Foto: Divulgação/F1 |
Ah, essa vida de ter responsabilidades e sinalizar
minimamente o que penso para explicar algumas decisões. Nada mais poético do
que escrever isso após o GP do Japão, que estranhamente foi antecipado.
Vocês lembram: a primeira corrida com a cobertura do blog
foi no fatídico GP do Japão de 2014. Lá, perdemos Bianchi. Foi também neste fim
de semana que Vettel anunciou a ida para a Ferrari e, como consequência, Alonso
estava livre no mercado. A Mercedes interrompia a era Red Bull e Hamilton
brigava com Rosberg pelo bicampeonato, uma redenção para alguém que anos antes
era chamado de “novo Mansell”.
Eu estava no segundo semestre da faculdade e aproveitei a
brecha de criar algo para explicar o design das cores e tipografias para levar
a sério um conteúdo que fazia tempo que gostaria de levar adiante: escrever
sobre F1. Ler notícias e comentários alheios não me bastavam mais, eu queria
fazer isso também. E aí tudo começou.
De lá pra cá, muitos textos e uma passagem experiência pelo
Grande Prêmio. Quando fui aprovado para ficar em definitivo, declinei. Tinha
compromissos mais importantes para levar a sério e estava com medo de não lidar
bem com o TCC e o trabalho ao mesmo tempo. Pensava que me queimaria com alguma
das duas coisas, senão ambas.
Estaria dando importância demais ao TCC, como meu irmão me
alertou? O coordenador do curso, para quem eu pedi conselhos, também sentiu a
situação. A experiência, né. O cavalo encilhado... mas sempre pensei: se depois
dos 20 eu não vou conseguir mais nada, o que me resta, então?
O resultado vocês já sabem. Continuei por aqui, mas
ultimamente o excesso de corridas e os rumos da categoria me desanimaram. Me
sentia drenado. Muitos textos e muita cobertura para algo que não me rendia
tanta perspectiva, a não ser o ego, que não me alimenta e nem me permite
sobreviver com a mínima decência.
Pós-2021, a dominância ficou pior, porque a paixão, que
anulava muita coisa, se esvaiu. Claro que continuo gostando, mas assim: pela
primeira vez, não assisti nada da corrida no último fim de semana por
experiência própria.
Você vê como são as coisas: a minha viagem estava marcada e
Verstappen foi campeão uma semana antes do embarque. Para mim era um sinal. Fim
de temporada e não perderia nada de importante. Aproveitaria para pensar sobre
e me libertar um pouco.
Preciso ficar livre. Ultimamente, estou fugindo de tudo,
todos e de mim. Eu não sei mais o que quero, mas sei o que não quero. No
momento, não penso em escrever com frequência sobre corridas, a não ser que
seja pago ou milagrosamente me chamem para algo (alô, Motorsport.com!).
Isso não significa que não aparecerei por aqui de vez em
quando. Já publiquei três textos esse ano, contando com este, e mais um já está
em processo, só preciso do timing certo. Spoiler: tem tudo a ver com essa crise
interna da Red Bull e consequências futuras.
Só agora que me dei conta que o ciclo precisava ser
encerrado oficialmente desta forma. Quase dez anos depois, tudo começou no
Japão e se encerra no Japão. Parece escrito nas estrelas, o destino ou qualquer
outra coisa melosa e clichê para tentar buscar explicações além do desânimo e
do desencanto com a vida pessoal e profissional.
Não é hora de me despedir, mas sim de me recolher. Nunca se
sabe o dia de amanhã, mas faltava essa abertura. Vou precisar de ajuda para
seguir em frente e me motivar a viver uma nova vida porque, neste momento, eu
não sinto mais vontade de viver. Está tudo no automático, tal qual a F1.
A diferença é que preciso reagir rapidamente. Não tenho luxo
e nem tempo de esperar até 2026 ou a algum “novo regulamento” da vida. Nos
vemos por aí, na Nós Na Fita, nos freelas de TV, nas redes sociais, no LSP, nos
podcasts do Spotify, nos textos do Medium e qualquer outra coisa que surgir – e
precisa surgir. Minha sobrevivência depende disso.
Até!