Foto: Motorsport Images |
Robert Kubica tinha uma vitória na carreira, vários pódios e
grandes desempenhos na BMW Sauber quando foi contratado pela Renault para ser o
grande líder da equipe nos anos 2010. Um bom ano de 2010 poderia ser um
presságio para que ele e os franceses continuassem avançando. Kubica também era
bola da vez para pegar a vaga de Felipe Massa na Ferrari. Até hoje existem
histórias de que já haviam negociações em andamento.
Até que um acidente de rali em fevereiro de 2011 quase
colocou tudo a perder. Kubica ficou entre a vida e a morte. O movimento do
braço poderia estar comprometido. As seqüelas poderiam ser graves.
Uma carreira em sucessão interrompida. Com uma lenta
recuperação, restava ao polonês se aventurar no rali que tanto gostava. Era
notícia quando capotava com frequência, algo até normal na dinâmica do esporte.
Com o passar do tempo, o nome de Kubica tinha um misto de
alegria e lamentação, de alguém poderia ter sido mais do que foi se não fosse o
acidente. Sem contar a pancada assustadora no Canadá que resultou “apenas” em
um tornozelo quebrado.
Nos últimos anos, começaram a surgir movimentos de que o
polonês gostaria de se testar na F1 de volta. Carros mais pesados e difíceis,
além das lesões e limitações que tinha, deixavam tudo uma grande dúvida.
Kubica não se deu por vencido. A Renault, antiga equipe,
abriu as portas mas viu que o polonês não seria competitivo o suficiente para
pilotar. Com o passar do tempo, o que era grande expectativa virou dúvida: por
que Kubica não foi aproveitado pelos franceses e até preterido por Sirotkin na
Williams? Restou ser piloto de testes.
Naquele momento, o desempenho esportivo passou a ser segundo
plano. O que valia era a história, a redenção, o retorno de um esportista que,
mesmo diante de algumas limitações, mostrava que era possível estar lá. Tudo
bem que ele comprou a vaga, mas Kubica na Williams nesse ano foi um sopro. Uma
história pessoal que envolve a todos, como se fosse um filme de superação, em
um mundo tomado por adolescentes endinheirados.
É claro que somente o nome Kubica estava no cockpit. Aquele
piloto não existe mais. Com limitações, foi obliterado por George Russell.
Perdeu todos os treinos, mas não dá pra fazer pouco caso. Russell derrotou
Albon e Norris na F2, não é qualquer galinha morta e, mesmo assim, na hora
decisiva, valeu a estrela e até sorte do polonês para ser o responsável pelo único
ponto da equipe no ano, graças a desclassificação da Alfa Romeo na Alemanha.
No fundo, o retorno de Kubica teve como desempenho técnico
talvez uma reação abaixo até das expectativas iniciais, que não eram altas. É um
piloto de outra categoria em um carro de outra categoria. Não há demérito e
ninguém se importa. O mais importante foi que Robert Kubica mostrou ser
possível nunca desistir e dar a volta por cima. Ou alguém acha que o saudável
Latifi é capaz de fazer muita coisa diferente?
Num esporte cada vez mais negócio e menos humano, o polonês
subverteu a lógica. Entra e sai pela porta da frente, sendo reconhecido por
todos. No fundo, isso é o que mais importa e, para quem gosta de vasculhar os
livros de história, poderão ver que em 2019 Kubica fez um ponto e Russell nenhum.
Logo, o polonês foi melhor que o britânico na temporada. Ou não. De novo: quem
se importa?
Que Kubica siga feliz e alcance os outros objetivos pessoais
e profissionais que lhe resta.
Até!
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