Foto: Getty Images |
Olá, amigos! Agora vem a segunda parte do especial Fernando
Alonso para vocês. Para ler a primeira parte, clique AQUI.
Vamos lá:
McLAREN (2007):
GUERRA CONTRA HAMILTON E RON DENNIS
Foto: RaceFans |
Logo depois de ser bicampeão mundial com a Renault, ver o
maior rival Michael Schumacher se aposentar e ir para a McLaren, era unânime
entre os analistas que a F1 estava vivendo uma nova era, a “era Alonso”.
Ainda em 2006, devido as conquistas com a Renault, o antigo
chefe Flavio Briatore o liberou para fazer o primeiro teste com a equipe de
Woking, em Jerez. Com o MP4-21, guiou por 95 voltas. O escolhido para ser o
companheiro de equipe era um jovem inglês Lewis Hamilton, campeão da GP2 na
temporada anterior e piloto da McLaren/Mercedes desde os tempos de kart. Segundo
publicações, Alonso receberia U$$ 40 milhões anuais. A estreia oficial de
Alonso com o novo carro da equipe foi em Valencia, em janeiro de 2007.
Na abertura da temporada, Alonso não foi páreo para a
Ferrari do estreante Kimi Raikkonen, que venceu. A primeira vitória do espanhol
(e a primeira da McLaren desde 2005) veio logo na corrida seguinte, na Malásia.
Também largando em segundo, Alonso liderou a dobradinha da McLaren.
Semanas
depois, no Bahrein, Alonso teve uma corrida difícil e foi apenas o quinto,
enquanto o jovem Hamilton conquistava mais um pódio, em terceiro. Na Espanha,
em casa, largou em segundo e partiu para cima de Felipe Massa na largada, mas
um toque acabou jogando o espanhol para a brita e o máximo que deu foi chegar
em terceiro.
Em Mônaco, a segunda vitória pela McLaren, onde fez a pole e
a volta mais rápida, permanecendo em terceiro no campeonato. Alonso chegou a
terceira vitória na temporada logo em Nurburgring em uma corrida caótica, cheia
de chuva e mudanças climáticas. Ele passou Felipe Massa no final em um toque e
os dois discutiram após a corrida diante das câmeras do mundo todo.
Spygate e briga com
Hamilton e Ron Dennis:
Foto: Sky Sports |
Segundo investigação da FIA, alguns membros da McLaren,
incluindo Alonso, estavam cientes de informações confidenciais da Ferrari. O
projetista-chefe da McLaren, Mike Coughlan, trocou informações com Nigel
Stepney, chefe de mecânicos da Ferrari. Meses antes, a Ferrari declarou ter
descoberto um roubo de dados após denúncia feita por um funcionário de uma
copiadora próxima à sede da McLaren, na Inglaterra, que teria copiado 780
páginas de um material confidencial de propriedade da equipe italiana e
entregue ao projetista britânico.
O arquivo que foi passado de Stepney para Coughlan contava
com dados importantes sobre o funcionamento da escuderia italiana, dados de
telemetria, aerodinâmica e muitas outras informações de seus carros e motores,
como consumo, quilometragem e pneus. A FIA começou a investigar.
Posteriormente, a FIA descobriu entre trocas de mensagens entre
Coughlan, De La Rosa e Alonso que eles sabiam as estratégias da Ferrari nas
corridas da Austrália e Bahrein, apesar do espanhol duvidar da autenticidade
dos dados. Nesse meio tempo, chegou o GP da Hungria.
Atrás do novato da equipe, Alonso exigia ser o piloto número
um. Ou seja, ter regalias. Afinal, era o bicampeão contra o novato inglês. No
entanto, Ron Dennis foi contra e Alonso acusava a McLaren de beneficiar
Hamilton por este ser inglês, uma questão muito semelhante a apontada por
Piquet durante os anos em que foi companheiro de Mansell na Williams, nos anos
1980. No Q3 do treino da Hungria, Alonso parou nos boxes primeiro para trocar
os pneus. Ele ficou mais segundos do que o imaginado e, parado, atrapalhou
Hamilton, que não conseguiu abrir uma nova volta e Alonso ficou com a pole.
Hamilton não tinha concordado com a ideia do espanhol parar antes, o que fez
Alonso se antecipar.
O espanhol foi punido em cinco posições no grid e terminou
apenas em quinto na corrida, fazendo a McLaren perder os 15 pontos do
campeonato de construtores. Hamilton herdou a pole e venceu sem maiores dificuldades.
Durante a reunião pós-treino, Ron Dennis teria cobrado de
Alonso. O espanhol teria respondido que, se não fosse primeiro piloto declarado
da equipe, iria denunciar a McLaren para FIA com o que sabia do caso de
espionagem. Tudo isso foi negado por Dennis posteriormente. McLaren, Ron
Dennis, Hamilton e Alonso foram chamados para dar explicações para a FIA. No
fim das contas, apenas a McLaren foi punida: excluída dos construtores e teve
que pagar multa de U$$ 100 milhões, além de mostrar com antecedência o projeto
do carro de 2008 para FIA, evitando uma nova possível cópia de dados da
Ferrari.
Voltando...
Diante desses fatos, ficou evidente que Alonso não tinha
mais clima pra seguir na equipe, mesmo tendo assinado contrato até 2009. O
espanhol venceu pela última vez na Itália e alguns erros custaram o sonho do
tri, como a batida no temporal de Fuji, no Japão. No Brasil, embora tivesse
chances matemáticas, Alonso em nenhum momento esteve em condições de ser
campeão, chegando em terceiro e vendo Kimi Raikkonen conquistar um título
improvável, o que não foi de todo ruim para o espanhol.
Em novembro, saiu o anúncio que McLaren e Alonso romperam o
contrato. Três semanas depois, o espanhol assinou o retorno a Renault por 25
milhões de libras em um contrato de dois anos, apesar de também ter recebido
sondagens da Red Bull, Toyota e Honda. Ele seria companheiro de equipe de
Nelsinho Piquet.
RENAULT (2008-2009):
NOVAS POLÊMICAS
Os dois anos seguintes de Alonso foram repletos de rumores. Nas
primeiras corridas da temporada 2008, a Renault não foi tão competitiva e o
espanhol foi o quarto na Austrália e oitavo na Malásia. Rapidamente surgiram
especulações de Alonso estar insatisfeito e querer deixar a equipe. Mario
Theissen, chefe da BMW Sauber, queria o espanhol no lugar de Nick Heidfeld para
conquistar a primeira vitória da equipe. Em entrevista, Alonso disse que queria
pilotar com eles em 2009 e ir para a Ferrari em 2010. A Toyota também se
interessou. Existia a especulação de uma cláusula de rescisão e de
produtividade que Alonso poderia deixar a Renault e substituir Felipe Massa a
partir de 2010, o que foi negado por Luca di Montezemolo.
No Bahrein, o reencontro entre Hamilton e Alonso. Em um
incidente, a traseira da Renault ficou danificada, enquanto o bico do carro
inglês também. A imprensa acusou Alonso de frear antes da hora, mas a
telemetria dos dois carros desmentiu isso.
Em casa, na Espanha, Alonso largou em segundo porque estava com o tanque
vazio, mas o motor estourou na volta 35, quando estava em quinto. Depois de
chegar em sexto na Turquia, o espanhol elogiou a evolução da Renault.
Em Mônaco, chegou em décimo. No Canadá, largando em quarto,
se envolveu em um acidente com Nick Heidfeld na volta 45 e ficou fora. Na
França, de novo largou leve em terceiro, entre as duas Ferrari. Na corrida, foi
sendo superado por todo mundo, inclusive o companheiro de equipe Nelsinho
Piquet, e o espanhol foi o oitavo. Em Silverstone, Alonso foi o sexto. Na
Alemanha, após largar em quinto, envolveu-se em um incidente com a Williams de
Nico Rosberg e terminou em 11°. Na Hungria, largou em sétimo e chegou em
quarto, beneficiado pelos abandonos de Lewis Hamilton e Felipe Massa.
No GP da Europa, Alonso vinha forte durante os treinos, mas
foi somente o 12°. Na largada, foi atingido por outra Williams, dessa vez a de
Kazuki Nakajima, que danificou a asa traseira e o câmbio. Em Spa, o espanhol
era o quinto a corrida toda, quando a
chuva apertou. Alonso apertou no pneu de chuva forte. A pista secou, mas mesmo
assim Alonso conseguiu passar Kubica e Vettel no final para chegar em quarto.
Em Monza, repetiu a colocação, fazendo a Renault empatar com a Toyota nos
construtores.
Cingapuragate:
Foto: Race Fans |
Na primeira corrida noturna da história, um problema na
pressão do combustível fez Alonso largar somente na 15°. Parecia uma corrida
sem perspectivas para a Renault outra vez, até Nelsinho Piquet bater no início
da corrida, provocar um Safety Car logo depois da parada de Alonso e contar com
o erro no pitstop de Felipe Massa para o espanhol vencer de forma improvável
pela primeira vez no retorno a Renault. A verdade foi descoberta só no ano
seguinte.
Depois de ser demitido, Nelsinho Piquet denunciou o fato para a FIA. Briatore
foi avisado de que se a Renault não vencesse, a equipe seria fechada na F1.
Ameaçando demitir Piquet, o brasleiro contou que foi coagido a bater de
propósito em Cingapura para ajudar Alonso, que não sabia de nada. Briatore foi
suspenso e Pat Symonds suspenso por cinco anos.
Voltando...
No Japão, com uma estratégia de duas paradas em Fuji, Alonso
voltou a vencer, evidenciando a boa forma. Dessa vez, sem polêmicas. A reta
final da temporada foi muito boa. Na China, chegou em quarto. No Brasil, foi o
segundo, enquanto o arquirrival Hamilton derrotava Massa na disputa do título
mundial. Nas últimas oito corridas, Alonso foi o piloto que mais marcou pontos
na temporada, superando inclusive os dois que disputavam o título. Foi o quinto
colocado no Mundial, com 61 pontos, deixando a Renault em quarto nos
construtores, com 80 pontos. No fim da temporada, renovou por mais dois anos
com a Renault, encerrando as especulações que dominaram a temporada.
O R29 teve desempenho muito ruim nos testes de pré-temporada
e Alonso não esperava um grande ano outra vez. Na abertura da temporada, Alonso
escapou de um acidente e, beneficiado pelo Safety Car causado pelo acidente
entre Kubica e Vettel no fim, conseguiu chegar em quinto. O espanhol não tinha
gostado de como o KERS, grande novidade da temporada, havia funcionado. Na
Malásia, foi o décimo primeiro. Na China, largou em segundo e chegou em nono,
chegando em ambas mais de um minuto atrás de Jenson Button, vencedor com a
surpreendente Brawn GP.
No Bahrein, chegou em oitavo após uma dura batalha após
o carro ficar com pedaços de garrafa quebrada. Tamanho esforço fez Alonso ficar
desidratado e passando mal após a corrida. Na Espanha, brigou o tempo todo com
Webber pelo sexto lugar, mas chegou em quinto após Massa abandonar na última volta.
Em Mônaco, contou com os abandonos de Kovalainen e Vettel para chegar em
sétimo, tendo largado em nono. Lutando bastante com o carro, chegou em décimo na Turquia e
em 12° na Inglaterra. No GP da Alemanha, Alonso perdeu posições na primeira
curva, mas conseguiu chegar na sétima posição.
Praticamente sem combustível, marcou a única pole da
temporada, na Hungria. Alonso liderava a corrida até a parada do pit stop no
primeiro stint, quando colocaram a roda traseira esquerda incorretamente.
Depois, o espanhol abandonou com problemas na bomba de combustível. Em
Valência, chegou em sexto e disse que era o melhor a ser feito. Lá, estreou seu
novo companheiro de equipe, o francês Romain Grosjean.
O problema da Hungria persistiu na Bélgica e fez Alonso
abandonar novamente, apesar dessa vez a origem do problema ter sido o toque com
Adrian Sutil na largada. Na Itália, chegou em quinto, reclamando novamente do
KERS. Um ano depois do escândalo e já com Briatore banido, Alonso conseguiu
dessa vez um bom terceiro lugar, sem suspeitas e o único pódio na temporada. O
espanhol polemizou ao dedicar o resultado ao recém-banido chefe, dizendo que
ele “fazia parte disso tudo”.
No Japão, Alonso perdeu cinco posições da largada ao não
diminuir a velocidade durante a bandeira amarela provocada pelo acidente de
Sebastien Buemi. Sem velocidade e chegando apenas em décimo, Alonso admitiu que
a punição decidiu o rumo da corrida. No Brasil, a corrida durou uma volta,
quando o espanhol não conseguiu escapar do acidente entre a Toyota de Jarno
Trulli e a Force India de Adrian Sutil, danificando o sidepod do carro da
Renault.
Nesse meio tempo, já tinha sido anunciada a ida de Alonso
para a Ferrari, desejo pessoal dos últimos anos, onde seria companheiro de
Felipe Massa. Na corrida final, em Abu Dhabi, foi apenas o 14°. Ele agradeceu
os serviços da Renault e relembrou as conquistas mundiais e de construtores.
Ele foi o nono colocado no Mundial, marcando todos os 26 pontos da Renault,
oitava colocada nos construtores.
Em breve, a terceira parte do Especial Alonso. Até!