segunda-feira, 10 de agosto de 2020

DOIS PASSOS DO FIM

 

Foto: Getty Images

Mais um capítulo da última temporada de Vettel na Ferrari. Uma coisa melancólica comparável a Game Of Thrones. Nunca assisti a série, mas são esses os comentários que eu li. Comparando a algo que tenha assistido ultimamente, poderia ser também a temporada final de House Of Cards, sem Kevin Spacey, mas enfim, vocês entenderam.

Se antes o tratamento era de primeiro piloto e o status de "a grande esperança", agora Vettel virou aquela figura indesejável no ambiente onde ninguém tem coragem de expulsá-lo mas estão todos torcendo para que saia de lá o mais rapidamente possível. Sequer foi procurado para discutir uma possível renovação. Um tetracampeão do mundo dispensado por telefone.

As coisas se deterioraram muito rapidamente, como a chegada e ascensão de Leclerc deixaram claros. A Ferrari tinha um novo queridinho, que entregava mais resultados, errava menos e ainda por cima era muito mais barato. Os problemas que se sucederam apenas adiaram o final inevitável, mas esse meio do caminho segue com nuances surpreendentes.

Ontem, o ápice. Vettel rodou e reclamou da estratégia da equipe ao ter parado nos boxes com apenas 10 voltas de pneu duro. A resposta: "se não tivesse rodado, não faríamos isso." Depois da corrida, Binotto disse que o alemão chegaria em 12° igual. Enquanto isso, Leclerc conseguia um ótimo quarto lugar.

Esses ataques públicos no rádio e na imprensa são a novidade. Chegou a um ponto insustentável. Como já foi dito e escrito, talvez seja melhor para os dois que as coisas acabem imediatamente. Qual a diferença de seguir até o final do ano? O carro é uma porcaria mesmo. Nesse caso, é claro, o problema maior seria da Ferrari para contratar um substituto que possa ser minimamente competitivo. Pior do que está não fica. 

E Vettel? Ir para a Racing Point/Aston Martin, que se mostra mais uma empresa familiar do que qualquer outra coisa, não parece ser uma boa. Pode servir apenas para engordar o cartel do filhote Stroll. Vale a pena um tetracampeão resolvido financeiramente se sujeitar a isso? Parece claro, olhando de fora, que Vettel precisa de um tempo. Quem sabe, se sentir falta da adrenalina, velocidade e competição, não consiga se reinventar em uma nova categoria a partir de 2022? É a aposta que precisa ser feita porque, nesse instante, Vettel está a dois passos do fim.

Até!

domingo, 9 de agosto de 2020

NO CONCEITO

 

Foto: Getty Images

A Mercedes é, nas CNTP, um segundo mais rápido que as demais. Para isso ser superado, é necessário que se crie alguma coisa diferente, seja um Safety Car, a chuva ou outra coisa. Na semana passada, os pneus em temperaturas quentes foram um pista que novamente se confirmou hoje.

Dessa vez não teve estouro, mas ficou claro que as Mercedes e sua cópia possuem maiores dificuldades de durabilidade com a temperatura da pista mais quente. Além disso, é claro, é preciso pensar diferente, ter uma estratégia. Foi isso que a Red Bull.

Com compostos mais duros depois da semana passada, os taurinos começaram a vencer a corrida no treino de sábado, quando escolheram a ousada tática de largar com os duros. Com os médios, as Mercedes rapidamente perderam terreno e Max passou a liderar, tomando as rédeas da prova.

A Mercedes tentou mudar de nível mas Max decidiu quando fez a segunda parada no mesmo instante que Bottas. Mesmo atrás, passou logo depois de sair dos pits e, com os pneus duros durando mais, venceu uma corrida calcada na estratégia.

Como desgraça pouca é bobagem, o pole Bottas ainda viu Hamilton esticar o stint, parar depois e com o pneus mais novo passou sem dificuldades o finlandês. Até quando não ganha Hamilton se dá bem, pois agora tem 33 pontos de vantagem no campeonato, começando a decidir o campeonato.

Se Max e a Red Bull merecem os louros pela estratégia e pilotagem, quem também precisa ser destacado é a “jovem fênix” Charles Leclerc. Também na estratégia, com um parada a menos, conseguiu um quarto lugar mágico para a realidade da Ferrari. Dizem que o carro é tão ruim que os pneus nem desgastam muito...

O capítulo Vettel x Ferrari ganhou mais um litígio evidente, um bate-boca público na transmissão. Vettel não se ajuda ao rodar na largada e ainda ter a sorte de sair ileso, mas o ritmo é muito fraco. Longe de pontuar, definitivamente foi relegado não só como um segundo piloto, mas também a uma figura incômoda na estrutura italiana. Como já escrevi, seria melhor um divórcio imediato do que esse constrangimento.

A opção que sobrou para o alemão hoje foi lastimável. Provando que é um carro veloz no treino e nem tanto na corrida, conseguiram hoje a proeza de parar Hulkenberg no final para que Stroll chegasse a frente. Repetindo: Hulk, que até semana passada tava sentado no sofá de casa, bastou duas semanas para ser mais rápido que o filho do pai. A simpatia e pobreza da Force India vira a antipatia da Racing Point/Aston Martin, uma empresa familiar. Não seria uma boa para Vettel servir apenas de escada para o garotão que é muito fraco. Trocaram o quinto e o sexto lugares por um sexto e sétimo pois Albon, em recuperação, conseguiu ainda dez pontos.

Largando de trás, Ocon também fez uma parada e conseguiu bons pontos, superando Ricciardo, que teve uma tarde infeliz. Norris e Kvyat completaram o top 10, com o russo também saindo de trás. Sainz também não foi bem.

Hamilton encaminha o título e mesmo sem a vitória sai com a sensação de lucro. Saiu atrás e superou Bottas. Na Fórmula Mercedes, o imponderável e as oportunidades precisam ser aproveitadas, e hoje Max Verstappen conseguiu, no conceito de estratégia, em inglês strategy...

Confira a classificação final do Grande Prêmio dos 70 anos da Fórmula 1:


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

CRIME E CASTIGO?

 

Foto: Getty Images

A grande notícia do dia foi que a FIA aceitou as reclamações da Renault sobre a irregularidade dos dutos de freio da Racing Point e decidiu punir a equipe de Lawrence Stroll com a perda de 15 pontos no campeonato e uma multa de R$ 2,5 milhões. A decisão ainda cabe recurso.

No entanto, mesmo assim, o time rosa ainda vai poder utilizar os dutos de freio que adquiriu da Mercedes, segundo eles, antes da proibição. Ou seja: o crime compensa. Não há castigo. A punição é tirar os pontos que seriam equivalentes a um terceiro lugar numa corrida. Que precedente... mas se fizeram um acordo às escondidas com a Ferrari, isso não é nada inédito ou surpreendente.

A outra notícia é que Nico Hulkenberg está mantido para a corrida dessa semana. Pérez segue positivado com o covid. Tomara que dessa vez o rapaz consiga largar, já teve azar demais na carreira.

Na pista, tudo deve ser uma repetição da semana passada mas sem os pneus estourados. Disputas? Que disputas? Bom, vamos continuar aguardando o imponderável surgir. É o que restou.

Confira a classificação dos treinos livres para o GP dos 70 anos da Fórmula 1:



quinta-feira, 6 de agosto de 2020

GP DOS 70 ANOS: Programação

O Grande Prêmio dos 70 anos da Fórmula 1 é uma edição comemorativa dos 70 anos de existência da categoria. A corrida será realizada em Silverstone, palco onde tudo começou.

Foto: Getty Images

APENAS CHEFE

Foto: Getty Images
  
A Ferrari, em sua eterna reestruturação, continua com mudanças. Antes chefe e diretor técnico, Mattia Binotto deixou a segunda função, focando apenas na primeira.

Há duas semanas, a escuderia anunciou a criação do "Departamento de Performance", comandado por Enrico Cardile e com a presença de Rory Bryne, projetista nos tempos de Schumacher e que mais uma vez está de volta.

“Não sou mais diretor-técnico. Sou apenas o chefe da Ferrari”, disse Binotto à emissora alemã RTL.
Apesar das projeções pessimistas do presidente John Elkann de que a Ferrari só vai voltar a vencer em dois ou três anos, o agora apenas chefe garante que está todo mundo trabalhando duro para que esse mau momento seja superado o mais rápido possível.

A cada corrida, medidas são tomadas pelos passionais italianos. Mattia Binotto é apenas chefe agora, e por enquanto, mas não deveria. A parte técnica combina mais como a de alguém que toma decisões. Não parece ter o perfil para esse tipo de cargo.

CERCO FECHANDO?

Foto: Getty Images


As contínuas denúncias da Renault sobre a possível irregularidade dos dutos de freio da Racing Point podem ganhar um novo e importante capítulo.

Segundo Michael Schmidt, da Auto Motor und Sport, ex-funcionários da equipe rosa levaram informações para os franceses.

Obviamente, se isso for verdadeiro, essas pessoas certamente serão ouvidas no tribunal durante o julgamento. 

A Racing Point alega que adquiriu partes dos freios da Mercedes antes da FIA avisar que os dutos deveriam ser produzidos pelos próprios times.

“Durante uma visita a nossa fábrica, a FIA revisou toda a documentação sobre os nossos dutos de freio. No mesmo dia, compararam o desenho com o da Mercedes e fizeram seus comentários”, disse Andy Green, diretor-técnico da equipe.

No entanto, Nikolas Tombazis, diretor-técnico da entidade, negou a inspeção. Green respondeu que Tombazis não estava na inspeção e, depois do encontro, enviou para a FIA mais informações sobre os dutos de freio.

“Não se trata de esconder o desenho. Eles comentaram que a solução era igual à da Mercedes, e explicamos que isso é porque compramos dutos de ar de 2019, quando ainda era legal. Nossos advogados estão lidando com esse problema há algumas semanas e mandamos mais documentos para a FIA durante o fim de semana”, explicou.

Dependendo do que decidirem, talvez a dinâmica das forças no pelotão intermediário muda tudo. Além das punições, um carro enfraquecido com um piloto fraco, um com covid e outro fora de ritmo pode ser fatal para as pretensões esportivas e financeiras da Racing Point em 2020 além de, é claro, ser um aviso bem entendível para as demais equipes não tentarem tal "malandragem".

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 88 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 58 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 52 pontos
4 - Lando Norris (McLaren) - 36 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 33 pontos
6 - Alexander Albon (Red Bull) - 26 pontos
7 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 22 pontos
8 - Lance Stroll (Racing Point) - 20 pontos
9 - Daniel Ricciardo (Renault) - 20 pontos
10- Carlos Sainz Jr (McLaren) - 15 pontos
11- Esteban Ocon (Renault) - 12 pontos
12- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 12 pontos
13- Sebastian Vettel (Ferrari) - 10 pontos
14- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
15- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 1 ponto
16- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 146 pontos
2 - Red Bull Honda - 78 pontos
3 - McLaren Renault - 51 pontos
4 - Ferrari - 43 pontos
5 - Racing Point Mercedes - 42 pontos
6 - Renault - 32 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 13 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO:







terça-feira, 4 de agosto de 2020

DESCARTADO


Foto: Getty Images

Todo mundo já esperava uma despedida melancólica de Vettel na Ferrari. Até aqui, não vem errando e/ou batendo, mas está bem atrás de Leclerc na classificação. O carro não ajuda mas mesmo assim o monegasco conseguiu dois pódios em quatro corridas. Com a Ferrari imersa no pelotão intermediário, o alemão não parece ter forças para lutar com McLaren, Renault e Racing Point.

No entanto, conhecendo o modus operandi da Ferrari e de qualquer organização envolvendo funcionários que já estão previamente de saída, a questão é maior: Vettel, outrora o homem que seria o responsável pelo ressurgimento da escuderia tal qual Schumacher, agora parece ser um elemento incomodante no ambiente ferrarista, um estranho no ninho, uma figura dispensável, típica de um fim de relacionamento.

O alemão percebeu isso, que está nítido. O silêncio no rádio após a linha de chegada quando a equipe comentou o pódio de Leclerc mostra bem isso. Rapidamente, somado aos erros, parece que ninguém lembra do que Vettel é capaz ou de sua biografia, provando que na F1, de fato, as vezes você é o que apresenta na última corrida.

Nos últimos dias, o alemão, sem compromisso com nada e analisando o futuro, falou sobre esse período incômodo e constrangedor que vai viver até dezembro. Ele reclama do carro, que é ruim, e tem dúvidas sobre sua capacidade, o que é normal. Entretanto, ele também revelou que, durante a passagem pela Ferrari, sentiu que não tinha o apoio necessário para realizar o trabalho no qual foi contratado.

Pois bem, aí eu discordo. A Ferrari renovou por várias temporadas com um Raikkonen visivelmente abaixo das capacidades e transformou o último campeão mundial pela equipe em um segundo piloto de luxo de Vettel. Apoio não faltou, ao menos até 2019, onde o alemão, mesmo em baixa, ainda tinha prioridade diante do novato Leclerc, mas aí os resultados foram indefensáveis.

A verdade é que sim, olhando de fora e talvez com base com o que próprio alemão diz, Vettel foi descartado e está sendo tratado como se fosse um, apenas esquentando o banco que Carlos Sainz irá sentar nos próximos meses. É muito pouco para um tetracampeão, até uma falta de respeito, mas é assim que as coisas são.

Talvez não seja uma má ideia seguir a dica de Irvine. Melhor do que o constrangimento e se arrastar no grid enquanto Leclerc tira coelhos da cartola, talvez seja melhor Vettel se livrar disso tudo imediatamente para o seu próprio bem, tanto no pessoal quanto no profissional. Talvez alguns meses de respiro possam ser suficientes para dar um sossego e descanso para que o competidor ressurja com mais força para a etapa final da vitoriosa carreira.

Até!


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

A QUESTÃO RED BULL


Foto: Getty Images

Historicamente, já se mostrou inviável a presença de dois competidores de alto calibre na mesma equipe ou em pé de igualdade. Os efeitos são catastróficos, mesmo que o objetivo principal seja atingido. Exemplos não faltam e vocês já conhecem, assim como o contrário: a moda, agora, são os pilotos A e B. 

A última equipe grande que resistiu a esse modelo foi a Red Bull que, no passado, fez o mesmo com Vettel e Webber, até a surpreendente ascensão de Daniel Ricciardo e a chegada da promessa Max Verstappen. Em pouco tempo, o holandês já foi alçado para primeiro piloto, mas faltava combinar com o australiano. Embates na pista e declarações na imprensa deixavam claro que a preferência era por Max. Ricciardo entendeu e seguiu a vida. No entanto, no último ano com os taurinos, teve uma série de abandonos e finalmente foi superado por Max nos pontos.

Desde então, mesmo com uma academia de pilotos feita para isso, é difícil acomodar um outro piloto por lá. Mesmo seduzido em um carro que em tese briga por pódios, a realidade é dura: um segundo piloto. Max é melhor que todos que já enfrentou desde então: Sainz na Toro Rosso, Gasly e agora Albon. A questão é, como disse o "filósofo" George Russell duas semanas atrás: por que eles parecem idiotas quando vão para a Red Bull?

Kvyat conseguiu dois pódios e superou Ricciardo em pontos em 2015 mas já estava marcado justamente pela ascensão de Max. Gasly subiu porque não havia candidatos após a saída de Ricciardo e vimos o que aconteceu. No entanto, bastou voltar para a Toro Rosso para fazer um pódio. Correr "sem pressão" não é o suficiente. Até Kvyat conseguiu pódio ano passado e nesse ano está na bola sete outra vez.

Albon agora é o bola da vez. Sem nenhum pódio ainda na Red Bull, foi prejudicado por Hamilton nas oportunidades que surgiram. Ultimamente tem errado muito em batidas e treinos ruins, o que compromete o resultado nas corridas. A questão é: a academia de pilotos dos taurinos é tão ruim para que quase ninguém consiga se manter por lá muito tempo ou existe algo de errado? 

Se derrubar o tailandês nascido na Inglaterra, quem será o próximo? Gasly e Kvyat já tiveram a chance. Vão subir o Sette Câmara ou recontratar Vettel? O que esse segundo carro da Red Bull tem que ninguém consegue sequer acompanhar Verstappen?

Essa questão lembra muito a Benetton nos tempos áureos de Schumacher. Enquanto ele era bicampeão, o alemão chegou a ter três companheiros de equipe em 1994: J.J. Lehto, Jos Verstappen e Johnny Herbert, efetivado em 1995 e claramente muito abaixo de Schummi, tanto como piloto mas também nos resultados. Nos dois casos, parece que são carros diferentes com a mesma pintura de tão discrepante que chega a ser as performances.

A Red Bull aposta todas as fichas em Max para sair da fila. É o correto, mas também existe a outra questão: ele não vai ser capaz de ganhar sozinho. É necessário um piloto que também tente roubar ponto das grandes e isso não existe desde Ricciardo. Essa é a questão Red Bull a se pensar nesse modo de gestão: até que ponto vale a pena sacrificar quase tudo em prol de um piloto se ainda não há margem para enfrentar a Mercedes? Mas também, o que deve ser feito nesses casos? 

O que sabemos é que essa estratégia, pelo jeito, não funciona.

Até!

domingo, 2 de agosto de 2020

O QUE FICA PARA A ETERNIDADE


Foto: Getty Images

A Mercedes é um carro muito superior aos demais, que também pioraram, tirando a cópia rosa. A corrida depois dos Safety Car causados pela batida de Albon e Magnussen e o erro de Kvyat, em uma batida e tapa no câmera, estava um saco. Nada de interessante, tudo definido. Até que surge o imponderável, como quem não quer nada.

Não basta perder três corridas seguidas e se afastar do sonho do título. O pneu dianteiro esquerdo de Bottas estoura, e não basta estourar, tem que ser logo após ele ter cruzado os boxes, percorrendo uma volta inteira com três rodas. 18 pontos jogados no lixo. Na sequência, o sortudo da vez foi Carlos Sainz, que vinha herdando um ótimo quarto lugar. Parece que é uma espécie de ritual para se acostumar com a Ferrari a partir do ano que vem.

Depois, quem diria, a outra Mercedes também teve um estouro no dianteiro esquerdo, repetindo as corridas de 2013 e 2017, onde o tal pneu é bastante exigido pelas curvas. Dessa vez, isso se acentuou com a alta temperatura da pista, maior que o normal, realizada no verão na Inglaterra e também pelo fato de todos terem parado cedo após o Safety Car e seguido até o final.

O que fica para eternidade é que Hamilton, mesmo colocando um segundo por volta nos concorrentes e com uma vantagem de 40 segundos para Verstappen, venceu guiando por meia volta um carro com apenas três pneus funcionando. O requinte de crueldade para a Red Bull é que, após o problema em Bottas, Max parou. Do contrário, teria vencido. No entanto, é fácil cornetar a decisão só agora. Mesmo que Bottas tenha aberto um precedente, seria impensável imaginar acontecer a mesma coisa com Lewis segundos depois. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

Foto: Getty Images

No terceiro lugar, mais um aproveitamento especial de Charles Leclerc. Em uma Ferrari em crise e capengando, ele aproveita as chances que têm e consegue dois pódios em quatro corridas. Enquanto isso, Vettel sofreu para marcar um mísero pontinho... não sei até que ponto os italianos já largaram de vez a mão com o alemão para priorizar o monegasco, futuro e presente ferrarista.

Na melhor corrida do ano, a Renault consegue ótimos 20 pontos com Ricciardo e Ocon, quase um pódio. A corrida foi melhor que o imaginado para a McLaren, uma pena o azar com o espanhol. A batata de Albon começa a assar, igual Kvyat, o acidentado. A questão da Red Bull número 2 é um problema histórico. Gasly, por outro lado, conseguiu pontos importantes em uma boa atuação com a Alpha Tauri.

Com Haas e Alfa Romeo enfiados na rabeira, Raikkonen terminou em último. Parece uma turnê de despedida, e bem melancólica por sinal. Na Racing Point, falta piloto, e Hulkenberg é muito azarado, impressionante. Nem largar com um carro bom ele pôde.

Corrida chata, Mercedes inalcançáveis e vantagem absurda. Isso tudo é verdade mas, para sempre, essa vai ser a corrida onde Hamilton venceu se arrastando no final, mesmo que tudo da linha anterior seja corretamente citado. Afinal, é o diferente, o espetáculo e o heroico é que ficam para a eternidade e assim a história é desenhada para cunho popular. Os números? Esses sim são inquestionáveis: 91 poles e 87 vitórias. A caminho de ser o maior da história. Lewis Hamilton, aquele que já está na eternidade.

Ah, e convenhamos: duas corridas seguidas nessa Silverstone... só com uma chuva de leve na causa, do contrário... haja pneu estourado para dar emoção. Isso também fica para a eternidade.

Confira a classificação final do GP da Inglaterra:


Até!