segunda-feira, 15 de agosto de 2022

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA 2022: Parte 1

 

Foto: Getty Images

Olá, pessoal! Apesar da F1 tirar algumas semanas de férias, as coisas continuam quentes, como vocês podem perceber! Enquanto as coisas se acertam para o retorno da parte final da temporada e as últimas nove etapas do ano, aqui está a primeira parte da análise parcial de 2022, com Red Bull, Mercedes, Ferrari, McLaren e Alpine. Bora!


Foto: Reprodução/Red Bull Content

Max Verstappen = 9,5 – É uma temporada quase perfeita. Teve muitas dificuldades no início quando o carro teve duas quebras, mas de resto Max sobra. Faz o que o carro permite e entrega os pontos necessários. É um piloto assustadoramente maduro após ser campeão. Claro que a concorrência está facilitando o trabalho, mas Max não tem culpa. Com calma até surpreendente pelo estilo, o holandês caminha para o bi sem maiores sustos, embora o que acontece na pista não indique isso, ou não deveria indicar.

Sérgio Pérez = 8,5 – Um começo muito bom. Pérez parecia estar mais adaptado a equipe e, com o novo projeto, diminuindo a distância para Verstappen, fazendo pole e vencendo em Mônaco. Estava cumprindo com o que a equipe queria: um acumulador de pontos. No entanto, seja pelas novas atualizações ou pelo suposto novo assoalho já pensando na parte final da temporada, o mexicano sumiu depois de vencer no Principado. Está distante, cometendo alguns erros e longe da regularidade do início. Em altos e baixos, mesmo com o futuro garantido, Pérez precisa voltar a forma antiga para ajudar Max a conquistar o campeonato com facilidade.


Foto: Getty Images

Lewis Hamilton = 8,5 – Um peixe fora d’água. Desde 2009 que Hamilton não tinha um carro tão distante das vitórias em mãos. O começo foi complicado, quase constrangedor. Sem ritmo e sem rumo, Lewis se viu sem forças enquanto Russell acumulava pontos. A grande virada veio na metade final da primeira parte: o carro melhorou, Lewis teve confiança e voltou a velha forma. Vários pódios consecutivos e cada vez mais próximo de vencer. A segunda metade do campeonato é uma grande pré-temporada para o Sir voltar a brigar pelo octa em 2023.

George Russell = 9,0 – Regularidade impressionante. Só a batida em Silverstone que impediu George de ter um começo praticamente perfeito e acima das expectativas na Mercedes. Não é qualquer um que supera Hamilton em pontos nesta altura do campeonato. O inglês confirma o talento que tem. A pole na Hungria é uma credencial que mostra o valor do time e, com a evolução vindo, George tem tudo para ser cada vez mais protagonista no time e na F1.

Foto: Getty Images

Carlos Sainz = 8,0 – Por ter batido Leclerc ano passado, a expectativa pela disputa, agora que a Ferrari tem um carro protagonista, era grande. No entanto, Sainz sucumbiu a pressão. Muitos erros e falta de velocidade. Venceu uma corrida onde teve a melhor estratégia mesmo não sendo o melhor piloto ou estando na melhor colocação no campeonato. Sainz não é um protagonista, é um escudeiro não reconhecido pela Ferrari. Não é o cara que elevar o time de patamar no momento de dificuldade e pressão por vitórias. Até aqui, foi o contrário. Sainz é um acumulador de pontos, mas não tem o necessário para ser um protagonista. Só falta a Ferrari entender isso.

Charles Leclerc = 8,5 – Nos treinos, é quase perfeito. Na corrida, longe disso. Alguns problemas foram culpa da Ferrari e outros o monegasco foi o próprio algoz, como em Ímola e Paul Ricard. É muito rápido, veloz e talentoso, mas falta cabeça e experiência numa disputa de título. Leclerc é sincero mas excessivamente passional. Sente muito os erros e problemas. É uma arma facilmente explorada pelos adversários. A velocidade e o talento estão lá. Falta a Ferrari não atrapalhar e o monegasco ser mais cerebral, administrar as situações e as emoções.

Foto: Race Fans

Lando Norris = 8,0 – Norris é o melhor do resto. A McLaren regrediu em relação ao ano passado e o inglês é vítima disso tudo. Ainda assim, consegue sobressair com uma regularidade impressionante. A maturação e evolução de Norris é notável, se pegar como base a F2 que disputou até hoje. O pódio em Ímola precisa ser celebrado. É o futuro da McLaren e precisa de uma evolução mais forte para também brigar pela glória junto com os contemporâneos. Está fazendo de tudo e mais um pouco para carregar nas costas o time de Woking.

Daniel Ricciardo = 5,5 – Escrever sobre Ricciardo é ser muito chato e repetitivo, mas não há o que fazer: o australiano não vale o alto salário que recebe e nem de longe lembra aquele piloto que foi apontado como um futuro campeão. Uma parte disso é o mérito que Norris tem, mas a desvantagem de desempenho e pontos é constrangedora. Ricciardo não consegue se entender com o carro e, como tempo é dinheiro, a grana e a paciência da McLaren acabaram. Ricciardo precisa salvar a própria carreira na F1 de agora em diante. É a única motivação que precisa ter nessas nove etapas finais.

Foto: Getty Images

Fernando Alonso = 7,5 – Aos 41 anos, ele não desacelera. Pelo contrário! Tem muito gás no tanque. A velocidade e o ritmo continuam ali, assim como o azar costumeiro e a falta de timing que permeou e também destruiu a carreira da Fênix. Com um novo desafio para 2023, o clima na Alpine está longe dos melhores. Sabemos como funciona esse ambiente. Uma queda brusca de desempenho, depois de tudo o que vimos, não seria surpreendente.

Esteban Ocon = 7,5 – Está lembrando Jenson Button. Mal aparece na pista e quando nos damos conta, está lá, marcando pontos. Muito regular. Outro que evolui, mesmo fora do radar da badalação. É um piloto pronto, mesmo que não tenha o estofo de um líder. É o que melhor pode aproveitar da situação caótica do time nessa reta final, pois é o único comprometido com o projeto. A tendência é manter o bom desempenho e a regularidade.

E essa foi a primeira parte da análise. Concorda? Discorda? Escreva nos comentários!

Até!



segunda-feira, 8 de agosto de 2022

TENTANDO ENTENDER PIASTRI

 

Foto: Divulgação

Não são muitos que estreiam na F1 direto na equipe principal. Assim como no futebol, por exemplo, é normal que os jovens talentos se desenvolvam e ganham experiência em outras equipes até maturar e chegar em outro estágio no time principal.

Na F1, lembro apenas de quatro casos onde os jovens pilotos já chegaram nas equipes principais sem nenhum tempero: um certo Lewis Hamilton, para competir contra um então bicampeão Fernando Alonso e ambos recém-chegados ao time, Kevin Magnussen, numa McLaren que já começava a decadência e Stoffel Vandoorne, quando a McLaren já era decadente e tentava se reerguer com a Honda e mais recentemente Lando Norris. Todos na McLaren, apadrinhados pelos chefes da época.

Os três casos em comum: a McLaren e seu programa de pilotos. Se pegarmos os outros talentos das grandes montadoras, a história é a mesma. Raikkonen fez uma temporada na Sauber e já foi contratado para substituir Hakkinen, na McLaren. Alonso começou na Minardi, virou piloto de testes e em 2003 virou piloto Renault. Massa teve algumas temporadas na Sauber até ser efetivado na Ferrari. Leclerc ficou um ano na mesma sauber até substituir Raikkonen na Scuderia. Mick Schumacher está na Haas. Max Verstappen teve um ano e algumas corridas na Toro Rosso, assim como Vettel e Ricciardo. Russell esperou três anos na Williams para chegar na Mercedes, e por aí vai.

É a disciplina do estágio obrigatório. Voltamos para 2022. O contexto é outro, especialmente na Alpine/Renault. Por não ter nenhuma cliente no grid, fica complicado o empréstimo para outras equipes, embora a Red Bull tenha conseguido desovar Albon na Williams, que ainda é parceira de motores da Mercedes.

Oscar Piastri, campeão da F2 ano passado, foi penalizado por isso. A Alpine renovou por alguns anos com Ocon e tinha Fernando Alonso no final da carreira por ali. Mesmo sem mostrar sinais da idade, os franceses tinham um “bom” problema: acomodar os dois ativos do time.

A Alpine desconfiava da idade de Alonso e por isso não queria um contrato longo com o espanhol. Ao mesmo tempo, desejava estrear Piastri de uma vez. No contrato de desenvolvimento, os franceses tinham até 31/07 para definir a situação do australiano.

O problema é que a Alpine não resolveu nada. Ficou enrolando Alonso e não se decidia sobre Piastri. O espanhol parecia refém da situação até surgir o anúncio da aposentadoria de Sebastian Vettel. Uma benção.

Vamos voltar para o dia 17 de julho. “Eu não estava na equipe quando contrataram Fernando." Palavras de Otmar Szafnauer, na semana do GP da França. A impressão que fica é que foi nesse momento que tudo azedou. Afirmar isso assim, publicamente? Não se desrespeita um bicampeão assim.

Alonso se uniu com Stroll para ferrar um inimigo em comum: Otmar. Se a Alpine não desocupou a moita, o espanhol esperou o momento certo para se vingar e colocar os franceses em saia justa.

Mas se a Alpine queria Piastri, por que Piastri não quer a Alpine?

Não podemos descartar alguma ligação entre Alonso e Mark Webber, o empresário de Oscar. Bons amigos do tempo de F1. Se os franceses tinham planos óbvios de subir o talento australiano, o que aconteceu para Piastri e o seu staff optarem pela McLaren?

Novas informações dos últimos dias tentam elucidar o caso. A informação é que Piastri teria assinado com a McLaren para ser reserva em 2023 e ser só titular em 2024, quando termina o contrato de Daniel Ricciardo.

A pergunta que só os australianos sabem a resposta? Por que não ir para a Alpine em 2023 e depois tentar uma transferência para a McLaren? Qual foi a falta de comunicação? Eles acharam que Alonso continuaria? Aliás, a Alpine só queria renovar por um ano. Diante dessa informação, é possível entender que o Piastri sentiu que teria que esperar mais do que um ano.

Na Alpine, talvez, seriam mais dois como reserva ao invés de um. E tem outra questão: Alpine e McLaren disputam hoje o posto de quarta força no campeonato. Como será que vão se desenvolver ao longo dos anos com esse regulamento?

Onde Piastri vai correr? O litígio foi a escolha certa? Qual equipe terá a decisão mais acertada? Piastri vai correr na F1?

Tentei entender o australiano, mas a verdade é que só encontrei mais dúvidas.

Até!


terça-feira, 2 de agosto de 2022

OS DOIS VOARAM

 

Foto: Getty Images

O que é a vida... depois de Alonso anunciar a ida para a Aston Martin, era uma questão de mera formalidade que a Alpine anunciasse Oscar Piastri para formar dupla com Esteban Ocon a partir de 2023. Era o que estava desenhado há meses e antecipado por uma série de acontecimentos, desde a aposentadoria de Vettel e a definição rapidíssima do futuro de Alonso.

E isso foi feito hoje. Sem alarde, com a naturalidade da notícia que todos esperam, a Alpine anunciou Oscar Piastri como piloto do time para o ano que vem de forma oficial. Tudo legal, tudo bacana, mistério resolvido. Hora da F1 curtir as férias de verão, certo?

Faltou combinar com o australiano. Horas depois, nas redes sociais, Piastri afirmou que o anúncio foi feito sem o consentimento do piloto e que ele não vai pilotar pela Alpine ano que vem. Exatamente essas palavras: "não vai pilotar pela Alpine no ano que vem".

Mas espera um pouco: como a Alpine em dois dias supostamente perde os dois pilotos que ela tanto tinha dúvida para fazer a dupla com Ocon e agora não tem mais nenhum dos dois? Como Piastri, cria da escuderia desde o sucesso meteórico na F3 e na F2, simplesmente se recusa a assinar com quem pavimentou seu caminho? O que há por trás disso tudo?

É tudo nebuloso, mas vou tentar pontuar as situações. Bem, se Piastri não quer assinar com a Alpine é porque há outro time na jogada, obviamente. As informações do final de semana aparentemente se confirmaram. A recusa de Piastri tem um motivo: o staff do piloto, que tem Mark Webber (estamos velhos!) como empresário, supostamente assinou um pré-contrato com a McLaren para 2023. A McLaren que tem Ricciardo sobre contrato até o final do próximo ano e já está numa polêmica contratual na Indy envolvendo Alex Palou e a Chip Ganassi.

Vale lembrar que Piastri assinou como piloto reserva da McLaren nas duas primeiras etapas do ano, quando Ricciardo pegou covid durante a pré-temporada. É um namoro antigo. Antes de Piastri, o que supostamente diz o contrato do australiano?

Piastri é o atual piloto reserva da Alpine. Segundo o texto da Julianne Cerasoli, o contrato do australiano afirma que ele tem direito a 5.000 km de testes com carros de F1 e a titularidade na F1 em 2023. Outras fontes, como o Rafael Lopes do Voando Baixo, dizem que a Alpine tinha até domingo, 31/07, para arranjar a Piastri uma equipe na F1. Por isso os boatos na McLaren e na Williams.

Aí Alonso entra na jogada. Um dia depois de expirar uma das cláusulas do contrato de Piastri, o espanhol anunciou imediatamente a ida para a Aston Martin. Ele entendeu que estava sendo usado como "esquenta-banco" do australiano e não queria mais ser enrolado. Desde ontem, Piastri é somente o piloto reserva da Alpine.

Bom, se o plano era colocar Piastri logo no time, por que a enrolação com quem foi bicampeão mundial na equipe? Se Piastri estava garantido na Alpine, por que ele resolveu assinar com a McLaren? As coisas não estão ligando.

A verdade é que a Alpine tinha o luxo de escolher entre uma grande promessa e um veterano excepcional. O veterano vai embora e a promessa pode ir também. Agora, tudo vai ser decidido nos tribunais. A última vez que isso aconteceu foi no imbróglio envolvendo Jenson Button, BAR e Williams. Escreverei sobre isso em breve. Portanto, não descartem a possibilidade de Piastri ser obrigado judicialmente a continuar na Alpine com o rabinho entre as pernas. Vai ser uma guerra de interpretações contratuais.

Outras perguntas que precisam ser respondidas? Por que Piastri escolhe a McLaren, uma equipe feita por Norris, apadrinhado por Zak Brown, ao invés da Alpine, que tem em Ocon um desafio em tese menos complicado? Será que eles imaginaram que Alonso permaneceria?

Otmar Szafnauer afirmou que soube da transferência de Alonso pela imprensa. Alonso, vendo que estava sendo enrolado, decidiu a carreira na data limite que poderia supostamente prejudicar a Alpine. Que lambança para os franceses e para o australiano, que nem correu ainda e já se vê no olho do furacão.

Imagina o clima bacana e amigável na equipe até o fim do ano, onde um dos pilotos vai embora e o reserva também quer ir. E a McLaren e Ricciardo, onde se encaixam nessa equação? Agora eles estão diretamente envolvidos no processo.

A Alpine deu uma aula do que não fazer e como não administrar uma situação tão cômoda: decidir entre dois bons pilotos para contratar. Agora que talvez não tenha mais nenhum, o que fazer? Ricciardo de volta, depois de sair do time rumo a McLaren? Hulkenberg, que também foi dispensado? Outra resposta para ser descoberta depois, quando o tribunal decidir.

Sem um cliente, a Alpine não tem barganha para emprestar novos talentos e se vê mercê dessas situações. No meio da tabela, não duvidaria que em breve eles saíssem da categoria outra vez, principalmente depois dessa pataquada.

Alguém avise os franceses que mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Os da Alpine voaram para bem longe.

Até!

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

VAI TU MESMO

 

Foto: Motorsport

O que mais surpreende no anúncio não é a notícia da contratação de Fernando Alonso pela Aston Martin para as próximas temporadas, mas sim a rapidez que isso aconteceu: quatro dias depois de Vettel anunciar a aposentadoria. A decisão do tetracampeão surpreendeu o time, que estava confiante numa renovação.

Num mato sem cachorro, mas com tempo para pensar, a Aston Martin não tinha muitas alternativas viáveis. O pré-requisito básico é: piloto experiente para liderar o processo e os investimentos que Lawrence Stroll tem feito, como a construção de um novo túnel de vento. No entanto, em dois anos de time, os resultados são tímidos, para dizer o mínimo. Lembra a Jaguar, e não é só pela cor do carro.

Quem vivia uma situação incômoda era Alonso. Há meses estava ventilada a "dúvida" entre permanecer com a Fênix e efetivar Oscar Piastri. Como a Alpine/Renault não tem equipes clientes, isso complica no caso de um empréstimo do australiano, que injustamente já esquenta banco na F1. A informação da Julianne Cerasoli é que Piastri também está negociando com a McLaren, tentando o lugar de Ricciardo.

Talvez a ameaça tenha feito os franceses tomarem uma decisão, corajosa até. Mesmo com mais de 40 anos, Alonso não demonstra sinais de desaceleração. Pelo contrário. Continua muito competitivo. É uma moral e uma pressão para Piastri, que deve ser anunciado oficialmente até o fim do ano.

Além da questão dos pilotos, outro fator que pesou: o tempo de contrato. Alonso, mesmo no fim da carreira, quer um projeto. A Alpine queria um contrato mais curto para apostar na juventude de Ocon e Piastri. Não é muito difícil renovar com a Fênix, que sempre deixou claro o desejo de permanecer.

O tempo passou, o chefão da Alpine se mostrou publicamente inclinado para Piastri e Alonso também se viu num mato sem cachorro. O anúncio de Vettel vem num timing positivo, até.

Aston Martin e Alonso só poderiam ter olhos um para o outro. Ambos eram a única opção e se complementam: a Aston Martin queria um líder experiente para liderar um projeto a longo prazo; Alonso queria um time com investimento para ser o centro das atenções em um acordo plurianual. Fechou todas.

O timing e o temperamento difícil de Alonso foram maiores que o imenso talento que ele tem. No entanto, agora, nem tem muito o que fazer. É tudo uma consequência desses erros todos ao longo da carreira. A Alpine era para ser o último passo da carreira, mas a vida tem dessas.

Mesmo com dinheiro e grife, é improvável que a Aston Martin faça o carro dos sonhos para Alonso. A McLaren e a Alpine/Renault não conseguiram e o tempo joga contra. 

E quem se importa? O importante é que a Fênix continua no grid e há espaço para um jovem talento na categoria. Quem pode estar sem opções diante disso tudo? Daniel Ricciardo, mas isso é assunto para outro texto.

Aston Martin e Alonso se olharam e gritaram, ao mesmo tempo:

- Não tem tu, vai tu mesmo!

Até!

domingo, 31 de julho de 2022

ADULTOS CONTRA CRIANÇAS

 

Foto: Dan Mullan/Getty Images

O que constantemente é pedido, quase como uma torcida por aqui, aconteceu. A Red Bull teve problemas no sábado com Max Verstappen e ele e Pérez largaram atrás. Chance perfeita para a Ferrari ensaiar uma reação cobrada por Mattia Binotto durante a semana.

As coisas já começaram a ficar estranhas, como sempre. Com a chuva e uma temperatura mais amena, a vantagem da Ferrari diminuiu, mas ainda assim era o carro a ser batido. Acontece que Leclerc e Sainz já começaram a dar para trás no sábado, quando George Russell conquistou a primeira pole da carreira de forma surpreendente. Ainda assim, imediatamente atrás e com a Red Bull distante, a chance era evidente.

A largada teve Russell na frente, com os macios, e a Ferrari com os médios. Sainz não teve competência para passar o inglês e estava empatando Leclerc. Os italianos, como sempre, não tomaram uma atitude em prol da equipe e perderam tempo. Enquanto isso, as Red Bull escalavam o grid, naturalmente.

Na primeira janela de pit stops, Sainz, Russell e as Red Bull pararam. Leclerc e Hamilton alongaram o stint. Seriam necessárias duas paradas. O espanhol não teve ritmo para passar Russell e, mesmo parando antes, conseguiu ficar atrás de Leclerc, que estava com um ritmo muito bom. Sem o companheiro "atrapalhando", era caminho livre para Charles, da forma mais difícil, ultrapassasse o #63 e disparasse para a vitória. Enquanto isso, Max ganhou a posição de Hamilton (que demorou para parar) nos boxes e já era o quarto.

Leclerc disparava e Sainz tentava passar a Russell. A dobradinha era provável, mas Verstappen estava por perto, minimizando os danos. Muito natural. Chega o momento da segunda parada. A Alpine, no meio do pelotão, optou pelos pneus duros e perdeu rendimento. Havia um padrão a seguir.

A questão é que, talvez por não ter mais pneus disponíveis, a Ferrari para Leclerc para colocar os duros. Quando Max se aproxima de Sainz e Russell, a Red Bull para imediatamente para colocar os médios (largou com os macios), antecipando tudo e fazendo os outros reagir. Resultado? Sainz e Hamilton alongaram o stint para terminar com os macios, que era a estratégia mais correta para o final da prova.

Mais uma vez, a Ferrari faz uma estratégia bisonha para o piloto número um e privilegia o número dois, que não tem ritmo para maximizar o carro. O resultado? Leclerc virou presa fácil. Max passou, rodou e reultrapassou (essa palavra existe?) o monegasco. Largando em décimo e sem forçar, na base do talento, da estratégia e da consistência, Max partiu para uma vitória improvável e épica, mas ao mesmo tempo tão tranquila que isso não parece significar o feito que aconteceu.

A pista para a Ferrari fazer a dobradinha de Binotto e remontar o campeonato estava longe da frustração intermediária. O pior estava por vir. Mesmo com o pneu macio, Sainz foi ultrapassado por Hamilton e Leclerc, se arrastando, superado por Russell. A cereja do bolo? A parada para os macios no final para terminar em sexto, atrás mesmo de Pérez, que desde Mônaco se arrasta na pista.

Max Verstappen e a Red Bull são adultos competindo contra crianças na F1. A Mercedes de 2022 está se emancipando. Agora já é um adolescente prestes a virar calouro (bixo) na faculdade, pronto para as primeiras experiências da vida. Mais um pódio de Hamilton e Russell juntos. Ritmo de corrida melhor, volta lançada boa... 

Hamilton poderia ter brigado mais pela vitória se não tivesse problemas na asa no sábado e um erro de estratégia da Mercedes no primeiro stint. Ele e Russell não desperdiçam uma oportunidade e deixam no ar o que já está evidente: a pole foi inesperada, mas a vitória parece ser questão de tempo. Além disso, a briga pelo vice-campeonato de construtores está muito aberta. Vai duvidar?

Russell já passou Sainz no campeonato. A Ferrari é a Peter Pan da F1. Se recusa a crescer e, corrida após corrida, afunda. Binotto queria uma dobradinha e termina com um incrível P4 e P6. A Red Bull, sem forçar, tem em Max Verstappen 80 pontos de vantagem nas férias da F1. É uma vantagem que cada vez mais fica irreversível por três motivos: a solidez da Red Bull, o crescimento da Mercedes e a Ferrari cada vez mais afundada nos próprios erros e pressões.

Norris é o melhor do resto, em setimo. Enquanto isso, Ricciardo afunda em 15°. Até teve um brilhareco numa ultrapassagem dupla nas Alpine, mas o tempo dele na McLaren já foi, é desperdício de dinheiro. Por falar em Alpine, a estratégia deu certo, mas Ocon segue "atrapalhando" e fechando Alonso: menos mal que o espanhol conseguiu o oitavo lugar. Dessa vez com a intervenção da equipe, Vettel fechou no top 10 e, agora, cada ponto pode ser o último na categoria.

Na hierarquia da F1, a Red Bull é adulta, a Mercedes é adolescente e a Ferrari é Peter Pan. Max Verstappen tem 80 pontos de vantagem para desfrutar nas férias. No retorno, a Ferrari vai precisar ser perfeita, a Red Bull errar mais que acertar e a Mercedes não crescer tanto. Todo esse cuidado para não afirmar que Max já é bicampeão mundial.

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!

sexta-feira, 29 de julho de 2022

O QUE É O TIMING...

 

Foto: Getty Images

O que é o timing... Justo quando escrevi que a situação de Vettel era a mais tranquila, que só dependia dele, o alemão, dias depois, faz o anúncio que alguns já imaginavam.

O que é o timing... Sebastian Vettel criou redes sociais para anunciar a aposentadoria da F1 no final da temporada. Aposentadoria? Vettel é contemporâneo de Hamilton, que pra mim sempre vai estar na McLaren com um capacete amarelo. E Seb? Barbarizando na Toro Rosso, vencendo de ponta a ponta na chuva de Monza, a impressão era clara: esse cara vai ser alguém muito grande na categoria.

O que é o timing... com a Red Bull crescendo, faltava o piloto para ser o líder. Tão jovem e mesmo assim, no lugar certo, na hora certa, com o talento que precisava. Sebastian Vettel parecia estar sempre no lugar certo e na hora certa. A simbiose com o carro era impressionante. Era um clichê inevitável: o novo Schumacher. O legado do amigo. Já eram 4 títulos seguidos.

O que é o timing... o novo regulamento veio e Vettel, lentamente, foi perdendo o brilho. Dominado por Ricciardo, rumou para o novo desafio, tal qual o ídolo Schumacher: reerguer a Ferrari. O início foi animador, mas os erros foram ficando cada vez mais expostos e repetitivos, demais para alguém com tanto currículo.

A descendente de Vettel foi tão rápida quanto a ascensão. É brutal demais quando alguém acostumado a vencer se vê relegado a coadjuvante, sem rumo. A tentativa na Aston Martin não dá para chamar de fracasso. Vettel não teve carro e ainda assim conseguiu dois pódios, um deles anulado porque foi desclassificado graças a uma irregularidade da equipe.

O que é o timing... Vettel cada vez mais foi se distanciando da velocidade. Não perdeu a paixão, apenas descobriu outras, além de novos desafios e prioridades. A família. A vida reclusa e fechada, surpreendente para alguém do tamanho de Vettel. O envolvimento com as causas LGBT, ambientais, tornar a F1 e o automobilismo um ambiente mais inclusivo e menos tóxico e preconceituoso. Correr ficou pequeno demais para Seb.

O que é o timing... Vettel escolhe parar e não ser parado. Muitos grandes pilotos não vão ter a possibilidade que o tetracampeão terá: homenageado nas corridas finais, a última tour. 54 vitórias, 4 títulos, 57 poles... Top 5 da F1 em números, indiscutível. Uma carreira de muito sucesso. Ser campeão já é grandioso. Ser tetracampeão, meu amigo, não há muito o que pontuar.

Vettel parte para novos desafios pessoais e profissionais. Tomara que continue no paddock hora ou outra porque é um grande apaixonado pela velocidade. Se não fosse a luta ambiental, escreveria que ele é um “cabeça de gasolina”.

O que é o timing... Vettel certamente não está entre os melhores, mas sim entre os maiores. Esteve no lugar certo, na hora certa. Isso é um mérito tão raro quanto ser um grande piloto, que foi. Se 4 títulos foram demais para a carreira e a qualidade de Seb isso não importa hoje em dia. A história é contada pelos vencedores.

Não é todo dia que vemos um tetra ou um hepta surgir e desaparecer dos nossos olhos. 15 anos passam rápido. Estamos velhos, o mundo gira e a vida passa, todos os dias, numa velocidade implacável. Quando nos dermos conta, estamos aqui, repercutindo a futura aposentadoria de alguém que a gente viu jovem e era chamado de Justin Bieber da F1.

Sobre os treinos da Hungria: é nítido que temos a Ferrari a frente das rivais mais uma vez. A velha pergunta, chata e repetitiva, porém necessária, é: os italianos vão aproveitar a chance? A cada corrida que passa, isso não é o suficiente. Agora, além disso, a Red Bull precisa ter azares e problemas. A conferir. Max já começa a administrar a vantagem, mas não pode pensar em relaxar muito. O esporte é imprevisível.

Quem parece muito bem nesse final de semana, no casamento de estilos, é a McLaren. Discreta até aqui, os dois pilotos estiveram no top 5, o que pode ser um indício promissor. Alonso e até mesmo a Aston Martin de Vettel, agora na tour do adeus, aparecem bem.

Aparentemente, a Mercedes tem algumas dificuldades com o circuito mais travado, o que surpreende. Em tese, com menos dependência das velocidades altas de reta, era para os alemães talvez estarem mais próximos. Por enquanto, não é o caso. Também não acho que é um caso dramático, mas a McLaren pode encrespar essa disputa solitária pela terceira força da F1. 

A última corrida antes da parada começa com uma sensação de nostalgia causada por Vettel. Nostalgia e celebração. O campeonato, não muito emocionante nos pontos, contribui para o brilho do tetracampeão. No calor europeu, Hungaroring é um ponto de chegada e de partida ao mesmo. O fim da primeira parte da temporada; o início do adeus de uma lenda.

Confira os tempos dos treinos livres do GP da Hungria:



Até!

quinta-feira, 28 de julho de 2022

GP DA HUNGRIA: Programação

 O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.

Foto: Wikipédia

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:16.629 (Mercedes, 2020)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:13.447 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Esteban Ocon (Alpine)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 8x (2007, 2009, 2012, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 233 pontos
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 170 pontos
3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 163 pontos
4 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 144 pontos
5 - George Russell (Mercedes) - 143 pontos
6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 127 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 70 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 56 pontos
9 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos
10- Fernando Alonso (Alpine) - 37 pontos
11- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 19 pontos
13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 16 pontos
14- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 15 pontos
15- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos
17- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 5 pontos
18- Lance Stroll (Aston Martin) - 4 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 396 pontos
2 - Ferrari - 314 pontos
3 - Mercedes - 270 pontos
4 - Alpine Renault - 93 pontos
5 - McLaren Mercedes - 89 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 51 pontos
7 - Haas Ferrari - 34 pontos
8 - Alpha Tauri RBPT - 27 pontos
9 - Aston Martin Mercedes - 19 pontos
10- Williams Mercedes - 3 pontos

MUITA LENHA PARA QUEIMAR

Foto: Reprodução/Mercedes

Depois de completar 300 GPs, um número significativo, é natural já começar a pensar o futuro a curto-prazo de Lewis Hamilton. Apesar de ter contrato até o fim do ano que vem com a Mercedes, Lewis está sendo constantemente questionado sobre o futuro no esporte, principalmente diante de um 2022 sem grandes possibilidades de triunfo na pista, anormal para um hepta.

Analisando a jornada que está percorrendo, Hamilton afirma ainda se sentir jovem, faminto e confortável na F1:

“Primeiramente, quero agradecer por chegar até aqui. Mas ainda me sinto fresco, e ainda sinto que tenho combustível sobrando no tanque. Estou gostando do que estou fazendo e orgulhoso de trabalhar, todos os dias, com este grupo incrível de pessoas. Estou aproveitando para trabalhar com o esporte mais do que nunca", disse.

Apesar das dificuldades e da nítida evolução da Mercedes no ano, Hamilton admite que vencer em 2022 talvez seja difícil, mas que está determinado a seguir lutando para melhorar o carro, principalmente o do próximo ano.

“Quero voltar a vencer e isso vai levar tempo, mas tenho certeza que vamos sentar algum dia e falar sobre o futuro. Quero continuar construindo. Uma coisa é correr, mas outra é continuar a fazer mais fora do esporte – algo que nós e a Mercedes conseguimos, e vamos, fazer”, finalizou.

Como é bom sentir Hamilton assim. Aquela desilusão do início do ano foi embora. Com as coisas se ajeitando e a compulsão de um competidor tão voraz, é nítido que todas essas atribulações, talvez inéditas na carreira, só servem para motivar e tornar Hamilton, o hepta, cada vez mais forte. Com Russell do lado, a Mercedes tem todas as condições para voltar ao lugar de bicho-papão da F1.

EMPOLGOU

Foto: Getty Images

Mesmo com Leclerc 63 pontos atrás de Verstappen e a Ferrari 82 pontos distantes da Red Bull, o clima é de otimismo entre os italianos, ao menos da boca para fora.

O chefão Mattia Binotto está animado com o progresso e o desempenho da equipe nas últimas duas corridas. Apesar do erro de Leclerc, Binotto acredita que a Ferrari tem grandes chances de vencer todas as corridas restantes no calendário, começando por Hungaroring.

“No final da temporada veremos onde estamos, mas acho que o mais importante é ver que, mais uma vez, tivemos um bom pacote, não há razão para não ganharmos 10 corridas de agora até o final.

Acho que é a maneira de olhar para isso de forma positiva e gosto de ser positivo, mantendo-me otimista. Poderia acontecer algo com Max e Red Bull? Não estou contando com isso, precisamos nos concentrar em nós mesmos e fazer o nosso melhor”, falou.

Mesmo com o duro revés, o chefão saiu da França confiante para a sequência do campeonato:

“Saímos daqui com total confiança no nosso pacote, na capacidade dos nossos pilotos e na nossa velocidade”, encerrou, em entrevista para o De Telegraaf.

O discurso externo tem que ser assim mesmo. Mostrar força, autoconfiança, uma resposta rápida depois do desânimo de domingo. A Ferrari está certa, só precisa fazer mais do que falar e faz tempo que isso não acontece. Além do mais, Binotto precisa mostrar a firmeza que Leclerc não tem, por ser muito "sincericida", digamos assim. 

Se a Ferrari entregar os pontos publicamente, o que resta para fazer até o fim do ano? Como diz o poeta: "ânimo galera, as coisas vão melhorar depois da França". Ou não.

TRANSMISSÃO:
29/07 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
29/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
30/07 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
30/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
31/07 - Corrida: 10h (Band)