segunda-feira, 26 de junho de 2017

VIROU BADERNA

Foto: Getty Images
"Mas o que é isso?" O gesto de Ricciardo diz tudo. Vou tentar explicar o que aconteceu na corrida de hoje baseado nos fatos da prova: aleatoriedade total. Posso afirmar que: Ricciardo, azarado na Espanha e em Mônaco ano passado, vê a sorte sorrir na Malásia 2016 e hoje. Enquanto isso, Max Verstappen abandonou pela quarta vez em seis corridas. O mais desavisado, o "analista de resultado", pode achar que o australiano está dando um banho no holandês (afinal, está 92 a 45 na classificação), mas não. Parece que todo o "azar" de Ricciardo passou para Verstappen, que não tem resultados que corroborem com seu desempenho em 2017. Até quando?

A corrida de hoje foi uma fiel reprodução do automobilismo norte-americano. Inúmeros acidentes, bandeiras amarelas, Safety Cars e até bandeira vermelha. Essa sequência de acontecimentos caóticos beneficiou Valtteri Bottas. De praticamente fora da corrida, mais de um minuto e meio atrás do primeiro carro a frente no início da prova, vítima de uma batida em Raikkonen na segunda curva, o Safety Car permitiu ao finlandês tirar a volta de atraso e voltar colado no pelotão, ultrapassando quase todo mundo (e contando com a "sorte", é claro) para chegar na segunda posição. Apesar do erro inicial, na minha opinião ele foi o piloto do dia.

Foto: Getty Images
É, temos que engolir Lance Stroll como o piloto mais jovem a conseguir o pódio no ano de estreia na F1. Não, ele não é o mais jovem a estar no pódio, esse é Verstappen, que atingiu o feito em seu segundo ano de categoria. Desde Alemanha 2001 que um canadense não subia ao pódio, com Jacques Villeneuve a bordo de sua BAR Honda. Deixando o momento PVC de lado, concluo que: pela primeira vez, Stroll apresentou um ritmo de razoável para bom em um final de semana. Superar Massa no treino livre e na classificação é um claro indicativo disso. Dizem que ele copia os setups do brasileiro desde o Canadá, o que pode fazer sentido. Enfim, méritos para o canadense que conseguiu quebrar a banca ao não bater na curva do castelo e sobreviver aos incidentes da corrida, sempre imprimindo um bom ritmo para conquistar o terceiro lugar. Poderia ter sido segundo, mas tirou o pé antes da linha de chegada e foi passado por Bottas. Ao menos um errinho tinha que ter, né? Senão não seria Stroll, hehehe. Parabéns ao garoto.

Foto: Getty Images
É quase unânime que "Massa iria vencer se não tivesse abandonado". Um abandono estranho, aliás. Um problema na suspensão logo depois da bandeira vermelha. Voltando ao assunto, acho um raciocínio muito simplista. É óbvio que ele fazia a sua melhor corrida no ano e tinha reais chances de pódio. Entretanto, vale lembrar que Bottas já estava escalando o pelotão e é muito fácil fazer esse tipo de previsão após o ocorrido com Hamilton e Vettel. Se for assim, os dois citados poderiam ter vencido "se", assim como a dupla da Force India, Raikkonen e Verstappen. Não existe. Azar para o brasileiro, que poderia ter, sim, conquistado um grande resultado. Não sei se a vitória, mas certamente o pódio no lugar de Stroll. Apesar disso, Massa segue a frente do jovem canadense no campeonato: 20 a 17.

A Force India não apaziguou os ânimos e perderam, outra vez, boa chance de conquistar um resultado espetacular. No início, achei que Pérez teve responsabilidade, mas depois me dei conta de que ele já estava quase no muro quando foi acertado por Ocon. Represália pelo jogo duro no Canadá? Bom, pior para o mexicano que abandonou e o francês, que poderia ter conquistado um pódio inédito, conseguiu se recuperar e chegar em sexto. O clima está fervendo entre os dois. Se não existir pulso firme, a equipe pode perder mais oportunidades de progressão, e a carreira dos dois pode ter a reputação abalada. Hora do puxão de orelha e evitar a auto-destruição de seus carros.

Foto: Getty Images
Juro que estava esquecendo. Aconteceu tanta coisa que acabei deixando o principal para o quase fim. A FIA concluiu que Hamilton não fez o que o estavam acusando, de break test intencional. Nas outras relargadas o inglês fez o mesmo. A questão é que Vettel, para não ser atacado, ficou colado, até demais. Espera. Hamilton foi irresponsável ao ficar a 40 km/h na saída de uma curva e início de uma reta. Já foi advertido várias vezes sobre isso. Vettel, por mais irritado que estivesse, não poderia ter feito o que fez, mesmo que a 40 km/h. É anti-profissional. Não houve punição, mas sim um arranjo político. Hamilton, com problemas na proteção do cockpit, foi obrigado a parar. Para que a situação não soasse injusta, Vettel foi punido com 10 segundos de stop and go por "direção perigosa", coincidentemente anunciado pela FIA após a parada do inglês. Foi brando. Os dois saíram no lucro nesse caso.

Foto: Reprodução
Hamilton foi o mais prejudicado. De uma vitória quase certa e uma diminuição na distância para o líder, acabou saindo de Baku com mais dois pontos de desvantagem. Pelo que foi o final de semana, Vettel foi o "vencedor", agora com 14 pontos a frente do tricampeão (153 a 139). O que era uma rivalidade relativamente cordial acabou incinerada. Mercedes x Ferrari. Hamilton x Vettel. Não tem reuniões nem nada para esfriar os ânimos. Vai ter muito jogo político, falcatrua e outros estranhamentos na pista. Como é bom ver duas equipes brigando pelo título. Que vença!

Para finalizar, coisas importantes que parecem não ter sido diante do que aconteceu hoje: Alonso marcou os primeiros pontos da McLaren no campeonato. Inacreditável ver os dois carros da equipe terem sobrevivido a reta de Baku sem a explosão dos motores. Não só isso, como também passaram as Sauber na reta! Enfim, os ingleses seguem na lanterna dos construtores. Wehrlein conseguiu mais um pontinho para os suíços. Será que vão demitir ele por estar atrapalhando o plano de Ericsson e seus investidores? Só com uma corrida de 10 carros para ver o sueco pontuar, pelo jeito.

Magnussen conseguiu bons pontos para a Haas. Está vencendo o teoricamente líder de equipe e especulado na Ferrari Romain Grosjean. O dinamarquês, dentro do que é possível, mostra seu valor, mostrando condições de se manter no pelotão intermediário da F1. Sainz se recuperou das barbeiragens e foi o oitavo.

Bastou especularem Alonso na Renault para que os franceses fossem a única equipe zerada do final de semana. Hulk cometeu um erro bobo. Palmer, quando não é ele é o carro, mas quem se importa? Está com os dias contados. Nico tem que aguentar sete anos sem pódio, enquanto Stroll conquista seu primeiro na oitava corrida da carreira. Síndrome de Heidfeld é inevitável.

Confira a classificação final do GP do Azerbaijão. A próxima etapa será o Grande Prêmio da Áustria, nos dias 7, 8 e 9 de julho. Até lá!




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