terça-feira, 27 de junho de 2023

ONDE HÁ FUMAÇA...

 

Foto: Getty Images

Nesta semana, a Renault anunciou a venda de 24% das ações da equipe Alpine para um grupo americano de investimentos que incluem a Otro Capital, RedBird Capital Partners e Maximum Effort Investments. Dizem que a operação custou cerca de 200 milhões de euros, sendo que a equipe francesa vale 900 bilhões.

O detalhe interessante é que as ações são sobre o time com sede em Enstone, na Inglaterra. Não tem nada a ver com os motores e a sede francesa da Renault. É estritamente para a F1.

Quem diabos são esse tal grupo americano de investimentos?

A RedBird “tem um portfólio que inclui a terceira maior participação no Fenway Sports Group, dono na equipe de baseball Boston Red Sox e da equipe de futebol Liverpool FC. O grupo também tem parte das ações do AC Milan e do Toulouse.” (trecho retirado de reportagem do Grande Prêmio)

Ainda segundo reportagem veiculada no Grande Prêmio, “a Maximum Effort é liderada pelos atores Ryan Reynolds, de ‘Deadpool’, e Rob McElhenney, de ‘It’s Always Sunny in Philadelphia’, que também é proprietária do Wrexham FC, que tem o ator Michael B. Jordan, de ‘Creed’, como coinvestidor.

Alec Scheiner, co-fundador da Otro Capital, vai se juntar à cúpula de diretores da equipe de Enstone.”

Tudo isso vem a calhar no momento em que a Renault, desde que retornou a F1 como equipe, está avançando em passos muito mais lentos do que os próprios imaginavam. Atualmente, estão brigando ferozmente com a combalida McLaren para serem a quarta força do grid.

A crise provocada pelo covid fez o grupo francês perder muito dinheiro, além do maciço investimento na F1 ainda não ter concretizado grandes feitos, apenas uma vitória solitária de Ocon na Hungria, em 2021. Gastos, gastos e déficit. Vejam só.

Além do mais, no início do ano, o presidente da Renault deu um esporro público em todo mundo do time, responsabilizando e cobrando todos pelo péssimo início de temporada. O cara não tinha descartado nem mesmo fazer mudanças abruptas e radicais, o que não foi feito até agora, mas a insatisfação e a pressão existem.

Lembrem, é a Renault. Uma montadora que gasta muito e, em sete anos, não deu nem de longe o salto que a Aston Martin, que também começou mal, mas finalmente conseguiu alguma reação e notoriedade em 2023, por exemplo.

Vender uma parte do time para os americanos pode ser uma forma de recuperar e maximizar investimentos, mas também pode ser um indício de que a equipe de F1, novamente, não é importante para os franceses. Eles têm esse histórico de pegar, largar e abandonar a categoria. Não seria surpresa.

E, com os americanos assumindo tentáculos relevantes em uma estrutura pra lá de interessante, tem um certo time americano de olho e louco para entrar na F1, com nome, sobrenome, know-how e parceria: a Andretti, com a Cadillac.

Um sonho americano que pode ter uma pitada francesa, por quê não? Se Deadpool e Creed resolverem entrar na parada, todos sairiam ganhando, não? Ok, chega de fantasias por hoje.

Mas onde há fumaça...

Até!

segunda-feira, 19 de junho de 2023

QUEM SABE, UM DIA?

 

Foto: Getty Images

É raro ter dois ou três pilotos de gerações disputando o campeonato e ainda assim irem para o pódio. Quem não lembra da icônica foto com Senna, Prost e o jovem Schumacher na Catalunha? Depois, tivemos outras recriações com Alonso, Vettel, Button, Schumacher, Hamilton, entre outros.

Mais uma vez, em 2023, tivemos um momento de extrema felicidade. Ver os melhores pilotos do grid, em carros diferentes, no topo. O treino, na chuva, mostrou que em circunstâncias desafiadoras, o talento sempre vai prevalecer. Não a toa, eles largaram na frente e dispararam no domingo.

O confronto Alonso vs Hamilton sempre tem nuances de arrepiar. Hamilton passou na largada e o espanhol buscava alguma brecha. Sempre no limite, em poucos décimos de diferença. Com o Safety Car causado por Russell, quase se tocaram. Embora Alonso tenha feito o pit melhor, Hamilton se sobressaiu.

Mas depois não teve jeito. Na única oportunidade, Alonso assumiu a segunda posição em uma disputa limpa e técnica. Todos se respeitam, embora os entreveros acontecem desde 2007. Depois, a situação chegou a se inverter. Com os pneus duros, Alonso viu a vantagem para Hamilton cair.

Nas voltas finais, quando foi alertado sobre isso pela equipe, Alonso mandou um “deixa comigo”. Estava apenas administrando e terminaram assim.

A Mercedes cresceu e é questão de tempo para virar a segunda força de fato, embora a tabela de construtores já mostre isso, devido a capacidade dos engenheiros dos alemães e da dupla de pilotos, a melhor e mais equilibrada do grid.

O foco do texto é uma obviedade: exaltar que, mesmo em condições distintas de carros, mentalidades e carreiras, ver os três melhores do grid no pódio e brigando com lealdade é algo que não podemos esquecer, porque é raro.

Como foi escrito ontem, só falta o time de Stroll e os alemães conseguirem encostar um pouco nos taurinos, até então imunes as mudanças da mãe natureza e os erros humanos (exceto Pérez).

Quem sabe, um dia?

Até!

domingo, 18 de junho de 2023

NÚMEROS E MAIS NÚMEROS

 

Foto: Getty Images

Faça chuva, nublado ou sol, nada vai impedir que Max Verstappen continue vencendo e dominando na F1. Ele consegue superar até a mãe natureza, em um final de semana repleto de desafios logísticos, respondidos com números que impressionam pela precocidade.

No sábado, Max já superou o número de poles de pares como Niki Lauda e Nelson Piquet - observem o que o futuro tricampeão está fazendo. No domingo, Verstappen chegou a vitória número 41, igualando Ayrton Senna e o centésimo triunfo da Red Bull. O primeiro veio em 2009, quatro anos depois da estreia na categoria, quando comprou a Jaguar.

Mesmo com a Red Bull longe do domínio acachapante das outras corridas, Max ainda assim controlou com relativa tranquilidade Alonso e Hamilton. Os dois foram beneficiados pela punição ao então segundo colocado no grid de largada, Nico Hulkenberg, provando que até no sábado o alemão virgem de pódios na F1 não tem mais sorte.

Hamilton passou Alonso na largada, mas o ritmo da Aston Martin fez a Fênix recuperar a posição. Lewis até tentou uma pressão no final, prontamente neutralizada pelo bicampeão. E os três primeiros terminaram assim, em uma corrida longe de grandes emoções.

Um dos pódios mais épicos da história. Assim vai ser quando os três estiverem no topo. Já são 12 títulos (contando o inevitável tri de Max), centenas de poles, vitórias e pódios. Que coisa maravilhosa. Só falta que os alemães e o time do bilionário Lawrence consigam se aproximar um pouquinho em ritmo e velocidade, porque Max está numa fase tão esplendorosa que nem mesmo quebras ou eventuais erros podem ser admitidos, mesmo sabendo que, no final do dia, Verstappen é humano.

A Ferrari acertou na estratégia. O Safety Car causado pela batida de Russell no muro (hoje foi o famoso "dia de crescimento" de George) fez com que os italianos apostassem na durabilidade dos pneus e o trenzinho no grid para ganhar posições importantes, perdidas por inúmeros fatores no sábado (a Ferrari, como sempre e o desastrado Sainz, atrapalhando todo mundo).

Pérez foi outra decepção e precisa lutar bravamente para, dessa vez, ser vice-campeão. A queda de rendimento e ausência de reação não chega a surpreender quem acompanha o mexicano, mas frustra desperdiçar tantas oportunidades no carro mais dominante que dirigiu. Essa pressão de achar que seria páreo para Max claramente pode ser um fator a mais nas causas dessa decadência, olhando por uma particularidade oportunista, obviamente.

Alexander Albon foi o cara do dia. Já tinha brilhado no sábado ao levar a Williams ao Q3. Dessa vez, graças a estratégia, defendeu bravamente os ataques de Ocon e garante pontos fundamentais para a equipe. Uma volta para o time satélite cairia bem no futuro, não? Considerando que De Vries talvez nem termine o ano...

Russell, além de perder pontos importantes para os construtores, ainda teve azar de, mesmo depois de escalar o grid novamente, ter um problema e abandonar. Mesmo assim, a Mercedes parece ser a segunda força porque é a única que possui carro e dupla de pilotos confiáveis (apesar de hoje). A Ferrari é a Ferrari e a outra é Alonso Martin.

Ocon, Stroll e Bottas pontuaram. O filho do dono também constrange por estar tão distante de Alonso, mesmo envelhecido. Também não surpreende. Norris teve uma punição sobre "atitude antidesportiva" e perdeu pontinhos preciosos para a McLaren, que saiu zerada.

No chato GP do Canadá, que teve de quase tudo e mesmo assim não teve como deter Max Verstappen, o que fica é a imagem do pódio. Os três melhores pilotos do grid onde devem estar. E o holandês segue colecionando números, números e mais números.

Confira a classificação final do GP do Canadá:


Até!

sexta-feira, 16 de junho de 2023

AS CÂMERAS DE MONTREAL

 

Foto: Jared C.Tilton/Getty Images

Coisas que não deveriam acontecer em uma etapa da Fórmula 1, mas acontece: basicamente não houve TL1 porque as câmeras internas do circuito pararam de funcionar. Inacreditável. Ah, se isso acontece no Brasil... seria no mínimo de “várzea” e “coisa de país subdesenvolvido” para baixo.

A solução foi antecipar o início do TL2 e, como consequência, aumentar a duração para o antigo formato, de uma hora e meia. Muitos carros trouxeram novas atualizações, então basicamente esse foram os únicos 90 minutos disponíveis para testes. É o caso da Aston Martin.

A sessão foi frenética, onde todas as equipes fizeram praticamente tudo: voltas rápidas e stints. Muito tráfego e dinamismo. Assim como no TL1, a Alpine parece apresentar problemas: os dois pilotos abandonaram a sessão, assim como Nico Hulkenberg. Ocon e o alemão causaram rápidas bandeiras vermelhas no TL2, o que tirou mais alguns minutos de ação de todos.

No final, ainda, veio a chuva, faltando cinco minutos. Dizem que o tempo pode ficar instável no final de semana, o que deixaria tudo ainda mais embaralhado.

Muita expectativa para saber se a Mercedes continuará competitiva. Tudo indica que sim, embora as declarações estratégicas sejam de calma para causar alguma surpresa. Se fazendo de morto para, enfim... Terminaram na frente o TL2, com dobradinha de Hamilton e Russell.

A Ferrari é veloz nas voltas rápidas, mas tem sérios problemas de ritmo. A Aston Martin continua tímida diante do crescimento das Mercedes. Claro, talvez uma sessão única dividida em vários afazeres não seja a melhor métrica do momento. Diante das circunstâncias, o TL3 também será de suma importância para que seja feita uma análise mais apurada.

Tomara que a Mercedes blefe além deles mesmos para que assim haja uma competição com Max Verstappen porque, do contrário, vai ser difícil. A Aston Martin ainda não está pronta e capaz de dar o próximo passo.

Confira os tempos dos treinos livres:

 




Até!

quinta-feira, 15 de junho de 2023

GP DO CANADÁ: Programação

 O Grande Prêmio do Canadá foi disputado pela primeira vez em 1967, sendo disputado até 2008 nos circuitos de Mosport Park, Mont-Tremblant e Montreal (atual), retornando a categoria em 2010.

Em virtude da pandemia do Covid-19, a corrida não foi realizada em 2020 e 2021, retornando em 2022.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Valtteri Bottas - 1:13.078 (Mercedes, 2019)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:10.240 (Ferrari, 2019)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Michael Schumacher (1994, 1997, 1998, 2000, 2002, 2003 e 2004) e Lewis Hamilton (2007, 2010, 2012, 2015, 2016, 2017 e 2019) - 7x

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 170 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 117 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 99 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 87 pontos
5 - George Russell (Mercedes) - 65 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 58 pontos
7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 42 pontos
8 - Lance Stroll (Aston Martin) - 35 pontos
9 - Esteban Ocon (Alpine) - 25 pontos
10- Pierre Gasly (Alpine) - 15 pontos
11- Lando Norris (McLaren) - 12 pontos
12- Nico Hulkenberg (Haas) - 6 pontos
13- Oscar Piastri (McLaren) - 5 pontos
14- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 4 pontos
15- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 4 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos
17- Kevin Magnussen (Haas) - 2 pontos
18- Alexander Albon (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 287 pontos
2 - Mercedes - 152 pontos
3 - Aston Martin Mercedes - 134 pontos
4 - Ferrari - 100 pontos
5 - Alpine Renault - 40 pontos
6 - McLaren Mercedes - 17 pontos
7 - Haas Ferrari - 8 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 8 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 2 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto

IMAGINA SE...

Foto: Getty Images

Antes de assinar com a Red Bull e estrear na F1 com 17 anos na Toro Rosso, Max Verstappen já era uma grande promessa do automobilismo e a Mercedes estava de olho no holandês. Diversas reuniões foram realizadas no escritório de Toto Wolff, em Brackley, e também na casa do chefão da equipe alemã, em Viana. O resultado todos já sabemos, mas foi feito o questionamento para Toto: algum arrependimento?

"Certamente, mas não era uma opção na época. Tínhamos dois pilotos com que estava extremamente feliz em Nico e Lewis. Quando Nico saiu, Valtteri era a opção. Max não estava disponível”, disse para a ESPN.

O que pesou na decisão de Max foi o fato dele ter a Toro Rosso, equipe B da Red Bull, para estrear imediatamente na F1, enquanto a Mercedes, apesar de influências e ceder motores para outros times, não tem uma equipe B, de fato.

A ESPN americana também perguntou se, caso tudo desse certo, como seria ter Verstappen e Hamilton nas flechas de prata.

“Se Max e Lewis funcionariam juntos? Talvez não. Lewis é um cara da Mercedes desde sempre, então é difícil responder uma pergunta que nunca me fiz. Tudo acontece por um motivo. Mas eu tinha dois pilotos nos assentos, nenhum acordo com equipe júnior, então era claro que a opção com a Toro Rosso era o que eles precisavam. E fizeram bem”, concluiu.

Realmente, difícil de imaginar. Muitos poréns. Pensando hoje em dia, Verstappen "demorou" para maturar enquanto piloto, apesar de jovem. Era muito inconstante e, enfrentar cru assim um campeão como Hamilton, provavelmente não daria certo. Isso só reforça o quão grandioso Lewis foi quando chegou na categoria, quando encarou um certo bicampeão Fernando Alonso, polêmicas a parte. Uma pena que uma dupla, nesses moldes, é impossível.

RENOVAÇÃO A CAMINHO

Foto: Reprodução/Mercedes

Após o GP da Espanha, Hamilton falou que o acordo de renovação estava bem próximo. Agora, é a vez de Toto Wolff afirmar que as partes estão próximas de um desfecho positivo, e isso pode acontecer antes mesmo do GP do Canadá, no final da semana.

"Ainda estamos conversando, ouvimos essa pergunta basicamente em todo fim de semana de corrida.Temos um relacionamento tão bom que tememos o momento em que vamos precisar falar sobre dinheiro. Então, isso vai acontecer em breve. Acho que estamos falando mais de dias do que de semanas", disse.

O chefão foi além:

"Estamos nos esforçando muito. Vou vê-lo hoje e talvez a gente converse sobre isso. Entramos juntos na equipe em 2013, dez anos já se passaram, e, de uma relação profissional, passamos para a amizade. Tem sido um momento maravilhoso.

Do ponto de vista da equipe, Lewis e Mercedes dão retorno há muito tempo. Ele nunca correu por nenhuma marca além da Mercedes. Lewis é a personalidade mais importante do esporte. Ele é tão multifacetado, não apenas nas corridas, mas também fora das pistas, então precisamos mantê-lo no esporte o maior tempo possível”, concluiu.

Lewis Hamilton é uma marca, o grande embaixador do esporte para furar a bolha dos fãs mais hardcore. A F1 precisa agradecer todos os dias que ele ainda se mantenha motivado e ávido pelo sucesso depois de 2021. 
Claro, quando se está no topo, é fácil querer falar sobre aposentadoria porque não existem desafios. No entanto, bastou estar do outro lado da moeda depois de muito tempo que o Sir voltou a ter a garra do menino que enfrentou Fernando Alonso na McLaren. E os resultados mostram: Hamilton ainda pode fazer muito na Mercedes e na F1.

TRANSMISSÃO:
16/06 - Treino Livre 1: 14h30 (Band Sports)
16/06 - Treino Livre 2: 18h (Band Sports)
17/06 - Treino Livre 3: 13h30 (Band Sports)
17/06 - Classificação: 17h (Band e Band Sports)
18/06 - Corrida: 15h (Band)


terça-feira, 13 de junho de 2023

TOYOTA vs FERRARI

 

Foto: Reprodução/WEC

Semana passada, coincidência ou não, o Tela Quente mostrou em horário nobre na TV aberta o Ford vs Ferrari, que conta a história de quando os americanos venceram em Le Mans e a relação entre Ken Miles e Carroll Shelby.

No final de semana, aconteceu a corrida que marcou o centenário das 24 Horas de Le Mans, principal prova da WEC. A categoria foi abandonada nos últimos tempos e virou basicamente um parquinho de diversões da Toyota, principalmente quando a rival Audi também saiu de cena.

Eis que, para a surpresa de muitos, a Ferrari resolve voltar para as corridas de Endurance. O objetivo, claro, é ser competitivo e depois vencer e ser campeão, é claro.

Nas etapas anteriores, em Sebring e Spa, os italianos estavam no caminho, apesar dos problemas naturais de durabilidade. Afinal, desbancar os japoneses em tão pouco tempo é uma tarefa muito improvável. Mas tudo pode acontecer.

Le Mans tem o charme. Se na produção americana obviamente os italianos eram os vilões e os arrogantes da história, agora a trama era outra. Desde 1965 que a Ferrari não vencia em Le Mans e a principal montadora do mundo estava ausente do palco francês há exatos 50 anos.

Ingredientes que, por si só, já deram um outro tempero para a corrida desse final de semana. Finalmente a Toyota teria uma adversária a altura, em tese, apesar da Peugeot também estar de volta a corrida da casa.

Nos treinos, a primeira surpresa. Dobradinha italiana na primeira fila, embora o ritmo de corrida e o favoritismo continuassem do lado dos japoneses. Na largada, Buemi passou os dois e assumiu rapidamente a liderança.

Uma das Toyotas e uma das Ferraris tiveram problemas. O carro japonês abandonou e o italiano perdeu ritmo, se afastando da possibilidade da vitória. Agora era um contra um. Toyota vs Ferrari.

Um problema no pit-stop fez os italianos do #51 perderem a liderança para o #8 dos japoneses, que tiveram um pneu furado. Faltando duas horas para o fim, a Ferrari tinha uma vantagem pequena. Tensão total.

Até que Ryo Hirakawa rodou e bateu. Fim da disputa. Agora, só faltava o tempo passar.

E a Ferrari #51 de Alessandro Pier Guidi e os ex-GP2 James Calado e Antonio Giovinazzi quebraram um jejum histórico, de meio século. A vitória mais importante da Ferrari nos últimos 15 anos.

O fim da espera. Desbancar os favoritos. A redenção para dois pilotos da GP2, um prodígio que não deu certo na F1, e outro que também não chegou perto de ser titular, mas tinha valor. Mais uma vez, a lição que nem tudo se resume a F1. A história está a disposição de todos, basta acreditar e se reinventar.

Desta vez, os italianos são heróis e “mocinhos”. Só falta um Paolo Sorrentino dar vida nas telonas a esse grande capítulo da história ferrarista.

Até!

segunda-feira, 5 de junho de 2023

CONTRA O TEMPO

 

Foto: Getty Images

Não é sobre a renovação de contrato, pois é óbvio que Hamilton irá permanecer na Mercedes. Não há motivos para trocar de equipe a essa altura da carreira, tampouco aposentadoria. Digo, tudo depende de como Lewis se sente na F1, os planos da carreira, o que mais ele deseja dentro e fora das pistas...

Mas não há queda de desempenho. Assim como Alonso, a idade não chegou, num esporte que, com o passar das décadas, se tornou cada vez mais jovem e precoce. Tudo bem, ano passado ele perdeu para o estreante Russell, mas não foi um demérito. O tempo mostrou que George é o piloto inglês mais promissor para assumir o trono e, em 2023, o Sir está com melhor.

Dizem que a equipe fez os últimos ajustes do carro, muito competitivo na Espanha, priorizando Lewis. O que é normal, afinal estamos falando do maior vencedor, do maior poleman e um dos maiores campeões da história.

O cerne do texto é sobre a continuidade. Hamilton não é mais garoto e, obviamente, o tempo passa a ser, mais do que nunca, um inimigo. Agora que o jogo virou e a Mercedes não é mais dominante, os alemães precisam ser extremamente eficientes para dar a Lewis um carro capaz do octa.

Dois anos desperdiçados em conceitos que não levaram o time a lugar algum. Claro, pelo status que tem, Lewis é que vai escolher quando e onde parar, onde ir, etc. A questão é: ele não está ficando mais jovem e, com menos testes, é mais difícil alcançar quem começou melhor no novo regulamento. A Red Bull demorou sete anos para voltar ao topo. Hamilton não vai ter mais sete anos de categoria.

Portanto, agora a bola está nas mãos da Mercedes. Que o novo pacote aerodinâmico que tornou o W14 melhor siga nesse ritmo de evolução. A Red Bull tem menos tempo de túnel do vento e, naturalmente, vai evoluir menos por já ter atingido o topo antes. A curva de crescimento dos alemães é maior, mas precisa ser mais rápida.

Mais um motivo para Lewis Hamilton correr contra o tempo, mas ele é um dos melhores, se não o melhor, a ter feito isso. It’s Hammer Time!

Até!