Foto: Getty Images |
No mínimo a preferida de 7 entre 10 pilotos. Um circuito
veloz, cheio de desafios e único. Correr em Spa Francorchamps é um prazer para
os pilotos e o circo da F1, além de ser extraordinário no videogame, computador
ou simulador. É aquela prova que fica no imaginário popular sobre o que é F1.
O problema é que Spa é uma pista “muito F1” para uma
categoria que busca a todo instante se distanciar da F1, seja na paixão, nas
pistas e no modo de ser. O mais importante é agradar quem não acompanha o
esporte. É claro que o público está mudando e isso é positivo.
É evidente que as sequelas econômicas decorrentes do covid
fazem com que qualquer empresa precisa reavaliar investimentos e ter muito
cuidado na administração. A diferença é que, agora, a F1 está nas mãos dos
americanos. Eles querem o business, o engajamento e o entretenimento acima de
tudo, diferentemente do modo europeu, que valoriza os clássicos.
É por isso que há essa paixão por circuitos genéricos de rua
em lugares sem tradição ou controversos. Uma categoria que agora resolveu
fechar e trancar com vários cadeados as portas para a Rússia mas não vê
problemas em desembarcar na Arábia Saudita e no Catar, mesmo com barulho de
bombas, fumaça e cheiro de queimado a poucos quilômetros do autódromo – de rua,
é claro.
Spa pode entrar no tal revezamento. Existem muitos lugares
interessados em sediar uma corrida de F1 mas não há espaço para todo mundo. O
calendário já está totalmente inchado. Assim, a corrida na Bélgica pode
acontecer com menos frequência. Um total absurdo.
Nos últimos anos, começou uma espécie bizarra de caça às
bruxas contra Spa. Do dia para a noite, o circuito não tem mais segurança e a
Eau Rouge mata pilotos.
Não é culpa da FIA, veja bem, e sim da Eau Rouge. Não é
culpa da FIA que organiza uma F2 com pilotos sem condições e eles, sem
qualidade, conseguiram a proeza de causar um acidente fatal e quase matar
outro. O fim da área de escape pode tornar qualquer idiota de simulador em um
homicida em potencial. E foi o que aconteceu.
É culpa da Bélgica e da Eau Rouge que o Lando Norris
resolveu fazer a curva de pré cravado no meio do temporal. Nem o Villeneuve e o
Zonta conseguiram isso no seco, mas o inglês ia conseguir essa façanha num
local sem área de escape, de certo. A Eau Rouge é perigosa. Precisamos de
segurança. Nunca vimos um carro capotar ou algum piloto irresponsável quase se
decapitar no guard rail porque é um perigo ambulante.
A culpa é da curva, claro, não da FIA. Por isso que a
Bélgica corre riscos, talvez por não apresentar dinheiro o suficiente para
competir com autódromos nas ruas de capitais assinadas por Helmann Tilke e
shows de música pop. Quem liga para autódromos e várias décadas de tradição?
Eles nem escutam os pilotos. O que interessa é o show business e quem pingar
mais na conta.
Bernie já fazia isso, tanto que a Bélgica ficou alguns anos
ausente no início dos anos 2000. Circuitos históricos como Silvestone,
Interlagos, Suzuka, Monza, Spa e Mônaco deveriam ser eternos, sem qualquer
margem para negociação. Eles é que construíram a categoria, junto dos pilotos e
chefes de equipe. Não foram os petrodólares ou a Liberty.
Spa é eterna, e assim deveria ser. Barcelona, Paul Ricard,
Arábia Saudita, Miami, Zandvoort... o que não falta é circuito bisonho que
deveria ser expurgado do calendário, mas querem encher o saco da queridinha de
90% dos que realmente gostam do automobilismo.
Spa deveria ser eterna, assim como Sepang poderia voltar ou
até mesmo Mugello ser incorporada ao calendário. Sem dinheiro, ninguém é visto
e nem é lembrado, até porque a lembrança dos fãs não importa. O que vale são as
cédulas.
Que a corrida deste final de semana não seja a última de Spa
na F1 ou tampouco comecem um revezamento colocando mais circuitos medonhos em
prol do dinheiro, do engajamento, do espetáculo ou seja lá o que for que
estejam pensando. Não ousem mexer em Spa.
Não deveriam ousar, na verdade, mas quem sou ou nós na fila
do pão?
O máximo que vai acontecer é assistirmos as corridas
emburrados ou saudosos daqueles tempos que vão começar a ficar velhos.
Até!
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