domingo, 13 de setembro de 2020

90%

 

Foto: Getty Images

Vida longa aos circuitos clássicos, com brita. Um erro e já era. No desconhecido (para a F1) circuito de Mugello, o traçado estreito prometia na largada e durante a corrida. E foi exatamente o que aconteceu.

Bottas tinha finalmente conseguido uma boa largada e assumido a liderança quando, lá no miolo, Verstappen e Gasly se envolveram num enrosco e acabaram fora. Verstappen atolou na brita, sem chances de reação. Para o francês, mostra como tudo muda em uma semana: da vitória a eliminação no Q1 e batida na primeira volta. Depois de Monza, tem infinito crédito.

Eis que Bottas na relargada, resolve acelerar e desacelerar e causou um big-one lá atrás. Após 9 voltas sem qualquer disputa, bandeira vermelha e mais uma vez a corrida paralisada. 

O finlandês sequer conseguiu aproveitar a vantagem porque, na terceira relargada (a segunda parada), Hamilton retornou para a liderança. Sem Verstappen, Stroll parecia o candidato a pódio porque Albon também não largou bem, com Ricciardo correndo por fora. Enquanto isso, Leclerc caía para o fim do grid e Vettel brigava com o carro. No milésimo GP da Ferrari, o que valeu mesmo foi Mick Schumacher, agora líder da F2, andando no F2004 do pai.

Tudo parecia encaminhado lá na frente quando a suspensão de Stroll quebra e o canadense bate forte na barreira de pneus. Mais uma bandeira vermelha. Uma corrida caótica desde Brasil 2003 e Canadá 2011, nesse sentido, apesar de Hockenheim no ano passado ter sido animada também. Essa é a vantagem de ter brita em um circuito desconhecido. Mugello pode muito bem substituir algum circuito insosso como Paul Ricard, Barcelona ou algo do tipo que todo mundo agradeceria. Se a F1 não tem competitividade, ao menos esse traçado oferece alguma emoção, caos e aleatoriedade. 

Bottas, que rezava por um Safety Car para tentar atacar Hamilton, de novo perdeu posição para Ricciardo. O que Hamilton fez hoje foi bullying: quando o finlandês se aproximou, ele aumentou o ritmo para não ser mais pego. 

Na briga pelo pódio, mostrando como o mundo gira, Albon surgiu das cinzas, passou Ricciardo e assegurou o primeiro pódio da carreira. Momento mais oportuno impossível. A pressão é grande depois do feito de Gasly. É bem verdade que o primeiro tailandês da história a subir no pódio só consegue disputar algo na frente quando Max está fora, mas pelo menos desta vez ele largou ao lado. Fez duas largadas ruins mas conseguiu evoluir. É um sopro importante nesse contexto de pressão. Ainda assim, é muito legal ver o esforço recompensado. Deve ser uma emoção indescritível.

Foto: Getty Images

Na corrida de sobrevivência com 12 carros, Kvyat desabrochou, Leclerc fez o que pode e Raikkonen, mesmo com cinco segundos de punição, conseguiu superar Vettel. Traído pela bandeira vermelha, Russell perdeu grande chance de pontuar pela primeira vez. Que pecado.

Sem adversários (e com a cara de pau de criticar Albon e Red Bull), Lewis Hamilton venceu pela nonagésima vez, fez seu protesto importantíssimo diante da posição e condição que ostenta e se encaminha para mais recordes quebrados. Na vitória número 90, Lewis tem no mínimo já 90% do caminho andado para o heptacampeonato. Diga o nome dele.

Confira a classificação final do GP da Toscana:


Até!

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

SUBSTITUIÇÃO

 

Foto: Getty Images

Deu o óbvio: a Aston Martin, agora uma equipe com grife e dinheiro, contratou a grife Sebastian Vettel e mandou Sérgio Pérez pastar no final da temporada. É claro que o filho do dono permanece no time.

Apesar da decadência, é legal ver o nome do tetracampeão encabeçando um projeto com dinheiro, grife e bons resultados nas últimas temporadas. Muito melhor do que sair da F1 pela porta dos fundos na Ferrari em uma relação que tornou-se tóxica nas duas últimas temporadas, Seb tem a última chance da carreira liderando uma equipe emergente com um porém: decadente e com o filho do dono ali... se ele supera um tetracampeão, garanto que vai ter um monte de leigo acreditando que ele realmente é um bom piloto.

Para o mexicano, é um duro golpe. Também foi demitido pelo telefone de uma equipe que ele no primeiro momento ajudou a não falir e conquistou inúmeros pódios com pouquíssimo orçamento. Apesar de não fazer uma boa temporada, merecia mais consideração, no mínimo. Com as portas fechadas, basicamente encerra-se as possibilidades de Pérez conseguir algum protagonismo na carreira.

Sendo um bom piloto e carregando muito dinheiro de Carlos Slim, resta para ele duas alternativas: Haas ou Alfa Romeo, sendo o panorama da primeira mais favorável, até em virtude da Haas ser uma equipe estadunidense e a Alfa ser muito mais um puxadinho da Ferrari do que o time de Gene.

Foto: Getty Images

Em Mugello, onde acontece a milésima corrida da Ferrari na F1 (cujo carro é muito bonito e lembra a Roma rsrs), é muito legal ver um circuito antigo ainda com brita. Qualquer erro pode ser fatal e Lando Norris entendeu isso. Apesar de ser uma pista estreita igual Suzuka, as expectativas para essa corrida são altas justamente por isso, além do fato de ninguém conhecer o circuito ou de como será o comportamento dos carros durante 59 voltas.

Nos treinos livres, Bottas foi o mais rápido em ambos e mostra, é claro, o favoritismo da Mercedes. Pérez, em fase nada iluminada, bateu em Raikkonen na saída dos boxes e deve ser punido com perda de posições no grid. É o momento...

Para a Ferrari, apesar do clima festivo, a torcida é que não seja um vexame essa corrida histórica. E o que não seria uma vexame? Diante das circunstâncias, os dois pilotos pontuando seria ótimo.

Confira os tempos dos treinos livres para o GP da Toscana:




quinta-feira, 10 de setembro de 2020

GP DA TOSCANA: Programação

 O Autódromo Internazionale di Mugello fica localizado na Itália, 30 km a nordeste de Florença.

Existe desde 1914. De 1989 a 1991 remodelado pela Ferrari, sua proprietária, que a usa como pista de testes. Atualmente possui 5 245 m, 15 curvas e uma longa reta de 1 141 m. Há também uma versão mais curta com 7 curvas.

O circuito foi usado na Temporada 2012 da Fórmula 1 em testes realizados de 1 a 3 de maio por todas as equipes e agora, pela primeira vez, vai sediar um Grande Prêmio de Fórmula 1.

Foto: Wikipédia

LONGEVIDADE

Foto: Grande Prêmio

Essa é a palavra que pode definir a gestão de Gunther Steiner enquanto chefe da equipe da Haas, desde 2016. Afinal, desde 2017 a dupla de pilotos é a mesma (Magnussen e Grosjean), embora já há alguns anos uma troca poderia ter sido feita.

Sobre esse assunto, o chefão da Haas disse que sequer conversou com Gene Haas sobre a dupla de pilotos para o ano que vem, mas deixou claro que deseja continuidade: a dupla de 2021 deverá ser a mesma de 2022.

“Tudo está na mesa para o ano que vem, porque a única coisa que gostaria, e vou falar sobre isso com Gene [Haas, dono da equipe] nas próximas semanas e meses, é como vamos fazer nosso melhor. Então, vamos ver o que é melhor para nós. Mas uma coisa, na minha opinião, precisamos fazer: quem estiver no carro em 2021 deve estar no carro em 2022.

Porque, com um carro novo a caminho, se você conhece seu piloto, pelo menos você já resolveu alguma coisa. Quem quer que seja, mesmo que sejam esses caras que estão correndo agora, e caso eles fiquem, devem ficar por pelo menos os próximos dois anos.

Sou contra a troca antes de 2022. Com um carro novo e um novo piloto, isso pode ficar complicado. É a única coisa que posso dizer, o restante está aberto. Não tenho ideia ainda de quem vai pilotar o carro em 2021 e 2022", disse em entrevista para a Sky Sports.

Na semana passada, o chefão disse estar interessado em um dos jovens pilotos da academia da Ferrari para ocupar esse cargo: Callium Ilott, Robert Shwartzman e Mick Schumacher disputam o título da F2. Diante de todas as hipóteses, partindo do pressuposto da continuidade e de uma das vagas sendo de um jovem, é fundamental um piloto mais experiente do lado.

Magnussen até poderia permanecer, mas Pérez e Hulkenberg podem ser grandes candidatos para ajudar a tentar erguer o time americano. É aquilo: Steiner, dessa vez, precisa acertar os tiros. Do contrário, é ele e a Haas que podem sangrar por mais duas temporadas.

MAIS MUDANÇAS

Foto: Divulgação/Williams


Após a venda da Williams para a Dorilton Capital e a saída da família Williams do comando da equipe, a agora "nova Williams" segue com alterações.

Com a saída de Claire, os ingleses possuem um novo chefão interino: Simon Roberts. Ele chegou na Williams em junho, mas está na F1 desde 2003, quando chegou na McLaren. Com uma rápida passagem na Force India, retornou para woking e ficou até junho, quando assumiu a gerência da Williams.

Mike O'Driscoll anunciou aposentadoria. Ele era CEO da Williams. Membro do conselho administrativo desde 2011, era diretor executivo desde 2017. O'Driscoll irá permanecer na Williams até o fim do ano e promete ajudar a Dorilton Capital nesse processo de transição, agora que assumiram a equipe.

É natural. Quando surge uma venda e uma mudança de direção, as mudanças surgem, algumas mais rápidas e outras nem tanto até que a organização fique de acordo com a preferência dos donos. A questão é que os administadores não entendem nada de automobilismo. Por outro lado, é difícil que a Williams fique tão pior assim. Agora é esperar, com um pouco de apreensão, porque não é mais uma empresa familiar, e sim um negócio.

Como quase nada na F1 dá dinheiro, não sei até quando vai durar essa empreitada. Aguardemos.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 164 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 117 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 110 pontos
4 - Lance Stroll (Racing Point) - 57 pontos
5 - Lando Norris (McLaren) - 57 pontos
6 - Alexander Albon (Red Bull) - 48 pontos
7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 45 pontos
8 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 43 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 41 pontos
10- Daniel Ricciardo (Renault) - 41 pontos
11- Sérgio Pérez (Racing Point) - 34 pontos
12- Esteban Ocon (Renault) - 30 pontos
13- Sebastian Vettel (Ferrari) - 16 pontos
14- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 6 pontos
15- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 4 pontos
16- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
17- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 281 pontos
2 - Red Bull Honda - 158 pontos
3 - McLaren Renault - 98 pontos
4 - Racing Point Mercedes - 82 pontos
5 - Renault - 71 pontos
6 - Ferrari - 61 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 47 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO







terça-feira, 8 de setembro de 2020

CARAS NOVAS?

 

Foto: Getty Images

Nessa semana tivemos anúncios de "novidades" na Fórmula 1. A Williams, vendida para a Dorilton Capital, encerra um capítulo enquanto negócio familiar e garagista que acontecia desde os anos 1970. Com isso, definitivamente, encerra-se uma era na categoria. O fim de Frank e Claire e a terceira maior equipe da história do Mundial. 

Convenhamos, a Williams do jeito que conhecíamos acabou em 2005, quando não quis ser vendida para a BMW. Dali em diante, a decadência foi cada vez maior, exceção pela solitária e inesperada vitória de Maldonado em 2012 e as temporadas de 2014, 2015 e 2016 onde a Williams, beneficiada pelo potente motor Mercedes, conseguiu alguns pódios e poles até o fim definitivo.

Agora, a empresa Williams é controlada pela americana Dorilton Capital, um fundo de investimento comandado por Matthew Savage. Além dele, a equipe será comandada por Darren Fultz e James Matthews na direção. Matthews, por curiosidade, é ex-piloto e cunhado da Duquesa de Cambridge.

Algumas mudanças já foram feitas: Claire Williams deixou a chefia da equipe e o CEO, Mike O'Driscoll, vai se aposentar no final do ano. Simon Roberts vai ocupar o primeiro cargo interinamente. Vale notar que o contrato dos dois pilotos foi renovado antes da venda do time.

Fundo de investimento são geridos por várias pessoas. Não é fácil corrupção ou lavagem de dinheiro por lá, em tese. Ou seja, se compraram é porque acreditam que a Williams pode dar lucro no futuro. Na F1, isso é muito complicado. Sendo realista, a questão é saber por quanto tempo essa empresa vai aguentar gerir uma equipe de Fórmula 1 que, apesar de histórica, vive na rabeira do grid e sem perspectivas de lucro, mesmo com a ajuda de Latifi pai. Vejo com bastante desconfiança esse novo "capítulo" de Grove, infelizmente.

Foto: Quatro Rodas

No domingo, a Renault anunciou que vai mudar de nome para a próxima temporada. Em 2021, vai passar a ser Alpine F1 Team. Mas o que diabos seria isso? 

Inicialmente, a Alpine foi criada em 1954 como uma fabricante francesa de carros esportivos, fundada por Jean Redélé, proprietário de um dos poucos carros franceses que fazia sucesso no automobilismo após a Segunda Guerra Mundial, o Renault 4CV. A empresa comprou a Alpine em 1973. 

A Alpine foi campeã mundial de Rali em 1973, com seu modelo mais famoso, o Alpine A110 e o A442 venceu as 24 Horas de Le Mans, na última vez que um Alpine participou de corridas. Na época, já foi escrito como um Renault-Alpine. Com o passar do tempo, a empresa foi absorvida pela Renault e transformou-se em um carro esportivo, não mais de competição. 


Alpine A442b, com Didier Pironi no volante, venceu as 24 horas de Le Mans em 1978. Foto: Getty Images











Atualmente, a Alpine está na LMP2 do Mundial de Endurance, sendo recentemente campeã com o brasileiro André Negrão como um de seus pilotos.

De acordo com um comunicado, o objetivo é "acelerar o desenvolvimento e influência da marca". O processo de reestruturação é liderado por Luca De Meo, novo CEO. Vale lembrar que, recentemente, a Renault se viu em um escândalo com a prisão do ex-presidente, o líbano-brasileiro Carlos Ghosn. Além do mais, os franceses tiveram muitos prejuízos em virtude da pandemia, precisando demitir milhares de funcionários e colocando em risco a permanência na categoria.

Bom, mesmo assinado até 2025, a mudança de um nome histórico na F1 para de uma marca importante no automobilismo francês possa ser indício de que as coisas não estão fáceis por lá. Tecnicamente falando, a terceira passagem da Renault na F1 encerra-se no fim do ano como um grande fracasso. Até lá, é possível que nenhum pódio tenha sido atingido. Muito pouco para uma equipe de fábrica. 

Basicamente, o nome Alpine tem o mesmo peso de Alfa Romeo na antiga Sauber: apenas uma mudança de nomenclatura para fins comerciais. 

Ou seja: Fernando Alonso não vai ter sua terceira passagem na Renault, e sim seus dois últimos anos de carreira na Alpine F1 Team. Impossível não associar ao nome do famoso chocolate. Esperamos que não seja um carro docinho.

Até!

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A QUESTÃO RED BULL: Parte 3

 

Foto: Alpha Tauri

O que estava ficando evidente definitivamente ficou óbvio ontem, com a histórica vitória de Pierre Gasly no Grande Prêmio da Itália. A premissa é simples: o segundo carro da Red Bull é uma bomba, independente de quem pilote e, com essa política de priorizar um talento e queimar todo o resto, isso é um desperdício de tempo e dinheiro da equipe dos energéticos.

Um ano atrás, todos nós descemos a lenha no pífio desempenho do francês na primeira metade da temporada. E com razão. Albon, quando subiu, mostrava bons desempenhos e resultados. As coisas começaram a virar no final do ano, quando o francês, mostrando-se sólido mesmo após a pancada, não virou um novo Kvyat e se recompôs, reconstruindo o caminho que culminou com o dia de ontem.

Agora, em 2020, Gasly recebe merecidamente muito mais louros por conseguir dois pódios com um carro médio. Mesmo que tenham sido em corridas caóticas, não é fácil. Albon, por outro lado, terminou atrás de uma Williams e sequer foi ao pódio ainda com os taurinos. Apesar de prestigiado, ontem pode ter sido um duro golpe. Agora, o francês está por cima e o tailandês nascido e criado na Inglaterra é que pode estar vivendo um momento difícil, sobretudo psicologicamente.

Albon e Gasly, nessa ocasião, que o problema não são os dois pilotos, e sim como a Red Bull lida com o outro carro que não seja de Verstappen: é uma verdadeira bomba, tal qual a Benetton na época de Schumacher e a Renault no período de Fernando Alonso. Ninguém que chegar lá vai se conseguir se adaptar a um carro que é feito para Max Verstappen. Ficar na frente? Sem chance. Com isso, o que poderia ser um sonho, torna-se um pesadelo: por pouco Gasly não teve sua carreira implodida com apenas 23 anos. Albon pode ter estar nesse mesmo caminho e tantos outros da Red Bull ficaram para trás: Buemi, Alguersuari, Félix da Costa, Kvyat...

Agora, todo mundo quer novamente a troca de Gasly e Albon em suas equipes satélites. Apesar dos resultados serem muito mais consistentes e compreensíveis, o cenário diferente do calendário em meio a pandemia me fazem acreditar que a Red Bull não vai mudar as posições até o final da temporada. Não há tempo hábil para que a troca seja minimamente aproveitosa.

Sobre isso, Pierre Gasly precisa, junto do seu staff, entender que a Red Bull precisa começar a ser algo do passado, assim como Carlos Sainz percebeu que, do contrário, seria um capacho de Max e seria queimado. A primeira chance na Red Bull não deu certo. Nada me convence que mesmo com outro status as coisas sejam diferentes. Gasly não precisa mais da Red Bull e poderia, no médio/longo-prazo, pensar em alternativas a partir de 2022. Por exemplo, a Renault/Alpine não tem nenhum piloto de academia na equipe e Gasly é compatriota de Ocon...

É algo para se pensar. Depois de ontem, é possível pensar que Gasly também possa ter iniciado um processo de emancipação e independência da Red Bull. Deveria, ao menos.

Até!

domingo, 6 de setembro de 2020

NOTA 10

 

Foto: Getty Images

Parecia tudo pronto para que Lewis Hamilton vencesse pela 90a vez na Fórmula e ficasse apenas a uma vitória de igualar Michael Schumacher. Antes disso, Bottas se mostra inqualificável ao cair quatro posições no grid e ser incapaz de oferecer algum perigo para Renault ou McLaren. Na frente, Sainz e Norris pularam para as posições de pódio e isso oferecia uma ótima perspectiva para os ingleses. Em circuitos de alta, quando está atrás, parece que isso é uma espécie de calcanhar de aquiles da Mercedes.

Verstappen também largou mal e completou um final de semana apagado. La atrás, o calvário de Vettel acabou cedo com um problema nos freios. Aposto que ele deve ter até agradecido por isso. O momento que mudou a corrida foi a Haas de Kevin Magnussen abandonar e parar numa posição que não era possível sair guinchado, o jeito era empurrá-lo até os boxes. Safety Car, é claro, que mudaria a dinâmica da prova.

Como seria óbvio, naturalmente os carros iriam antecipar a parada. Hamilton entrou nos boxes e foi o único. Giovinazzi na sequência. Antes, Raikkonen, Leclerc e Kvyat e Gasly. Seria estranho: ninguém antecipou a parada e Hamilton retornou para a pista com uma parada e pneus novos. Um massacre. Acontece que o pit lane não estava aberto, uma raridade, em virtude dele estar sendo utilizado para a entrada do carro de Magnussen aos boxes da Haas.

Na relargada, uma nova perspectiva: com Kvyat, as Alfa Romeo e Leclerc, a corrida ganhava em emoção, até que os pneus ficassem desgastados, é claro. O outro turning point: o monegasco bateu forte, tentando tirar mais do que o carro, na parabólica. Barreira de pneus danificada e bandeira vermelha. A Ferrari, pode-se escrever, até que saiu por cima diante de todo esse cenário depressivo que se encontra.

Na bandeira vermelha, outra mudança: Stroll, que não tinha parado, trocou os pneus. Que regra ridícula essa de trocar pneus com a corrida parada, beneficia o infrator. Hamilton e Giovinazzi teriam que pagar com um stop and go e ficariam de fora do caminho: Kvyat, Stroll, Sainz e Norris eram os postulantes a primeira vitória da carreira!

Stroll relargou bizarramente e jogou fora a chance. Kvyat, com pneus mais desgastados, ainda assim conseguiu uma vantagem confortável. Se nas retas a Renault levava vantagem, na parte mais lenta a Alpha Tauri aguentava o tranco. Lá atrás, Verstappen abandonava e Albon empacava atrás da Williams. De igual nesses carros apenas a cor, está comprovado. Hamilton, que caiu para o fim do grid, foi escalando facilmente todo mundo e ainda foi o sétimo, duas posições atrás de Bottas. Se tivesse mais algumas voltas, passaria o finlandês que não fez absolutamente nada na corrida. Claramente é um desperdício de corra que chega a ser constrangedor.

Em um ano e poucos meses, o inferno astral: de dispensado e ridicularizado (inclusive por este que vos escreve) e com a morte do amigo Anthoine Hubert, desde então Gasly se recuperou com bons treinos e atuações consistentes que culminaram no segundo lugar, no Brasil, e a vitória histórica hoje. Quebrando um jejum de 24 anos sem vitória de um piloto francês na categoria, ainda foi a primeira da agora Alpha Tauri, 12 anos depois de Vettel, também em Monza. A imagem de Gasly, contemplativo no pódio, sem acreditar nas voltas que a vida dá é emblemática e emocionante. Um dos momentos mais lindos da F1. Com uma vitória, um segundo lugar e um quarto lugar, Pierre Gasly é o maior nome da história da Toro Rosso/ Alpha Tauri.

Foto: Getty Images

Sainz seria naturalmente o segundo. Com a punição de Hamilton, fica a sensação de frustração mesmo com o melhor resultado na carreira mas que pode voltar a acontecer, em virtude da escolha em defender a Ferrari nos próximos anos. No entanto, se sobreviver a tempestade, certamente o pódio será naturalmente um lugar familiar. Stroll em terceiro é o preço que pagamos, sempre sortudo nessas corridas malucos. Já dizia Nelson Rodrigues: sem sorte, não se atravessa a rua.

Kvyat, dominado com o mesmo equipamento e Albon, vivendo o que Gasly viveu mas ainda pior, pois o rival venceu com um carro pior uma corrida épica, estão sobre cheque, obviamente. Irei me estender melhor sobre o assunto amanhã. 

Com o imponderável, o que seria uma corrida sem vida transforma-se em uma prova histórica: a vitória de Gasly e da Alpha Tauri e o hino da Itália, emocionante em relação ao contexto do início e a tudo que os italianos, assim como o resto do mundo, passam e estão passando nesse momento. 10, nota 10!

Confira o resultado final do GP da Itália:


Até!


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

MODO FESTA?

 

Foto: Getty Images

Este final de semana marca o fim do "modo festa", potência extra usada pelas equipes na classificação, principalmente a Mercedes. A ideia é tentar dar maior competitividade, é claro. No entanto, o tiro pode sair pela culatra: sem gastar tanta potência no sábado, os motores ficam mais inteiros no domingo e, portanto, com maiores chances de concluir a prova.

O que estamos vendo em Monza é uma repetição de Spa: Mercedes humilhando a concorrência, Verstappen, Renault e Alpha Tauri muito bem com McLaren e Racing Point um pouco abaixo. As Ferraris, é claro, vão passar vergonha, pelo menos sem público. Os tifosi certamente não iriam gostar e os protestos iam rolar. Equipe Jim Carrey.

A grande notícia desse fim de semana é o fim definitivo da Williams como nós conhecemos: Claire Williams vai deixar a chefia da equipe que será administrada por "especialistas" do tal conglomerado americano que passa a comandar a escuderia. Como já escrito antes: a Williams que nós conhecíamos acabou em 2005, tudo o que veio depois foi uma caricatura de uma equipe gigante.

E assim a F1 chega a primeira de três corridas na Itália, quem diria. Em fevereiro, todos sentíamos pena, agora eles vão ter três corridas (e uma com público), enquanto nós por aqui perdemos o autódromo, a corrida e até a transmissão num futuro próximo.

Como diz o meme: "modo festa? Essa corrida virou um enterro", de novo. Tomara que me provem o contrário.

Confira a classificação dos treinos livres do GP da Itália: