quarta-feira, 8 de maio de 2019

FIM DE CICLOS?

Foto: Divulgação
Estamos apenas na quinta etapa do ano, mas as coisas estão muito quentes no que se refere as negociações envolvendo Liberty Media e as organizadoras dos circuitos que querem entrar e/ou permanecer na categoria.

Começando pelo que está confirmado: no ano que vem, será realizado o primeiro Grande Prêmio do Vietnã, nas ruas da capital Hanoi. Já começaram as obras e a tendência é que seja realizada em outubro de 2020. Vendo o on-board de como ficaria, ela me lembra bastante uma mistura de Valência com Cingapura.


Vamos para a (extensa) lista de indefinições: começando pela próxima corrida, na Espanha. Segundo os organizadores, a questão é uma só, e quase unânime entre os negociantes de todos os GPs: diminuir a taxa anual paga a Liberty Media. Os valores foram assinados ainda sob a gestão Bernie Ecclestone, que pegava cada centavo e tornou essa indústria insustentável, principalmente para os países europeus, não abastecidos por donos e bilionários sheiks do Oriente Médio. Ah, um fator que pode ser muito importante também é a provável diminuição pela procura de ingressos em virtude da saída de Fernando Alonso da categoria.

Pro lugar da Espanha, pode chegar o retorno do GP da Holanda, em Zandvoort, afastada da categoria desde 1985. Claro que o motivo é evidente: aproveitar o efeito Max Verstappen que enche as corridas próximas da localidade holandesa, principalmente em Spa Francochamps. O falecido Charlie Whiting chegou a realizar vistorias e acreditava que apenas alguns ajustes devem ser feitos para tudo ficar pronto. Algumas publicações da imprensa europeia já cravam que a corrida holandesa irá substituir o circuito espanhol a partir do ano que vem.

Como sempre, Inglaterra e Itália todo ano tem drama e todo ano renovam, até que um dia isso não aconteça. Presentes desde os primórdios da categoria, o diretor de Silverstone já sinalizou que existem negociações, mas nada perto de algum desfecho. Por outro lado, como sempre dramático, o GP em Monza tem um "acordo provisório" para renovação até 2024. O empecilho financeiro é a grande questão para ser superada, pra variar.

A Alemanha praticamente participa uma vez a cada dois anos da categoria. Com Nurburgring falida há alguns anos, Hockenheim segue o mesmo caminho de dificuldades financeiras. Para esta temporada, a Mercedes ajudou com os custos. No entanto, diante dos cortes que estão fazendo, parece improvável que esse tipo de aporte seja realizado no ano que vem. Um país ioiô na F1 mesmo conquistando 12 títulos de pilotos e 5 de equipes nos últimos 25 anos, os custos são altíssimos. O promotor da corrida disse que houve maior procura de ingressos para assistir a F2, que tem Mick Schumacher, do que para a própria F1.

Incrível perceber que os três principais pólos tradicionais da F1 pode estar de saída, talvez quatro (considerando que a corrida na Espanha sempre foi tradicional, mesmo quando só De La Rosa e Alonso passaram a disputar a categoria no início dos anos 2000 enquanto a grande paixão é a Moto GP)

O México, país que mais recebe público desde o retorno para a categoria em 2015, também está com um pé fora. Sem mais o apoio do governo federal, que cortou gastos, a tendência é que mesmo sendo um sucesso de público e carisma os mexicanos voltem a ficar ausentes, pra tristeza de Checo Pérez. Outro mercado importantíssimo na América Latina e no "espalhamento" da popularidade da categoria pelo mundo.

Pra fechar, parece que o tal GP de Miami ficou em stand-by. Os organizadores recuaram após os protestos das associações de moradores das áreas onde ficaria o circuito nos três dias de competição e vão tentar renegociar um novo traçado. Essa é a que menos importa. Ninguém se importa com mais corridas nos Estados Unidos e nem os americanos ficam empolgados com a categoria europeia.

Provavelmente nem todas fiquem fora, o que seria uma loucura. Trata-se apenas de uma questão de barganha, embora Alemanha, México e Espanha parecem, pelos relatos, distantes. Isso vai de encontro ao que disse Christian Horner, chefão da Red Bull, sobre o possível aumento do calendário para 23 etapas. Hoje, são 21 etapas. Com a inclusão de Vietnã e talvez Holanda, seriam 23. No entanto, sem Alemanha, Espanha e México, cairia pra 20, talvez 19, se a Inglaterra também der pra trás.

São todos circuitos importantíssimos em termos de negócios e marketing, alguns nem são grandes traçados e por isso não fariam falta (né, Espanha?). No entanto, a maioria é da fatia europeia, que basicamente sustenta o negócio. Diante do impasse nas negociações do novo Pacto de Concórdia e da cada vez maior dificuldade de negociar os caríssimos termos das taxas assinadas ainda por Bernie Ecclestone, não é exagero dizer que o futuro da categoria está ameaçado no médio/longo-prazo, principalmente também pela questão do uso dos combustíveis fósseis cada vez diminuírem em acordos das montadores e dos países.

O futuro é realmente sombrio ou mais uma vez estamos sendo assustados pelos boatos e ameaças de negociações de barganha? Abre o olho, bigodudo, Ross Brawn e Jean Todt.

Até!

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