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terça-feira, 29 de agosto de 2023

UMA NOVA ROTA

 

Foto: Getty Images

Mudanças no percurso de uma estratégia podem significar algumas coisas. Uma delas é que o objetivo inicial estava equivocado e foi necessária uma mudança de rumo, uma correção no caminho para que os objetivos consigam ser alcançados em um determinado tempo pré-estabelecido.

É o caso da Haas. Quando surgiu o novo regulamento, a ideia de Gunther Steiner e Gene Haas, com a equipe tendo cada vez menos recursos, era apostar nos jovens e desenvolvê-los. Um projeto de longo-prazo. Trazer Schumacher Filho e Mazepin (pelo dinheiro, óbvio) se encaixava mais ou menos nesse processo.

A guerra mudou tudo. Mazepin saiu, a Haas sem dinheiro e sem resultados se viu obrigada a fazer um retorno ao passado. Perderam muitos anos de desempenho com Grosjean e Magnussen, mas o dinamarquês voltou, endinheirado. E a equipe percebeu que talvez Schumaquinho não fosse o futuro tão dourado, afinal Kevin, destreinado, era mais veloz e entregava mais pontos.

O sinal foi compreendido. Hora de ir para o outro extremo. Chega de jovens, queremos resultados agora. É difícil se ambientar na F1. Olhem para o que aconteceu com De Vries. Então, quem mais se encaixaria melhor nisso do que Nico Hulkenberg, o Super Trunfo do século XXI?

A Haas tem dificuldades financeiras e briga do meio do pelotão para trás. É óbvio. Então, cada ponto ou oportunidade precisam ser aproveitadas. Mais do que o brilhantismo, é necessária a regularidade, um acumulador de pontos. Hulkenberg até consegue brilhar no sábado, mas o domingo não permite muitas jornadas positivas (uma tônica da carreira do alemão, aliás). Magnussen até pole fez no Brasil, ano passado!

A receita para a sobrevivência foi mais simples do que se imaginava: juntar dois pilotos muito experientes, a grana de um deles e tentar aproveitar toda e qualquer oportunidade de pontos para capitalizar e buscar melhorias futuras, seja na temporada seguinte ou no novo regulamento.

Qual o futuro da Haas? Eu não sei, mas a equipe definiu a sequência do caminho: Hulkenberg e Magnussen permanecem por mais uma temporada. Sem as amarras da Ferrari e o risco de apostar em um jovem inexperiente que pode comprometer a colocação da equipe nos construtores, onde cada centavo é essencial para a sobrevivência, essa é a melhor receita que existe até aqui, ao menos enquanto não for possível adquirir melhores ingredientes e chefs de cozinha (ou de equipe mesmo).

Até!

terça-feira, 23 de março de 2021

ENTRE O TRÁGICO E O CIRCENSE

 

Foto: Divulgação/Haas

Quando chegou na F1 em 2015, a Haas tinha uma proposta interessante: uma parceria técnica com a Ferrari que lhe permitia gastar menos e se desenvolver o quanto possível. Tirando a âncora Gutierrez, a chegada de Magnussen solidificou uma parceria com Grosjean que, no início, era muito proveitosa. Até 2018, os americanos evoluíam pouco a pouco, com o dinheiro que tinham e com responsabilidade, em uma posição digna nos construtores.

O tempo passou e a evolução estagnou, transformando em declínio. Grosjean ficou insustentável há muito tempo e Magnussen tinha atingido um teto. Mesmo assim, o chefão Gunther Steiner, mesmo com as críticas públicas, mantinha uma dupla de pilotos que não ajudava, assim como o carro. A parceria técnica com a Ferrari ficou insuficiente, também em virtude do declínio dos próprios italianos. Um efeito dominó.

De uns tempos para cá, a impressão que ficava é que a Gene Haas está louco para vender logo a equipe e retornar o foco a Indy e a Nascar. No meio do caminho, teve a parceria com a tal empresa de bebidas energéticas que deu em nada, apenas em calote, constrangimento e circo. A salvação era, e é, apenas uma: dinheiro.

Surge no deserto um russo de desempenho mediano pra ruim, que trapaceia, é antidesportivo (já agrediu pilotos na F3 e mostrou mais de uma vez deslealdade nas disputas na F2) mas é filho de um bilionário. O que se enxerga nisso tudo?  Dinheiro. Com capacidade de investimento, o filho mal caráter e antidesportista melhora e consegue o suficiente para chegar na F1. 

É a salvação da lavoura de Gene Haas. O dinheiro da família Mazepin ao menos recupera uma parte do que ele já gastou em cinco ou seis anos. Mazepin, acusado de assédio e com os comportamentos deploráveis já citados no parágrafo anterior. No meio disso tudo, cai de paraquedas Mick Schumacher, o filho do maior piloto da história, até de forma inexplicável. Não por não merecer, pelo contrário, foi campeão da F2, mas sim porque ir para a Alfa Romeo, outro lugar que a Ferrari tem parceria, é uma escuderia de grife e tem o ex-rival do pai ainda em atividade seria uma jogada de marketing muito mais inteligente.

Como desgraça pouca é bobagem, a equipe fica a mercê dos russos. Uma equipe americana. O resultado é um carro com as cores da Rússia. Um golpe no orgulho e no sonho americano, refém de quem os paga e sustenta. É uma pintura controversa também porque a Rússia foi punida por dois anos por doping. Os atletas russos estão proibidos de usar as cores e símbolos do país em campeonatos mundiais por esse motivo. Mazepin, se for ao pódio, será bandeira neutra.

Entre o trágico e o circense, é assim que a Haas se encontra na F1, desesperada para ter quem o banque ou a compre definitivamente. O projeto esportivo de 2015 não existe mais. Se antes as trapalhadas de Magnussen e Grosjean com as broncas de Steiner eram o grande barato da série da Netflix, agora vamos todos acompanhar constrangidos e indignados as peripécias do filho mal caráter do bilionário dono da equipe.

Até!