O Grande Prêmio do Canadá foi disputado pela primeira vez em 1967, sendo disputado até 2008 nos circuitos de Mosport Park, Mont-Tremblant e Montreal (atual), retornando a categoria em 2010.
Foto: McLaren |
Foto: Kyalami Circuit |
Blog destinado para aqueles que gostam de automobilismo (principalmente F1), mas que não acompanham com tanta intensidade ou que não possuem muito entendimento do assunto. "Blog feito por um aprendiz para aprendizes."
O Grande Prêmio do Canadá foi disputado pela primeira vez em 1967, sendo disputado até 2008 nos circuitos de Mosport Park, Mont-Tremblant e Montreal (atual), retornando a categoria em 2010.
Foto: McLaren |
Foto: Kyalami Circuit |
Foto: Motorsport |
Semana passada, escrevi sobre Sérgio Pérez e sua renovação
com a Red Bull. Agora, vou mostrar o outro lado da moeda. Na verdade, é uma
extensão de uma ideia que escrevi há algum tempo, mas que agora ficou mais
evidente para ser expansionada.
Pérez até 2024 na Red Bull significa um cerco fechado para
os pilotos da academia, sejam eles Tsunoda, Hauger, Vips, Daruvala, entre
outros. E por que essa decisão foi tomada, visto que os taurinos têm como
premissa formar os próprios pilotos? 1 – Pérez está totalmente encaixado com o
time; 2 – não há convicção de que esses jovens possam ajudar a equipe principal
no médio-prazo.
Bom, dentre os pilotos da Academia, um está no limbo há
muito tempo: Pierre Gasly. O futuro estava traçado depois que foi rebaixado e
substituído por Albon, ainda em 2019. A questão é que nesse meio tempo o francês
se reinventou e recuperou a imagem. Agora, mais do que nunca, é preciso partir.
Continuar na Alpha Tauri sem perspectiva é perda de tempo.
Gasly já passou dessa fase. O francês precisa lutar com unhas e dentes pela
vaga na McLaren. Na época, falava da Alpine, mas os planos estão sendo
concretizados para o futuro de Oscar Piastri. É o único caminho para Gasly
buscar uma carreira relevante: lutar com Norris e ver o que acontece.
Pelo menos, nesse sentido, há o benefício da dúvida, de
arriscar, ver o que acontece. Mesmo se der errado, se o desempenho for ruim ou
a McLaren não for competitiva, com certeza é melhor uma mudança de ares do que
permanecer sem perspectivas na Red Bull B.
Aliás, esse foi o recado implícito de Christian Horner e
Helmut Marko ao renovarem com Checo: vá, meu filho, busque o seu caminho porque
aqui não há mais nada.
Ah, a ironia: escrevi que Sainz precisava ser a inspiração
porque ele passou pela mesma situação ao ser preterido por Verstappen. Agora,
Gasly pode substituir outro ex-Red Bull que arriscou na carreira e até agora
não deu certo na Renault e na McLaren, apesar de ter quebrado o jejum de quase
dez anos sem vitórias da equipe de Woking: Daniel Ricciardo.
Espelhos é o que não faltam para o francês tentar mudar o
destino que está sendo imposto pela empresa de energéticos. Quebrá-lo não vai
fazer com que as dúvidas e angústias sumam, pelo contrário.
Até!
Foto: Motorsport |
Há um bom tempo preparando o carro de 2022, a Ferrari apostava no novo regulamento para dar o grande salto e sair do meio do pelotão. Os testes de pré-temporada foram animadores, mas eram apenas testes. Poderia ser fogo de palha, era preciso esperar. No entanto, finalmente as expectativas se confirmaram: vitória no Bahrein e um carro rápido. A Red Bull tinha problemas de confiabilidade e a Mercedes estava fora da briga, ao menos no primeiro momento.
Duas vitórias em três corridas e uma vantagem gigante de Leclerc, mesmo com Sainz errando muito. Finalmente a Ferrari confirmava a expectativa para voltar ao protagonismo e conquistar o título que não vem desde 2007. O que poderia dar errado?
Basicamente tudo. A Red Bull cresceu e a Ferrari apresentou os problemas de sempre: confiabilidade e estratégias pouco eficazes. A super vantagem de Leclerc evaporou e, agora, até perdeu a vice-liderança do Mundial. Atualmente, quem dá as cartas é a Red Bull.
É muito cedo para desistir? Claro que não. São 22 corridas, não estamos nem na metade da temporada. No entanto, o panorama não é positivo. A Red Bull está em progressão e a Ferrari está instável. Para bater um adversário desses, tudo tem que dar certo quase sempre. Erro zero. E a Ferrari já errou muito nas últimas corridas, o que contribuiu para a desvantagem estar maior ainda.
Leclerc tem sido quase perfeito. Tirando Ímola, tem feito poles e, quando não foi atrapalhado pelo próprio time, venceu. Sainz está devendo e o monegasco fica à mercê das duas Red Bull, o que é algo muito importante nas estratégias. Os taurinos podem usar Pérez para marcar Leclerc e Max fica com o caminho livre.
No início do ano, cheguei a escrever que a vantagem de Leclerc parecia muito grande, mesmo em três corridas. O tempo mostrou que as coisas se pulverizam muito rápido. Se agora a Red Bull está inalcançável, pode ser que daqui dois meses não seja. Ainda há muito campeonato.
Talvez Leclerc precise se agarrar a uma frase da música "Desgarrados", composta pelo Mário Barbará:
"Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho".
Até!
Foto: Getty Images |
A largada mostrou Pérez no auge da confiança. Encaixado com o carro, passou Leclerc na primeira curva e disparou. Parecia que as estrelas estavam alinhadas de novo. Com Leclerc entre ele e Max, Checo podia sonhar em vencer de novo no Azerbaijão. Verstappen pressionava mas o monegasco resistia. O roteiro continuou.
Sainz teve problemas no motor e abandonou. Já ficou distante no treino, de novo. É uma sucessão de maus desempenhos e agora azar. O VSC causado poderia abrir uma brecha para a mudança. Dessa vez, a Ferrari parou Leclerc e a Red Bull se enbananou, deixando os dois carros na pista. Seria uma corrida decidida na estratégia, contando sempre com incidentes na traiçoeira pista de Baku.
Sem nenhum intermediário, Pérez estava desprotegido e o ritmo caiu. Max chegou, passou e disparou, mas ainda havia o porém da incerteza da estratégia. A Red Bull parou os dois carros e Leclerc estava na liderança. A Ferrari poderia ter esperança de tentar reverter o quadro, mas...
A confiabilidade do carro #16 falhou de novo. Problema no motor. Fim de prova e caminho aberto, sem riscos e esforços, para mais uma dobradinha da Red Bull. Verstappen sobrou e venceu de novo, com Pérez atrás.
Vou escrever quantas vezes forem necessárias, tenho propriedade para isso. Afinal, sou o presidente do fã clube de Checo. Acredita quem quer. Ele e a Red Bull sabem qual o papel do mexicano no time. Se ainda assim acham que Pérez pode "brigar" pelo título... acredita quem quer se decepcionar. Com os taurinos marcando 100% dos pontos e a Ferrari 0%, a distância já começa a ficar incômoda em termos de emoção para o campeonato. Historicamente, a Red Bull progride. Historicamente, a Ferrari não. Faltam muitas etapas, é verdade, mas a situação não é muito animadora para os italianos. Max começa a criar asas para o bicampeonato.
Sem os italianos, caminho aberto para o "Sr. Consistência", o melhor piloto da temporada até aqui. George Russell. Mais um pódio e, consequentemente, mais uma vez na frente do heptacampeão. Hamilton saiu reclamando de dores nas costas, consequência do carro quicando muito nos circuitos de rua, e Toto Wolff inclusive disse que o Sir é dúvida para a corrida da semana que vem, no Canadá. Hamilton reagiu e ficou em quarto. Do jeito que estão as coisas, é mais fácil a Mercedes chegar na Ferrari do que os italianos encostarem nos austríacos. O campeonato começa a ganhar rabiscos, rascunhos.
A Alpha Tauri finalmente teve um desempenho destacado e Gasly pontuou. Tsunoda faria o mesmo se não fosse o problema na asa, tendo que colocar umas fitas ali. Azar. O japonês está evoluindo e poucos falam disso. Vettel fez uma atuação de gala, dentro das circunstâncias, mesmo quase batendo. Alonso voltou a pontuar. Ricciardo reagiu e chegou na frente de Norris e Ocon completou o top 10.
Mick segue muito atrás de Magnussen. Tá faltando ritmo. A chegada do dinamarquês desmascarou muita coisa para o alemão, que segue sem reagir e está pressionado. Até aqui, poderia fazer mais, embora também precise de tempo. O problema é que a principal janela para a Haas aproveitar os pontos foi no início do ano. Sem dinheiro para atualizações, vai ser disso para pior.
A Red Bull começa a impor o ritmo. Consistência e, por ora, resolvendo os problemas de confiabilidade. A Ferrari precisa lutar com os próprios demônios para voltar a competir. Enquanto isso, quem perde é Charles Leclerc, refém do acaso e dos erros do próprio time. Pode ser tarde demais. A diferença para o resto do pelotão é grande. É o primeiro ano do novo regulamento.
Quem esperava a alucinação de 2021 pode estar decepcionado. F1 sempre foi assim. Desse jeito, Max é o principal favorito para conquistar o bicampeonato. A Ferrari vai precisar de um plot twist para causar um drama no Mundial.
Confira a classificação final do GP do Azerbaijão:
Até!
Foto: Dan Mullan/Getty Images |
Baku é uma repetição de Mônaco e Arábia Saudita. Circuito de rua, estreito, longas retas (no caso de Baku e Arábia) e muitas armadilhas. Os treinos não dizem tanto, embora possam dar um indicativo interessante.
Em circuitos como esse, é complicado prever uma estratégia. Aliás, a estratégia correta para se pensar é o caos. Qualquer incidente é capaz de provocar um Safety Car e isso pode mudar tudo. É o pulo do gato, ou então pulo do Baku.
Os carros pulando (porpoising) também pode ser um fato de desequilíbrio na questão da durabilidade dos carros. As "quicadas" danificaram o assoalho da Haas de Mick Schumacher. Nenhuma equipe pode escapar desse infortúnio. O porpoising torna a dirigibilidade muito mais difícil, principalmente no ponto de frenagem, alvo de reclamações de Sérgio Pérez e Lewis Hamilton, por exemplo.
Circuito de rua é sempre uma caixinha de surpresas. No entanto, o enredo dos treinos livres é o mesmo: trocação entre Red Bull e Ferrari. Pérez, que venceu lá no ano passado, foi o mais rápido no TL1. Leclerc, como sempre, respondeu com o melhor tempo do dia. Logo depois vem Max Verstappen e Carlos Sainz, com Fernando Alonso impondo bom ritmo para a Alpine.
Pérez outra vez foi mais veloz que Max em dois treinos livres. Parece se sobressair melhor nessas condições. A Mercedes voltou a sofrer, afinal continuamos em um circuito de rua. O resto parece ser o mesmo script de sempre (nos treinos): Alpha Tauri bem, Aston Martin tentando reagir, Ricciardo muito atrás de Norris...
A Ferrari precisa do pulo de Baku para reestabelecer competição na F1, de preferência com Leclerc. O anormal e a própria equipe estão se atrapalhando. Para a Red Bull, o desafio é tentar manter a normalidade. Ano passado não foi bem assim, embora Pérez tenha vencido.
Na gelada manhã de domingo, teremos uma corrida imprevisível, decidida nas estratégias derivadas dos incidentes da sempre trepidante Baku. O horário não ajuda, mas os incidentes compensam para nos manter acordados e quentes. Assim espero.
Confira a classificação dos treinos livres:
O circuito de rua de Baku, capital do Azerbaijão, recebe a F1 desde 2016. Nesse ano, foi com a alcunha de GP da Europa. Desde 2017 que o autódromo recebe o Grande Prêmio do Azerbaijão. O circuito retorna ao calendário depois de estar ausente em 2020 em virtude do coronavírus.
Um circuito urbano tão estreito como o de Mônaco, com retas tão rápidas como em Montreal, no Canadá, e com quase tantas curvas quanto o de Singapura.
O traçado é de autoria do arquiteto Hermann Tilke, responsável pelos desenhos de diversas pistas do calendário. A prova passará por diversos pontos turísticos, mostrando a mescla entre a arquitetura medieval e os modernos arranha-céus da cidade.
O traçado tem 6km, apenas menor que uma volta ao circuito de Spa-Francorchamps. A pista terá 20 curvas, perdendo apenas para Singapura, com 23, e Abu Dhabi, com 21.
Mas a grande característica do circuito é sua largura. Ainda que o regulamento exija que as pistas devem ter no mínimo 12m de largura, em Baku isso será consideravelmente menor, com o máximo de 13m e, em determinados pontos apenas 7,6m. Os carros atualmente têm 1,8m de largura.
A partida e chegada terá lugar na praça Azadliq, um dos principais pontos turísticos de Baku. A velocidade máxima deverá rondar os 340 km/h no final da enorme reta do circuito.
Foto: Wikipédia |
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Charles Leclerc - 1:43.009 (Ferrari, 2019)
Pole Position: Valtteri Bottas - 1:40.495 (Mercedes, 2019)
Último vencedor: Sérgio Pérez (Red Bull)
Maior vencedor: Daniel Ricciardo, Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Sérgio Pérez - 1x (2017), (2018), (2019) e (2021)
CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 125 pontos
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 116 pontos
3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 110 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 84 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 83 pontos
6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 50 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 48 pontos
8 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 40 pontos
9 - Esteban Ocon (Alpine) - 30 pontos
10- Kevin Magnussen (Haas) - 15 pontos
11- Daniel Ricciardo (McLaren) - 11 pontos
12- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos
13- Fernando Alonso (Alpine) - 10 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos
15- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 5 pontos
16- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos
17- Lance Stroll (Aston Martin) - 2 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 1 ponto
CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 235 pontos
2 - Ferrari - 199 pontos
3 - Mercedes - 134 pontos
4 - McLaren Mercedes - 59 pontos
5 - Alfa Romeo Ferrari - 41 pontos
6 - Alpine Renault - 40 pontos
7 - Alpha Tauri RBPT - 17 pontos
8 - Haas Ferrari - 15 pontos
9 - Aston Martin Ferrari - 7 pontos
10- Williams Mercedes - 3 pontos
UM TEMPO PARA MICK
Foto: Haas F1 Team |
Foto: Getty Images |
Foto: Getty Images |
Desde a aposentadoria de Felipe Massa, em 2017, a F1 ficou
sem brasileiros na categoria. Algo inédito para um país com oito títulos
mundiais. O recado estava claro: o automobilismo de base enfrentava problemas.
O principal e mais óbvio deles, o dinheiro. Mas e o talento?
Desde então, as discussões seriam sobre quem iria pegar a
tocha. O próprio Massa aposta em Caio Collet, hoje na academia da
Alpine/Renault, como o próximo representante do país na F1. Vale ressaltar que
Collet e Massa são empresariados por Nicholas Todt, influente, mas não sei se a
opinião do Massa é deveras enviesada por esse fator. Enfim...
Outros candidatos surgiram: Sérgio Sette Câmara, que ficou
anos na F2 e inclusive foi companheiro de equipe de Lando Norris na Carlin.
Primeiro, chegou a fazer parte da academia de pilotos da Red Bull, o que é
sempre importante. Fez testes esporádicos com a ainda Toro Rosso. Depois,
chegou a fazer parte da academia da McLaren, mas não vingou. Ficou pelo
caminho.
Outros candidatos naturais seriam os que possuem o sobrenome
e, consequentemente, alguma política e dinheiro. Pedro Piquet sobrou no Brasil
mas o choque de realidade na Europa foi grande. Não está mais no caminho.
Apadrinhado pela Shell, Gianluca Petecof foi inclusive apontado por Vettel como
um nome para ficar de olho. Ao sair da Ferrari, todavia, o brasileiro com nome
e sobrenome não tão brasileiro assim sentiu as dificuldades financeiras e
abandonou a F2.
No início do ano, todo mundo ficou em polvorosa com a
possível entrada do Pietro Fittipaldi no lugar de Mazepin na Haas, em virtude
dos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Reserva do time americano,
por algum motivo o pessoal acreditou que o brasileiro seria escolhido. A
patriotada era válida, mas Pietro em nenhum momento justificaria a escolha. A
Haas escolheu o retorno de Magnussen e o Brasil, portanto, segue sem
alternativas viáveis no curto prazo para ter um piloto do país na F1, ainda
mais agora que só há dez times e todo aquele universo que canso de repetir:
sobrenomes, filhos de bilionários e academia de pilotos.
No meio dessa história, um desconhecido chegou na F2 fazendo
a pole na Áustria, em meio a pandemia. Seu nome? Felipe Drugovich Roncato.
Paranaense de Maringá, nasceu no dia 23 de maio de 2000. 22 anos, portanto.
Depois de competir no kart no Brasil, Drugo partiu para a
Europa. Em 2016, estreou na F4 alemã. No ano seguinte, também competiu na F4
italiana, na Euroformula, na Fórmula 3 Europeia e na MRF Challenge, onde ficou
em quarto na temporada. Na F4 alemã, foi o terceiro.
Em 2017 e 2018, ascensão e títulos na MRF Challenge, na
Euroformula e na F3 Espanhola. Em 2019, a subida para a F3, na Carlin Buzz
Racing, até o ponto onde estávamos na F2, na modesta MP Motorsport.
Desconhecido, Drugo teve uma boa temporada de estreia numa
equipe que não é das melhores na hierarquia da F2. Com duas vitórias na Sprint
Race e uma na Feature Race, além de outro pódio, Drugo terminou em oitavo na
tabela, com desempenho bom numa temporada onde geralmente a adaptação na
categoria é muito complicada. É claro que isso despertou a atenção dos
brasileiros. O salto parecia óbvio.
Na UNI Virtuosi, com Guanyu Zhou como companheiro de equipe,
a tendência era Drugo brigar por mais poles e vitórias, pois estava mais
ambientado e numa equipe melhor, apesar de enfrentar um duro adversário
interno. No entanto, o resultado não foi o mesmo. Apenas três pódios e menos
pontos do que na estreia. Drugovich perdeu valor e não confirmou a subida. Sem
o sobrenome ou um grande apoiador, parecia estar destinado ao flop, no que
tange a F1.
Na terceira temporada, acabou voltando para a MP. Sem
grandes expectativas. É claro que está mais experiente na categoria, o que é
uma vantagem considerável. Só lembrar dos casos recentes de Nyck de Vries e
Nicholas Latifi, por exemplo, que só engataram na categoria depois de alguns
bons anos. No entanto, isso também não quer dizer grande coisa. Geralmente os
bons já chegam e mostram resultados: George Russell, Charles Leclerc, Alexander
Albon, Lando Norris, Oscar Piastri...
Aproveitando da experiência e da maturidade, é inegável que
Drugo vem fazendo uma temporada majestosa até aqui. Está sobrando no campeonato
com uma MP, mais de 30 pontos de vantagem para o vice-líder Theo Pourchaire.
Vitórias, poles, recuperações, a correção de alguns defeitos como as largadas e
as disputas por posição. Se continuar nesse nível, são grandes as chances de
Drugovich ser o primeiro brasileiro campeão do atual formato da GP2/F2. O país
teve alguns nomes que bateram na trave: Nelsinho Piquet, Lucas Di Grassi, Luiz
Razia e Felipe Nasr.
Felipe Drugovich campeão da F2 nesse ano. O que isso
significaria, na prática?
Além do exercício de futurologia, precisamos de um contexto.
Ser campeão na terceira temporada na categoria não é algo muito chamativo para
as grandes equipes e academias, ainda mais considerando que temos apenas 20
vagas disponíveis. Se houvesse um ou mais times, a história poderia ser
diferente... mas não é.
Em entrevista para a Motorsport há algumas semanas, o
holandês Sander Dorsman, chefão da MP, falou que o caminho para o brasileiro
sonhar com a F1 é um só: que as empresas brasileiras apoiem Drugo. Felipe Nasr
só chegou na F1 graças ao apoio do Banco do Brasil. Com o texto da crise
financeira do país num contexto político do golpe de 2016, Nasr deixou a
categoria depois de dois anos na Sauber. Sem grana, sem vaga.
A questão é o retorno, o engajamento, o interesse, a
política. É tudo muito complexo. Em um país em crise, é difícil grandes
investimentos. É complicado. Muita gente não se interessaria em apostar em
Drugo numa equipe intermediária, onde a chance de grandes resultados é muito
pequena. Não teria grande retorno, não haveria engajamento que pagasse, apesar
do barulho da internet brasileira ser um termômetro interessante para o mundo
exterior.
O caminho mais fácil, no entanto, é de alguma academia de
pilotos, seja Mercedes, Red Bull, Ferrari, Williams ou Alpine. Com 22 anos e
sem aporte financeiro, Drugo pode ter chegado tarde demais, porém a esperança é
a última que morre. Se for campeão com sobras, pode ser que consiga algo como
piloto reserva ou de testes. É importante lembrar que o campeão da F2 não pode
estar no grid do ano seguinte. De toda forma, Drugo precisa pensar no que vai
fazer em 2023, considerando que o título da F2 é uma possibilidade muito
grande.
Sendo otimista e com as estrelas se alinhando, quais vagas
estariam em aberto? A Alpine está entre Piastri e Alonso. A Haas vai priorizar
alguém da Ferrari caso Mick saia. A Williams seria o único caminho viável,
visto que Latifi não deve permanecer. Alpha Tauri? Talvez se Gasly sair para a
McLaren, caso Ricciardo deixe o time de Woking...
É uma situação complexa e difícil, porém não inédita. Outros
campeões não chegaram perto de subir para a F2, como Davide Valsecchi, Fabio
Leimer, Nyck de Vries e o próprio Oscar Piastri não subiu imediatamente. E se
não der certo, como o panorama atual mostra?
Campeão da F2, Drugo sabe que o automobilismo é muito além
da F2 e as opções mais óbvias seriam tanto a Fórmula E quanto a Indy.
Aproveito o espaço para elogiar o excelente e surpreendente
início do Enzo Fittipaldi na temporada, depois de estrear na categoria no final
do ano passado. Com a fraca Charouz, está no top 10 da classificação. Pelo
sobrenome e pelos patrocinadores, Fitti tem mais chances de estar na F1 do que
o próprio Drugo, mesmo tendo saído da academia da Ferrari. Se continuar se
desenvolvendo, talvez seja a bola da vez, porque uniria talento, dinheiro e
sobrenome.
Se o sonho ainda é a Fórmula 1, como não pode deixar de ser,
a hora de Drugovich ir com tudo é agora. É continuar entregando grandes
resultados e se aproximar de um título inédito para o país e contar com o jogo
de cintura político, a visão de empresas interessadas e formar/aproveitar uma
conjuntura que favoreça Drugo a realizar o grande sonho. Apoio da torcida e dos
fãs é o que não falta. Que esse engajamento sensibilize empresas e bilionários
entediados dispostos a investir em um jovem talento. Sendo patriotas,
facilitaria tudo.
Mas cuidado: como escreveu Jorge Luis Borges, os sonhos não
devem durar mais de uma noite.
Até!