Está na minha lista de desejos", disse para o site RacingNews365.com.

O motivo do contrato e da permanência é simples: Alonso e Alpine apostam todas as fichas para o novo regulamento da F1 que entra em vigor no ano que vem.

"Na minha cabeça, estava tudo planejado para correr em 2022 com o novo regulamento. É a razão pela qual voltei à F1 também. Por isso, é preciso ter também confiança na equipe e fazer boas corridas nessa primeira parte da temporada.

Meu contrato era 1+1 [com cláusula de renovação para mais um ano], então a certa altura tivemos que concordar para 2022. Estou muito feliz com a equipe, muito feliz com essa volta. E a Alpine, aparentemente, está feliz com meu trabalho até agora”, concluiu.

Alonso não é mais um garoto, mas é bom ver que ainda tem muitas ambições, independente da categoria. As últimas tentativas na Indy foram traumáticas e muito longe do esperado. Normal uma nova chance para tentar ganhar e também limpar a imagem do bicampeão. No entanto, como escrevi no retorno do espanhol à categoria, pouco me importa seu desempenho: o importante é desfrutá-lo.

DEFINIDO

Foto: Getty Images

A dupla da Mercedes para 2022 está certa. O anúncio oficial? Talvez na semana que vem, no GP da Itália. É o que disse Toto Wolff, ainda no sábado, quando perguntado pelos repórteres:

“Se fosse uma decisão fácil, teríamos tomado antes, porque sabemos o que temos com Valtteri e sabemos o que temos com George. Os dois merecem nossos cuidados, merecem a maior atenção possível, porque são parte da família e temos enorme consideração por eles.

Existem prós e contras, como com qualquer formação de dupla de pilotos e, no fim das contas, não existe uma discussão perfeita. Temos de gerenciar as coisas bem com quem quer que seja o piloto que não estará na Mercedes no ano que vem, além de garantir que sigamos com um programa de pilotos forte. Por outro lado, temos de lidar com qualquer que seja a situação interna que temos”, disse.

E mais: a própria Mercedes admitiu que a atuação de George Russell, quase pole e segundo lugar com a Williams, não influenciaria nada na decisão. Ou seja: não posso acreditar que o inglês faça tudo isso e não seja promovido. O que Russell teria que fazer para ir para a Mercedes se ficar em segundo com a Williams em Spa, no temporal, não é suficiente. Fica tudo para semana que vem.

TRANSMISSÃO:
03/09 - Treino Livre 1: 6h (Band Sports)
03/09 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)
04/09 - Treino Livre 3: 7h (Band Sports)
04/09 - Classificação: 10h (Band e Band Sports)
05/09 - Corrida: 10h (Band)



RITO DE PASSAGEM - Parte 4

 

Foto: Getty Images

Olá, eu sou de novo.

O que você fazia em 2001? Como você era, onde você estava?

Eu já contei essa história antes. Era apenas uma criança que morava em Canoas e começava a me desenvolver. Escola, ainda no ensino fundamental, futebol, futsal, videogame, recortar papéis para brincar de corridas, pedir miniaturas de presente pro Coelhinho da Páscoa e receber de resposta que ele só dá chocolates, essas coisas. Eminem ainda não fazia parte do meu universo. Ainda.

Nessa época, um finlandês que havia pulado muitas categorias estreava na F1. Esse não é um post pra contar detalhadamente a história de Kimi Raikkonen, todos vocês já conhecem e pretendo revisitá-la em breve, é claro, mas não hoje.

O que quero dizer é: é ou foi uma jornada e tanto. O que o mundo, eu mesmo e as coisas ao meu redor mudaram: cidades, hábitos, estudos, descobertas, altos e baixos, viagens, etc. O que quase não mudou: em boa parte dos domingos lá estava ele na minha TV, junto com Alonso, Schumacher e outros heróis.

A aposentadoria do Schummi e de Rubinho deixaram uma lacuna. Talvez longe do auge, Raikkonen e Alonso já não eram mais jovens meninos. nem eu. Saí da escola, entrei na faculdade, me formei, virei adulto, entramos na pandemia e eles continuam lá. Alonso permanece ainda, virou o grande símbolo e o último dos moicanos, aquele que, junto com Slim Shady é claro, me conecta a infância, onde tudo começou e me moldou para o que eu faço na vida até hoje. 

Entre idas e vindas, o estilo "tô nem aí" no fundo é apenas uma coisa simples: eu quero correr até quando for possível. Deveria ser um lema em nossas vidas, mas infelizmente não é assim que a banda toca.

Em tudo que fiz, a presença dele nos domingos, como se fosse um amigo ou alguém próximo, estava lá. Aproveitar a jornada. Ao mesmo tempo que parece ser até o fim o meu gosto por acompanhar determinadas coisas, parecia natural que pilotos e personagens fossem a mesma coisa, só que aí vem o tempo.

Notícias como a de hoje são obviamente esperadas. O boato publicado ontem fez sentido. Uma parte se confirmou. A lição que fica é: o tempo é imbatível e tudo vira um passado que, infelizmente, fica cada vez mais distante.

Ao mesmo tempo que temos noção disso, precisamos entender e valorizar o futuro. Ainda teremos algumas corridas para acompanhar o campeão mundial e que disputou mais GPs na história. Um resto do presente como eu conheci. Nem tudo é tão desesperador, agora Alonso vai estar sozinho definitivamente, assim como Kimi segurou a bola nos últimos anos. Ver Schumacher, Button, Barrichello e Massa saindo de cena foi o caminho tão natural quanto sair da escola, entrar na faculdade, ir em festas, ter encontros, virar adulto, começar a narrar e locutar, etc. 

O tempo é imbatível e insuperável e me lembra, cada vez mais incisivo, uma mensagem simples: estou ficando velho. Estamos ficando velhos. O presente vira um passado distante e precisamos sempre olhar em frente, por mais que agora olhar para trás seja doloroso porque isso está apenas na nossa memória ou nos vídeos quando nossa cabeça começar a falhar.

Estamos ficando velhos.

Até!